Fanzine Brasil

SIOUXSIE SIOUX - SOPROS DE VIDA

Grandes homens, assim como grandes tempos são um material explosivo interior do qual uma força imensa é acumulada (....)

“DISCO DA BANANA”- A OBRA PRIMA IGNORADA

Eu sabia que a música que fazíamos não podia ser ignorada

SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

segunda-feira, 23 de maio de 2022

JOAN JETT: A RAINHA DO ROCK AND ROLL

     Por Juliana Vannucchi

Nascida em 1958, na cidade de Wynnewood, Joan Marie Larkin, artisticamente conhecida como Joan Jett, tornou-se uma das maiores lendas do Rock And Roll. 

Pertencente a uma família protestante, Jett era a mais velha de três irmãos e era filha de um vendedor de seguros e de uma secretária. Aos 13 anos, ganhou seu primeiro violão como presente de Natal e logo começou a fazer aulas. Porém, foi desencorajada por seu professor, que disse que mulheres não tocavam Rock And Roll. Com essa mesma idade, mudou-se para Los Angeles, cidade na qual recebeu muita influência do Glam Rock e onde encontrou a música como refúgio para a dor causada pelo divórcio de seus pais. Antes de seguir a carreira musical, Jett chegou a trabalhar num refeitório que, de acordo com ela, servia comida para algumas pessoas que eram muito desagradáveis. E certa vez chegou a confessar que se não tivesse sido cantora, gostaria de ter sido astronauta, arqueóloga ou atriz. Mas, para a nossa felicidade, o destino a levou aos trilhos do Rock And Roll. Aos 15 anos, Joan Jett formou a banda The Runaways, que enfrentou muito preconceito por ser composta apenas por mulheres. Segundo Jett, isso ocorreu principalmente pelo fato de, naquela época, as atividades do meio musical serem feitas, em sua maioria, por homens.  A cantora chegou até a declarar que seria certo atribuir as mesmas vagas às mulheres. Além de o grupo ter convivido com atitudes machistas, as integrantes eram constantemente encaradas como entretenimento sexual. A esse respeito, Jett chegou a declarar: “Com as Runaways, eu fiz questão de não enfatizar a sexualidade (...) Faça seu trabalho, toque sua música. “As pessoas vão pensar que isso é sexy”. Os preconceitos enfrentados foram muitos, pois naquela época o mundo simplesmente não estava pronto para encarar garotas portando instrumentos musicais em cima de um palco. Soava como algo vulgar, desafiador e inapropriado. 

 

(...) uma mulher livre e diferenciada, sempre em guerra com o conservadorismo machista que esteve presente no início de sua trajetória.
 

Há um fato muito curioso por trás do maior sucesso da carreira de Joan Jett: certa vez, ela sugeriu que o grupo gravasse uma versão cover da música "I Love Rock And Roll", originalmente gravada pela banda britânica Arrows. Contudo, as meninas do The Runnaways rejeitaram a ideia. Mais tarde, quando a banda rompeu e Jett iniciou sua carreira solo, ela gravou sem sucesso uma versão com Paul Cook e Steve Jones, dois integrantes do Sex Pistols. Em 1980, tentou lançar seu primeiro álbum solo, mas a produção foi recusada por mais de vinte gravadoras. Isso fez com que a ex-Runnaways criasse sua própria gravadora, chamada Blackheart Records – com isso, aliás, ela se tornou a primeira mulher a criar uma gravadora própria. Ainda em 1980, formou a banda “Joan Jett And The Blackhearts” e, em 1982, lançou a vigorosa e lendária versão da faixa do Arrows, que se tornou um clássico atemporal do Rock. 

Jett se tornou um mito. É uma das mulheres mais elogiáveis do meio musical e, desde os primeiros passos, teve uma carreira próspera, sendo uma mulher livre e diferenciada, sempre em guerra com o conservadorismo machista que esteve presente no início de sua trajetória. Símbolo de resistência, sobreviveu a muitos golpes e venceu preconceitos para se firmar na cena musical e, devido a todas essas lutas e a muita determinação, tornou-se um símbolo de inspiração para inúmeras mulheres. Certa vez, numa entrevista concedida ao The New York Times, foi questionada sobre ser feminista. Jett refletiu a esse respeito: “Não sei se me considero feminista. Esses rótulos realmente não parecem completos para mim. A definição de feminismo de cada pessoa é diferente. Se feminismo significa ser igual e ser capaz de fazer tudo o que você definir em sua mente, então sim. Isso não deve ser baseado em seu gênero”.  

