Fanzine Brasil

SIOUXSIE SIOUX - SOPROS DE VIDA

Grandes homens, assim como grandes tempos são um material explosivo interior do qual uma força imensa é acumulada (....)

“DISCO DA BANANA”- A OBRA PRIMA IGNORADA

Eu sabia que a música que fazíamos não podia ser ignorada

SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

ATÉ O FIM DO MUNDO

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WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

THE EDWOODS EM PAUTA: CAOS, LOUCURA E ROCK AND ROLL

 Por Juliana Vannucchi

No mês mais macabro do ano, época de Halloween, não poderia faltar material sobre a banda underground mais bizarra do país, o The Edwoods, duo paulistano formado por Andy e Eron. Acompanhei a movimentação da dupla ao longo dos últimos meses e decidi bater um papo com os meninos para que me contassem melhor sobre o sucesso e sobre os próximos passos de suas produções musicais. Andy contou que 2023 foi um período particularmente dinâmico para o The Edwoods: "Tocamos pela segunda vez no PsychoCarnival em Curitiba, dividindo o palco com os Sick Sick Sinners, Frenetic Trio, com os Flicts e lá ainda vimos de pertinho os Replicantes, que é uma banda que nos influenciou muito. Gravamos também dois singles novos com a produção massa do Jairo dos Autoramas e de quebra ainda tocamos em uma cena de spanking no Dominatrix Bar, durante uma performance da Ramona e Kinky Alien".

A dupla faz parte de um vasto grupo de artistas do país que luta pela música independente e, com resistência, faz com que a cena autoral brasileira permaneça sólida. A esse respeito, Andy comentou que tanto o punk quanto o rock permanecem fortes e longe de qualquer tipo de crise, ainda que tais gêneros culturais estejam distantes da grande indústria musical: "O rock e o punk estão por aí e sempre estarão. Eles não estão nas grandes mídias, pois não há o devido e merecido espaço, mas estão muito vivos nos bares, pubs e garagens Brasil afora". Sobre esse tema, Eron refletiu: "Acho difícil conciliar interesse comercial com arte. Não é uma equação fácil. Creio que um pouco da liberdade criativa é perdido neste processo, mas vai de cada um também. Olha, se uma grande gravadora nos oferecesse um contrato, nós mudaríamos tudo! Investiríamos no visual para melhorar esta aparência deplorável que temos, aprenderíamos a tocar e faríamos músicas melhores que passassem alguma mensagem positiva".

 

"Se uma pessoa gosta de música ruim, mal tocada e que não fala nada e útil, somos a banda certa". (Eron)

Durante nossa conversa, perguntei aos meninos do que mais se orgulham na trajetória do The Edwoods. Seus rostos foram imediatamente tomados por sorrisos macabros e risadas diabólicas. Então a dupla mais trash do Brasil simplesmente respondeu que se orgulha, sobretudo, de estar “cada vez mais feia, insana e descarada". Aliás, é praticamente impossível manter um diálogo sério com os dois, porém, temos que entender que essa é justamente a essência e a proposta de suas criações musicais: a grande qualidade do The Edwoods encontra-se no barulho, no espírito do rock and roll que encarna em suas vozes e instrumentos e agita o público, fazendo-o perder-se em melodias que afastam, ainda que momentaneamente, qualquer problema ou desassossego. O duo não pretende disponibilizar mensagens profundas ou reflexões complexas (chupa, Pink Floyd!), pois, no final das contas, nem sempre são esses os elementos da vida que mais nos encantam ou dos quais mais precisamos. A realidade cotidiana é penosa e, nesse sentido, a fantasia e o humor são recursos necessários para nossa sobrevivência e para que possamos manter o gosto de continuar encarando a vida da melhor maneira possível. Nossas paixões se encontram, por vezes, no que há de mais simples e banal, e é justamente isso que o The Edwoods revela. Nesse sentido, Eron explicou o papel da dupla e por que alguém deve escutá-los: "Se uma pessoa gosta de música ruim, mal tocada e que não fala nada e útil, somos a banda certa! Se você é assim, procure um psiquiatra e ouça The Edwoods".

