Fanzine Brasil

SIOUXSIE SIOUX - SOPROS DE VIDA

Grandes homens, assim como grandes tempos são um material explosivo interior do qual uma força imensa é acumulada (....)

“DISCO DA BANANA”- A OBRA PRIMA IGNORADA

Eu sabia que a música que fazíamos não podia ser ignorada

SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

quinta-feira, 13 de abril de 2023

UMA MANHÃ COM BLIXA BARGELD

 Por Juliana Vannucchi

Colaboração: Erica Iassuda

Era uma manhã nublada de fevereiro. Há dias chovia intensamente na região de Sorocaba, no interior de São Paulo. E essa, definitivamente não era uma manhã qualquer, pois nesse dia, eu e artista paulista Erica Iassuda tivemos a oportunidade de conversar com o aclamado músico alemão Blixa Bargeld.

O papo durou aproximadamente meia hora e tentamos usar esse tempo da maneira mais proveitosa possível. Atencioso e um tanto tímido, Blixa respondeu educadamente e de maneira objetiva a todas as questões que fizemos. Uma das primeiras abordagens foi a respeito de suas passagens pelo Brasil. O entrevistado mostrou-se orgulhoso ao dizer que já esteve inúmeras vezes no país e contou, inclusive, que gravou um álbum com Nick Cave em nossas terras. Além disso, citou Caetano Veloso como um músico brasileiro que aprecia. 

 

Blixa ao lado de Nick Cave.
 

Na sequência, levando em conta seus experimentalismos estéticos e ousadias musicais, perguntamos se ele se considera um músico dadaísta, e Blixa admitiu que o dadaísmo foi importante historicamente para ele no sentido técnico. Mas apesar disso, contou que não possui uma única linha de trabalho: “O processo de criação depende do material em que estamos trabalhando”. Ainda dentro do contexto criativo, decidimos perguntar como foi sua relação com o punk rock. Segundo o músico alemão, musicalmente e estilisticamente falando, o punk rock não teve muito efeito em sua vida, mas, por outro lado, foi um gênero que, no aspecto ideológico, teve certa relevância na sua carreira porque mostrou que as pessoas poderiam fazer algo por si mesmas e ter autoridade. No entanto, ele conta que cresceu ouvindo bandas como Pink Floyd, Can e Bob Dylan e enquanto mergulhava no som dessas bandas, não esperava que um dia se tornaria músico ou chegaria a gravar um álbum: “Parecia algo tão distante de mim”. 


Blixa contou que o diretor alemão convidou Nick Cave e ele quando o filme já estava pronto.

 

Blixa, refletindo sobre sua prolífica carreira, confessou que "Round Number 2" talvez seja seu álbum menos interessante, embora tenha dito que em geral ele gosta e se orgulha de todas as suas produções. E ainda observou de maneira descontraída: “Mas meu álbum preferido é sempre o último que eu lanço”.  

Não podíamos deixar de questionar sobre a experiência de Blixa no filme “Asas do Desejo”, de Wim Wenders. Ele contou que o diretor alemão convidou Nick Cave e ele quando o filme já estava pronto. De acordo com Blixa, inicialmente, Wenders pretendia fazer um filme sobre anjos e também tinha vontade de fazer um filme em Berlim. Então uniu essas duas ideias que resultaram no longa. Falando em Nick Cave, ele lembrou ainda que deixou o Bad Seeds porque estava casado e achou que não seria saudável para o casamento continuar em duas bandas, optando assim por ficar apenas no Einstürzende Neubauten.

Blixa continua ativo no universo musical, e fora desse meio, possui uma discreta ao lado da família, para a qual gostar de cozinhar, sendo esse um dos seus hobbies.




