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quarta-feira, 4 de setembro de 2024

THE PSYCODELHIC FURS: A PODEROSA BANDA DE ART ROCK

Por Juliana Vannucchi

O ano de 1977, na Inglaterra, foi um período particularmente importante e primoroso na história do rock, uma vez que, nessa época, inúmeras bandas punks e pós-punks surgiram e/ou lançaram discos icônicos que até hoje fazem sucesso e são altamente influentes. No meio dessa produção musical massiva, encontra-se o Psychedelic Furs, banda formada na capital inglesa pelo vocalista Richard Butler e seu irmão, o baixista Tim Butler. Ao longo de sua carreira, o grupo lançou um total de oito álbuns de estúdio, sendo o debut em 1980 e o último em 2020. Os irmãos sempre foram o fio condutor da banda, embora a formação original tenha sofrido alterações ao longo dos anos.

O The Psychedelic Furs tomou rumos sonoros muito diversificados no decorrer de sua trajetória e em alguns momentos foi bastante experimental, aspecto que levou a banda, inclusive, a ser categorizada como uma representante do gênero “art rock”. Talvez esse aspecto os tenha afastado dos holofotes porque, ainda que sejam bastante conhecidos entre os fãs do punk e do post-punk, seu sucesso certamente não é o mesmo de outros remanescentes da época, como o The Cure, The Smiths, Bauhaus, entre outros, cuja imagem foi altamente comercial. No entanto, o The Psychedelic Furs merece atenção. A banda é muito original em suas composições e essas mudanças de rota sonora que foram citadas revelam o quanto os membros do grupo eram criativos e habilidosos. Em relação ao significado e à proposta musical do grupo, certa vez, Richard Butler declarou: “Gosto de música que me ajuda a compreender-me, porque quando me compreendo também consigo entender um pouco melhor o mundo lá fora”. Por meio de suas letras, o vocalista procura levar as pessoas a serem mais reflexivas e tem uma postura um tanto crítica em relação à escrita: “Não há nada que eu odeie mais do que bandas que escrevem sobre a vida na estrada, sobre rock na estrada, todas as mulheres que conseguem e todas as drogas e bebidas que obtêm por aí. Não creio que haja algo mais tedioso quanto cantar sobre a posição que se ocupa. Acho que você está realmente ficando sem ideias quando faz isso”. Butler também chegou a contestar as composições líricas de grupos famosos, como The Smiths e Echo & The Bunnymen: “Eles juntam palavras e imagens para parecer poesia, mas na verdade não têm a essência da poesia, e é um tipo de coisa perigosa. Eles afirmam ser influenciados por Rimbaud, Mallarmé e Beaudelaire, mas a meu ver eles estão apenas juntando as palavras e fazendo com que isso pareça poesia. É como se alguém pegasse um pincel e um pouco de tinta, pintasse um monte de caixas e simplesmente chamasse isso de cubismo, sem realmente olhar para o que o cubismo significava, como objetos retratados em três dimensões, apresentados em uma série de planos. Não basta alguém desenhar muitas linhas retas, fazê-las parecerem caixas e chamar isso de cubismo."

 

O Psychedelic Furs é uma banda poderosa, capaz de aquecer qualquer coração e aliviar qualquer alma perturbada.
 

A banda manteve-se firme até os anos noventa, período no qual houve uma cisão que duraria até o início da década seguinte, quando os membros voltaram a reunir-se, chegando até mesmo a fazer uma turnê mundial para celebrar a sua volta. Atualmente, o grupo figura entre os tantos que seguem sendo aclamados pelo que produziram nos anos setenta e oitenta, mas ofuscados por produções populares e comerciais. Butler segue bastante ativo, sendo que recentemente, juntamente com Martin Gore, escreveu a música "Ghosts Again", primeiro single do álbum Memento Mori do Depeche Mode, lançado no início de 2023. O Psychedelic Furs é uma banda poderosa, capaz de aquecer qualquer coração e aliviar qualquer alma perturbada. 

O pai dos irmãos Butler era químico e é descrito como um sujeito comunista e ateu. Nos anos setenta, quase se tornou embaixador científico na União Soviética. A mãe dos meninos era artista. Todos esses elementos tocaram o coração de Richard, que foi o fundador da banda, e influenciaram sua trajetória existencial e musical. Butler estudou e formou-se em artes em Londres. Atualmente, inclusive, ele é um pintor prestigiado e tem suas obras expostas com bastante frequência em diversos locais.

Referência bibliográfica: 

https://www.artistwd.com/joyzine/music/psychedelic_furs/furs.php 

https://www.spin.com/2020/07/richard-butler-on-the-psychedelic-furs-first-album-in-29-years/ 

https://www.nme.com/features/music-interviews/the-psychedelic-furs-tim-butler-david-bowie-pretty-in-pink-2808731

BALLET CLANDESTINO: UMA LENDA DO PÓS-PUNK NACIONAL

 Por Juliana Vannucchi

Em 2012, na capital paulista, despontava a banda Ballet Clandestino, que com o passar dos anos se firmaria como um dos nomes mais significativos do pós-punk nacional. Atualmente, sua formação conta com o brilhante Vinícius Primo, que comanda a guitarra e o vocal, Natan, contrabaixista e vocalista, além de Tyofrey, o talentoso baterista do grupo. A discografia do powertrio é composta por um total de 4 EPs, todos lançados em formato físico, sendo que a mais recente produção, intitulada “Ruído Que Desorganiza”, foi lançada em 2023.

 

Ballet Clandestino: uma banda perigosa ao senso comum e valiosa aos que desejam sair da caverna.
 