Para encerrar a conversa, perguntei a eles com quem gostariam de subir ao palco (valia citar artistas vivos ou que já morreram). Com prontidão e entusiasmo, responderam que escolheriam o "The Cramps"... A única coisa que pude pensar, sinceramente, foi: "Coitados dos integrantes do Cramps, seria bagunça demais para eles... o Lux não aguentaria".

 

 

CONHEÇA O "ALL THE MONSTERS", NOVO ÁLBUM DA SHE IS DEAD

 Por Juliana Vannucchi

A She Is Dead, que há anos figura entre as bandas brasileiras mais consagradas, continua firme e ativa no cenário do rock nacional. No último dia 28, o trio curitibano lançou o álbum “All The Monsters”, gravado e produzido por Luís Orta, que também atuou nos outros materiais do grupo. O disco possui um total de 13 faixas e conta com Mau Carlakoski nos vocais e na guitarra, Kim Tonietto no baixo e nos vocais e, como novidade em relação ao último lançamento de estúdio, as baquetas foram assumidas por Alessandro Santiago, que já havia feito parte da banda no passado e agora retornou no momento certo, se encaixando magicamente na She Is Dead. Santiago nos contou sobre a importância e a satisfação de estar de volta: “Estou feliz com esse momento, tanto pela amizade que tenho com os outros integrantes, quanto pela honra de estar numa das bandas mais viscerais da atualidade. A She Is Dead evoluiu muito ao longo desse tempo em que fiquei fora do grupo. É uma banda que vai ficar marcada na história do rock e, por isso, com certeza estar de volta é algo muito especial pra mim”.

De modo geral, o “All The Monsters”, que pode ser considerado o mais maduro da carreira da banda, possui uma pitada criativa de experimentalismos e carrega uma atmosfera mais próxima do pós-punk, embora mantenha, tal como ocorre nas produções anteriores, bastante afinidade com o rock noventista. Carlakoski nos contou que atualmente a She Is Dead está vivendo seu auge: “Esse novo trabalho apresenta nossas melhores composições e certamente reflete meu momento mais criativo como músico”. Tonietto também comentou sobre o atual momento que vive como músico: “Tivemos um amadurecimento não apenas nas composições, mas também na parte da produção musical. Com mais tempo e calma, pudemos criar melhores faixas para esse álbum. Devemos também agradecer muito ao excelente trabalho do Luiz Orta, que faz mágica com nossas músicas”.


(...) não é exagero algum dizer que o “All The Mosters” é uma produção histórica do rock brasileiro.

 

“All The Monsters” é o disco mais profundo da banda e o que mais cativa o ouvinte. Mau Carlakoski refletiu sobre a simbologia por trás do título escolhido para o álbum: “Nessa nova produção estão reunidos todos os meus monstros, meus fantasmas existenciais, tal como a saudade, as frustrações, a angústia, a esperança e outros monstros. Consegui colocar muitos dos meus sentimentos nesse trabalho”. Nesse novo disco, repleto de emoções e capaz de provocar efeitos poderosos nos ouvintes, o trio se mostra mais confiante, mais solto, mais talentoso em relação aos trabalhos anteriores e definitivamente se supera em termos de criatividade, especialmente ao explorar diversas camadas, nuances vocais e linhas de guitarra muito variadas. Escutar o álbum é uma verdadeira volta ao melhor que os anos noventa pode oferecer em termos de rock and roll. De certa maneira, é como se integrantes do Pixies, Sonic Youth e The Cult tivessem se unido e feito experimentos e gravações conjuntas.

