Fanzine Brasil

SIOUXSIE SIOUX - SOPROS DE VIDA

Grandes homens, assim como grandes tempos são um material explosivo interior do qual uma força imensa é acumulada (....)

“DISCO DA BANANA”- A OBRA PRIMA IGNORADA

Eu sabia que a música que fazíamos não podia ser ignorada

SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

VALE A PENA CONTINUAR SONHANDO

 Por Vannucchi

A última semana de 2020 finalmente começou. Estamos nos despedindo de um ano trágico e anômalo. O Fanzine Brasil sempre acreditou que, mediante tanta turbulência, a música esteve presente para alimentar esperanças, motivar consciências, anular o sofrimento (ainda que de maneira momentânea) e preencher espaços vazios. Precisamos de música - talvez mais do que nunca. E por isso, felizmente, essa reta final de 2020 começou muito bem, pois nessa segunda-feira, dia 28 de dezembro, foi divulgado o tão esperado EP “Sonhos Doces”, lançado pelo Quântico Romance.

No decorrer da pandemia da Covid-19, o QR permaneceu ativo, participando de três lives (Isolation Festival do Fanzine Brasil, Paranoia Musique Sessions e Caxias Music Festival) e dando sequência a um trabalho para produções que devem ser lançadas ao longo do próximo ano. Em meio a essas tantas atividades, o EP Sonhos Doces foi ganhou vida. Na faixa homônima, Karlos Junior buscou reproduzir a atmosfera sonora dos anos 1980 em uma canção levemente inspirada na clássica Sweet Dreams do Eurythmics, lançando mão novamente da forte evocação de imagens e referências em versos que vão da poesia de Fernando Pessoa às trevas e castelos da literatura gótica, cantando a perspectiva de uma sonhadora hesitante dividida entre o sonho de um grande amor e a realidade dura de seu trabalho.

O lançamento ainda possui um B-Side intitulado Pesadelos (Brasileiros), que consiste basicamente num comentário sobre determinados cidadãos brasileiros em tempos de pandemia, governo e sociedade distópicos. Nesse ponto, encontramos um certo dualismo interessante na recente produção do QM, pois se por um lado somos incentivados a vislumbrar inspiradores sonhos doces, por outro precisamos lidar também com uma realidade densa, amarga e ameaçadora. É um contraste inerente ao jogo da existência. A esse respeito, Junior refletiu: “Pode ser mais difícil ter ou manter alguma positividade sadia no quesito sonhos diante das situações que temos vivenciado. Pode parecer escapismo ou mesmo negação das coisas, mas sonhar e projetar o futuro é parte intrínseca da nossa humanidade e talvez seja uma das forças que nos inspire a continuar lutando, tentando e buscando as soluções de que precisamos. No início do ano, por exemplo, dado o complexo processo científico, a vacina era um sonho distante que agora já é realidade em muitos países. Creio que mesmo sem tantos otimismos, vale continuar sonhando”.


Quântico Romance atualmente conta com Karlos Junior nos vocais, composições e produção e Diego de Oliveira nos teclados e synths.

Acesse o site oficial do Quântico Romance e escute o EP: https://www.quanticoromance.com/

 

domingo, 6 de dezembro de 2020

INSPIRAÇÕES, PASSAGEM PELO BRASIL, TURNÊ COM O JOY DIVISION E MAIS: UMA CONVERSA COM PAUL FERGUSON, BATERISTA DO KILLING JOKE

Por: Juliana Vannucchi - Colaboração: Abel Marinho e Alejandro Gomez
 
Dessa vez, o Fanzine Brasil bateu um papo com Paul Ferguson, baterista de uma das bandas mais originais e amadas de todos os tempos, o Killing Joke. Os primórdios do grupo inglês tiveram início em Londres, no ano de 1978, quando os destinos de "Big Paul" e Jaz se cruzaram pela primeira vez: “Nós tínhamos muita coisa em comum e logo nos tornamos amigos”, contou o entrevistado. Essa ocasião marcou o começo de uma história ilustre que estava prestes a ser escrita e no decorrer da qual os dois deram vida a um estilo musical que é absolutamente ímpar e criativo. De acordo com Paul, o gênero do KJ pode ser categorizada como: “Genre Fluid, Pós-punk, Ambient Metal Dub” e principalmente, como algo simplesmente único.

