Fanzine Brasil

SIOUXSIE SIOUX - SOPROS DE VIDA

Grandes homens, assim como grandes tempos são um material explosivo interior do qual uma força imensa é acumulada (....)

“DISCO DA BANANA”- A OBRA PRIMA IGNORADA

Eu sabia que a música que fazíamos não podia ser ignorada

SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

MICHAEL HUTCHENCE: CONHEÇA A VIDA DO ASTRO DO INXS

 Por Juliana Vannucchi

Era 22 de novembro de 1997. O telefone do australiano Kell Hutchence tocou. Do outro lado da linha, um jornalista pedia um depoimento sobre seu filho, Michael Hutchence. Kell estranhou o contato e, de início, não compreendeu o teor da ligação. Ele não sabia que o filho havia falecido e foi através desse telefonema que tomou conhecimento de que Michael havia morrido asfixiado aos 37 anos.

Não demorou muito para que a notícia da morte do sex symbol se espalhasse pelos meios de comunicação do mundo todo, pois o INXS bombava nos anos noventa. A imprensa britânica afirmava que Michael tinha morrido por hipoxifilia, ou asfixia erótica, um fetiche que causa excitação sexual em ser sufocado. Essa lenda acompanhou a história de sua morte durante muito tempo e chegou a ser considerada uma versão oficial. A autópsia, entretanto, não apontava a prática de relações sexuais, mas identificou substâncias como Prozac, cocaína e álcool presentes no corpo de Michael. Afinal, o que tirou sua vida? Qual é o valor do legado musical do INXS? Para tentarmos responder a essa questões, vamos nos deslocar no espaço e no tempo…

A trajetória de vida do vocalista começou em 22 de janeiro de 1960, na Austrália. Seus pais eram Kell Hutchence, um empresário bem-sucedido de Sydney, e uma maquiadora chamada Patricia Glassop.


O punk rock perdia um pouco de sua força justamente quando o INXS conquistou sua ascensão, em meados nos anos oitenta.

Devido à carreira profissional do pai, a família mudou-se de Sydney para Brisbane e depois migrou para Hong Kong. Essa época representou um período importante na vida de Michael, pois foi quando ele começou a escrever poesia e mostrar afinidade com o universo musical, tendo cantado sua primeira música numa loja de brinquedos local. Mais tarde, em 1972, retornou com a família para a capital australiana e foi nesse período, em sua adolescência, que Michael conheceu Andrew Farriss e seus irmãos, com os quais começou a tocar músicas numa garagem. Farriss tinha uma banda chamada Doctor Dolphin, e Michael se juntou ao grupo. Posteriormente, o futuro vocalista do INXS mudou-se novamente de cidade, embora não muito tempo depois tenha retornado para Sydney. Em 1977, juntou-se com o colega Andrew Farriss numa nova banda, chamada Farriss Brothers. Em 1979, mudaram de nome e passaram a se chamar INXS. A partir daí, a história da banda simplesmente decolou. O punk rock perdia um pouco de sua força justamente quando o INXS conquistou sua ascensão, em meados nos anos oitenta. Na década seguinte, o grupo australiano permaneceu ativo no cenário global, lançando materiais qualificados, embora alguns críticos tenham começado a criticar desaprovar duramente as produções da banda lançadas nesse período.

 

Através de suas músicas, Michael continua levando luz à vida de milhares de pessoas. Ele presenteou o mundo com seu talento, e isso simplesmente não se apagará.  

Entretanto, foi justamente nos anos 90 que algo mudou a vida de Michael. Em 1992, o vocalista do INXS se envolveu numa briga com um motorista de táxi que o jogou no chão, fazendo com que ele batesse a cabeça. O incidente causou uma fratura em seu crânio. Helena Christensen, que era sua namorada na época, diz se recordar de ver o parceiro inconsciente e caído no chão na rua, enquanto sangue saía de sua boca e ouvido. Ele foi levado ao hospital, mas se recusou a receber tratamento. Teve muitas dores de cabeça e perdeu o olfato e o paladar. Mas esses não foram os únicos danos. Depois desse episódio, muitas pessoas próximas relataram que a personalidade do músico australiano mudou. Irritabilidade e descontrole se tornaram frequentes.

Cinco anos mais tarde, Michael foi encontrado morto num quarto do Hotel Ritz Carlton. Na noite anterior, havia jantado com o pai. Segundo o documentário “Mystify”, a autópsia mostrou que havia grandes danos em áreas de seu cérebro. Havia indício de suicídio e, atualmente, essa é considerada a causa de sua morte. A cerimônia de seu enterro, realizada na Catedral de St. Andrew no dia 27 de novembro, foi transmitida ao vivo. Fãs e amigos,  incluindo Nick Cave, estavam presentes. A cerimônia ainda pode ser vista na íntegra no YouTube.

Através de suas músicas, Michael continua levando luz à vida de milhares de pessoas. Ele presenteou o mundo com seu talento, e isso simplesmente não se apagará.

Nosso site conversou com Nilton Vieira, da Rádio Alternativa Rock, que refletiu sobre a importância do legado deixado pelo vocalista do INXS: "Michael Hutchence é um daqueles artistas únicos, insubstituíveis e inesquecíveis. Era talentoso, tinha muita presença de palco e uma voz marcante.  Enfim, quem diria que aquele menino tímido seria um dos maiores artistas dos anos 90 e de toda a história? O INXS até tentou se manter sem ele, mas nunca conseguiu seguir em frente. Aliás, esse foi o erro: a banda teria que fazer tudo diferente, pois fazer igual sem o Michael nunca daria certo. O álbum que marcou minha vida foi o “Welcome to Wherever You Are”, de 1992, no qual destacam-se músicas como “Heaven Sent”, “Baby Don't Cry” e “Beautiful Girl”. “Baby Don't Cry” ainda tinha um clipe que me deixava apavorado, pois tinha cobras e aranhas, e tenho pavor desses animais, mas mesmo assim gostava da música, então não deixava nunca de assistir ao videoclipe. Eu tinha esse álbum em fita K7 e depois também tive em vinil. Michael Hutchence deixou muita saudade e ficará para sempre em nossos corações e mentes, por- que apesar do suicídio, as coisas boas que ele fez marcaram muito mais do que os erros. Afinal, quem não erra?".

Referências: 

https://www.google.com.br/amp/s/amp.theguardian.com/film/2019/oct/07/what-killed-michael-hutchence-how-far-does-the-rock-doc-need-to-go-in-2019-mystify-michael-hutchence

https://www.theguardian.com/music/2018/sep/26/his-personality-changed-michael-hutchences-sister-on-his-traumatic-brain-injury

https://www.google.com.br/amp/s/brasil.elpais.com/brasil/2019/10/14/estilo/1571057141_244608.html%3foutputType=amp


A MELHOR ENTREVISTA DO MUNDO

 Por Juliana Vannucchi


Para fechar o mês de novembro com chave de ouro no Fanzine Brasil, nosso site conversou com Mau Carlakoski, talentoso vocalista da banda She Is Dead. Refletimos sobre o mundo pós-pandêmico e seus reflexos sociais, conversamos sobre as novidades e planos da banda e muito mais. Confira, deixe seu comentário e compartilhe a entrevista para fortalecer a cena underground.


1. Mau, seja bem-vindo ao Fanzine Brasil. É sempre uma honra ter você aqui conosco. Eu gostaria que você comentasse a respeito de como está sendo o ano de 2021 para a She Is Dead. 

É uma super honra estar aqui falando com vocês novamente também! Gostaria de mandar um super abraço especial ao público do Fanzine Brasil, que sempre nos acolheu de uma maneira muito querida e atenciosa. 

O ano de 2021 foi o ano mais importante para a banda, até agora, mesmo sendo apenas o segundo ano de atividade. Este foi o período em que a gente lançou o primeiro álbum, foi o ano em que lançamos também os principais vídeos e que assinamos com o selo Electric Funeral Records. Agora estamos trabalhando o terceiro single do segundo disco, temos shows em São Paulo, shows em Curitiba... Ufa! Tem sido um ano muito intenso e estamos trabalhando bastante em material novo para o ano que vem.