A faixa de abertura, “That´s Ok” começa com bastante barulho, distorções e com um efervescente espírito anárquico que seguirá presente em praticamente todo o restante do álbum, embora na oitava música surja uma leve transição estilística em que os ruídos migram para um clima ligeiramente mais introspectivo. Por fim, cabe dizer que quem não é tocado pela maravilha que esse poderoso álbum oferece, certamente já deve estar morto por dentro, pois não é exagero algum dizer que o “All The Mosters” é uma produção histórica do rock brasileiro. Ao compartilhar seus monstros pessoais no álbum, Carlakoski leva aos ouvintes a exorcizarem os seus num processo catártico hipnotizante.

A banda curitibana tem shows agendados na capital paulista e em Santo André, além de estar confirmada no icônico festival “Punktober”. Para acompanhar a programação e os lançamentos da She Is Dead, acesse os links abaixo e siga o grupo nas redes:

Facebook: https://m.facebook.com/sheisdeadrock/

Instagram: https://www.instagram.com/sheisdeadrock/

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC5rr9E5T52fy6i3mc40-urA

Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/2X18P5qiLWbpeWbcHaCIZb



domingo, 22 de outubro de 2023

GENESIS: PARA SOBREVIVER NO MUNDO REAL

 Por Juliana Vannucchi

No início de outubro, o multi-instrumentista Thiago Halleck, especialmente conhecido por sua carreira como baixista da banda Gangue Morcego, lançou, por meio seu projeto musical solo intitulado HallecӃ, seu primeiro álbum, o “genesis”, mixado e masterizado por Leandro Souza e que certamente consiste na produção mais madura, poderosa e qualificada do músico carioca, que nesse disco, pareceu mais livre e seguro ao aventurar-se em seus experimentalismos. 

Com um total de dez faixas, o consistente álbum caracteriza-se especialmente por sua atmosfera sombria que se mescla harmoniosamente com camadas sonoras eletrônicas e dançantes, resultando num clima essencialmente oitentista. Em meio a esse cenário, Halleck articula seus pensamentos e emoções por meio de sua voz, embalando os ouvintes em suas poesias, repletas de reflexões e lampejos sentimentais. Vale destacar, em particular, alguns excelentes solos e arranjos ferozes de guitarra que talvez sejam, no aspecto instrumental, o ponto mais forte e original deste elegante álbum. As pancadas tribais da bateria são outro ponto precioso que é digno de menção e remetem aos bons tempos em que Thiago era baterista e tocava tal instrumento com mais frequência. Em algumas passagens, cabe dizer também que, propositalmente ou não, Halleck resgata sutilmente a aura musical da banda Gangue Morcego e em tais trechos, o disco faz o ouvinte lembrar nostalgicamente de seu antigo grupo. 

 

Genesis: um dos álbuns independentes mais poderosos de 2023.
 

Embora Thiago Halleck tenha sido responsável pela gravação de todos os instrumentos principais do "genesis", a produção contou também com a participação enriquecedora de convidados especiais e influentes, como o brilhante Dennis Sinned, Edu Krumen, Ricardo Martins, Rafaela Mathias, Priscila Branco, Thiago Castilho e Leo Saitou, que figuram entre os principais nomes do pós-punk nacional e que fortaleceram a qualidade do álbum.  

Nosso site recomenda o “genesis” para todos aqueles que buscam inspiração e forças para sobreviver neste Mundo Real. É um álbum visceral, verdadeiramente impecável e figura entre os lançamentos independentes mais interessantes de 2023. Ficaremos na torcida para que Thiago continue tão inspirado, uma vez que sua inspiração é capaz de abastecer muitas almas e animar muitos corações!

