Fanzine Brasil

SIOUXSIE SIOUX - SOPROS DE VIDA

Grandes homens, assim como grandes tempos são um material explosivo interior do qual uma força imensa é acumulada (....)

“DISCO DA BANANA”- A OBRA PRIMA IGNORADA

Eu sabia que a música que fazíamos não podia ser ignorada

SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

segunda-feira, 20 de abril de 2020

MACROCOSMO E MICROCOSMO: PRIMEIRA EXPOSIÇÃO VIRTUAL DO FANZINE BRASIL

Por Juliana Vannucchi (apoio Abel Marinho)

MACROCOSMO E MICROCOSMO  - Primeira Exposição Virtual do Fanzine Brasil:

“Macrocosmo e Microcosmo” é o tema proposto para a nossa primeira exposição online. Conforme consta no “Dicionário Básico de Filosofia”, são: “Termos originários da medicina grega clássica, significando respectivamente ‘grande mundo’ e ‘pequeno mundo’. Algumas doutrinas filosóficas antigas, tais como o estoicismo e o epicurismo, supunham uma correspondência entre i corpo humano e suas partes, por um lado - o microcosmo - e as partes constitutivas do universo do - o macrocosmo - por outro lado. “Como o organismo forma em si mesmo uma unidade harmônica, um pequeno mundo (microcosmo) contido num grande mundo (microcosmo), pode-se sustentar que a vida seria indivisível. (Claud Barnard).

Embora, historicamente esses termos tenham tido diferentes interpretações e tenham sido empregados e estudados de maneiras variadas, em suma, eles simbolizam uma relação, expressando um conceito que se apresentava na filosofia de Giordano Bruno, no qual vemos a manifestação do “todo em tudo” - o universo presente no próprio ser humano. Trata-se de um reflexo entre o que há de mais metafísico e grandioso, naquilo que é mais sutil.

Nós convidamos um grupo de desenhistas e pintores que apoiamos, para participarem da nossa exposição. Confira abaixo o resultado de suas imaginações, interpretações, reflexões, e representações imagéticas sobre o tema proposto.

Título: Micromacroagrupamentos
Artista: Marcelo Badari (Joanópolis-SP)
Dimensões: 20x20cm
Técnicas: ilustração digital; iPad Pro e Apple pencil

Micromacroagrupamentos: A arte foi inspirada nas ilustrações do século XVII 'Harmonia macrocosmi cum microcosmi', de Tobias Schutz, e na ‘sem título’ de Robertus de Fluctibus, que retrata um homem, o microcosmo, dentro do macrocosmo, foquei na semelhança entre o corpo humano e a forma de uma estrela estilizada de cinco pontas. Retratei através do traço do meu desenho, a conexão entre o micro e o macro... como as coisas podem estar interligadas no universo. E que ele visto de longe pode parecer micro como o universo dentro de cada ser vivo - que, por sua vez, pode parecer macro visto através das lentes de um microscópio.



Título: Criação
Artista: Soraya Balera - Sorocaba (SP)
Dimensões: 1,10x0,90m
Técnica: Óleo sobre tela 

Criação: Divina são as cores que faz meu mundo se encher de esperança e fé a cada amanhecer. O momento da "criação" é o sagrado sentimento que trago em meu mundo de cores, mescladas com texturas e formas. É a criação diária, a geração de algo a mais, um movimento contínuo no qual estamos imersos.


Título: O Universo Observando a Si Mesmo
Artista: Alejandro Gomez (Estados Unidos)
Dimensões: 08x11cm
Técnicas: Arte digital

O Universo Observando a Si Mesmo: Aqui estão dois extremos quando busca-se solucionar os mistérios do eu. Poderia procurar, no espaço eternamente vazio,  uma resposta incompreensível para essa tal busca, ou, então, posso olhar para mim mesmo e encontrar respostas já existentes.



Título: Quem Manda No Mundo? (Primata ou “Pósmata”?)
Artista: Grupo OVO - 2020 (São Paulo/Osasco)
Dimensões: 40x40cm
Técnica: Acrílica sob tela

Quem manda no mundo? (Primata ou Pós-mata): Quem é este hominídeo? Dono de si, soberano de todos, controlador do tudo? De onde ele vem? Por que ele existe? Ele é bom? Ele é mal? Ele é real?
 


Título: O Olhar Sob o Olhar
Artista: Grupo OVO - 2020 (São Paulo/Osasco)
Dimensões: 40x50cm
Técnica: Acrílica sob tela

O Olhar sob o Olhar: Imersa em seu inconsciente, ela procura uma resposta que a libertará. A água é escura e o céu é palpável. Ela está segura. Mesmo alheia, a vida a rodeia e seus sonhos sinalizam que sob o seu olhar existe outro olhar.