2. Recentemente vocês voltaram a se apresentar ao vivo. Como foi voltar aos palcos depois de tanto tempo?

Foi fantástico! Estar mais de um ano fora dos palcos, mesmo produzindo material, vídeos e gravando não se compara ao momento de um show, ao fato de estarmos com o nosso público, trocando energia com ele. Esses detalhes fazem toda a diferença para a banda, poder novamente pôr o equipamento num ônibus, descer em uma rodoviária e falar: "Meus amigos, esta vai ser a nossa cidade nas próximas horas”. Isso realmente não tem preço.

3. Em termos gerais, isto é, levando em conta o contexto político, econômico, social, cultural etc., como você compara o ano de 2020 com o de 2021? Sinceramente falando, as pessoas me pareceram bem mais deprimidas e decepcionadas neste último ano...

Não tinha como ser diferente, pois perdemos muito e muito e muiiiito de dois anos para cá. Vidas, histórias, futuros, planos, muita coisa ficou no caminho em razão da pandemia, famílias inteiras se foram e isto é muito triste e deixará marcas por muitos outros anos.


4. Como acha que vai ser o mundo pós-pandêmico? Que marcas a pandemia deixará no meio artístico e cultural de nosso país?

Eu espero que as pessoas tirem lições deste período tão complicado. Lições não para odiar e duvidar de tudo, mas sim para voltar a ver seu próximo com respeito e valorizar o coletivo, pois atualmente vivemos num período de egoísmo social, no qual há bolhas dentro da sociedade. Isso precisa acabar e temos que voltar a pensar em sermos solidários e presentes na vida um do outro, respeitando suas crenças e individualidade de uma maneira positiva e agregadora.

(...) somos uma banda do povo, porque aqui o que vale primeiro é a emoção verdadeira, real e transparente.

5. Gostaria que comentasse um pouco a respeito da nova faixa da banda, a “Runaway Sun”. Qual é a mensagem que a banda passa através dessa música?

Runaway Sun eu fiz para o meu amigo Alessandro Santiago, meu parceiro e irmão destes últimos anos. Fala de amizade, sobre colocar o pé na estrada mesmo sem saber muito bem aonde ela vai te levar, fala de amizade sincera acima de tudo. 

6. Em poucas palavras, diga para nós: por que alguém deve escutar a banda She Is Dead?

Porque somos uma banda do povo, porque aqui o que vale primeiro é a emoção verdadeira, real e transparente. Nós gostamos das pessoas e não só de certas pessoas, o que vale na nossa mensagem é inclusão, respeito e diversão.

7. Neste ano vocês também lançaram o “Story Of Lies”. Como você descreve esse álbum e como o compara com as produções lançadas anteriormente pela banda?

Estamos no terceiro single do segundo álbum conforme foi dito anteriormente. Neste disco há muito ódio, muito rancor, muita desilusão, ele tem a mentira como tema central. No segundo disco tudo ficou mais leve, foi nosso momento mais feliz até agora na hora de compor e espero que fique assim, já sofri demais nesta vida (risos).


"Acho que tudo foi o que seria e se não foi é porque não era para ser, guardo meus amores e sabores (...)" - Mau Carlakoski


8. Se amanhã mesmo a banda She Is Dead pudesse tocar em qualquer país do planeta, para onde gostaria de ir?

Gostaria de tocar antes de tudo nos países da América do Sul, para conhecer mais da cultura dos nossos vizinhos. Tenho muita fé que em 2022 estaremos lá!

9. Há sempre uma enorme discussão a respeito de qual é a melhor banda punk do planeta e, geralmente, as pessoas costumam colocar três grupos lendários nesse debate! Agora jogo uma banda em suas mãos: quem você escolheria para abrir um show de vocês: Sex Pistols, Ramones ou The Clash? 

Pergunta difícil (risos), porque nas três bandas citadas não existe uma coesão de amizade. No The Clash era um contra três, o Ramones era cada um por si e o Sex Pistols, bom o Sex Pistols... se fosse no final dos anos 70 anos, nós e eles, nem teria show, então minha escolha seria um rolê com o Sex Pistols, que seria muito mais divertido como experiência. Agora, se as bandas iriam aparecer para o show... Ah, isto seria difícil de dizer (risos).

10. Qual modelo de guitarra você usa e quais são seus pedais favoritos?

Eu uso uma Fender Jazzmaster com captação Seymour Duncan SJM2N. Meus pedais são um Proco Rat Distortion, um Boss over drive, um Boss Digital Reverb, um Chorus e um Delay.

11. Mau, se você encontrasse uma máquina do tempo e pudesse usá-la para reviver um momento de sua vida apenas mais uma vez, que momento seria esse? O que desejaria reviver? Já sei: você voltaria para o dia em que me conheceu (risos)!!!! 

Eu não gostaria de reviver momentos, tudo acontece de uma maneira tão peculiar na minha vida que não seria boa ideia reviver algo (risos). Acho que tudo foi o que seria e se não foi é porque não era para ser, guardo meus amores e sabores no décimo andar da minha mente, mas deixei a chave por aí.

12. Agora, para encerrar, quero fazer um bate-bola com você e com os outros membros da banda. Preciso que o time todo entre em campo para responder às questões abaixo:

a) Time do coração: 

 Mau: O Ricardo não curte futebol. O Kim é athleticano e eu sou Paraná Clube.

b) Melhor show ao vivo a que já assistiu:

Mau: Teenage Fanclub.

c) Uma música que faz você chorar: 

Kim: Não Adianta - Trio Mocotó. 

Mau: (Sittin' On) The Dock Of The Bay - Otis Reding.

d) Uma banda que todo mundo curte, menos você: 

Kim: Ramones.

e) Um recado para os corações partidos: 

Mau: Amor é aquilo que faz da sua vida...uma coisa melhor, ou soma ou some.

f) Se você encontrasse Deus e pudesse fazer uma única pergunta a ele, o que perguntaria? 

Mau: Quando vai acabar? E se eu preciso levar...mais um pouco de mim.



terça-feira, 9 de novembro de 2021

A POESIA DE JIM MORRISON

 Por: Juliana Vannucchi

Em meados do inverno de 2021, o Fanzine Brasil iniciou um projeto cultural audacioso cujo objetivo era apresentar ao público brasileiro algumas das inúmeras poesias escritas por Jim Morrison. Para compartilhar os escritos do vocalista do The Doors com o público, Juliana Vannucchi, editora-chefe do site, optou pela gravação da leitura de uma série de poesias selecionadas: "Sempre nutri um enorme interesse pelo trabalho artístico do Jim e  por sua persona. É relativamente raro encontrar poesias dele em língua portuguesa, e em julho deste ano fui presentada com uma edição bilíngue de seus poemas. Fascinada com o livro e levando em conta essa mencionada dificuldade de encontrar suas poesias disponíveis, pensei que seria valioso se convidássemos algumas pessoas para gravarem seus textos. Foi dessa maneira que o projeto nasceu". A partir disso, a ideia começou a ser gradualmente estruturada. Primeiramente, o músico e radialista Sidan Rogozinski, vocalista da banda Madreperola, foi convidado para editar as gravações e, na sequência, a proposta foi apresentada a músicos nacionais e internacionais de renome, que foram cuidadosamente convidados para colaborar com o projeto, visando assim gravações bilíngues que apresentam, portanto, as poesias originais em inglês e suas respectivas versões traduzidas. Em relação ao processo criativo, Rogozinski comentou: “Fique feliz com o convite. Acho que muitas pessoas conhecem e gostam de The Doors, mas desconhecem esse legado poético do Jim. A proposta desse projeto me cativou desde o início. Foi interessante contar com a participação de tantos artistas talentosos do Brasil e do exterior que gravaram áudios em português e em inglês. Tanto a edição quanto a gravação foram experiências valiosas”.

 

 

O processo de gravação, compilação e edição do material durou aproximadamente três meses, e é com imensa honra que hoje divulgamos para os nossos leitores o resultado dessa iniciativa. Em relação à relevância cultural do projeto, Camilo Nascimento, redator do site, comentou: “Para mim, a ideia de realizar um projeto sobre as poesias do Jim Morrison é quase algo íntimo. Como escritor e amante de música, poder mostrar esse lado poético de uma grande artista se torna importante, não apenas pela identificação, mas também por lançar um destaque maior ao lirismo de suas músicas e reforçar a importância da literatura para o rock, ou para a música como um todo”.