Escute o álbum na íntegra acessando o link abaixo: 

https://www.youtube.com/watch?v=K4QgL3q-w_o


domingo, 1 de outubro de 2023

MOMENTOS MARCANTES, BANDAS QUE INSPIRAM E DICA DE MÚSICA: UM PAPO COM DAVE EVANS, PRIMEIRO VOCALISTA DO AC/DC

 Por Claudio Júnior & Juliana Vannucchi

O AC/DC é uma das bandas de rock mais populares e mais importantes de todos os tempos. É raro encontrar um fã desse gênero musical que ao menos não simpatize com alguns dos mais famosos singles e riffs da banda. Geralmente, corpos e espíritos se rendem facilmente ao som cativante do AC/DC. Essa icônica banda australiana deu seus primeiros passos em 1973. Os primeiros capítulos da jornada do grupo começaram a ser escritos pelos irmãos mais queridos do rock and roll, Malcolm e Angus Young. Assim que decidiram formar uma banda, logo encontraram o baterista Colin Burgess e o vocalista Dave Evans, que juntou-se a eles após ver um anúncio de jornal, mas que deixou o AC/DC precocemente, tendo feito parte da banda apenas ente os anos de 1973 e 1974. Segundo o cantor, a banda passava por momentos complicados e turbulentos na época e a questão financeira era bastante incômoda. De qualquer forma, esse curto período de tempo foi suficiente para que Evans vivesse experiências fantásticas e cravasse sua marca na história no rock, afinal, certamente o AC/DC, ao menos em partes, solidificou seu estilo e sua carreira a partir do legado passageiro de Dave Evans e carrega em sua assinatura as fagulhas deixadas por sua passagem relâmpago. O vocalista original do AC/DC, continua ativo até hoje e sobe em palcos do mundo todo, e em meio a sua atribulada agenda de rock star, ele encontrou um tempinho para conversar com o Fanzine Brasil.
 
A princípio, queríamos entender um pouco da experiência que ele teve com a banda. Dave nos contou que viveu momentos ótimos e memoráveis, como as primeiras gravações, o primeiro clipe, o primeiro show nacional com ingressos esgotados, um hit gravado e já logo de cara tocando nas estações de hora em hora, entre outras tantas coisas que foram muito boas. Contudo, por outro lado, enfrentou dificuldades na época embrionária do ACD/C, enfrentando uma série de precariedades: “As piores experiências foram algumas más condições em turnês e não sermos pagos em alguns shows”. 

 

Dave Evans (primeiro esquerda) foi o primeiro vocalista do AC/DC.

Dave deixou o AC/DC, mas nunca perdeu o contato com a música. Continua firme, forte e marcando presença nesse universo. Ele ainda compõe, canta e vive em busca de inspiração. Em relação aos artistas e bandas que o agradam, contou que escuta produções bem diversificadas e refletiu: “Eu ainda amo canções que tenham algum significado, que possuam uma história para contar e melodia, podendo ser uma balada, rock, blues ou música clássica. Eu não escuto apenas uma categoria ou estilo musical, ou somente um artista, já que a música é tão diversa e eu gosto disso”. Evans também comentou sobre o que escuta atualmente, enfatizando que não tem grande interesse pela música moderna e por produções recentes: “Em boa parte do meu tempo, estou no YouTube viajando para o passado, ouvindo bandas e artistas com os quais não estou familiarizado ou estou descobrindo pela primeira vez. Volto até a década de 1920 para ouvir e assistir artistas nos antigos vídeos em preto e branco. Há tantas bandas e músicos para pesquisar e podemos apreciar seus talentos na música e performance”.

O músico já esteve no Brasil em várias ocasiões, tocou por aqui inúmeras vezes e demonstrou bastante carinho por nossas terras: “Sempre utilizei músicos brasileiros na minha banda. A última turnê de alguns anos atrás foi definida como a maior turnê de um artista internacional no Brasil, mesmo não tocando no Rio de Janeiro, já que os agentes pareciam achar que o Rio não era uma cidade do rock. Eu fiquei desapontado, mas ainda tenho esperança de estar lá um dia”.