Título: Visão OrbitalArtista: Grupo OVO - 2020 (São Paulo/Osasco)
Dimensões: 65x50cm
Técnica: Acrílica em papel  Mi Teintes -300 gr

Visão Orbital: Um barquinho de papel carrega uma mensagem em branco. Olha! Olha como ele vai rápido! Olha como ele atravessa oceanos sem a ciência da sua fragilidade! Olha como ele navega sem afundar! Ele orbita em nossos sonhos e sobrevive, inocente, aos nossos piores pesadelos. Olha! Olha como ele segue. Independente de tudo, ele segue.



Título: A Insolência Do Caos
Artista: Grupo OVO - 2020 (São Paulo/Osasco)
Dimensões: 42x60cm 
Técnica: Acrílica em papel Canson- 300 gr

A Insolência do Caos: O caos da desintegração é bruto, irracional e ensurdecedor. Ele queima e enlouquece com uma insolência de quem é absoluto.
O caos é um jogo sem regras, sem ganhadores e sem perdedores. As partidas são cíclicas e infinitas. O resultado será sempre aleatório.




sexta-feira, 17 de abril de 2020

BATEMOS UM PAPO COM DIEGO MODE, DA BANDA CÜBUS

Por: Juliana Vannucchi

Dessa vez, o protagonista do nosso site é o ilustre e talentosíssimo Diego Mode, da banda Cubüs. Ele é um dos músicos experimentais mais ousados e respeitáveis do Brasil, e nessa entrevista, nos contou sobre a história da banda, suas perspectivas futuras, shows marcantes e outras coisas.


1. Diego, poderia nos contar um pouco sobre como surgiu a banda? Quais foram os membros que já passaram pelo Cubüs e quantos álbuns já foram lançados?

O Cubüs surgiu em dezembro de 2003 e foi formado originalmente por mim e pelo João Pedro Lopes que foi o vocalista original da banda. Eu havia conhecido o João um pouco antes e percebemos que nós tínhamos muitos gostos em comum, além do desejo de criar música. Fizemos uma tentativa frustrada com alguns outros amigos na época, um lance mais rock, mas percebemos que a coisa não ia andar. Então, partimos para esse modelo de duo calcado na música eletrônica, sem nos prender muito as amarras de estilos musicais específicos. Algumas músicas que tocamos ao vivo como “Adore”, “Bukowski” ou “O Construtor” são dessa fase inicial.
Eu acho que esse período, mesmo sendo ainda bem ingênuo, foi importante porque a gente não tinha muita ideia de como as coisas funcionavam (gravação, divulgação), mas esse pastiche do que gostávamos chamou atenção de algumas pessoas e tivemos um pouco de destaque na época em alguns sites e blogs.

Além do João Pedro, o Cubüs teve por um breve período a participação do Raf Guimarães (Amigas de Plástico), Luís Aurélio (ex-Technofactor) e, de 2016 em diante, o Karlos Junior (Quântico Romance) está na estrada comigo sendo o melhor tecladista que a banda já teve.
Em relação aos lançamentos, eu acho bem engraçado que em mais de 15 anos só gravamos dois álbuns completos: “Caridade & Sadismo” de 2016 e “Synths, Distorção, Caos & Bootlegs: Ao Vivo Na Juventude Depressiva (16 Jun 2018)”. Nos primórdios dos anos 2000, o conceito de álbum havia sido quase que enterrado para as novas bandas underground. Era muito mais interessante lançar músicas (em formato mp3) na Trama Virtual ou no Fiberonline do que se enfiar num estúdio durante séculos para gravar um disco. Fora o fato que eu paralisei as atividades da banda duas vezes, voltando definitivamente apenas em 2014. Contudo, mesmo não possuindo uma quantidade enorme de álbuns, já fizemos o lançamento de diversos EPs e singles, além de duas coletâneas que compilam músicas de várias fases.

2. O que significa a palavra “Cubüs”?


Uma coisa que eu sempre tive muita dificuldade foi dar nomes as coisas, principalmente aos projetos que estava envolvido. O nome Cubus (que originalmente não tinha trema) foi uma brincadeira minha com o João de escolher um nome que não tivesse nenhum significado, algo que fosse só nosso. Vários nomes foram ditos, mas o João veio com o Cubus que foi escolhido imediatamente por ambos.
Quando retomei as atividades do Cubüs em 2014, eu descobri na internet que haviam diversos outros artistas da música eletrônica usando o mesmo nome. Então, para poder me diferenciar deles, adotei a trema. Mas vale ressaltar também que depois de um tempo, nós descobrimos que cubus é um tipo de operação matemática, o que casa perfeitamente com a precisão milimétrica associada à música eletrônica.