Em relação ao conteúdo poético em si, Vannucchi refletiu: “Julgar a qualidade em si das poesias de Jim é algo que fica em segundo plano, uma vez que, para que possamos nos aproximar ainda que minimamente da compreensão de uma determinada personalidade histórica, o que vale, primeiramente, é o exame do material que temos em mãos, pois sendo ele bom ou ruim – e esse tipo de critério já é discutível - é, de qualquer forma, revelador de uma face da pessoa”. 

Escute as poesias de Jim Morrison e confira o resultado final do projeto clicando no link abaixo:

https://soundcloud.com/juliana-vannucchi

Confira o time escalado para o nosso projeto cultural.  

1) Time Works Like Acid / O Tempo Trabalha Como Ácido

Lora Logic:

Aclamada saxofonista da banda X-Ray Spex, Lora também já tocou com as bandas The Raincoats e The Stranglers, além de ter colaborado com Boy George.

Juliana Vannucchi:
 

Graduada em Comunicação Social e licenciada em Filosofia, Juliana é editora-chefe do Fanzine Brasil e corresponde esporadicamente com outros portais.

2) Heaven or Hell / Céu ou Inferno

Alejandro Gomez: 

Quadrinista norte-americano, especialmente conhecido por sua história “The Leather Of The Whip”, na qual encontramos uma ilustre atmosfera sombria que se desenvolve numa mescla de drama e terror. Nas horas vagas, quando não está participando de eventos ou trabalhando em seus HQs, Alejandro ocupa-se das baquetas e esbanja talento também na bateria.

Thiago Halleck:

Baixista que se destacou por sua participação nas bandas Gangue Morcego e 1983, através das quais se firmou como um dos mais notáveis nomes do pós-punk nacional. Também obteve reconhecimento pelo seu projeto solo, intitulado "HallecӃ”.

3) Sudden Attack / Ataque Súbito

Bob Bert:


Foi baterista do primeiro álbum de estúdio lançado pelo Sonic Youth. Teve passagem por bandas como The Chrome Cranks, Knoxville Girls e Pussy Galore, além de ter tocado no Retrovirus (com Lydia Lunch, Weasel Walter, Tim Dahl) e já ter gravado com o icônico Lee Ranaldo e com o Kid Congo Powers.

Camilo Nascimento: 

Colaborador do Fanzine Brasil. Escritor por natureza, mesmo sem saber sobre o que escreve. Cinéfilo e amante da música e da literatura em todos os seus aspectos.

4) In This Dim Cave / Nesta Caverna Obscura

Danielle de Picciotto:

Artista interdisciplinar, casada com Alexander Hacke, baixista da banda Einstürzende Neubauten. Danielle já escreveu três livros, além de colaborar com ensaios textuais para revistas focadas em cultura. Em 2013, juntou-se ao lendário grupo The Crime & City Solution e atualmente tem um projeto musical chamado hackedepicciotto.

Imira Rando:

Mestre em economia. Aluna de música erudita no conservatório de Tatuí, já tendo participado do coro sinfônico da cidade.

5) If Only I / Se Ao Menos Eu

James Stevenson:

Conceituado guitarrista que já dividiu o palco com bandas como The Cult, X-Generation e Chelsea. Também já tocou com o icônico Tony Visconti, além de ter gravado e se apresentado com a banda Gene Loves Jezebel.

Mau Carlakoski:  

Vocalista e guitarrista da banda curitibana She is Dead.  

6) I Bring These / Trago Estes

Bryan Farmer: 

Rapper da Filadélfia, especialmente reconhecido por sua destreza com as palavras e por sua voz cativante.

Juan Youth:

Colaborador do Fanzine Brasil e fanático por música underground. Dentre seus estilos musicais favoritos estão punk, garage, surfmusic, post-punk, psicodelia 60's e neo-psicodelia, alternative 90's, reggae e outros. Gosta de fazer experimentos com sua guitarra.


7) An American Prayer / Uma Oração Americana

John Moore: 

Ex-baterista da banda The Jesus and Mary Chain e cofundador e membro do grupo Black Box Recorder. Colaborou com o jornal The Guardian, escrevendo artigos sobre o mundo musical. Atualmente, está focado em sua carreira solo.

Sidan Rogozinski: 

Compositor, vocalista e multi-instrumentista da banda Madreperola.

8) We Awoke, Talking / Acordamos, Falando

Suzi Sabotage:

Suzi Sabotage é uma artista solo de dark coldwave, residente em Helsinque, Finlândia. Sua música incorpora um som sombrio, frio e dançante, que remete à atmosfera oitentista. Em fevereiro de 2021, ela lançou seu primeiro videoclipe, da música "Persona Non Grata", e seu álbum de estreia, Postmodern Dystopia, foi lançado em maio de 2021. Ambos tiveram excelente recepção. Devido à pandemia, começou a fazer turnê somente em agosto de 2021e seu primeiro show foi em Reykjavik, Islândia (com Kælan Mikla). Em outubro, apresentou-se na Tallinn Music Week 2021. 

No início de 2022, Suzi deve lançar um novo EP, que incluirá o single Nazi Goths, Fuck Off, lançadoem agosto de 2021.

Fabi Bellentani: 

Vocalista e compositora da banda Madreperola, que lançou seu primeiro EP em 2021. 





sábado, 9 de outubro de 2021

DEATH: A LENDA PERDIDA

 Por: Camilo Nascimento

Death é uma banda de rock dos anos 70 que sempre esteve muito à frente de seu tempo. Seu período de atividade foi brevíssimo, mas ainda assim, deixaram para trás um álbum esquecido, recheado de músicas que abusam de guitarras e arranjos maravilhosos, o que faz do Death uma das mais incríveis lendas do rock que, definitivamente, merece ser escutada.

A influência sonora do Death foi importantíssima para a consolidação do punk rock

A banda iniciou sua trajetória em 1971, sendo composta pelos irmãos Hackney, que eram negros, algo incomum para as bandas de rock da época. Eles sumiram de cena após não conseguirem fechar contrato com a sua gravadora, a Columbia, e por muito tempo falou-se que isso se deu pelo fato de os músicos serem negros. No entanto, a história atual, que veio à tona com o lançamento do álbum intitulado "For The Whole World To See", menciona que o contrato com a gravadora não aconteceu por causa do nome da banda, Death (Morte). A Columbia considerou que esse nome era forte demais, porém os integrantes do Death se recusaram a trocá-lo. Não sabemos por que a banda não procurou outra gravadora em vez de simplesmente se retirar do cenário musical. De qualquer forma, sua influência sonora foi importantíssima para a consolidação do punk rock, sendo que para alguns o Death foi o primeiro grupo do gênero.

O único álbum dos anos 70 é composto por um total de 7 músicas, retiradas de singles da banda que ficaram esquecidos em algum porão. Algo curioso aconteceu muito tempo depois: em 2009, os filhos de Bobby Hackney – que era baixista e vocalista do Death -, encontraram as músicas da banda do pai na internet e, após essa descoberta, o nome do grupo veio à tona e novas gravações e lançamentos foram feitos.

sábado, 2 de outubro de 2021

“KICKING AGAINST THE PRICKS”: OS BASTIDORES DO HISTÓRICO ÁLBUM DE NICK CAVE

Por: Juan Youth e Juliana Vannucchi
 
O terceiro álbum da banda Nick Cave And The Bad Seeds foi lançado em 1986 e é composto inteiramente de versões cover. O time de músicos dessa produção é magnífico. O guitarrista é Blixa Bargeld, que está entre os mais célebres de toda a cena pós-punk. Mick Harvey participou ativamente do álbum, contribuindo com instrumentos diversos, como guitarra, piano e backing vocal. O baixista é o glorioso Barry Adamson, que se consagrou tocando no Magazine, e as baquetas, por sua vez, ficaram por conta de Thomas Wydler – convenhamos que essa escalação já garante a qualidade da obra.

As faixas bases foram gravadas no inverno de 85 na Austrália, terra natal de Nick Cave. Adamson e Wydler, contudo, só puderem ficar no país durante três dias, usando esse período para suas colaborações sonoras. Posteriormente, Blixa se encontou com Nick Cave, mas também não pôde se prolongar devido aos compromissos com o Neubauten e ficou na Austrália por somente dois dias. Dessa forma, algumas canções foram gravadas depois que Thomas, Barry e Blixa partiram e, então, Nick passou algum tempo no estúdio com Mick, além de outros músicos que gravaram algumas pontas, como é o caso, por exemplo, de Tracy Pew. 
 