Joan Jett se tornou vegetariana no início dos anos oitenta e hoje em dia se considera quase vegana. Já declarou que ama animais e disse à Rolling Stones que se ela se aposentasse do meio musical, gostaria de trabalhar em algum abrigo. Atualmente, em seu tempo livre, ela cozinha, surfa na praia, assiste à televisão, cuida de seus dois gatos e praticamente não ingere bebidas alcoólicas. 

Referências:

https://www.nme.com/features/music-interviews/joan-jett-interview-band-asks-thats-close-can-maybe-get-kurt-giving-thumbs-2393506

https://www.rollingstone.com/music/music-news/joan-jett-built-to-rock-128185/
https://en.wikipedia.org/wiki/Joan_Jett

https://www.nytimes.com/2018/09/27/movies/joan-jett-bad-reputation-documentary.html

https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2020/nov/14/joan-jett-interview-brush-with-the-law-got-arrested-on-tour

UMA DÉCADA DE HISTÓRIA E UM BRINDE AO BALLET CLANDESTINO

Por Juliana Vannucchi

Globalmente falando, 2012 foi um ano um tanto peculiar. Nessa época, reinavam teorias da conspiração sobre o fim do mundo. Contudo, enquanto alguns supersticiosos construíam bunkers e estocavam alimentos, um trio paulista de amigos, composto por Vinícius Primo (guitarra e voz), Natan (baixo e voz) e Cecília (bateria) se reunia, afinava seus instrumentos, escrevia suas letras e iniciava sua bem sucedida trajetória musical. A respeito dos primórdios, Primo comentou: “Nascemos timidamente e sem pretensão alguma sequer de fazer show. Na realidade, a banda surgiu como um projeto bem despretensioso e calcado na linguagem sonora das Mercenárias. E obviamente essa influência das Mercenárias persiste até hoje, pois é uma banda da qual gostamos demais”. Para alguns era o fim do mundo, para outros, o pontapé inicial de uma jornada musical admirável (e repleta de shows! Primo estava errado!!).

De lá para cá, a banda passou por uma mudança: em 2013, a baterista Cecília, que fez parte da formação inicial, deixou o grupo, e Rocero assumiu as baquetas: “Era um amigo meu e do Natan, que também compartilhava das mesmas influências e perspectivas musicais que a gente. Com ele na banda, o lance dos ensaios ficou mais contínuo, as músicas foram surgindo e a linguagem pós-punk se desenvolvendo. O novo membro da banda contribuía com ideias, riffs, letras, etc.”, recorda-se Vinícius. A partir de então, com uma sonoridade sombria que se inspira no punk rock setentista e no pós-punk, a banda reuniu uma discografia volumosa, composta por um total de 4 EPs, dos quais o primeiro foi lançado em 2015, e um splt ao vivo com a banda irmã Tempos de Morte. Todos, inclusive o split, foram lançados em de forma física em fita k7. Em 2019, houve outra mudança na bateria, e Rocero foi substituído por Tiofrey. Segundo Natan, “Com sua entrada observamos a introdução de uma pegada robusta nas músicas, apropriando-se da bateria de uma forma magistral e energética”.

 

"A evolução é constante. A cada show realizado e críticas apontadas, buscamos crescer".
 

Atualmente a banda figura entre os principais nomes nacionais do pós-punk. O mundo não acabou e agora, em 2022, o Ballet Clandestino está completando uma década de existência. A esse respeito, Vinícius refletiu: “Em 2022 chegamos aos dez anos, e para te falar a verdade, nem parece (risos). Acho que devido a esses dois últimos anos estarmos na pandemia. Então não ensaiamos com frequência, não teve nenhum show e tal.  Nosso último EP, Descompasso Cinza, saiu bem na pandemia, em julho de 2020, e com isso ainda sinto que não o divulgamos como deveríamos. Voltamos com os shows agora e ainda não pensamos em algo para marcar esses dez anos de existência”. Perguntei ao grupo como eles enxergam a trajetória acumulada ao longo de todo esse tempo de estrada. Natan refletiu: “A evolução é constante. A cada show realizado e críticas apontadas, buscamos crescer. Observamos que não somos os mesmos no palco se fizermos uma comparação com o primeiro show ocorrido em 2015. Destacamos como evolução a forma como nos enxergamos no palco, como podemos nos posicionar nele, o que não fazer ou fazer. Para o público isso parece ser algo natural, mas precisa ser pensando e discutido. Ainda temos pontos a melhorar”.