3. Qual é o seu álbum favorito da discografia da banda? Há algum, que atualmente te desagrada?

Essa com certeza é uma das perguntas mais difíceis que já respondi. É muito difícil escolher um único trabalho, até porque cada um teve o seu mérito ao longo dos anos. Mas eu acho que o “Caridade & Sadismo” foi bem importante. Primeiro porque foi a prova de que eu poderia produzir um álbum (que demanda muito foco e dedicação) praticamente sozinho, mas também porque foi com ele que as coisas começaram a acontecer. Por causa do álbum, conseguimos fazer uma longa tour, passando por festivais legais como o Woodgothic, e começamos a desbravar esse cenário underground.

Por outro lado, eu não tenho nenhum álbum que me desagrada. Eu vivo uma eterna briga com as minhas músicas porque tem momentos que eu as adoro, mas em outros eu acho que elas poderiam ser bem melhores. Na verdade, o que me desagrada mesmo é olhar para as canções mais antigas e pensar que elas poderiam ter sido melhor produzidas, um acabamento melhor.  

"A arte também molda caráter, traz reflexão".

4.  Eu li que você se “arrependeu de usar muitos recursos digitais no passado”. Por quê? Acha que isso pode comprometer a música de alguma maneira?

Naquele momento inicial da banda, a gente se valia muito de programas de computador para compor as músicas, o que foi legal porque não tínhamos recursos para ficar enfiados em estúdio ou comprar sintetizadores bacanas.
Mas com o passar do tempo, eu me tornei um adepto do hardware, do uso de baterias eletrônicas e synths. O que eu vejo em muitas produções eletrônicas é uma perfeição milimétrica que não é humana, são apenas pessoas sentadas com seus computadores escolhendo onde vão colocar um acorde ou um beat. E sei lá, a imperfeição de você tocar um teclado para uma gravação, mesmo não tendo essa precisão digital, é o que dá alma aos trabalhos.
Claro, isso é a minha opinião e sei que o Karlos Junior vai discordar de mim totalmente.

5. Quais são as principais mudanças entre os primeiros álbuns e músicas lançados, e os materiais produzidos mais recentemente?

Além da parte técnica que eu já comentei, onde eu acho que as músicas hoje são mais bem produzidas, eu acredito que as mudanças estão ligadas ao amadurecimento e ao que foi me influenciando ao longo dos anos.  Dificilmente eu faria hoje uma música como Adore, sobre uma mulher dançando em uma boate, mas sei lá, é difícil enxergar as mudanças quando você faz parte do processo. Na verdade, o conceito nunca foi se prender em um único estilo, então nunca pensei muito sobre isso. Mas uma mudança que eu venho percebendo é o fato de que, atualmente, eu tenho escrito mais letras sobre o que observo, ao contrário das letras mais introspectivas que fiz em 2016. O “Caridade & Sadismo” foi gravado numa fase meio “dark” da minha vida e isso se refletiu nas músicas.

6. Que tipo de efeito você acredita que suas músicas causam nos ouvintes?

Sinceramente, eu não faço ideia. Até porque eu recebo respostas diferentes dependendo de onde vem esse feedback. As críticas e comentários na internet mencionam essa coisa mais introspectiva, mais reflexiva de algumas das faixas. Por outro lado, nos palcos onde a coisa é bem mais física, naqueles momentos mágicos onde banda e público estão em sintonia, a vibração é bem mais explosiva, de celebração. Eu espero apenas que o nosso trabalho tenha algum significado pessoal, que falem sobre as suas vidas, assim como essas músicas falam sobre a minha.

7. Poderia comentar sobre a“Paranoia Musique”? Em que, exatamente, consiste esse projeto? 

A Paranoia Musique surgiu de uma inquietação que eu sentia em 2017. Eu via a dificuldade de muitos artistas underground em divulgar a sua música e mesmo para arranjar novos locais e públicos para seus shows. A idéia é bem simples: um canal que fosse um selo musical, organizasse eventos com bandas e DJs e divulgasse tudo isso para aqueles que se identificassem.
Já realizamos shows de bandas fantásticas como Poëtka, Gangue Morcego, Arte no Escuro, The Knutz, 1983, Ocaso, Poetisa Dissecada, Masquerade & Virgin in Veil, além dos diversos lançamentos na nossa página do Bandcamp e em outras plataformas online. Em tempos de covid-19, vou pegar emprestado a ideia do Fanzine Brasil e abrir espaço para lives de bandas, além de conversas e entrevistas na nossa página do Youtube. Essa foi a forma que eu achei de criar uma comunidade, um grupo de pessoas que tem algo em comum e trabalham para que esse movimento aconteça.