Atualmente, o baterista vive em Baltimore, mas quando a situação referente ao coronavírus melhorar, ele pretende retornar para Nova Iorque, cidade na qual viveu por muitos anos e que deixou após o início da pandemia. Hoje, nossos leitores conhecerão de perto esse baterista talentoso e genial. Paul é agitado com as baquetas, mas quando não está em turnê ou produzindo música, é uma pessoa tranquila, que gosta de passar o tempo em seu estúdio trabalhando com joias e esculturas antigas. Além disso, Paul aprecia um bom passeio de bicicleta!
 

1. Sua forma de tocar bateria é impressionante. Você tem um estilo tribal, agressivo e carregado de energia. Quais foram os bateristas que mais te inspiraram e como você aprendeu a tocar esse instrumento?

Obrigado! Eu adoro ouvir bateria, e muitos bateristas até hoje me inspiram a aprender algo novo. Eu não considero que meu aprendizado esteja terminado e, na verdade, ainda sinto que estou apenas começando. Ginger Baker foi uma das primeiras influências, assim como John Bonham e Bill Ward. Mas atualmente existem muitos bateristas incríveis que são uma fonte de inspiração.

2. O que você busca quando vai escolher uma nova bateria? Da última vez que você comprou uma nova, por exemplo, você se atentou a detalhes como marca ou a algo como a madeira específica de que ela foi feita?

Não costumo ter essa chance de experimentar kits diferentes de bateria. Meu primeiro kit foi um Premier, e depois, quando consegui mais dinheiro, arranjei um kit Gretsch que eu ainda toco. A Tama me atraiu nos anos 80 e, desde então, eu tenho tocado esse o kit Tama. Sua formação de madeira Bubinga é particularmente impressionante, mas não está mais disponível, pois vem de uma árvore rara e ameaçada de extinção.

3. O EP “Turn tRed” é essencialmente diferente do primeiro álbum do KJ. Parece que esse EP  teve algumas influências do Dub e talvez alguma influência do Punk também. Como você compara o “Turn to Red” com o primeiro álbum de estúdio da banda?

O “Turn to Red” foi de fato influenciado pelo Dub e o lado B “Are You Receiving” foi essencialmente Punk. Esses eram estilos familiares para todos nós. Conforme evoluímos e passamos a nos entender melhor, a natureza da música mudou, fato que nos levou ao primeiro álbum de estúdio.

4. Meus dois álbuns favoritos do KJ são: "Fire Dances" e "What’s THIS for ...", eu realmente amo os dois. Você poderia nos contar um pouco sobre seus respectivos conceitos? O que os  títulos significam? Existe algum significado especial nos encartes? Adoro a capa do "What’s THIS for ...", é maravilhosa e interessante, eu gosto daquelas cabeças nas janelas!

O “What’s THIS for...” foi o segundo álbum de estúdio do KJ e representou uma progressão natural em nossos experimentos com novas formas sonoras. O título do disco era deliberadamente ambíguo e talvez até mesmo cínico. A capa feita por nosso colaborador de longa data Mike Coles, e foi  feita para encapsular essa ambiguidade. As cabeças das janelas deviam representar o bobo da corte convidando você para este ambiente escheriano.

“Fire Dances” foi o primeiro álbum que fizemos sem o Youth tocando baixo e contamos com o nosso novo membro, o Paul Raven. Depois que a banda se dissolveu e renasceu, coletivamente tivemos um novo senso de otimismo, que foi capturado no título "Vamos todos para as danças do fogo". Nós nos tornamos coletivamente interessados liricamente na ideia de um novo tribalismo. A capa era uma homenagem a uma sacerdotisa do vodu.