Em entrevistas, Nick disse que a experiência de produção do álbum ajudou a banda a amadurecer, a experimentar diferentes elementos e a executar uma variedade de outros tipos de música.

 
Como nada do que Nick cria é feito a esmo, o título do álbum é referência a uma citação bíblica da versão do Rei James, mais precisamente do livro de Atos, 26, versículo 14, que diz: "Porquanto resistires ao aguilhão, só te causará sofrimento”. Aliás, vale citar que temas e referências religiosas são frequentemente encontrados não apenas no álbum em questão, mas em várias músicas da banda. Apesar de esse tema ser recorrente, Nick Cave já tinha declarado que, além de não acreditar em um Deus pessoal, não é cristão e tampouco religioso. Entretanto, em 2009, quando o álbum ganhou uma versão remasterizada, Cave garantiu que mantém a mente aberta para a possibilidade da existência de Deus.

Em entrevistas, Nick disse que a experiência de produção do álbum ajudou a banda a amadurecer, a experimentar diferentes elementos e a executar uma variedade de outros tipos de música. Quanto à escolha das canções, os integrantes fizeram uma lista e foram experimentando a sonoridade até alcançar algum resultado que agradasse aos integrantes. Algumas faixas foram escolhidas a caráter de homenagem, e outras Nick diz que "eram fantasmas que o assombravam desde a infância", ou seja, eram canções favoritas de toda uma vida.  Entre as versões apresentadas, temos canções de Tom Jones, Velvet Underground e Johnny Cash, e elas têm um estilo tão característico do Bad Seeds que podemos levar até mesmo algum tempo para reconhecer qual a canção original de cada uma dessas versões. Eis a magia de um ótimo álbum cover!

Nick Cave já chegou a declarar que o álbum também foi feito como uma resposta a jornalistas (referindo-se principalmente à imprensa musical britânica) que constantemente depredavam a imagem da banda e o atacavam, desqualificando suas produções.

Nos anos 90, Cave, satisfeito com a produção, comentou: "(...) para todos que querem nos colocar para baixo, fiz o álbum perfeito. E ao mesmo tempo é um disco que todos que apreciam nossa música podem desfrutar".

Referências:

https://www.bad-seed.org/~cave/interviews/86-09_oor.html

https://aquariumdrunkard.com/2009/05/27/nick-cavebad-seeds-kicking-against-the-pricks/

https://en.wikipedia.org/wiki/Kicking_Against_the_Pricks

https://www.nickcave.com/

 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

QUEBRANDO REGRAS E QUESTIONANDO OS PADRÕES: ENTENDA O QUE É A CONTRACULTURA

 Por: Juliana Vannucchi e Camilo Nascimento

QUEBRANDO REGRAS E QUESTIONANDO OS PADRÕES:

Surgida nos EUA em meados dos anos sessenta, a contracultura foi um conjunto de manifestações que contestou a cultura vigente, rompeu com os tradicionalismos e as convicções de seu tempo e propôs novos modos de viver, pensar e agir. Nesse sentido, portanto, podemos entender que esse movimento se expressou numa dinâmica dual, tendo uma face desconstrutiva e outra construtiva, pois, por um lado, propunha-se a demolir e questionar os modelos existentes (fossem eles ideológicos, políticos, artísticos etc.) e, por outro, buscava ressignificar a realidade.

Nesse contexto, tenha-se em mente que a contracultura surgiu como resposta espontânea de uma geração que se sentia desconectada da sociedade em que se encontrava. A forma como essa geração enxergava o mundo estava diretamente em conflito com a visão dos pais, professores e instituições sociais. É por isso que a necessidade de ressignificação surge, não apenas como rebeldia ou contestação, mas como o único caminho possível para construir essa nova identidade e, acima de tudo, conseguir liberdade das amarras sociais do período.

 

Como em todo processo de ruptura e “questionamento social”, a contracultura aparece como um percurso natural para jovens que buscam a esperança e a ressignificação do seu mundo.
 

A GERAÇÃO DA CONTRACULTURA: QUEM ERAM OS REBELDES SEM CAUSA?

Os jovens adeptos a esse movimento estavam descontentes com o mundo ao seu redor. Entendiam que o sistema dentro do qual viviam era sufocante e encarcerava o homem, tornando-o uniforme, obediente, previsível e consumista. Havia uma insatisfação diante desse “modelo de vida” normativo que dominava a sociedade da época e que era visto como algo que deveria ser descartado, pois os costumes convencionais que imperavam não eram o único modelo de vida possível. Existiam caminhos diferentes a serem seguidos, alternativas que estavam além do status quo e, por isso, a hegemonia (artística, política, ideológica e outras) e as instituições (Estado, igreja, família etc.) preponderantes deveriam ser refutadas e negadas.

Como em todo processo de ruptura e “questionamento social”, a contracultura aparece como um percurso natural para jovens que buscam a esperança e a ressignificação do seu mundo, um caminho que os leva para longe de tudo que os sufoca. No entanto, todo movimento cultural ou social que promova o debate e superação de paradigmas e dogmas sempre estará sujeito a repressão e tentativas de deslegitimação.

A contracultura acaba sendo taxada por muitos como algo marginal, hedonista e  responsável por promover a perversão de valores morais e sociais.

PAZ E AMOR: OS HIPPIES SIMBOLIZARAM O AUGE DA CONTRACULTURA

Os hippies são os primeiros expoentes da contracultura, apesar de não serem os únicos, mas seus ideais de “paz e amor”, de uma sociedade baseada na vida coletiva, no compartilhamento e anticonsumismo são a síntese da contestação de todos os valores capitalistas, familiares e religiosos dos anos sessenta nos EUA. 

Com uma ascensão rápida entre os jovens, o movimento hippie acabou sendo visto como a representação da contracultura em si, fato que ganhou mais peso ainda com a realização do lendário e histórico festival de música de Woodstock, que foi o cenário ideal para que todo o espírito do movimento se manifestasse coletivamente em consonância com músicas e bandas que seriam lembradas para sempre como representantes do rock psicodélico.

A ruptura realizada entre as gerações pelo movimento hippie é um marco, no entanto, períodos de “questionamentos” se repetem ciclicamente, sempre provocados por uma nova geração ascendente, que vê nos seus “genitores” tudo o que eles não gostariam de ser. Sendo assim, é importante levar em conta que, embora os hippies tenham se associado à contracultura, não foram os únicos que fizeram parte dessa manifestação. O punk rock, surgido nos anos setenta, por exemplo, pode ser considerado uma forma de contracultura, uma vez que também contestou a cultura dominante e ofereceu novas propostas artísticas, ideológicas, comportamentais e estéticas que reverberaram todo um contexto construído desde os mesmos anos sessenta.

 

(...) seus ideais de “paz e amor”, de uma sociedade baseada na vida coletiva, no compartilhamento e anticonsumismo são a síntese da contestação de todos os valores vigentes.

PSICODELISMO:

Os jovens adeptos ao fenômeno da contracultura estavam dispostos a encontrar novos modelos de realidade. Essa foi a principal razão pela qual componentes como o misticismo, a cultura oriental e as drogas psicodélicas integraram a contracultura, uma vez que tinham potencial para fazer com que um indivíduo rompesse com as amarras da sociedade e do racionalismo dominante.

As drogas alucinógenas foram uma das principais características da contracultura. Através dessas “válvulas de escape”, busca-se expandir a consciência, entrar em contato com outras formas de realidade e viver experiências místicas. O LSD foi o químico alucinógeno mais famoso do período. O psicodelismo foi também o fio condutor da estética da contracultura, que abusa de cores vibrantes e formas geométricas desconexas.

 

O Woodstock, que foi o cenário ideal para que todo o espírito do movimento se manifestasse coletivamente.

 

A CONTRACULTURA AINDA EXISTE?

