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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

MICHAEL HUTCHENCE: CONHEÇA A VIDA DO ASTRO DO INXS

 Por Juliana Vannucchi

Era 22 de novembro de 1997. O telefone do australiano Kell Hutchence tocou. Do outro lado da linha, um jornalista pedia um depoimento sobre seu filho, Michael Hutchence. Kell estranhou o contato e, de início, não compreendeu o teor da ligação. Ele não sabia que o filho havia falecido e foi através desse telefonema que tomou conhecimento de que Michael havia morrido asfixiado aos 37 anos.

Não demorou muito para que a notícia da morte do sex symbol se espalhasse pelos meios de comunicação do mundo todo, pois o INXS bombava nos anos noventa. A imprensa britânica afirmava que Michael tinha morrido por hipoxifilia, ou asfixia erótica, um fetiche que causa excitação sexual em ser sufocado. Essa lenda acompanhou a história de sua morte durante muito tempo e chegou a ser considerada uma versão oficial. A autópsia, entretanto, não apontava a prática de relações sexuais, mas identificou substâncias como Prozac, cocaína e álcool presentes no corpo de Michael. Afinal, o que tirou sua vida? Qual é o valor do legado musical do INXS? Para tentarmos responder a essa questões, vamos nos deslocar no espaço e no tempo…

A trajetória de vida do vocalista começou em 22 de janeiro de 1960, na Austrália. Seus pais eram Kell Hutchence, um empresário bem-sucedido de Sydney, e uma maquiadora chamada Patricia Glassop.


O punk rock perdia um pouco de sua força justamente quando o INXS conquistou sua ascensão, em meados nos anos oitenta.

Devido à carreira profissional do pai, a família mudou-se de Sydney para Brisbane e depois migrou para Hong Kong. Essa época representou um período importante na vida de Michael, pois foi quando ele começou a escrever poesia e mostrar afinidade com o universo musical, tendo cantado sua primeira música numa loja de brinquedos local. Mais tarde, em 1972, retornou com a família para a capital australiana e foi nesse período, em sua adolescência, que Michael conheceu Andrew Farriss e seus irmãos, com os quais começou a tocar músicas numa garagem. Farriss tinha uma banda chamada Doctor Dolphin, e Michael se juntou ao grupo. Posteriormente, o futuro vocalista do INXS mudou-se novamente de cidade, embora não muito tempo depois tenha retornado para Sydney. Em 1977, juntou-se com o colega Andrew Farriss numa nova banda, chamada Farriss Brothers. Em 1979, mudaram de nome e passaram a se chamar INXS. A partir daí, a história da banda simplesmente decolou. O punk rock perdia um pouco de sua força justamente quando o INXS conquistou sua ascensão, em meados nos anos oitenta. Na década seguinte, o grupo australiano permaneceu ativo no cenário global, lançando materiais qualificados, embora alguns críticos tenham começado a criticar desaprovar duramente as produções da banda lançadas nesse período.

 

Através de suas músicas, Michael continua levando luz à vida de milhares de pessoas. Ele presenteou o mundo com seu talento, e isso simplesmente não se apagará.  

Entretanto, foi justamente nos anos 90 que algo mudou a vida de Michael. Em 1992, o vocalista do INXS se envolveu numa briga com um motorista de táxi que o jogou no chão, fazendo com que ele batesse a cabeça. O incidente causou uma fratura em seu crânio. Helena Christensen, que era sua namorada na época, diz se recordar de ver o parceiro inconsciente e caído no chão na rua, enquanto sangue saía de sua boca e ouvido. Ele foi levado ao hospital, mas se recusou a receber tratamento. Teve muitas dores de cabeça e perdeu o olfato e o paladar. Mas esses não foram os únicos danos. Depois desse episódio, muitas pessoas próximas relataram que a personalidade do músico australiano mudou. Irritabilidade e descontrole se tornaram frequentes.

Cinco anos mais tarde, Michael foi encontrado morto num quarto do Hotel Ritz Carlton. Na noite anterior, havia jantado com o pai. Segundo o documentário “Mystify”, a autópsia mostrou que havia grandes danos em áreas de seu cérebro. Havia indício de suicídio e, atualmente, essa é considerada a causa de sua morte. A cerimônia de seu enterro, realizada na Catedral de St. Andrew no dia 27 de novembro, foi transmitida ao vivo. Fãs e amigos,  incluindo Nick Cave, estavam presentes. A cerimônia ainda pode ser vista na íntegra no YouTube.

Através de suas músicas, Michael continua levando luz à vida de milhares de pessoas. Ele presenteou o mundo com seu talento, e isso simplesmente não se apagará.

Nosso site conversou com Nilton Vieira, da Rádio Alternativa Rock, que refletiu sobre a importância do legado deixado pelo vocalista do INXS: "Michael Hutchence é um daqueles artistas únicos, insubstituíveis e inesquecíveis. Era talentoso, tinha muita presença de palco e uma voz marcante.  Enfim, quem diria que aquele menino tímido seria um dos maiores artistas dos anos 90 e de toda a história? O INXS até tentou se manter sem ele, mas nunca conseguiu seguir em frente. Aliás, esse foi o erro: a banda teria que fazer tudo diferente, pois fazer igual sem o Michael nunca daria certo. O álbum que marcou minha vida foi o “Welcome to Wherever You Are”, de 1992, no qual destacam-se músicas como “Heaven Sent”, “Baby Don't Cry” e “Beautiful Girl”. “Baby Don't Cry” ainda tinha um clipe que me deixava apavorado, pois tinha cobras e aranhas, e tenho pavor desses animais, mas mesmo assim gostava da música, então não deixava nunca de assistir ao videoclipe. Eu tinha esse álbum em fita K7 e depois também tive em vinil. Michael Hutchence deixou muita saudade e ficará para sempre em nossos corações e mentes, por- que apesar do suicídio, as coisas boas que ele fez marcaram muito mais do que os erros. Afinal, quem não erra?".

Referências: 

https://www.google.com.br/amp/s/amp.theguardian.com/film/2019/oct/07/what-killed-michael-hutchence-how-far-does-the-rock-doc-need-to-go-in-2019-mystify-michael-hutchence

https://www.theguardian.com/music/2018/sep/26/his-personality-changed-michael-hutchences-sister-on-his-traumatic-brain-injury

https://www.google.com.br/amp/s/brasil.elpais.com/brasil/2019/10/14/estilo/1571057141_244608.html%3foutputType=amp


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