5. Para você, qual é o melhor álbum do Killing Joke lançado nos anos 80? E considerando os três gravados quando você voltou para a banda, qual é o seu favorito?

Eu provavelmente teria que dizer que o “Brighter Than a Thousand Suns” é o meu álbum favorito dos anos 80, embora tenha sido o pior em termos de recepção e até hoje o mais polêmico. Dos nossos álbuns mais recentes, Pylon seria o meu favorito.

 

(...) acho que estamos realmente caminhando para tempos muito difíceis.
 

6. Soube que uma vez o Killing Joke abriu um show para o Joy Division. Você se lembra bem dessa ocasião? Você teve a oportunidade de conversar com o Ian ou com algum membro da banda?

Na verdade,  nós fizemos uma turnê com o Joy Division e fizemos amizade com todos eles, embora o Ian fosse o mais reservado dentre os membros da banda. Eu me lembro bem dos shows, dos locais lotados e de assistir ao Joy Division noite após noite ao lado do palco...

7. Podemos dizer que o KJ foi uma banda muito politizada e que teceu várias críticas ao governo de sua época. A década de oitenta foi um período em que ocorreu uma crise política  séria e nessa época, a maioria das pessoas ficou insegura e com receio de que uma guerra eclodisse a qualquer momento. Claro que sempre tivemos muitos conflitos ao redor do mundo, mas parece que aquela velha crise política voltou com mais força agora. Em muitos países, há muitos presidentes fascistas e reacionários. Como você acha que podemos mudar essa situação? E quais são suas previsões para o futuro geopolítico do mundo? Estamos vivendo um momento tão estranho de muitas maneiras... 

A história se repete. E a história do século passado, senão mais, foi de conflito entre duas ideias opostas, uma das quais se expressa como fascista e a outra se expressa como comunista. Longe de mim expor uma doutrina política, mas para a pessoa comum que espera que seu governo cuide de seu bem-estar e do país em que vive, estes são tempos realmente difíceis. O KJ sempre lutou com essas questões e, como nosso nome da banda sugere, tem uma visão bastante cínica sobre qualquer resultado político. Com a destruição ambiental e a propensão à ganância, a indiferença com o meio ambiente, aliadas à superpopulação, acho que estamos realmente caminhando para tempos muito difíceis. 

8. Como você vê o futuro da música considerando as limitações causadas pela pandemia? 

Particularmente falando, a pandemia me deu a oportunidade de concluir um álbum solo feito em colaboração com o Mark Gemini Thwaite, o que me deixou muito animado. Ele será lançado no início do próximo ano. No que diz respeito à indústria musical em geral, existem questões desafiadoras. Embora a internet e a tecnologia tenham nos dado os meios para nos comunicarmos e colaborarmos remotamente, também assistimos à erosão completa da receita para músicos e artistas. A pandemia em si, é claro, interrompeu os shows ao vivo e destruiu toda uma indústria.

9. Qual é a melhor lembrança que você tem dos momentos que viveu com o Killing Joke?

Tenho tantas memórias variadas da vida com o KJ – tal como turnês, gravações, shows, lugares e pessoas - que escolher qualquer um em particular seria impossível. Sou particularmente grato e feliz por ter conhecido tantos fãs e por poder viajar tanto com a banda.

10. Certa vez eu li numa entrevista com o Jaz Coleman na qual ele mencionou que na época em que vocês se conheceram, vocês estudavam magia. Você ainda estuda? Estou lendo o Caibalion pela segunda vez! Na verdade, estou estudando esse livro de uma maneira mais profunda agora. Você já leu?

Estou familiarizado com Hermes Trismegistos, mas não com o Caibalion. Não pratico nenhuma forma de ocultismo, mas nunca parei de me interessar pelo esotérico.

11. Você acredita em Deus ou talvez em algum tipo de Inteligência que governa e/ou criou este mundo?

Não. 