Para encerrar nosso papo com icônico Dave Evans, nós o convidamos para um desafio e fizemos a seguinte pergunta: se você fosse escolher suas cinco melhores músicas para apresentar a alguém, quais seriam elas? O rocker pareceu ter uma certa dificuldade em responder e ressaltou que há muitas faixas interessantes em suas produções, mas conseguiu selecionar cinco delas que, inclusive, ficarão aqui como dicas para os leitores: "Sold My Soul To Rock And Roll", "Bad Ass Boy", "Put Up Or Shut Up", "Only The Good Die Young", "Baby Blue Eyes", além de muitas outras que, aliás, estão disponíveis nas principais plataformas de música.

 

Dave Evans já se apresentou em várias cidades do Brasil e costuma ser aclamado pelos fãs brasileiros.

FLORES, SIM. ARMAS, NÃO: COMO O VERÃO DO AMOR MUDOU O MUNDO

Por Juliana Vannucchi

Em 1967, o verão do hemisfério norte não foi uma estação do ano qualquer. Nessa época, o bairro Haight-Ashbury, em São Francisco, sediava uma concentração grandiosa de hippies. E foi justamente nessa cidade, no dia 14 de janeiro que ocorreu um evento chamado “Human Be-In,” encabeçado por movimentos estudantis provenientes da San Francisco State University, da City College e da Berkeley. Na ocasião, intelectuais, poetas, músicos, entusiastas da esquerda, moradores de rua, rebeldes insatisfeitos com o sistema e outros ativistas se uniram na busca por uma ruptura radical em relação aos padrões vigentes. Trajes coloridos, flores, rock and roll e o uso abusivo do LSD tomavam conta da cidade. Alguns meses mais tarde, no dia 17 de abril, a cidade de Nova York colocou trezentas mil pessoas nas ruas e sediou uma passeata pela paz, que criticava veementemente a sangrenta Guerra do Vietnã e propunha uma busca por modelos de vida alternativos. Em julho do mesmo ano, ocorreu na Califórnia o famoso Festival Pop de Monterey, que contou com a presença de lendas como Jimi Hendrix e Janis Joplin. Chama-se “verão do amor” o conjunto dessas e outras manifestações que desabrocharam naquele verão de1967 do hemisfério norte e que, de modo geral caracterizava-se por contestar a cultura dominante, propondo uma revolução pautada na ruptura com os tradicionalismos e as convicções dessa época. Essas manifestações culminaram na contracultura. 


"If you’re going to San Francisco, be sure to wear some flowers in your hair”.
 

Levando em consideração o contexto acima, podemos dizer que, de modo geral, tanto o final dos anos sessenta, quanto um período da década seguinte simbolizaram um momento globalmente revolucionário, no qual uma série de pessoas de diferentes ocupações e situações sociais protestou pelos mesmos ideias: a paz, o amor, a liberdade e o fim guerra. O principal fio condutor desses fenômenos sociais foi o rock e os grandes nomes desse gênero, como o consagrado guitarrista Jimi Hendrix, Jim Morrison, o famoso Rei Lagarto, Joplin, a rainha do rock, Lennon, líder dos Beatles e pacifista militante, e inúmeros outros músicos. Aliás, em tal contexto, cabe citar que a icônica frase “make love, not war”, proferida certa vez por Lennon, se tornou um jargão da contracultura. E teve outro lema que se popularizou ainda mais: “If you’re going to San Francisco, be sure to wear some flowers in your hair”, que certamente foi a frase mais famosa do período. Aproveitando que citamos alguns mitos do rock & roll como influências da contracultura, vale mencionar que 1967, ano o “summer of love”, foi justamente um dos momentos mais prolíficos desse gênero musical. Nessa época foram lançados, inclusive, alguns dos álbuns mais lendários e visionários de todos os tempos, como é o caso da produção de estreia do The Doors, o clássico e influente "Stg. Peppers", dos The Beatles, o psicodélico "The Piper At The Gates of Dawn", o magnífico "Are You Experienced", de Hendrix, "Disraeli Gears", do Cream o experimental “álbum da banana”, do Velvet e muitos outros. Os conteúdos e estéticas presentes nesses discos, serviam de combustível para que aquela geração rebelde e insatisfeita em relação aos padrões predominantes se fortalecesse em suas lutas e propostas ideológicas e estéticas. 