Para encerrar nossas reflexões, nós nos apoiaremos na passagem de um texto publicado no jornal britânico The Guardian, no qual o autor defende que a contracultura ainda se faz presente em nossos tempos, especialmente através de movimentos estudantis e ambientalistas: “Então, existe uma contracultura? A polícia certamente pensa que sim: infiltrando-se em grupos ambientalistas e, sem dúvida, no movimento estudantil de protesto também. Embora os viajantes sejam provavelmente o único verdadeiro grupo contracultural que resta na Grã-Bretanha tentando viver uma vida livre de interferência e vigilância, o espírito vive nos protestos estudantis, grupos de direitos dos animais, ativistas ambientais e no movimento antiglobalização. O sistema reprime a resistência com uma mão, enquanto arranca as artes underground com a outra. Nesse aspecto, é como os anos sessenta”.

A contracultura, concordamos, pode se fazer presente de diversas maneiras em nossos tempos, e o parágrafo acima elucida isso. Entretanto, vivemos num mundo mais globalizado do que nunca, no qual a alienação e o consumo, que são substâncias fundamentais do sistema capitalista, imperam por todos os lados. Assim sendo, levando em consideração que o questionamento dos valores estabelecidos e o desapego aos padrões vigentes tangem a contracultura, podemos dizer que esse fenômeno está enfraquecido em nosso mundo atual, uma vez que, de maneira geral, a maior parte das pessoas é escrava do sistema, carecendo de senso crítico e refutando cada vez mais as informações que são despejadas nelas.

Incorporados pelo sistema capitalista, a contracultura e seus ideais acabaram perdendo a relevância e, com certeza, o seu caráter contestador. Mas verdade seja dita, a sua influência ainda reverbera por vários movimentos sociais, passando desde os ambientes digitais, com certas organizações que pregam a anarquia e a liberdade total de regras, até os cenários culturais underground, que ainda respiram e buscam novas formas de representar a realidade em que estão inseridos.

Onde ainda houver inconformismo, a contracultura estará presente, mesmo que diluída de seus ideais e força originais. Talvez toda e qualquer manifestação cultural, social e comportamental que fuja do conceito de “normalidade’ vigente seja uma manifestação contracultural.

Referências:

BEY, Hakim. TAZ. Zona Autônoma Temporária. São Paulo: Conrad, 2001.

BOBBIO, Norberto. Liberalismo e Democracia. São Paulo: Brasiliense, 1990.

LARAIA, R.B. Cultura, um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge. Zahar, 2004.

PEREIRA, Carlos. O que é contracultura. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988.

https://en.wikipedia.org/wiki/Counterculture_of_the_1960s

https://www.theguardian.com/culture/2011/jan/30/underground-arts-60s-rebel-counterculture

https://www.telegraph.co.uk/travel/destinations/north-america/articles/fifty-years-woodstock-counterculture-alive-strong-catskills-festival/

https://www.bbc.com/portuguese/vert-cul-48849285

https://www.scielo.br/j/rsocp/a/tphWWXCs7NVJgfnBJ9CrFGL/?lang=pt

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

10 PERGUNTAS PARA PEARL HARBOUR

 Por: Juliana Vannucchi

O Fanzine Brasil bateu um papo com a cantora Pearl E. Gates, vocalista da banda Pearl Harbor and the Explosions, que se destacou especialmente pelo lançamento do single "Drivin". O grupo chegou a abrir shows para grandes bandas, como The Police e Talking Heads e teve uma aprovação positiva por parte da crítica especializada que se rendeu à voz de Pearl. No entanto, apesar desse cenário positivo, a carreira da banda não decolou como esperava-se e terminou rapidamente. Pearl, que continua firme, forte, poderosa e ativa no mundo musical, nos contou inúmeras histórias marcantes de sua trajetória, como quando dividiu o palco com o The Clash (ela foi casada com Paul Simonon), sobre o quanto o punk permanece vivo em nosso mundo atual, sobre música brasileira e muito mais. Confira!

1 – Você já veio ao Brasil alguma vez? Conhece bandas e/ou cantores daqui? Caso nunca tenha vindo, estou oficialmente te convidando! Espero te ver aqui algum dia!

Não, infelizmente nunca fui ao Brasil. Mas eu adoraria ir! Não tenho escutado nenhuma banda brasileira no momento, mas adoro coisas antigas dos anos 1960, como Sérgio Mendes e Brazil 66. Adoro gravações antigas de Salsa, Cha Cha Cha e Mambo.

2 – Como a banda "Pearl Harbor and The Explosions" surgiu?

Formamos a banda Pearl Harbor e The Explosions em 1978, na cidade de San Francisco, Califórnia. O The Stench Brothers (como eram conhecidos Hilary e John Hanes) e eu estávamos em uma banda chamada Leila And The Snakes, na qual eles tocavam baixo e bateria e, então, decidimos formar nossa própria banda e escrever nossa própria música. Convidamos o amigo deles, o guitarrista Peter Bilt, para se juntar a nós. A música era bem New Wave e não Rock & Roll. Eu queria tocar rock e eles gostavam mais de jazz fusion. Eles eram músicos excelentes, mas não concordávamos com o estilo de música, então nos separamos depois de um álbum e uma turnê.

"(...) punk não está morto! O punk é uma atitude e um modo de vida, assim como é também um estilo de música. Os punks são não-conformistas apaixonados por suas crenças e estilo de vida (...)"

3 – Qual foi o melhor show que você já fez em sua carreira?

O melhor show que já fiz foi quando cantei com o The Clash em Tóquio, no ano de 1982. Foi nossa primeira vez no Japão e foi muito emocionante. Um choque cultural total!!

4 – Qual é a melhor memória que você tem do Paul Simonon?

Minha melhor lembrança do Paul Simonon é de quando estávamos no Japão, como mencionei na terceira questão. Fomos visitar belíssimos templos budistas, oramos juntos e experimentamos coisas maravilhosas que eram um mistério total para nós.

5 - A frase "punk is not dead" é muito famosa. Você acredita que o punk continua vivo?

Não, o punk não está morto! O punk é uma atitude e um modo de vida, assim como é também um estilo de música. Os punks são não-conformistas apaixonados por suas crenças e estilo de vida. Essa atitude começa principalmente com a juventude e a rebelião contra seus pais, o governo e a vida em geral. Os jovens sempre se rebelam e querem ser diferentes da geração de seus pais. É saudável e natural!!

 

"Não sei como descrever o mundo de hoje. A Covid mudou tudo e não sei quando as coisas vão melhorar se as pessoas não forem vacinadas".


6 – “Don't Follow Me, I'm Lost Too” é um ótimo álbum! Você pode nos contar quais foram suas inspirações para gravá-lo? Como era a sua vida na época da gravação? 

O álbum "Don't Follow Me, I'm Lost Too" foi gravado em Londres em 1980. Nós nos divertimos muito fazendo este álbum porque todos os músicos eram amigos e, por isso, nós todos nos soltamos e nos divertimos. Os músicos incluíam Paul Simonon, Mick Jones, Nigel Dixon, Wilko Johnson, Steve New, Topper Headon, Steve Goulding, Geraint Watkins, Gary Barnacle e B.J. Cole. Eu amo esse álbum porque é rock & roll, mas tem um pouco de atitude. Ele soa de uma maneira única.

7 – Você continua compondo? Pretende lançar algo futuramente? Recentemente escutei a música "I Wish I Were You" e gostei bastante!

Eu continuo me apresentando e escrevendo músicas. Espero gravar novas faixas no próximo ano. Tudo ficou mais lento por causa do vírus, então todos temos que ser pacientes... Estou feliz porque 3 dos meus álbuns antigos estão disponíveis para streaming agora. Eles são meus 2 álbuns da Warner Bros., "Pearl Harbor and The Explosions" e "Don't Follow Me, I'm Lost Too", e de 1995, de um selo independente, tem o "Here Comes Trouble".

8 – Quais tem sido as suas principais inspirações ultimamente?

Ultimamente tenho ouvido muitos discos antigos de R&B para poder cantar junto e manter minha voz em forma. Eles também me fazem dançar, para manter meu corpo em forma!! Meu álbum favorito para ouvir no momento são os maiores sucessos de Ike & Tina Turner. Cada música é fantástica!

9 – Como você descreve o atual mundo ocidental em que vivemos?

Não sei como descrever o mundo de hoje. A Covid mudou tudo e não sei quando as coisas vão melhorar se as pessoas não forem vacinadas. A internet e as redes sociais tornaram mais fácil a comunicação com qualquer pessoa e com tudo que você possa imaginar. Eu sou uma pessoa muito reservada, então não gosto muito de que todos saibam tudo sobre mim! Porém, acho o Instagram divertido de acompanhar. Você pode conferir meu perfil @pearlharbourmusic se quiser!