 

"Tivemos uma recepção fantástica no Brasil".

12. Aproveitando o assunto, por acaso você conhece religiões brasileiras como o Espiritismo, Candomblé e Umbanda? Os rituais dessas religiões são muito interessantes porque não falam sobre espíritos, mas dão oportunidade aos espíritos de falarem por si próprios...

Eu já ouvi falar nessas religiões, mas nunca estudei nenhuma delas.

13. E por falar nisso, como perguntei sobre as religiões brasileiras, gostaria de saber como foi a experiência de jogar aqui em 2018. O que você mais gostou no Brasil?

Foi ótimo tocar no Clube Carioca. Espero que possamos voltar em breve. Tivemos uma recepção fantástica aí, mas infelizmente não tivemos tempo de ver nada fora da boate em que tocamos. 

14. Eu sei que você trabalha como escultor e restaurador de arte. Você sempre se interessou por esse tipo de atividade? Amamos sua linha de joias, ela é muito sinistra e incrível!

Amo criar. Eu comecei a Boneyard Skullrings num momento em que não havia muito espaço para trabalhos escultóricos maiores, e fico feliz em ver que desde então tudo correu tão bem.  

Eu sempre fui fascinado pelo processo de fundição de metal e também sempre gostei de todas as formas de trabalho em metal, assim como  sempre me interessei por esculpir em pedra. Meu estúdio é cheio de tambores, baquetas, martelos e cinzéis; nunca é um momento maçante!


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

COLETÂNEA - "THE OUTSIDERS" (2020)

 Por: Juliana Vannucchi e Abel Marinho

The Outsiders:

O site Fanzine Brasil lançou sua primeira coletânea em meados de 2020. Bandas grandiosas e clássicas do cenário nacional underground, fizeram parte dessa compilação inaugural histórica que foi intitulada “The Other Side”. Dessa vez, em meio a um período tão peculiar que estamos vivendo, queremos novamente reunir um conjunto de bandas independentes para sacudir cabeças do Brasil e do mundo e, através de suas melodias catárticas, reabastecer mentes e corações. Por isso, em 2020, buscando dar um passo à frente na qualidade do nosso trabalho, nos juntamos ao célebre selo independente Paranoia Musique, fundado e administrado por Diego Mode (da banda Cübus), que irá nos apoiar na produção e divulgação do material.

O título “The Outsiders” é uma alusão ao espaço ocupado pelas produções musicais independentes, que se encontram à margem da grande indústria. Essa nomenclatura expressa o orgulho que tais artistas sentem em ocupar esse posto.

Fanzine Brasil:

O site Fanzine Brasil foi fundando e é gerenciado por Juliana Vannucchi e Abel Marinho, que contam com o apoio do colaborador Diego Bagatin. Somos movidos por uma paixão: a música. No geral, nosso objetivo é homenagear o Rock And Roll em suas mais variadas vertentes (Punk, Hard, Heavy Metal, Post Punk, Progressivo, etc). Costumamos dizer que nosso site é um “CBGB virtual”, porque sempre abrimos as portas para bandas e projetos independentes. Assim sendo, uma das nossas propostas é valorizar, homenagear e abraçar o universo underground - tanto nacional e internacional.

Paranoia Musique:

Selo musical DIY, festa underground e combo multimídia fundando em 2017 por Diego de Oliveira (integrante do Cubüs e dj de longa data no Rio de Janeiro). Além de responsável pelo lançamento de diversas coletâneas, o selo administra o catálogo de bandas como Gangue Morcego, Quântico Romance, entre outras. Além disso, já participou na realização de shows com bandas como Arte no Escuro, Virgin in Veil & Masquerade (Finlândia), Poëtka e diversas outras.

Objetivo do projeto:

Nosso intuito através dessa coletânea é ajudar no fortalecimento e divulgação da cultura alternativa / underground nacional, apresentando novos sons e conectando pessoas que tem paixões em comum pelos sons que estão fora das grandes mídias. 

