Por: Juliana Vannucchi
O Fanzine Brasil bateu um papo com a cantora Pearl E. Gates, vocalista da banda Pearl Harbor and the Explosions, que se destacou especialmente pelo lançamento do single "Drivin". O grupo chegou a abrir shows para grandes bandas, como The Police e Talking Heads e teve uma aprovação positiva por parte da crítica especializada que se rendeu à voz de Pearl. No entanto, apesar desse cenário positivo, a carreira da banda não decolou como esperava-se e terminou rapidamente. Pearl, que continua firme, forte, poderosa e ativa no mundo musical, nos contou inúmeras histórias marcantes de sua trajetória, como quando dividiu o palco com o The Clash (ela foi casada com Paul Simonon), sobre o quanto o punk permanece vivo em nosso mundo atual, sobre música brasileira e muito mais. Confira!
1 – Você já veio ao Brasil alguma vez? Conhece bandas e/ou cantores daqui? Caso nunca tenha vindo, estou oficialmente te convidando! Espero te ver aqui algum dia!
Não, infelizmente nunca fui ao Brasil. Mas eu adoraria ir! Não tenho escutado nenhuma banda brasileira no momento, mas adoro coisas antigas dos anos 1960, como Sérgio Mendes e Brazil 66. Adoro gravações antigas de Salsa, Cha Cha Cha e Mambo.
2 – Como a banda "Pearl Harbor and The Explosions" surgiu?
Formamos a banda Pearl Harbor e The Explosions em 1978, na cidade de San Francisco, Califórnia. O The Stench Brothers (como eram conhecidos Hilary e John Hanes) e eu estávamos em uma banda chamada Leila And The Snakes, na qual eles tocavam baixo e bateria e, então, decidimos formar nossa própria banda e escrever nossa própria música. Convidamos o amigo deles, o guitarrista Peter Bilt, para se juntar a nós. A música era bem New Wave e não Rock & Roll. Eu queria tocar rock e eles gostavam mais de jazz fusion. Eles eram músicos excelentes, mas não concordávamos com o estilo de música, então nos separamos depois de um álbum e uma turnê.
"(...) punk não está morto! O punk é uma atitude e um modo de vida,
assim como é também um estilo de música. Os punks são não-conformistas
apaixonados por suas crenças e estilo de vida (...)" |
3 – Qual foi o melhor show que você já fez em sua carreira?
O melhor show que já fiz foi quando cantei com o The Clash em Tóquio, no ano de 1982. Foi nossa primeira vez no Japão e foi muito emocionante. Um choque cultural total!!
4 – Qual é a melhor memória que você tem do Paul Simonon?
Minha melhor lembrança do Paul Simonon é de quando estávamos no Japão, como mencionei na terceira questão. Fomos visitar belíssimos templos budistas, oramos juntos e experimentamos coisas maravilhosas que eram um mistério total para nós.
5 - A frase "punk is not dead" é muito famosa. Você acredita que o punk continua vivo?
Não, o punk não está morto! O punk é uma atitude e um modo de vida, assim como é também um estilo de música. Os punks são não-conformistas apaixonados por suas crenças e estilo de vida. Essa atitude começa principalmente com a juventude e a rebelião contra seus pais, o governo e a vida em geral. Os jovens sempre se rebelam e querem ser diferentes da geração de seus pais. É saudável e natural!!
"Não sei como descrever o mundo de hoje. A Covid mudou tudo e não sei quando as coisas vão melhorar se as pessoas não forem vacinadas". |
6 – “Don't Follow Me, I'm Lost Too” é um ótimo álbum! Você pode nos contar quais foram suas inspirações para gravá-lo? Como era a sua vida na época da gravação?
O álbum "Don't Follow Me, I'm Lost Too" foi gravado em Londres em 1980. Nós nos divertimos muito fazendo este álbum porque todos os músicos eram amigos e, por isso, nós todos nos soltamos e nos divertimos. Os músicos incluíam Paul Simonon, Mick Jones, Nigel Dixon, Wilko Johnson, Steve New, Topper Headon, Steve Goulding, Geraint Watkins, Gary Barnacle e B.J. Cole. Eu amo esse álbum porque é rock & roll, mas tem um pouco de atitude. Ele soa de uma maneira única.
7 – Você continua compondo? Pretende lançar algo futuramente? Recentemente escutei a música "I Wish I Were You" e gostei bastante!
Eu continuo me apresentando e escrevendo músicas. Espero gravar novas faixas no próximo ano. Tudo ficou mais lento por causa do vírus, então todos temos que ser pacientes... Estou feliz porque 3 dos meus álbuns antigos estão disponíveis para streaming agora. Eles são meus 2 álbuns da Warner Bros., "Pearl Harbor and The Explosions" e "Don't Follow Me, I'm Lost Too", e de 1995, de um selo independente, tem o "Here Comes Trouble".
8 – Quais tem sido as suas principais inspirações ultimamente?
Ultimamente tenho ouvido muitos discos antigos de R&B para poder cantar junto e manter minha voz em forma. Eles também me fazem dançar, para manter meu corpo em forma!! Meu álbum favorito para ouvir no momento são os maiores sucessos de Ike & Tina Turner. Cada música é fantástica!
9 – Como você descreve o atual mundo ocidental em que vivemos?
Não sei como descrever o mundo de hoje. A Covid mudou tudo e não sei quando as coisas vão melhorar se as pessoas não forem vacinadas. A internet e as redes sociais tornaram mais fácil a comunicação com qualquer pessoa e com tudo que você possa imaginar. Eu sou uma pessoa muito reservada, então não gosto muito de que todos saibam tudo sobre mim! Porém, acho o Instagram divertido de acompanhar. Você pode conferir meu perfil @pearlharbourmusic se quiser!
10 – Você gostaria de viver toda a sua vida novamente?
Não, eu não gostaria de viver minha vida novamente. Uma vez já foi o suficiente!! Agradeço por todas as experiências divertidas e incríveis que tive...
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