8. Percebi que há um certo engajamento político e social em algumas letras da banda. Esse tema prevalece em toda a discografia? Que outras inspirações temáticas vocês têm?

Uma piada interna que eu tinha com o João é que a banda nunca fez uma letra romântica... e isso se mantém até hoje. Se o artista for honesto com seu trabalho, e não tentar escrever algo pensando em agradar A ou B, é inevitável que ele olhe para si mesmo e em tudo ao seu redor para buscar inspiração.  Eu já vi alguns artistas que processam demais as suas influências, onde tudo é feito para lembrar certas sonoridades ou abordar temas específicos. Eu nunca fui assim, a coisa toda funciona de forma mais onírica, mais inconsciente. E com certeza isso se reflete nas letras... e fica meio difícil ser apolítico nesse momento que vivemos enquanto raça humana. Mas as experiências pessoais e certamente algumas coisas que leio ou ouço devem influenciar o trabalho do Cubüs.

9. Essas letras de cunho político parecem bem importantes para o atual momento em que vivemos. Acha que elas podem levar os ouvintes a reflexões que, posteriormente, sirvam como motivação para fins práticos?

O Frank Zappa uma vez disse que se as músicas influenciassem as pessoas, todos nos amaríamos por causa da avalanche de canções românticas que tocam nas rádios. Eu concordo com ele em parte, você não faz uma revolução no comportamento com apenas 3 acordes. Ou faz? O Punk foi uma onda transformadora por onde passou. Pessoalmente, escrever uma letra mais política é uma forma de catarse, um jeito de expurgar essa revolta, essa impotência que sentimos perante esse sistema imutável. Mas a arte também molda caráter, traz reflexão. Se conseguir mudar a cabeça de uma pessoa, já é o primeiro passo para mudar o mundo.


"No geral, eu acredito que a tecnologia ajuda os artistas, principalmente os menos conhecidos". 



10. Qual foi o show mais marcante já feito pela banda? E como foi participar do Live Isolation Festival, organizado pelo site Fanzine Brasil?

Citar um único show seria bem injusto, mas tem alguns que me marcaram. O nosso debut na Baratos da Ribeiro foi mágico porque além dos nossos amigos, conseguimos atrair também a galera do boteco ao lado que jamais havia entrado na livraria antes. Aquele mix de pessoas totalmente diferentes foi bem caótico e legal. Fizemos alguns shows que foram incríveis também na festa Rio After Midnight (na Lapa), no Espírito Santo ao lado da galera do Fake Dreams... com certeza um dos melhores foi o de Juiz de Fora com a galera do Cova de Laços. Algumas pessoas estavam cantando “Os Gritos Não Se Calam” comigo e aquilo foi bem emocionante. Houve vários outros fantásticos também (sempre me divirto quando vou a São Paulo), mas não vou me estender numa lista gigante.

O Live Isolation Festival foi uma experiência ímpar! Estando todos nós isolados, foi muito legal poder se reconectar através da live. Fora que foi muito gratificante poder ler depois os comentários e ver a interação da galera com a performance. Esse modelo é importante para lembrar que não estamos sozinhos.

11. A tecnologia, no geral, tende a atrapalhar ou ajudar um artista?

No geral, eu acredito que a tecnologia ajuda os artistas, principalmente os menos conhecidos. Os avanços tecnológicos nos permitem gravar em casa, produzir músicas e vídeos de forma barata (ou mesmo grátis) e distribuir nosso material para pessoas do mundo inteiro. Outro dia eu vi um documentário da BBC sobre os desbravadores da música eletrônica dentro da rádio e, preciso dizer, eles foram heróis. Conseguiram produzir material de excelente qualidade com quase nada porque tudo era muito rudimentar. Imagina o que essas pessoas fariam nos dias de hoje? O que seria do Aphex Twin sem sua percepção fantástica de como “distorcer” a tecnologia para produzir seus sons esquisitos? Como eu disse anteriormente, eu sou apenas contra a tecnologia quando ela captura a percepção do artista, quando deixa de ser uma ferramenta e se transforma na própria arte.

10. Se pudesse dividir o palco com algum músico e/ou banda, quem escolheria?
Essa é bem fácil! Quem me conhece bem, sabe que sou super fã do Depeche Mode e seria um enorme prazer abrir o show dos caras. Mas não posso reclamar, eu já dividi os palcos com muita gente legal e que gosto bastante, pessoas que se tornaram meus amigos por causa da música.