A Icônica Capa:

A capa para essa coletânea barulhenta, profunda e visceral foi criada pelo talentoso Thiago Rocha (https://www.instagram.com/thiagorocha.art/). Quando perguntado sobre qual foi a inspiração para criá-la, Thiago afirmou: “Quando eu soube do conceito do álbum, logo pensei em ilustrar o Frankstein sentado num ponto de ônibus. Ele é um ser diferente do que estamos acostumados. Meio tímido, sempre um tanto incomodado. Também me inspirei no filme Forrest Gump".

Muito além do som...

Além de difundir os trabalhos de diversos novos artistas, ampliando seus públicos para novos ouvintes, todas as vendas da coletânea The Outsiders serão doadas para organizações não governamentais (ONG) que lutam pela preservação do meio ambiente. Infelizmente, o atual governo é contrário aos valores ecológicos e nós, enquanto cidadãos, precisamos nos organizar para impedir a destruição do nosso ecossistema.

Bandas convidadas:

The Other Creatures:

Bandas dos fundadores da página Fanzine Brasil. Composto por Juliana Vannucchi e Abel Marinho, The Other Creatures é uma banda de Psycho Punk experimental, termo criado pelos próprios integrantes. Desde seu início em Fevereiro de 2016, a banda experimenta com diversas sonoridades, indo do Punk até o experimental, além de incorporar diversas influências da música Pós-punk, alternativa, ambiente, eletrônica, R&B e muito mais. Ademais, a banda também aborda temas filosóficos e existencialistas em suas letras, assim como outros temas como espiritualidade, cataclismo, alienação, solidão, drogas e sexualidade.




She Is Dead:

Formada em 2015 a She is Dead tem como integrantes Kim Tonieto baixista e backing vocal, Ricky Volpato baterista e Mau Carlakoski no vocal e guitarra, a banda curitibana traz uma mistura de rock, punk, dirty rock e hardcore.

Os shows são intensos, com grande interação do público e muita energia, ponto alto da banda.

A banda She is Dead já participou de diversos programas e rádios da internet, como o FDP da Radio Kiss fm, apresentado pelo Clemente da banda Inocentes, Radio Mutante Programa Mofo Novo e Rock Disorder, Radio Uninter Programa Nosso Rock por 2 vezes, ficou em terceiro lugar em votação popular no programa Tau banda da Putz, da Radio Putzgrila, Radio Graviola no Programa Mundo Independente, os Bons de Papo da 94Fm, Canal Rock no Pinheiro, Studio Tenda, Nacional Du Bao, Raro Zine, Audiograma, Fanzine Brasil, Discoteca Básica, Culturapia, Violent Noise entre outros.

As músicas da banda são todas autorais, com letras objetivas e inteligentes. escritas a partir de experiências e vivências do dia a dia.

As influências da banda são bem variadas,  vão de Tina turner a Roy Orbison, passando por Radiohead e Interpol até chegar a Pixies e Dead Kennedys.

Em Outubro de 2020 começam as gravações de Sweet, terceiro Ep da banda, com o mesmo produtor, O.R.T.A, dos primeiros Eps.

Redes Sociais:

https://www.instagram.com/sheisdeadrock/

https://web.facebook.com/sheisdeadrock/?_rdc=1&_rdr

https://www.youtube.com/channel/UC5rr9E5T52fy6i3mc40-urA

https://open.spotify.com/artist/2X18P5qiLWbpeWbcHaCIZb

Cigarkills:

Cigarkills é microfonia, riffs pesados e melodias enérgicas! Com um vocal marcante e rasgado, cria um som visceral e direto e tem uma atmosfera que flerta com estilos que vão do protopunk, noise ao grunge. As composições alternam entre letras em inglês e português, sempre autoral, falando das angústias e incertezas da vida.