Sinceramente, penso que agora estamos mais próximos do fim do mundo do que estávamos em 2012, porém, espero estar enganada porque ainda quero ver o Ballet Clandestino celebrar muitas décadas de existência. Há indícios de que a banda seguirá firme em sua triunfante jornada. O retorno aos palcos é um tanto recente e, assim como inúmeros músicos ao redor do globo, eles foram afetados pela pandemia, embora tenham aproveitado o período para compor novas músicas. Há planos ambiciosos que envolvem shows internacionais pela frente: “Temos planos de lançar um próximo trabalho para o próximo ano e uma custosa mas não inacessível turnê fora do país”, revelou Natan.


Vida longa ao Ballet Clandestino.

 





terça-feira, 17 de maio de 2022

POLÍTICA, LIVROS, PUNK ROCK E MUITO MAIS: CONVERSAMOS COM JACK GRISHAM, VOCALISTA DO T.S.O.L


 Por Juliana Vannucchi

O lendário vocalista do T.S.O.L bateu um papo com o Fanzine Brasil. Num tom descontraído, conversamos e refletimos sobre assuntos bem variados. Jack nos contou sobre seu passado, sobre como entende o punk rock, sobre os problemas políticos que tangem o mundo atual e também sobre outras coisas incríveis que você pode conferir abaixo!

1. Seja muito bem-vindo ao Fanzine Brasil, Jack. Fico feliz em ter você aqui. Inicialmente, gostaria de saber quando você veio ao Brasil pela última vez e como foi a experiência. Você tem muitos fãs aqui…

Bem, em primeiro lugar, obrigado. Não tenho certeza de quanto tempo faz desde que estive aí pela última vez, mas eu amei seu país. As pessoas foram muito gentis, e mesmo enquanto lidavam com questões importantes de suas vidas, elas expressavam um ritmo lindo de viver, que era quase como uma dança do soul através de seus problemas – muito mais desinibidos do que os americanos, um povo que de vez em quando pode ser durão pra caralho.

2. Jack, você está ciente da atual situação política do Brasil? Nós temos um presidente fascista e intolerante. Gostaria de saber sua opinião a respeito desse contexto político do país. É sempre valioso saber o que pessoas como você tem a dizer... 

Eu acho importante não ficar de fora dessas questões e dar minha opinião sobre o que não estou vivenciando. Eu mal sou qualificado para ser um músico. Acho tentador simplificar questões de ordem política, um cara legal de banda tentando ganhar o apoio do povo, mas as coisas nunca são tão fáceis. Eu tenho minhas crenças sobre como as pessoas devem ser tratadas e penso que um governo deve servir e não dominar, pelo que li – os responsáveis no Brasil podem ter essa equação ao contrário.

3.  Por que você acha que o fascismo está aumentando, tanto na Europa, quanto no resto do mundo?

É confortável ter alguém para culpar por seus problemas – ter uma desculpa para suas idiotices. É mais difícil olhar no espelho, para cada país confrontar seus próprios pecados do passado e buscar o envolvimento de todas as pessoas para um bem comum. A culpa faz maravilhas para um ego esmagado. Um líder forte é uma muleta para uma nação fraca. Podemos falar sobre doces surf e diversão agora?


4. Além das questões políticas, há caos e tensão em todos os lugares. Como você acha que será o mundo pós-pandêmico?

Bem, pode ser um caminho para a iluminação, como uma árvore podada antes de ser restaurada a uma glória ainda melhor do que antes. Podemos perceber o quão intimamente estamos conectados. Podemos nos conscientizar de que a dor do meu irmão ou irmã é a dor que eu mesmo sinto.

 

"Eu sempre penso que, talvez, quando alguém gosta do que eu fiz, nós compartilhamos algo por dentro (...)"


5. Você pode nos contar um pouquinho sobre os livros que escreveu? Pergunto isso porque, infelizmente, eles não foram traduzidos para a língua portuguesa. (bem, ao menos, não ainda).