11.  Quais são os planos para o futuro? Vocês estão trabalhando em algum material novo recentemente?

Já faz um tempo que eu tenho como meta gravar o novo álbum da banda, mas acho que isso ainda não aconteceu porque preciso dividir minha atenção com trabalho e com a Paranoia Musique. Mas se tudo der certo, esse álbum vai sair em 2020. Eu fiz alguns esboços de músicas, já fiz algumas gravações, mas nada que tenha me agradado muito para entrar no álbum. Vou trocar umas figurinhas com o Karlos Junior, mandar alguns esboços para ele... vamos ver como será gravar em época de isolamento social. Contudo, desde que entramos nessa pandemia, eu já não tenho tanta pressa para finalizar esse novo trabalho. Eu me pergunto se vale à pena lançar um disco e não poder sair em turnê para divulgar. Eu acho que no caso do Cubüs, as músicas ganham vida mesmo no palco, é ali onde elas mais brilham. Por hora, talvez eu lance alguns EPs ou singles antes do novo álbum... vamos ver o que o futuro nos reserva.

12. Vocês têm uma sonoridade bem experimental. Em algum momento isso já rendeu críticas negativas? 

Não, pelo contrário. Muitas pessoas já vieram me falar que preferem as músicas mais estranhas, os b-sides dos nossos singles. Eu acho que a sonoridade do Cubüs passeia entre as melodias da música pop e esse lado mais estranho, mais experimental.

Outro dia eu me peguei pensando sobre isso, a nossa sonoridade nunca foi muito “clean”, sempre metida em distorções ou reverberações estranhas. Mas não estou sozinho nessa corrida porque muitos dos novos artistas tem as mesmas referências que eu tinha quando comecei. É lógico que o tipo de música que criamos dificilmente vai nos levar as rádios ou vai estampar nossos rostos nos grandes sites sobre música, mas sucesso para os artistas underground vem de outras formas. A banda já me levou a locais que jamais imaginei tocar, conhecer pessoas legais e receber elogios de gente fora do meu círculo de amizades. Esse tipo de moeda vale muito para mim.
Resumindo, eu não sei fazer música de outra forma e essa é a nossa marca.

LINKS OFICIAIS:

quinta-feira, 9 de abril de 2020

ANÁLISE DA DISCOGRAFIA DO THE CREATURES



Por: Juliana Vannucchi

O The Creatures foi um projeto musical feito por Siouxsie e Budgie em 1981, mesmo ano em que os Banshees lançaram o álbum Juju. Não há dúvida de que ao lado de seu marido e companheiro de banda, Sioux encontrou maior liberdade para se expressar. Não à toa, muitos consideram que o The Creatures sempre foi o auge de sua carreira.

ÁLBUNS:

Feast (1983):


O álbum de estreia do The Creatures foi gravado no Havaí. E sabe como eles escolherem esse lugar? Bem, eles simplesmente puseram de maneira aleatória uma agulha num mapa-múndi. Onde ela apontasse, eles tocariam. Para a sorte do casal, foram parar num local paradisíaco! E é preciso admitir que as paisagens e cultura do Havaí influenciaram a composição do Feast.

O Feast é simplesmente genial. A faixa de abertura é mística, estranha e parcialmente sombria. Sua letra é tão misteriosa quanto a própria melodia. “Morning Dawning” porta um encanto singular que só o The Creatures possui.

Até a quarta música, ainda há um clima levemente “dark”. Depois, no entanto, encontramos “Gecko”, que rompe com essa atmosfera e oferece ao álbum um tom mais dançante e caloroso.
A música que obteve maior destaque foi “Miss The Girl”, baseada no livro “Crash”, de J. G. Ballard (uma das muitas composições de Sioux provindas do universo literário). Desde seu lançamento, o álbum foi aclamado pela crítica e “Miss The Girl” foi uma música muito tocada nas rádios do Reino Unido.

Siouxsie e Budgie.

Boomerang (1989):

Muitos concordam que esse álbum representa o auge do brilhantismo de Siouxsie Sioux e Budgie. Desde a primeira vez que o escutei, percebi que essa exótica obra-prima é um verdadeiro sopro divino que nos envolve magicamente do início ao fim.