O “summer of love”, não foi apenas um verão utópico marcado pelo sexo, pelas drogas e pelo rock and roll. Foi uma época verdadeiramente transformadora, marcada por libertações e conquistas sociais. É importante observarmos que os principais ideais propostos durante o “verão do amor” reverberam em lutas contemporâneas, tal como a busca pela consciência ecológica, a igualmente social, a emancipação da mulher, liberdade sexual e outras. Até porque, vários movimentos de esquerda eclodiram nos EUA durante a contracultura e posteriormente se espalharam pelos outros cantos do mundo, como é o caso, por exemplo, do Women's Lib (movimento feminista) e do Gay Liberation, tido como precursor do movimento LGBT. É certo que 1967 foi uma época, em suma, de conscientização e questionamento. Tudo isso foi tingido por criatividade e guiado pelo rock. De São Francisco para o mundo. Do passado, para os dias de hoje. Sua realidade, de alguma forma, foi notavelmente influenciada por esse ano tão decisivo e pelo verão mais lendário e especial de todos os tempos.

Em 1965, o poeta beat Allen Ginsberg usou pela primeira vez a expressão “power flower”, ao sugerir que os ativistas que se manifestavam contra a Guerra do Vietnã deveriam receber "massas de flores" para distribuir aos policiais, imprensa, políticos e espectadores. Essa brilhante ideia foi literalmente colocada em prática.

 

Sonhos e realidade, delírio, loucura, flores, êxtase, liberdade, drogas e amor...
 

“Power Flower”: Essas duas palavras se tornaram um slogan hippie. Até hoje, sabemos, as flores continuam sendo imensamente poderosas. Há, porém, outros inúmeros objetos poderosos no mundo, e, infelizmente, são os mais ameaçadores e sanguinários que costumam ser cultivados, tal como ocorre com as armas. Mas por que nós ou, ou o Estado, não podemos simplesmente escolher o poder das flores? Plante. Colha, envie e distribua flores. Isso tende ser sempre mais saudável. Adote esse slogan hippie e deixe que ele faça parte do seu cotidiano. As flores não podem resolver todos os nossos problemas e certamente não acabarão com o sofrimento, a crueldade e hostilidade que tangem a existência, porém, elas possuem o enorme potencial de tornar nossas almas mais serenas e geralmente nos dão fôlego para que possamos prosseguir em nossa desafiadora jornada de uma forma mais inspirada e tranquila. As flores são pura transcendência.

O Festival de Woodstock foi também fruto do verão de 1967. Esse glorioso evento sintetizou toda a energia que compunha a contracultura norte-americana dos anos sessenta. Musicalmente falando, até hoje, é considerado por muitos como o maior festival da história do rock & roll. A magia aconteceu em 1969, numa fazenda localizada na cidade de Bethel, n estado de New York e se estendeu do dia 15 a 18 de agosto. Janis Joplin, The Who, Hendrix e outros grandes artistas marcaram presença nos palcos e embalaram o público a um delírio catártico ímpar. Cerca de quinhentas mil pessoas estiveram presentes. Sonhos e realidade, delírio, loucura, flores, êxtase, liberdade, drogas e amor, foram alguns dos ingredientes que se misturaram para elucidar a química do memorável Woodstock. Ao menos durante três dias, absolutamente tudo foi possível e liberado. Barreiras foram rompidas e normas destruídas com afinco.

Referências:

https://billpetro.com/history-of-the-summer-of-love

https://www.google.com.br/amp/s/amp.theguardian.com/travel/2007/may/27/es

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ver%C3%A3o_do_Amor

https://www.vanityfair.com/culture/2012/07/lsd-drugs-summer-of-love-sixties

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