Eu sou um autor inexperiente que está aprendendo a escrever sob o brilho das luzes. Eu acho que não mereço alguns dos elogios que recebi em relação ao meu trabalho. Meu primeiro livro foi o "An American Demon", uma viagem depravada em minha juventude - honesta demais para ser uma autobiografia. O livro seguinte foi uma coleção de contos chamada Untamed. No período desta produção, eu tinha passado por um rompimento, então o trabalho é sombrio e raivoso, e é uma ferida aberta. Depois, escrevi um livro para quem se encontra em recuperação do vício em drogas e álcool - chama-se A Principle Of Recovery e é sobre a minha jornada através de 12 passos. Estou livre desses vícios desde 8 de janeiro de 1989. Atualmente estou trabalhando em um romance policial chamado The Pulse Of The World.

6. O que a música traz para nossas vidas? E que tipo de efeito você espera que suas músicas cause nas pessoas que as consomem?  

Não tenho certeza, mas acho legal quando você cria algo, e isso gera um sentimento em outra pessoa – talvez podendo até atingir alguém de uma parte diferente do mundo. Eu sempre penso que, talvez, quando alguém gosta do que eu fiz, nós compartilhamos algo por dentro, e por causa disso podemos nos tornar amigos.

 

"O punk rock que conheci na minha juventude está morto há anos".
 

7. Qual foi o maior desafio da sua carreira musical?

Não conseguir cantar. Havia uma versão rock do T.S.O.L – uma banda completamente diferente usando nosso nome, e o cantor parecia muito com Jim Morrison. Eu pareço o “Jack”, e o Jack não consegue necessariamente segurar uma nota.
   
8. A frase "punk's not dead" é muito famosa. Mas, afinal, o punk continua vivo atualmente? Você ainda vê o velho espírito punk nos dias de hoje?

Não tenho certeza; as coisas, é claro, são diferentes. O punk rock que conheci na minha juventude está morto há anos. Você não pode simplesmente se vestir de uma certa forma, tocar acordes fortes, se rebelar contra a autoridade e chamar isso de “punk”. Os inconformistas se conformaram com um olhar de inconformismo – isso é punk? Acho que ser “punk” é uma atitude além da música e da moda – é uma vontade de defender suas crenças, desafiar o pensamento do status quo, ficar aberto a ideias conhecidas e viver.

9. Tem algum álbum em particular do T.S.O.L. que seja o seu favorito?

Meu favorito tem que ser o Trigger Complex - nosso último trabalho completo, mas para mim - alguém que não ouve nossa banda, eu prefiro músicas - à noite no palco quando a multidão foi empurrada para a beira do caos, e eu posso sentir que mais um aumento de intensidade poderia levar à anarquia completa, eu olho para nosso baixista Roche e eu afasto ele –  faço meu sinal com a mão para ele entrar na música Fuck You Tough Guy, e a sala explode!      

10. Qual foi a coisa mais esquisita que você já viveu numa turnê feita com o T.S.O.L.? Pode ser alguma situação vivida em hotel, no palco, dentro de um ônibus, etc.

Quando terminamos um show e fomos direto para a cama – sem brigas, sem polícia, sem overdose, incêndios ou acidentes de carro – foi um milagre do caralho! No mínimo ultrajante!

11. Você é um ótimo fotógrafo. Você trabalha com fotografia ou é apenas um hobby?

É um passatempo. Eu gosto de pessoas — a alma em seus olhos. Eu faço retratos. Eu uso isso para conectar. Eu luto contra a ansiedade social, sou superficial e às vezes sinto que minha fala e meus modos são forçados. Quando estou atrás da câmera, tudo é mais fácil.

12.  Se você tivesse uma máquina do tempo e pudesse viajar para o passado, qual momento da sua vida você gostaria de viver novamente? E o que você mudaria?  

Nada. Nunca cometi nenhum erro porque a soma de minhas ações é que me trouxe aqui, num lugar no qual estou muito feliz. Mas se pudesse mudar alterar qualquer coisa, eu teria economizado minhas milhas de passageiro frequente e ter causado mais por aí.

13. No que você está trabalhando atualmente? Quais são os planos para o futuro?  

Atualmente estou terminando um filme sobre a minha experiência no TSOL. Se chama “Ignore Heroes” e estou sou responsável pela produção e também pela direção.


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