A banda surgiu em meados de 2017, em Florianópolis – Santa Catarina, e é muito ativa na cena independente, fazendo shows em bares, casas noturnas dentro e fora do estado. Participou eventos como a *Maratona Cultural de SC, *SRC [Semana do Rock Catarinense] e do *Festival Carnavalesco de bandas de Rock do MAU.

Em janeiro de 2020 lançou seu primeiro EP, com quatro músicas, gravadas ao vivo em estúdio e intitulado “No One To Blame”, disponível nas diferentes plataformas de streaming.

Redes Sociais:

https://spoti.fi/3lIweiy

Youtube.com/cigarkills

Instagram.com/cigarkills

Facebook.com/cigarkills

In The Rosemary Dreams:

O ano da sua formação foi 2014. In The Rosemary Dreams é um trio curitibano de rock alternativo, deixou o público e os jurados do “Festival de Música de Piraquara” surpresos com sua performance enérgica. Isso lhe rendeu o prêmio de “Melhor banda do Festival”.

No ano seguinte, Anderson Lima (guitarra e voz), Alexander Medina (Bateria) e Cesar Matos (baixo e percussão) iniciaram um projeto primitivo e inovador: isolar-se em uma espécie de escavação, uma caverna, para produzir músicas que traduzissem o que sentiram naquele período. O resultado emergiu visceral, tão peculiar quanto o ambiente subterrâneo e pode ser conferido no Youtube ou SoundCloud onde disponibilizaram duas faixas, "Spiral" e "Just One Disease".

Apostando em uma musicalidade distinta, buscando inspirações no jazz, blues, surf music e até hip hop, o grupo carrega uma sonoridade ímpar, fundindo suas influências com a roupagem de "rock do deserto", ou Stoner Rock. Isso deu a oportunidade de dividir o palco com os mais diferentes nomes da cena musical como: "O lendário ChucroBilly Man", "Eles Mesmos", "O Sebbo", "Torava", "Barbatanas", "Milk 'n' Blues", "Darko", "Paulinho Branco e Banda Sotak", "She Is Dead", "Tods" entre outras incontáveis companhias.

Redes Sociais:

https://www.youtube.com/channel/UCARN44QYf7z9Q_4iWNGJS6Q

https://www.instagram.com/itrdband/

https://open.spotify.com/artist/0mzcniQ47AN5CdxIiHJibe

U Just:

A banda foi formada em meados de 2017, pela necessidade dos integrantes de apostar novamente em fazer um trabalho autoral. Todos já com grande bagagem musical tocando desde o início dos anos 90 em bandas autorais e mais recentemente em bandas covers, a vontade era fazer algo transparente e imprimindo a personalidade de cada um.

Coisas juvenis como: fazer sucesso, criar a grande novidade da música, estourar e ficar famoso nem passavam e nem passam pela cabeça desses 40tões da música curitibana. Todos tiveram grande e larga experiência em tocar em bandas como Faus, Outcry, Máquina, Swamps, Lodead, Malkriados e de morrer na praia com a música autoral, por falta de tudo e do básico!

Redes Sociais:

https://www.facebook.com/Ujustband/

https://open.spotify.com/album/3F7g0Svhrxu1cMwkOFAcwl

https://www.deezer.com/br/album/102173412

https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_nDDqflq-5N03pRe22WQ1agUAmWJNysyYY

https://soundcloud.com/ujust

https://www.amazon.com/xx/dp/B07TW9F3RF

https://onerpm.com/disco/album?album_number=1273258138

Bizibeize:

Bizibeize é nativa de Florianópolis e faz um som ao melhor estilo do hardcore/punk. A banda surgiu em 2013 e é formada atualmente por Vitor Graf (guitarra e voz), Yuri Oliveira (baixo) e Gustavo Borges (bateria).

Sempre mantendo-se fiel às bandas e aos amigos que os influenciaram, a banda flutua entre o Grunge, Skate, Punk, Surf e Hardcore, dando origem à um som autoral único. Com repertório todo em português, as músicas falam sobre as revoltas e devaneios da vida cotidiana.