10 – Você gostaria de viver toda a sua vida novamente?

Não, eu não gostaria de viver minha vida novamente. Uma vez já foi o suficiente!! Agradeço por todas as experiências divertidas e incríveis que tive...

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

JAMIE PERRETT: O TALENTO ESTÁ NO SANGUE

 Por Juliana Vannucchi

Jamie Perrett é um músico inglês, filho do lendário Peter Perrett, vocalista da icônica banda punk The Only Ones. Nos últimos anos, Jamie participou com seu pai da gravação de dois álbuns, intitulados ‘How The West Was Won’ (2017) e ‘Humanworld’ (2019), ambos muito elogiados pela crítica britânica e que abriram as portas para o músico, levando-o a tocar em inúmeros palcos da Europa. 

 

“Essa é uma música sobre a dualidade e a realidade do amor. É sobre o céu e o inferno (...)"
 

Em 2020, no entanto, o jovem músico começou a focar em suas próprias produções e, em abril de 2021, lançou o primeiro single de sua carreira solo, chamado “Masquerade Of Love”, produzido, conforme descreve o próprio músico, “sob uma atmosfera de imensa emoção e honestidade”. De acordo com Jamie: “Essa é uma música sobre a dualidade e a realidade do amor. É sobre o céu e o inferno e tudo o que existe entre eles. A palavra 'máscara' encapsula a alegria e o fascínio de uma dança ou baile com o lado mais escuro e oculto dos relacionamentos. É sobre um rompimento e consequências difíceis e a sensação que vem com isso de estar encalhado e suspenso em uma terra de ninguém, bem como a alegria de um relacionamento bonito e poderoso ao mesmo tempo”.  

A carreira de Jamie ainda está começando a se desenhar e se desvencilhar da música de seu lendário pai, de quem, conforme é evidente, herdou um enorme talento. Por enquanto, o que fica claro é o seu brilhantismo lírico, a presença de palco e a esperança de que, numa época tão cheia de bandas e artistas enlatados, temos uma personalidade grandiosa, original e que promete encantar muitas pessoas por meio de suas produções sonoras. A faixa de estreia foi um presente valioso que Jamie ofereceu ao mundo e, inclusive, chegou a ser tocada em algumas das mais elogiáveis estações radialísticas brasileiras, como a grandiosa Web Rádio Resistência e a célebre Rádio Alternativa Rock, além de ter entrado também na programação da Mutante Rádio, fato este que mostra a boa aceitação do músico no Brasil. No início de setembro, através de suas redes sociais anunciou que lançará seu segundo single. Atualmente, depois das limitações impostas pela pandemia, o músico está de volta aos palcos e está, aos poucos divulgando suas produções. Aguardaremos ansiosamente por mais novidades!

Links oficiais:

Spotify:


https://open.spotify.com/artist/0SB1lWd5ljMK1KQuO0pAXl

YouTube:

 https://www.youtube.com/channel/UCt80ZRJ3VDcILbS-J-2kNAQ

Website:

https://jamieperrett.com/

Facebook:

https://www.facebook.com/jamieperrettmusic

Instagram:

https://www.instagram.com/jamieperrettmusic/

Twitter:

https://twitter.com/jamieperrett

sábado, 4 de setembro de 2021

ARTE, CULTURA E CRISE HUMANITÁRIA: UMA CONVERSA COM DANIELLE DE PICCIOTTO

Por: Juliana Vannucchi, Camilo Nascimento e Juan Youth

Danielle de Picciotto é uma artista interdisciplinar, nascida nos Estados Unidos, mas que há bastante tempo reside na Alemanha ao lado do marido Alexander Hacke, baixista da banda Einstürzende Neubauten. Danielle já escreveu três livros, além de colaborar esporadicamente com ensaios textuais para revistas de cultura. Em sua vasta trajetória, a artista se destacou por suas colaborações e apresentações com o grupo The Crime & City Solution. Ao lado de seu companheiro, tem um projeto musical bem-sucedido chamado hackedepicciotto, além de ter também uma carreira solo notavelmente próspera. Conversamos com Danielle a respeito de vários assuntos diferentes que permeiam nosso mundo atual. Confira!

1- Danielle, bem-vinda ao Fanzine Brasil. Primeiramente, gostaria de saber como você está, porque o mundo todo tem enfrentado um momento muito estranho. Espero que agora as coisas estejam melhores por aí!

Eu estou bem. Tive muito cuidado durante a pandemia e basicamente fiquei em meu estúdio por mais de 18 meses. Na verdade, eu gostei disso porque meu marido e eu geralmente estamos sempre em turnê, então eu pude dormir mais e trabalhar em projetos para os quais nunca tive tempo antes. Parece um momento de reflexão. Mas espero que acabe logo.

2- Você já esteve no Brasil alguma vez? Por acaso conhece músicos e/ou bandas daqui?

Infelizmente eu nunca fui ao Brasil e também não conheço nenhuma banda do país. Eu ficaria encantada em conhecer músicos interdisciplinares novos e jovens, especialmente se forem mulheres. Escrevo uma série de entrevistas para o Kaput Magazin sobre artistas mulheres interessantes e estou sempre procurando novos projetos!

3 – Em que momento da sua vida você se reconheceu como artista? Esse caminho foi planejado?

Eu comecei a tocar violino aos seis anos, piano aos sete, comecei a escrever poesia assim que aprendi a ler e sempre pintei, então acho que nasci sendo uma artista interdisciplinar. Quando terminei a escola, não sabia o que fazer e por isso acompanhei um amigo que estava se candidatando a uma escola de artes. Fui aceita e ela não. Senti que estava trilhando a direção certa. Desde então, trabalhado como música/artista multimídia.

 

(...) vivemos numa época em que as indústrias tentam manipular as pessoas o máximo possível para obter o maior lucro possível (...)"

4 - O sociólogo Zygmunt Bauman diz que vivemos em "tempos líquidos", o que, em suma, significa que nossa cultura e as nossas relações são frágeis e nós sempre queremos substituir tudo. Claro que há exceções, mas você concorda que vivemos uma época de imediatismo e “descarte cultural"?

Acho que vivemos numa época em que as indústrias tentam manipular as pessoas o máximo possível para obter o maior lucro possível. Tudo tem a ver com vender alguma coisa. É uma situação muito triste e o resultado é nossa catástrofe ambiental e colapso social. O 1% dos ricos está se tornando mais rico e os pobres ficam cada vez mais pobres. Não poderemos continuar assim por muito mais tempo, mas a responsabilidade está em nossas próprias mãos. Ninguém é inocente. Temos que mudar nossos hábitos - não comer carne, mas alimentarmo-nos de plantas, não pegar voos, mas pegar trens, não usar carros, mas sim bicicletas, não usar plástico, não apoiar grandes empresas implacáveis como a Nestlé ou Coca Cola etc., não apoiar a escravidão, o racismo ou a discriminação... Se todos se sentirem responsáveis e fizerem a sua parte, poderemos mudar essa situação muito rapidamente.

5 - Você acredita que de alguma maneira, o materialismo global pode fazer com as pessoas percam o interesse pela arte e pela cultura? Como professora de Filosofia, preciso dizer que pelo menos no Brasil, eu percebo que isso acontece. Também num mundo em que tudo é rápido, sinto que as pessoas querem coisas rápidas!

A mídia e as indústrias estão nos treinando para não nos preocuparmos com educação, cultura ou qualquer outra coisa que nos ajude a pensar e sermos independentes e individuais. Eles não querem que sejamos inteligentes. Em geral, é mais fácil manipular pessoas insalubres, confusas e viciadas. Querem que sejamos consumidores estúpidos, inquietos e sem capacidade de atenção, porque é assim que eles vendem coisas que deveriam nos deixar felizes, mas na realidade nos deixam vazios e tristes. Então compramos mais… É um jogo diabólico. Fico, porém, muito feliz em perceber que a geração mais jovem é radical e politicamente ativa e acho que o “Black Lives Matter”, o “Me- Too” e movimentos ambientais com Greta Thunberg, que esses jovens iniciaram, são um sinal de que eles entendem o atual perigo que corremos. Creio que é a nova geração mais interessante que vi desde os anos 80.