O Boomerang foi gravado na Espanha. Budgie uma vez me revelou que o processo de criação do álbum foi muito marcante. Sabemos, por intermédio de inúmeras entrevistas, que ele e a Sioux se divertiram muito por lá e essa doce experiência é refletida nas músicas. O apreço pelo país teve apenas uma ressalva revelada pela Sioux: "Gosto tanto das pessoas e do país, mas acho as touradas totalmente nojentas. Eles veem o ritual, mas não veem a matança glorificada que realmente é. O toureiro é a coisa suprema - não lhes ocorre que devam levar em consideração os sentimentos dos touros, eles não veem a crueldade e a falta de sentido e a falta de sentido disso e como está provando machismo em tudo. Isso me deixou muito irritada". Durante o período das gravações, ficaram em castelos e conventos e a atmosfera de tais ambientes, os impactou bastante. Conforme Siouxsie certa vez contou numa entrevista concedida à Melody Maker: "Um dos conventos em que ficamos tinha um certo quarto. Assim que você entrava, você imediatamente tinha a sensação de que alguém havia confrontado todos os seus demônios ali, todos eles. Era completamente silencioso. Do lado de fora havia uma cerejeira com flor que estava toda caída e as janelas pareciam janelas de castelo, bem fundas na parede (...) Definitivamente, ainda estava assombrado pela coisa muito forte que deve ter acontecido ali". No geral, em suas composições, notamos que o Boomerang conta com a participação de vários instrumentos, e é possível considerar que ele possui um refinamento instrumental maior do que o “Feast”, que no geral é mais cru e experimental se comparado a este álbum. Outra característica que o diferencia de seu antecessor é que Boomerang dialoga com gêneros musicais bem variados, tais como o jazz, o blues e a música flamenca, tradicional da Espanha (que se faz evidentemente presente na faixa “Standing
 There”).

No período em que gravaram esse álbum, Sioux e Budgie certamente já haviam exorcizado seus terríveis fantasmas do passado. Não havia interesse em explorar seus lados mais sombrios, e a agressividade do punk rock já não fazia sentido. Era um momento de ataraxia (tranquilidade interior), que oferecia ao duo a chance de navegar por mares desconhecidos. Os dois também se sentiam mais livres em suas produções, já que dependiam apenas da harmonia que havia entre eles e não se preocupavam com possíveis reprovações de terceiros que, eventualmente, pudessem “travar” seus processos criativos. Como resultado dessa nova fase musical e existencial, parece-me que o “Boomerang” é um convite para que aproveitemos a poesia que se esconde mediante a tragédia da vida, pois mesmo diante da tormenta, ainda resta luz, e o álbum é justamente uma elegante celebração dessa luminosidade.

No Boomerang, Siouxsie parece assumir o papel de uma sibila que, em seu transe, pronuncia palavras celestiais. É uma verdadeira obra de arte, muito inventiva e caprichosamente original. Simplesmente não há banda que soe como o The Creatures e nada nunca se aproximou da admirável singularidade que permeia a essência do álbum.

Siouxsie e Budgie formaram o The Creatures (nome sugerido por Severin) em 1981.

A Bestiary Of (1997):

Essa coletânea do The Creatures fez tanto sucesso entre os fãs quanto os próprios álbuns de estúdio. Na capa vemos uma das clássicas fotos de Siouxsie e Budgie no chuveiro. É uma compilação poderosa e hipnótica, que possui um enorme efeito catártico. É um álbum no qual encontramos músicas com batidas tribais ao melhor “estilo The Creatures” e em que encontramos um resgate de uma fase mais experimental da banda. Simplesmente magnífico.

Anima Animus (1999):

Esse álbum, cujo título é inspirado num conceito de Carl Jung, é um tanto diferente em relação aos outros trabalhos do The Creatures, na medida em que apresenta sonoridades mais eletrônicas e dançantes e não enfatiza tanto a percussão (embora o som dos tambores soe de uma maneira poderosa - com Budgie no comando, isso não podia ser diferente). Destaque para “2nd Floor”, que até hoje é uma das mais aclamadas faixas do The Creatures, “Say”, que é uma tocante homenagem a Billy Mackenzie, falecido amigo de Siouxsie Sioux e “Prettiest Thing”, a música mais peculiar do álbum que fala sobre experiência fora do corpo.

Um fato interessante é que uma parte do álbum foi gravada na casa de Siouxsie e Budgie, na França, onde residiam desde o início dos anos noventa, e devido a essa circunstância, de certa forma, o Anima Animus teve uma produção mais independente, até porque também foi o próprio casal que financiou as gravações.

A recepção da crítica em relação ao disco foi muito boa. O Times chegou a dizer que a voz de Siouxsie estava “melhor do que nunca”. Aliás, praticamente todas as avaliações do público e da crítica sobre o The Creatures sempre foram favoráveis. Particularmente, creio que no geral eles sempre foram mais estáveis do que os Banshees, que na totalidade de sua discografia, definitivamente, teve seus escorregões.

Siouxsie chegou a dizer que o The Glove (banda formada por Robert Smith e Severin) foi uma resposta ao The Creatures.

Hybrids (1999):

Esse é um álbum de remix das gravações feitas pelo duo no final dos anos noventa. Oferece uma releitura interessante de algumas das melhores músicas, remixadas por outros artistas (como Howie B, Chamber, etc.), e também foi bem elogiado na época de seu lançamento. Embora não carregue novidades, as versões alternativas que o compõem são ótimas.