A banda já tocou em diversas cidades brasileiras com grandes nomes do cenário nacional como Dead Fish, Sugar Kane, Surra, Pense, Bullet Bane e Garage Fuzz. Sua primeira turnê em 2018, passando por cidades como Santa Catarina e Paraná. Honrando o espírito do “faça você mesmo”, a turnê toda foi organizada pela própria banda.

Em 2019, passaram a fazer parte do selo musical Dinamite Records e gravaram 2 singles – 100% Nem Aí e Você Só Vive Uma Vez – gravados e produzidos por Hique d’Avila no HD Music e lançadas em fita K7 e nas plataformas digitais. No mesmo ano, gravaram um videoclipe, produzido pelo Renan Casarin (08/80 – Mudness), da música 100% Nem Aí.

O ano de 2020 iniciou cheio de musicas novas, novos planos e a ênfase na produção do primeiro Full Álbum – ainda sem nome – reforçando uma maturidade e a busca por novas linhas sonoras, sem perder a essência característica da banda.

Redes Sociais:

https://open.spotify.com/artist/0MYFR6Z7vj90VDIYOkP0mo?si=xZgE0r waTnKWn3kFGcEpkg


https://bizibeize.bandcamp.com

https://www.instagram.com/bizibeize

https://www.youtube.com/user/bizibeize


Retromorcego:

Florianópolis - uma ilha no Atlântico Sul brasileiro onde todos os invernos do final da década de 1990, pinguins mortos enchiam suas praias paradisíacas. Os invernos foram trazidos pelos ventos antárticos e os filhos de um patologista sentiram frio. A casa cheirava a formaldeído. O irmão mais velho, Kabessa Lopes de Souza (baterista), nascido no Dia dos Mortos de 78 e o irmão mais novo, Koostella Lopes de Souza (guitarrista e vocalista), nascido no Halloween de 79, tiveram a ideia de nomear a sua nova banda “Os Lopes de Souza”. Grunge cantado em português.

Com o tempo eles incorporaram mais duas almas à banda, Frankito Lopes de Souza (no baixo) e Courtney Lopes (na guitarra), completando o quarteto que faria uma turnê pela Suíça no ano de 2020. Parecia uma ótima ideia, afinal Koostella viveu na Basiléia por pelo menos alguns anos. Porém, as pessoas dizem que em algum lugar alguém decidiu comer um morcego. Foi então que uma maldição despertou. Nuvens negras cobriram o planeta e todos os sonhos se tornaram pesadelos. Tudo que era verdade tornou-se mentira e tudo que era mentira tornou-se verdade. Milhares de pessoas morreram e os vivos cobriram os seus rostos. Koostella agora estava sozinho. Sua banda não pode ir a lugar nenhum até que a maldição acabe.

Então, um dia Koostella tirou a máscara e tossiu na cara de dois amigos, que foram infectados imediatamente. Oli Garcia no baixo e Noé Herrmann na bateria.

Retromorcego nasceu.


Redes Sociais:

https://www.facebook.com/pages/category/Musician-Band/Retromorcego-106611837865562/

https://retromorcego.bandcamp.com/releases

https://www.instagram.com/koostella/

The Shorts:

The Shorts é uma banda curitibana formada pelas musicistas Natasha Durski (voz e sintetizadores), Andreza Michel (baixo e backing vocal) e Babi Age (bateria), tendo na atual formação Daniel Kaplan na guitarra. A sonoridade evocada pela banda mistura elementos do rock alternativo, shoegaze, ambiências etéreas e noise, adicionando a tudo isso um vocal ao mesmo tempo potente e suave, que dá o tom sensual e hipnótico da banda. Considerada pela mídia especializada como uma das grandes revelações da música curitibana atual, a The Shorts floresce em shows enérgicos, que se tornaram marca registrada do grupo.