 

(...) estou desapontada com a humanidade no momento. O medo não é um bom guia (...) 
 
 

6 – Atualmente, nos encontramos no meio de uma pandemia e estamos enfrentando crises econômicas e sociais em todo o globo. Como você acha que esse cenário irá afetar as produções e movimentos culturais do futuro? Temos espaço para um novo "punk"?

No início da pandemia, pensei que o momento nos ajudaria a mudar de uma forma positiva. Todos nós ouvimos sobre como a poluição desapareceu de repente e foi incrivelmente relaxante não ter aviões rugindo sobre nossas cabeças o tempo todo. Eu pensei que as pessoas iriam parar para pensar em como podemos salvar nosso planeta e criar uma sociedade mais igualitária.

Em vez disso, parece que o egoísmo e o ódio cresceram. Multidões enlouquecidas de pessoas contra vacina se manifestam sem parar aqui em Berlim e o movimento de direita cresceu internacionalmente. Eu entendo que eles estão fazendo isso porque estão com medo. Com medo do futuro, com medo da pandemia, com medo de ficarem pobres e sem-teto. Mas devo dizer que estou desapontada com a humanidade no momento. O medo não é um bom guia. Nós podemos fazer melhor do que isso. Eu me lembro todos os dias de olhar para todas as coisas positivas que estão acontecendo para não ficar realmente deprimida. Não acho que um movimento punk seja apropriado - precisamos de novos movimentos que visem fazer as pessoas entenderem que estamos todos no mesmo barco e devemos apoiar uns aos outros para não afundar. Estamos em uma situação em que os padrões antigos não estão mais funcionando e novos devem ser encontrados.

7- Você está envolvida com a indústria musical há muito tempo. Assim sendo, poderia comentar sobre as principais mudanças envolvidas nas apresentações ao vivo de um tempo atrás e dos dias de hoje? 

Bem, shows ao vivo dificilmente são possíveis no momento. Gosto das novas ideias que de fazer algo online - é uma forma de alcançar uma multidão internacional com novas ideias, mas sinto falta de interagir com o público!


Danielle e seu companheiro Alexander Hacke

 

8 – Qual foi o show mais memorável que você já fez com o Crime & The City Solution? Foi através dessa banda que conheci você...

Gostei muito de tocar no Rivera Court, no Instituto de Artes de Detroit com o Crime & The City Solution. Um enorme mural de Diego Rivera - The Detroit Industry Murals (1932-1933) - é exibido lá. Consiste numa série de vinte e sete painéis que retratam a indústria na Ford Motor Company e em Detroit. O museu organiza concertos gratuitos para que os cidadãos pobres possam vir e ouvir todos os tipos de música, o que eu acho maravilhoso, e tocar naquele salão incrível com músicos incríveis como Simon & Bronwyn Bonney, Jim White, David Eugene Edwards e Alexander Hacke foi lindo inesquecível.


9 – Você pode nos contar um pouco sobre os seus livros? Você escreveu três, né? Qual é a abordagem deles?

Meus livros são todos autobiográficos. O primeiro foi um livro de memórias pessoal de Berlim, o segundo é sobre como e porquê o Alexander Hacke e eu nos tornamos nômades em 2010 e o terceiro livro, que acabei de lançar este ano, é sobre as muitas mudanças que aconteceram antes, durante e depois da queda do muro em Berlim (tecnologicamente, musicalmente, arte, socialmente e politicamente). Falo sobre todos os artistas e músicos que ajudaram a revolucionar a cultura, gênero, sociedade e como iniciei a Love Parade com o Dr. Motte. O título é “A Arte Alegre da Rebelião” e atualmente estou procurando uma editora inglesa para lançá-lo.

Meu primeiro livro (história em quadrinhos) sobre como e por que nos tornamos nômades acaba de ser traduzido para o espanhol https://www.universal-comics.com/products/137969-ahora-somos-nomadas.html).

10 - Se você pudesse dividir o palco com qualquer músico, quem escolheria?

O músico com quem já trabalho: Alexander Hacke, do Einstürzende Neubauten. Temos uma banda chamada Hackedepicciotto e acabamos de assinar com a MUTE Records, o que é muito empolgante.

11 – Em que você está trabalhando atualmente? Quais são os planos para o futuro?

No momento, estou trabalhando na minha primeira trilha sonora para um filme. É muito divertido e o filme é um documentário. A diretora é a Margarete Kreutzer, que fez ótimas produções no passado (uma delas foi sobre a lendária banda Tangerine Dream). Ela me perguntou se eu queria trabalhar nessa trilha porque gosta dos meus álbuns solos. Também estou trabalhando com o Alexander Hack em mais duas trilhas para filmes. Além disso, atualmente estou preparando dois novos projetos musicais e trabalhando em textos falados.

Além disso,  eu estou produzindo um vídeo para o próximo álbum do hackedepicciotto, o “The Silver Threshold”. Ele será lançado no dia 12 de novembro e estamos tentando agendar uma turnê para a próxima primavera. Vamos torcer para que seja possível.


12 – Você gostaria de fazer uma turnê no Brasil com o projeto hackedepicciotto quando a pandemia acabar?

Adoraríamos tocar no Brasil! Se houver interesse e demanda suficientes, tenho certeza de que um show pode acontecer.


terça-feira, 17 de agosto de 2021

ALICE COOPER: O REI DO SHOCK ROCK

 Por: Juliana Vannucchi


Quando todo mundo é normal eu sou estranho, quando todo mundo é estranho eu sou mais ainda”. (COOPER, Alice
).


APRESENTADO VINCENT FURNIER:


Quando Vicent Furnier assumiu o nome artístico Alice Cooper, um personagem lendário ganhou vida e o Rock and Roll se transformou para sempre. Cooper é uma figura eterna no sentido de que não se esgotam as especulações e reflexões a respeito de sua vida e de sua obra. Hoje vamos conhecer e examinar um pouco mais de perto esse artista caricato.

Vincent Furnier nasceu em Detroit, em 4 de fevereiro de 1948. Quando tinha aproximadamente sete/oito anos, afirmava que queria ser o Elvis Presley. Além de admirar o Rei do Rock, era um grande fã de baseball. Para o pequeno Vincent, no entanto, praticar seu esporte predileto ou pular e cantar como Elvis era um tanto complicado, pois sua saúde era exatamente frágil.

A morte se aproximou do garoto na tenra idade. Quando ele tinha 11 anos, ficou seriamente doente, e foram extraídos quase 5 litros de veneno do seu corpo. A quantidade de veneno era tão grande que seu sangue ficou mais grosso do que o normal, e os médicos disseram que a sua chance de sobrevivência era de 10%. O menino perdeu peso e teve uma séria queda capilar. Foram três meses no hospital, mas ele sobreviveu, apesar de ter visto de maneira impactante a sua finitude! Certamente, esse contato com a morte foi refletido em sua carreira musical. Ele próprio já admitiu isso ao mencionar a morte como uma temática presente em seu lirismo, ao passo que, por sua vez, engajamento social e político seriam componentes ausentes no universo de Alice Cooper: “Vamos admitir, política e religião são um tédio (...) A maior parte das pessoas não se importa realmente com elas. As únicas coisas que importam para elas são morte, sexo e dinheiro. Então escrevermos música basicamente sobre esses assuntos”. (2013, p.270). Aqui, é válido citar um outro aspecto que marcou sua juventude e também influenciou toda a estética de Cooper: os filmes de terror. Ele era apaixonado por esse gênero. Dentre os seus preferidos estavam “A Filha de Drácula” e “O Monstro da Lagoa Negra”. Tudo isso foi levado para os palcos, nos quais Cooper não subia apenas para cantar. Ele sempre fazia questão de deixar claro que não realizava um “show”, mas sim, um “evento”: “É tipo: Alice está chegando em quatro meses! (...) Eu quero que as pessoas fiquem ansiosas com o fato de que estamos chegando na cidade, nada do tipo ‘Quem vamos ver essa semana? Bom, vamos lá ver Alice...’; eu quero que eles falem, ‘Uau, Alice está aqui! Cara, o que será que vai acontecer nesse novo show?!’”. (2013, p. 181).

 

(...) me chamar de satânico é pisar no que eu realmente acredito (...)