Hái (2003):

Último lançamento oficial da banda. Este é um álbum sofisticado, gravado no Japão, e que possui uma enorme influência da música tradicional do país. Seu hit mais cativante e famoso é “Godzilla”, uma música simples, mas graciosa e aprazível.

No Hái, Budgie tocou vários instrumentos, como bateria, marimba, percussão, piano e até mesmo yueqin. Ainda no que diz respeito ao aspecto instrumental, a "cereja do bolo" ficou por parte de Leonard Eto, um artista japonês de grande genialidade, que participou ativamente da criação do Hái. Budgie havia conhecido o músico quando esteve com os Banshees no Japão, em 2002, e desde então tinha a ideia de um dia fazer uma parceria com ele. Devido a isso, o álbum possui uma percussão acentuada, tal qual a presente nas primeiras gravações do The Creatures. O mais curioso é que a base de grande parte das batidas foi gravada de maneira espontânea, numa única vez, pela dupla Budgie e Eto.
Essa foi uma louvável despedida de duas estranhas criaturas muito talentosas. A jornada do The Creatures terminou da mesma maneira como começou: com originalidade e brilhantismo. Eles sempre foram únicos e não há paralelos. 

EPs:

Wild Things (1981):


Esse foi o primeiro lançamento oficial feito pelo duo. Era um prelúdio de um projeto grandioso que estava ganhando vida. Há duas faixas desse EP que acho primorosas: “So Unreal” e “Mad Eye Scremer”. As duas são especialmente marcadas pela bateria tribal de Budgie e se tornaram icônicas na trajetória do The Creatures. Há também uma ótima versão de “Wild Thing”, música originalmente escrita por Chip Taylor. Um fato interessante é que durante a gravação desse EP de estreia - que durou apenas três dias -, Siouxsie fez aniversário e houve uma celebração em pleno estúdio. Vale dizer que Budgie certa vez contou que “But Not Them” soou estranha quando ele a escutou pela primeira vez, pronta e com os vocais e bateria adicionados.

Eraser Cut (1998):

Esse EP foi gravado nos anos noventa, após a última turnê dos Banshees. É uma produção musical bem alternativa cujas faixas definitivamente não emplacaram como as melhores da banda. No geral, faltou um pouco de inspiração para essa produção, que talvez seja a menos popular do The Creatures.

terça-feira, 7 de abril de 2020

9 CURIOSIDADES SOBRE O DEAD CAN DANCE

Por: Juliana Vannucchi e Abel Marinho

“Em última análise, a mensagem é abrir catarticamente as possibilidades de outros seres humanos terem um espaço onde possam olhar para dentro e descobrir quem realmente são”. - Lisa Gerrard.

Selecionamos alguns fatos interessantes sobre uma das bandas mais primorosas de todos os tempos. Confiram nossa lista e deixem seus comentários!

O MISTERIOSO IDIOMA FALADO POR LISA GERRARD:

Lisa Gerrard canta algumas músicas numa língua desconhecida, inventada por ela mesma. Certa vez, a vocalista do Dead Can Dance comentou que começou a cantar dessa forma quando tinha aproximadamente doze anos e disse que esse idioma vem de dentro de si e é algo inexplicável. Gerrard também falou que essa é a “linguagem do coração” e que acreditava que ela estava falando com Deus quando era criança e cantava nessa língua. O ato de se falar num idioma inventado chama-se “idioglossia” e pouquíssimas pessoas têm capacidade de fazer isso.

A RELAÇÃO ENTRE LISA GERRARD E BRENDAN PERRY:

Brendan Perry e Lisa Gerrard já foram casados, embora sempre tenham sido muito discretos em relação a suas vidas particulares. Durante o período de gravação do álbum “The Serpent’s Egg”, eles estavam juntos, contudo, dois anos mais tarde, na época da produção do “Aion”, já não havia nada entre os músicos. Pouco tempo depois da gravação desse álbum, Lisa começou a namorar, se casou e teve uma filha (que nasceu em 1992). Perry também se casou novamente e também teve uma filha.
De maneira geral, o relacionamento de ambos teve altos e baixos, mas numa entrevista ao Chicago Tribune, Gerrad comentou que ambos sempre tiveram uma sintonia grandiosa e que, ao lado de Brendan, descobriu muitas referências marcantes na arte, na literatura e na filosofia.

INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA DE NIETZSCHE:

O último álbum de estúdio que o DCD lançou recebeu influência do livro “O Nascimento da Tragédia”, escrito pelo pensador Friedrich Nietzsche. Perry comentou que essa obra filosófica foi uma verdadeira revelação para ele. De acordo com o músico, a leitura o levou a descobrir o significado do dualismo entre o apolíneo e o dionisíaco. Ele disse que o primeiro desses aspectos “é sobre ordem, meditação e controle”, enquanto o segundo se relaciona com “a liberdade, sendo quase uma improvisação”. O músico também explicou que quando essas duas forças atuam em conjunto é que surge a arte.