EM SEU NOVO ÁLBUM, DENNIS SINNED REFLETE SOBRE A CRISE DAS RELAÇÕES HUMANAS: “HOJE AS PESSOAS SÃO MEIOS PARA QUE AS OUTRAS ATINJAM SEUS FINS”

 Por Juliana Vannucchi

 Em março 2023, a banda Dennis e o Cão da Meia-noite, projeto autoral do músico paulista Dennis Sinned, lançou seu segundo álbum de estúdio, intitulado “Sobre Lealdade”.
    
O debut da banda, “Id, Ego & Outras Porcarias”, lançado em 2021, aborda como tema principal os conflitos psicológicos do eu e das relações humanas em geral. Nesta nova produção, contudo, Dennis Sinned, o poeta do caos, mestre lúgubre das palavras e dos sentimentos, apresenta como tema principal os valores que sustentam as relações modernas: “Observo que há uma crise nas relações humanas atuais que, a meu ver, estão passando por um processo de transformação que se intensificou durante a pandemia. Talvez nos dias de hoje as gerações mais novas, por exemplo, até dispensem o contato físico, já que normalmente se relacionam à distância, através das redes. Assim sendo, penso que as relações, de certa maneira, estão dentro de nós agora, sendo mais uma espécie de experiência mental, já que não se exige o contato, a troca física”. É nesse contexto que o individualismo, elemento típico da estrutura capitalista e característico das relações virtuais, aparece também como assunto abordado no álbum, conforme refletiu Sinned: “Hoje as pessoas são meios para que outras atinjam os fins que desejam. Eu chamo isso de conveniência das relações”. Esses elementos são apresentados nas letras escritas por Dennis de uma maneira profunda, pessimista e questionadora. Nesse sentido, vale fazer uma menção à última faixa, que consiste num spoken word particularmente interessante e bem surpreendente em seu formato, já que quebra um pouco o padrão musical do álbum. Conforme explica Dennis: “Essa música é como se fosse um áudio de WhatsApp, no qual um amigo envia seus desabafos existenciais a outro, reclamando justamente das conveniências humanas e, mais precisamente, queixando-se dos sofrimentos que a conveniência das relações acarreta”.

 

Dennis Sinned: “Tecnicamente falando, é o melhor álbum que já fiz”.

Entre as razões que levaram Sinned a voltar-se para o tema das relações humanas está o isolamento imposto pela pandemia, que certamente deixou cicatrizes em praticamente todas as pessoas e fez com que muitas delas avaliassem suas vidas de uma forma mais crítica. Outra razão foi o incidente de 2021. Em dezembro, justamente na noite em que realizaria seu primeiro show desde o começo da pandemia, Dennis Sinned foi brutalmente espancado por um grupo neonazista: “Isso afetou de várias formas e alterou meu modo de me socializar, de interagir e pensar no outro”, admitiu o músico.  

No âmbito instrumental, “Sobre Lealdade” é certamente a produção mais experimental da sólida carreira do músico paulista. As faixas carregam traços de gêneros diversos como Ska, Reggae e Hip-Hop, que flertam com a atmosfera pós-punk clássica que, apesar de estar alinhada com esses gêneros tão diversificados, é o fio condutor do álbum.
    
O novo álbum foi gravado nos estúdios da “Dissonância Magnética”, em São Paulo, e foi registrado pelo próprio “Dennis Sinned”. A masterização ficou por conta de “Diego de Oliveira” (“cubüs” / “Paranoia Musique”): “Tecnicamente falando, é o melhor álbum que já fiz”, observou Dennis, satisfeito com seu segundo álbum. Depois, refletiu: “É um álbum mais orgânico também. Os efeitos que usamos são analógicos”.

O músico comentou que desde o lançamento tem feito uma turnê interessante, passando por vários lugares do país: “Estivemos em Minas Gerais, tocando em Juiz de Fora, em São José dos Campos e até mesmo em Brasília”. O álbum está disponível em todas as plataformas digitais (“Spotify”, “Deezer”, “Bandcamp”, “Plainsong”, “Tidal”, “Apple Music” e outras.



 

TwitterFacebookRSS FeedEmail