De fato, ele se tornou um mestre performático que sempre chocou o público com apresentações sanguinárias e aterrorizantes que fizeram dele o grande e genial rei do Shock Rock!

Na época da escola, era um garoto tímido, mas tinha um aproveitamento bom. Gostava muito de James Bond e era fã de Salvador Dalí. Apreciava jogar golfe e lia HQs do Homem-Aranha e do Quarteto Fantástico. Mesmo após formar uma banda, Vincent frequentava a igreja. Seu pai, homem de muita fé, era pastor, e todos encaravam o jovem com certa desconfiança e desdém, pois ele apresentava traços de excentricidade que geravam polêmica. Ele teria outros problemas com a igreja ao longo de sua vida, pois em inúmeras ocasiões foi acusado de satanismo. Mas os olhares tortos e as críticas de cristãos fervorosos não afetaram sua fé: “(...) não é muito surpreendente que eu tenha buscado o cristianismo. Meu pai era um pastor (...) me chamar de satânico é pisar no que eu realmente acredito (...) eu acredito em Deus”. (2013, p. 255-256).

Na verdade, seu comportamento sempre foi controverso e passível de críticas: houve uma ocasião, por exemplo, na qual durante um show da banda ele arremessou uma galinha no público, esperando que a ave fosse devolvida. Contudo, ela foi simplesmente destroçada. Após esse acontecimento, ele precisou se retratar com a Human Society toda vez que ia fazer um show. Houve outras encrencas. Mais tarde, uma turnê que Cooper faria na Austrália para apresentar seu projeto solo foi cancelada porque o governo se preocupou com o impacto que sua imagem decadente poderia ter na juventude do país. Na ocasião, o ministro que freou Cooper declarou: “Eu não vou permitir que um degenerado, com uma forte influência sobre a juventude e os de mente fraca entrarem no país (...)”.


Ele teve fãs ilustres, como é o caso de Johnny Rotten e tantos outros. Para ser ter uma ideia, “Elected” foi uma das faixas preferidas de Lennon, e o vocalista dos Beatles disse que chegou a escutá-la umas cem vezes...


SAI FARNER, ENTRA COOPER...


O nome “Alice Cooper” envolve especulações bizarras: segundo alguns, proveio de uma brincadeira com tabuleiro ouija feito na casa do empresário das turnês, chamado Dick Philips. Supostamente, um espírito entrou em contato e se identificou com esse nome. A entidade disse que havia se suicidado com veneno após ser acusada de bruxaria e ter sido perseguida por autoridades. Essa é apenas uma das narrativas sobre o nome que foi usado tanto por Vince, quando para a banda. Aliás, ele usou esse nome em seus dois projetos musicais, sendo que o primeiro era propriamente a banda “Alice Cooper”, e o segundo, uma espécie de carreira solo em que era usado esse mesmo nome.

Aliás, foi justamente durante o período de sua carreira solo que Cooper entrou na sua fase de declínio, tanto no que diz respeito à sua vida pessoal quanto em relação aos seus feitos artísticos. Ele se tornou um alcoólatra e precisou ser internado num hospital psiquiátrico. Ficou numa ala destinada a viciados e pessoas com problemas mentais graves. Mas tudo valeu a pena, e o tratamento teve um efeito benéfico em seu organismo. Cooper até optou por ficar lá durante mais tempo do que era necessário, pois encontrava inspiração para letras na convivência com os pacientes mentalmente insanos. E, claro, aos poucos, a fase decante foi ficando para trás para dar espaço a um novo período de criatividade. Ele se reergueu.

DALÍ TRANSFORMA COOPER NUM HOLOGRAMA:

Um dos encontros culturais mais célebres de todos os tempos merece ser lembrado aqui. Até porque Alice Cooper já admitiu que esse episódio foi um dos melhores momentos de toda a sua vida. Essa história, definitivamente, não poderia ficar fora do nosso texto!

Dalí e Cooper se conheceram em 1973, na cidade de Nova Iorque. Nessa época, o pintor tinha 69 anos e o músico tinha 25. Após esse primeiro encontro, passaram duas semanas bebendo, comendo e conversando. Foi uma ocasião extremamente significativa para o jovem Alice Cooper, já que desde a infância, tanto ele quanto o baixista Dennis Dunaway eram fãs do artista espanhol: “Antes de os Beatles aparecerem, ele era a única coisa que tínhamos. Olhávamos suas pinturas e conversávamos sobre elas por horas. Suas pinturas também tinham muito humor. Então, quando formamos nossa própria banda, foi natural que pegássemos algumas dessas imagens - como a muleta - e as usássemos em nossas apresentações”. Cooper ainda disse que foi como encontrar os Beatles ou Elvis.


Segundo Alice Cooper, Dalí era uma figura brilhante, bizarra, caricata, e tudo que fazia era performático.

Cooper também encantou o mestre do surrealismo, que decidiu transformar o astro do Rock num holograma, “First Cylindric Chromo-Hologram Portrait of Alice Cooper`s Brain”. Esse seria o primeiro holograma vivo do mundo.

Dalí e Cooper: um encontro memorável.
 

Na ocasião, Dalí também criou “The Alice Brain”, uma escultura feita com bombas de chocolate, formigas, diamantes e tecnologia holográfica antiga. Segundo Alice Cooper, que obviamente gostou da ideia, Dalí era uma figura brilhante, bizarra, caricata, e tudo que fazia era performático. O vocalista relatou: “Sua genialidade era que você nunca sabia quando ele estava sendo engraçado e quando não estava”.

Essas aventuras do king Cooper, sua originalidade e sua carreira brilhante fascinam. São coisas que estão além do tempo e do espaço. Ele teve fãs ilustres, como é o caso de Johnny Rotten e tantos outros. Para ser ter uma ideia, “Elected” foi uma das faixas preferidas de Lennon, e o vocalista dos Beatles disse que chegou a escutá-la umas cem vezes...

Referências:

THOMPSON, Dave. Alice Cooper: Bem-vindo ao meu pesadelo. São Paulo: Editora Madras, 2013.

https://www.openculture.com/2020/08/when-salvador-dali-met-alice-cooper-turned-him-into-a-hologram.html

https://www.anothermanmag.com/life-culture/10269/alice-cooper-remembers-his-encounter-with-salvador-dali

https://www.google.com.br/amp/s/arteref.com/gente-de-arte/30-fatos-curiosos-sobre-salvador-dali/amp/

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

KICK OUT THE JAMS: EM FEVEREIRO DE 1969, O MC5 REVOLUCIONAVA O ROCK

 Por: Juan Youth

O MC5 é uma daquelas bandas que possuem mais compilações do que propriamente álbuns de estúdio. Independentemente desse traço que marca suas produções discográficas, o MC5 foi absolutamente revolucionário em vários aspectos.

Partamos do ponto em que eles resolveram lançar o álbum de estreia ao vivo, diferente da maior parte das bandas que lança álbuns live somente depois de terem criado três ou quatro álbuns de estúdio, quando já estão dentro das paradas de sucesso. O negócio é que eles não sabiam muito bem como tocar dentro de um estúdio e suas performances ao vivo eram sensacionais e explosivas, o que, pelo visto, funcionou.

Outro ponto importante são seus posicionamentos políticos de esquerda e o polêmico fato de que a banda era explicitamente defensora do "sexo e drogas" desenfreados, em uma época em que a população americana não dava muito espaço para esse tipo de coisa (talvez isso não tenha mudado).
Mesmo diante de um cenário em que tais assuntos eram tratados como tabus, eles foram provocativos e usaram o ousado título "Kick Out The Jams, Motherfuckers" (que pode ser traduzido como “botem tudo pra quebrar, seus filhos da puta”) como faixa título do disco. 

Mas afinal, que tipo de som os Motor City Five tocavam? Podemos dizer que era uma mistura de blues, R&B, free jazz psicodélico misturado com muitas distorções e um vocal explosivo e inovador. Se mesmo lendo isso tudo você não se impressionou, saiba que eles estavam fazendo tudo isso na cidade de Detroit, em 1965, sendo que nesse contexto, poucos grupos eram tão autênticos. O MC5, assim, participou da história do começo do Punk Rock, sendo, por isso, muitas vezes intitulada como uma banda de protopunk.


O MC5 é uma das bandas mais bem-sucedidas de Detroit.


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