Todos os EPs da banda são cativantes e dignos de elogio. As músicas, instrumentalmente falando, são carregadas de pinceladas melancólicas e possuem uma atmosfera predominantemente obscura. As letras, por sua vez, são bastante poéticas, expressam um teor reflexivo e tratam de maneira profunda uma série de conflitos que tangem a realidade humana, como o caos, o absurdo existencial, a solidão, o desespero, dentre outros temas. Além desses aspectos mencionados, as letras também integram críticas sociais e abordagens de cunho político, voltando-se especialmente ao submundo que se oculta por trás do luxo e da correria dos grandes centros urbanos. Devido a tais características, o Ballet Clandestino é uma banda notavelmente singular, emergente das sombras, capaz de envolver sentimentalmente o seu público e, ao mesmo tempo, convidá-lo a contestar a realidade ao seu redor. É um grupo niilista, observador da trágica condição humana, e com uma postura não-conformista, que registra todos esses elementos em seus poemas sonoros. Trata-se de uma banda perigosa ao senso comum e valiosa aos que desejam sair da caverna. Certamente seria um dos grupos presentes na playlist de Lord Byron, que curtiria o som do Ballet Clandestino tomando uma taça caprichada de vinho! Perder-se nas músicas da banda é mergulhar nas profanas e nefastas aventuras que compõem essa estranha vida.

Por toda sua qualidade, o Ballet Clandestino, esse trio ultrarromântico pós-moderno, resiste ao tempo e permanece sendo um cultuado e lendário símbolo do pós-punk nacional, sendo sempre capaz de oferecer ao público conteúdos musicais consistentes e empolgantes.



SPACE MACHINE: A MÚSICA DO FUTURO E A NOVA ERA DO ROCK NOVA IORQUINO

 Por Juliana Vannucchi

James Fox, residente em Nova Iorque, é um sobrevivente da cena punk setentista, que o influenciou fortemente em termos sonoros e ideológicos. O músico, sempre armado com sua guitarra e abastecido por seus sentimentos, ao lado do baterista Eric Blitz, recentemente deu vida ao seu poderoso projeto "Space Machine", através do qual está trabalhando num legado musical que, invariavelmente, está fadado ao sucesso. Com um talento que pulsa em suas veias, James deseja que sua música seja capaz de reverberar na mente e no coração de seus ouvintes. 

 

O Space Machine ofecrece uma sonoridade distópica, alternativa, única e absolutamente fantástica, criada por um guitarrista que está em plena ascensão
 

A música sempre foi um fator necessário na vida de James, que desde a tenra idade a percebia como uma fonte de inspiração e de paixão. Ela nunca deixou de acompanhá-lo, de andar ao seu lado e de, alguma maneira, ser uma espécie de templo protetor. Mas houve um acontecimento traágico que mudou drasticamente os rumos de sua vida e o lançou de vez para um incessante processo de criação musical. Atualmente, Fox, que se apresentará em Nova Iorque no mês de setembro, festeja o simples fato de poder subir aos palcos, pois ele é uma verdadeira fênix do rock, renascida das cinzas da morte. Isso porque, numa fatídica noite de abril de 2020, logo no início da pandemia, foi vítima de um atropelamento que o deixou numa condição de saúde gravíssima, fazendo com que ficasse perto da morte. Ele teve seu rim perfurado, fraturou quatro costelas, quebrou as duas pernas e teve uma séria concussão na cabeça. James se recordou dos terrores dessa experiência: "Lembro-me literal e vividamente do som do metal quando afundei sete centímetros no capô dianteiro do carro. Lembro-me imediatamente depois da forte explosão do vidro estilhaçado do para-brisa, quando a frente da minha cabeça fez contato... sons que nunca esquecerei, seguidos pela vaga sensação de estar no ar, a última coisa de que me lembro antes de acordar". Tudo que ele vive agora, de alguma forma, está entrelaçado ao acontecimento daquela noite e à cadeia de circunstâncias que se seguiu após o acidente. Para James Fox, essa vivência não ocorreu para que ele se tornasse uma testemunha silenciosa, mas, sim, para que extraísse dela algo poderoso e sagrado que pudesse, por meio de sua sensibilidade interior, transformar-se em música. Refletindo, ao recordar-se sobre como essa experiência dolorosa modificou sua perspectiva existencial, comentou: "Agora vejo e sinto toda a beleza, a alegria, a maravilha, o mistério, desta vida e deste mundo... Mas o caminho para cima também passa... Nada muda sem reconhecimento absoluto e honestidade absoluta". Seu coração catalisou as marcas psicológicas e físicas deixadas naquele noite. E o sofrimento virou arte, assumiu a forma de melodias. A música do projeto "Space Machine" é o espectro da beleza gerada pelos horrores que foram confrontados por James, que toca guitarra com uma virtuosidade brilhante e absolutamente hipnótica. 

O "Space Machine" é um projeto musical de enorme potencial criativo e que conquistará o coração de todos os apreciadores de rock, ao oferecer um estilo musical inovador do qual nossas almas precisam para se elevar e se purificar. Nesse projeto, nós nos deparamos com o tipo de composição do futuro, que transgride fórmulas comuns e navega por mares originais e sem precedentes, nos quais pedais variados fazem com que a guitarra seja a condutora de uma mescla de space rock com punk e hard, algo vidrante - uma espécie de fusão do melhor de Johnny Thunders com o melhor do Eloy. Trata-se de uma sonoridade distópica, alternativa, única e absolutamente fantástica, arquitetada por um guitarrista que está em plena ascensão e que é uma promessa valiosa no cenário da música independente dos EUA. Nova Iorque, novas eras estão surgindo... sua história nunca terminou nos anos setenta e há novos músicos por aí, prestes a serem consagrados como tantos outros que honraram seu solo. O rock and roll para James Fox é uma missão de vida. Abra seu coração para os hits selvagens de James Fox e explore asonoridade cativante do Space Machine...

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