Quando se conheceram, Brendan logo percebeu que Lisa era uma artista de Vanguarda.

DIONÍSIO: O DEUS DA EMBRIAGUEZ:

Em relação ao último álbum, que a banda lançou em 2018, Perry disse: “É uma energia subliminar e inconsciente, que faz parte da natureza”. De acordo com ele, justamente por carregar tais características, não seria possível compreendê-lo através do intelecto.
O título e o conceito do álbum são referências ao Deus grego Dionísio e aos festivais dedicados a ele. Perry disse: “Parte da celebração dionisíaca é alcançar ekstasis ou ecstasy”. O músico comentou também que em certos locais do mundo nos quais não há forte influência do cristianismo, ainda existem remanescentes dos festivais dionisíacos. Brendan disse: “As pessoas usam máscaras e dançam em círculos quase como se o tempo parasse em suas celebrações. Há um festival em particular chamado Kukeri, na Bulgária, que é realmente bonito”.

A CARREIRA SOLO DE LISA GERRARD:

Lisa Gerrard não possui notoriedade apenas pelas produções musicais feitas em parceira com Brendan Perry, mas também por sua prestigiada carreira solo. A cantora australiana possui quatro produções de estúdio, dentre as quais destaca-se “The Silver Tree", que talvez seja o mais especial de seus álbuns, pois conforme ela própria já disse, ele é uma verdadeira revelação de sua alma.

PERRY JÁ TOCOU NUMA BANDA DE PUNK ROCK:

Antes de formar o Dead Can Dance, Brendan Perry integrou uma banda de Punk Rock australiana chamada “The Scavengers”. Ele se juntou ao grupo em 1977 (ano mais importante da história do movimento Punk), ocupando o lugar do baixista Marlon Hart. A banda foi formada por dois estudantes de Design Gráfico e só possui um álbum lançado. Podemos dizer que Brendan, mesmo antes da formação do Dead Can Dance, já era bem conhecido no meio underground.

Curiosamente, Lisa, por sua vez, também integrou uma banda Punk, embora aparentemente ela não tenha se envolvido tanto com esse projeto. Além disso, em seu passado, ela foi uma artista de rua, fato que causou muita preocupação em seus familiares...
Brandan e Lisa se conheciam antes mesmo da criação do Dead Can Dance. Porém, ele não cogitava gravar nada com sua futura parceira, pois ele a achava muito vanguardista...

LISA GERRARD E SUA COLABORAÇÃO COM A SÉTIMA ARTE:


Um fato interessante sobre a artista australiana é que ao longo de sua trajetória no universo musical, ela já compôs para inúmeros filmes famosos, tal como "Gladiador" (2000), "A paixão de Cristo" (2004) e "Men on fire" (2004). Lisa sempre foi muito elogiada por suas colaborações com trilhas sonoras de filmes.

O Dead Can Dance é uma banda australiana, formada em 1981.

INFLUÊNCIAS RELIGIOSAS:

Muitas pessoas se perguntam se Gerrard e Perry são religiosos. Conforme eles mesmos já declararam, suas músicas são feitas para que os ouvintes possam se reconectar com suas almas. Brendan, porém, já admitiu que possui enorme interesse pelo paganismo, com o qual, aparentemente, se identifica bastante.

Lisa já chegou a dizer que todas as religiões, no fundo, estão centradas na evolução espiritual. E para a vocalista do Dead Can Dance, o desenvolvimento espiritual é um crescimento abstrato. Ela também declarou que não costuma falar muito sobre espiritualidade, e que cada indivíduo possui suas próprias fontes para desenvolvimento.

BRENDAN E QUESTÕES POLÍTICAS:

Brendan Perry já se inseriu em várias polêmicas em relação à política. Desde os anos oitenta, por exemplo, ele se recusa a tocar em Israel. Brendan, porém, já fez questão de esclarecer que não é antissemita. Ele já fez várias postagens sobre política - e, aliás, apagou algumas delas...

Referências:

http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,AA1553736-7084,00-LISA+GERRARD+QUER+SER+RECONHECIDA+COMO+COMPOSITORA.html

https://www.google.com.br/amp/s/www.rollingstone.com/music/music-features/dead-can-dance-tour-dionysus-new-album-749693/amp/

https://www.google.com.br/amp/s/www.chicagotribune.com/entertainment/ct-xpm-2012-08-15-chi-dead-can-dance-interview-lisa-gerrard-interviewed-20120815-story,amp.html

http://www.bardomethodology.com/articles/2019/09/25/lisa-gerrard-dead-can-dance-interview/

TwitterFacebookRSS FeedEmail