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WOLF CITY - AMON DUUL II

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quinta-feira, 20 de junho de 2024

SIDAN ROGOZINSKI LANÇA NOVO EP: VALE MUITO A PENA ESCUTAR

Por Juliana Vannucchi

No início de junho, Sidan Rogoziński, talentoso músico do interior paulista, anunciou o lançamento do EP “Steatmeant”, que encontra-se disponível integralmente no Spotify. Com um total de sete faixas, dentre as quais encontram-se canções inéditas e singles antigos, Sidan, munido de seu violão e de sua potente voz, conduz os ouvintes através de uma sonoridade que os leva de volta ao melhor que os anos noventa ofereceu. Mas o EP não se restringe somente a essa espécie de viagem pela aura grunge. Ele conta também com experimentos musicais que, em alguns momentos, dialogam com o punk rock, como é o caso da faixa “Heart’s Ain’t Enought”, que é crua, veloz e minimalista, mas ainda assim, capaz de fisgar o ouvinte com seu refrão enérgico. Vale a pena destacarmos o hit “OH MAN!”, que consiste num verdadeiro e poderoso hino alternativo do universo musical de Sidan Rogoziński. Não é exagero algum dizer que essa faixa figuraria nas paradas globais dos anos noventa. "Sal" e "I Don't Hate You" são as mais sensíveis e tocantes do EP, as duas encantam e são capazes de agradar qualquer ouvinte que possua um gosto musical minimamente refinado. "Pequena Canção Para Pêssego Dormir" é uma ótima faixa e está entre as antigas que foram selecionadas para o EP. Por fim, temos o single "Outro Lugar", que é uma verdadeira ode poética.

 

O “Steatmeant” figura entre as mais empolgantes produções independentes do ano.
 

Cabe dizer ainda que Sidan, que atualmente trabalha como radialista, tem um passado musical elogiável e acumula um currículo vasto nesse meio. Ao longo de seu percurso, já ministrou aulas de violão e já fez parte de diversas bandas, como a “Divastrabica”, a “Medrar” e também a “Madreperola”, sendo que foi com esta que, em 2020, havia lançado sua última leva de produção musical inédita. E apesar de todas as suas contribuições com esses respectivos grupos terem terem sido admiráveis, podemos dizer que seu maior acerto está realmente no “Steatmeant”, que figura entre as mais empolgantes produções independentes do ano. Neste trabalho, de modo geral, Sidan Rogoziński mostra-se um artista mais maduro, criativo e confiante.

Para sorte dos amantes do bom e velho rock e dos fãs da cena musical independente, Sidan nos garantiu que há mais material para ser lançado. O músico, que acredita no potencial da arte, em seu alcance e valor, refletiu: “Arte é a expressão mais íntima de uma pessoa, suas visões e perspectivas. Quando uma peça de arte é feita com essa entrega ela se torna eterna, um monumento”. Aguardaremos ansiosamente os novos materiais desse brilhante artista brasileiro cuja voz, mesmo que desacompanhada de qualquer instrumento, já é por si, uma verdade obra de arte.


domingo, 9 de junho de 2024

ALICE BAG: LUTAS FORA DO PALCO E LEGADO HISTÓRICO

 Por Juliana Vannucchi e Pedrinho Sangrento

Alice Bag começou sua carreira musical muito cedo, liderando uma banda importante, a The Bags, da qual foi vocalista e compositora e que a levou a obter um prestigioso destaque na cena do punk rock norte-americano do final dos anos 70. Junto a ela, na formação inicial da The Bags estavam presentes duas outras lendas punks transgressoras, Alicia Armendariz e Patricia Morrison. O período de atividade do grupo foi curto, iniciando-se em 1977, ano consagrado em que inúmeras bandas punks emergiram nos EUA e na Inglaterra, e encerrando-se quatro anos mais tarde, em 1981.

Antes, porém, de travar contato com o universo musical e obter reconhecimento nesse meio, a vida de Alice foi marcada por momentos sombrios repletos de dificuldades. Ela cresceu no leste de Los Angeles com sua família, composta pela mãe, pelo pai e por sua meio-irmã, todos nativos do México. Nesse cenário, Alice teve uma relação um tanto complicada com o progenitor, pois ele agredia sua mãe diante de Alice. Em contrapartida, em partes ele à apoiava muito - possivelmente porque, cabe dizer, ela era sua única filha legítima. A mãe, por sua vez, era muito boa com Alice e com sua irmã. Bag, contudo, se incomodava com o postura passiva da mãe em relação aos atos de violência cometidos pelo pai e relatou até mesmo já tê-la confrontado seriamente a respeito de um possível divórcio, porém, alegando pensar no bem-estar de suas filhas, a mãe recusou prontamente sua sugestão, o que deixou Alice se sentindo um pouco culpada. Além dessas dificuldades domésticas, em sua adolescência, a jovem e tímida Alice foi vítima de bullying quando estava no Ensino Médio, e isso a levou a um estado de isolamento social, no qual contava apenas com a companhia de seus heróis musicais, como Elton John e David Bowie. Nesse âmbito, podemos entender que a música - tanto ouvida, quanto produzida por Alice - foi uma garantia de salvação e uma tranquilizante válvula de escape de sua conturbada realidade. Alice, certa vez declarou que nesse período, cultivou sentimentos de autossuficiência e independência, o que a levou, numa certa ocasião, a se vestir como David Bowie para ir à escola. Esse tipo de postura excêntrica se reflete bastante na persona energética e cheia de atitude que era Alice Bag  nos palcos.

Além disso, fora do universo musical, Bag, ao longo de sua vida, se afeiçoou por outras áreas, graduando-se em Filosofia, além de também ter trabalhao como professora, ministrando aulas de inglês. Na verdade, sua aptidão por cultura e o deslumbre de sua postura intelectual iniciaram-se na juventude, pois Alice,  quando ainda frequentava o Ensino Médio, decidiu aprimorar seu vocabulário e aperfeiçoar seu inglês, utilizando palavras extremamente sofisticadas no seu dia-a-dia e tentando as pronunciar da maneira mais clara possível.

 

"O punk nos permite falar o que pensamos". (Alice Bag)
 

Certa vez, num evento de cunho social no qual participou como ativista, declarou que o lugar do punk no movimento feminista consiste em manter-se sempre desafiador, chamando a atenção para coisas erradas que estão, infelizmente, enraizadas na sociedade. Nesse sentido, com bravura, Bag declarou: "O punk nos permite falar o que pensamos".  Ademais, vale citar que em sua admirável trajetória, já publicou alguns livros. Cabe nos atermos especificamente a um deles, chamado “Violence Girl” no qual, dentre outras abordagens, Bag comenta sobre como o caso de violência doméstica acima citado a fez envolver-se com o feminismo e querer lutar contra a opressão sofrida pelas mulheres. 

Além de tudo que já foi mencionado, a incansável Alice Bag tem bastante destreza com a pintura e, inclusive, já teve algumas de suas telas expostas. Também criou e ministra um acervo digital no qual há entrevistas com diversas mulheres que marcaram presença na primeira onda da cena punk do sul da Califórnia na década de setenta. É um arquivo composto por materiais históricos vastos e preciosos, no qual há conteúdos sobre diversas personalidades, como fotógrafos, músicos e escritores que fizeram parte dessa geração.

Alice Bag, como podemos ver, nos oferece uma herança inspiradora e de enorme importância que não se restringe ao meio musical. É uma mulher militante que carrega em si um brilho artistico e cultural verdadeiramente digno de admiração.

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