Sidan Rogozinski:

Músico DIY e radialista da cidade de Campinas - SP. Depois de ter formado três bandas de Rock na cidade de Sorocaba parte agora para uma incursão mais profunda no projeto Madrepérola onde funde rock, trip hop e influências acústicas. O foco está na produção autoral e na personalidade colocada em cada composição, além do talento arrebatador e na inventividade que Sidan possui quando está munido de um violão ou de uma guitarra. Sua voz potente e hipnótica também é um  grande destaque.


Redes Sociais:




ZoidZ:

Para sobrevivermos à rotina numa ssociedade em convulsão, ZoidZ abre a sua válvula de escape com um rock agressivo que mistura influências urbanas, melodias simples e ruídos dissonantes.

A banda avança com seu rock autoral com letras em português fazendo uma crônica aguda da vida. A inspiração está no dia a dia: ansiedade, desigualdade, obsolescência, corrupção, desilusão, prazer, sarcasmo, ironia – expressando as dores do mundo em alto volume e dizendo o que precisa ser dito, mas nem sempre queremos ouvir.

O show performático faz despertar o público do sonambulismo diário. No palco, Braga (baixo), Gobo (vocal), Dudz (bateria) e Muri (guitarra) fazem rock paulêra e se expressam de maneira visceral, como se não houvesse amanhã. As emoções explodem despejando distorção, pulsação bruta e provocação explícita, com tudo que a amoralidade da noite permitir.


The Edwoods:

The Edwoods é um duo paulistano de primitive rock, formado no final de 2018. As músicas trazem a batida tribal e o vocal grave de Andy Edwood e a guitarra seca e direta de Eron Edwood. As influências passam pela sonoridade de bandas como: The Cramps, The Gories, Stray Cats, The Stooges e é óbvio, pelos filmes do cineasta rei da cultura trash, Ed Wood.

A banda lançou em maio de 2020 seu EP de estreia, DRAG RACER, no formato de vinil 7' pelo selo Rubber Octopus Records. O EP é composto por 4 músicas e já está disponível nas principais plataformas de streaming.

The Edwoods, uma banda imperdível para os fãs da cultura trash!


Redes Sociais:

https://www.instagram.com/theedwoods/

https://edwoods.bandcamp.com/

https://www.facebook.com/edwoodsband/

https://www.youtube.com/channel/UCU_kcxa8kdFbYOhUFkegBlw

 

Menagé:

Menage é um power trio de Florianópolis que faz um garage-rock-grunge em shows  bastante enérgicos com duas meninas dominando os palcos, Michelle Mendez e Mariel Maciel, lideradas pela voz de Bruno Goulart.


Redes Sociais:

https://www.instagram.com/menagerock/

https://www.facebook.com/menagerock/

https://www.youtube.com/channel/UCWVntu-ph3PG6EmC9yKwa2A

Antonio Rock:

Antonio Rock é um projeto musical de autoria de Antonio Alves. Ao longo de suas aventuras musicais, Alves lançou dois álbuns e um videoclipe. O primeiro álbum chama-se "Profecias e Delírios", e foi gravado com a banda Outro Lado. O segundo chama-se "Lá fora". Em ambos, Antonio tocou guitarra e compôs todas as músicas sozinho.

O lançamento de estreia abriu as portas para que Antonio realizasse alguns shows na região de Palotina, na qual o artista reside. Nesse período, além das apresentações em cima dos palcos, fez shows acústicos em bares locais.

Suas principais influências sonoras para a produção dos dois álbuns foram, Raul Seixas, The Doors, Júpiter Maçã e Bob Dylan. Também recebeu alguma influência de filósofos que lia na época em que os compôs, como Platão e Nietzsche.


Redes Sociais:



domingo, 22 de novembro de 2020

LED ZEPPELIN É MELHOR DO QUE THE BEATLES?

Por: Juliana Vannucchi

É injusto falar na história do rock sem citar o Led Zeppelin, que é um dos representantes mais aclamados desse gênero musical. Para muitos, em diversos aspectos, eles foram até mesmo superiores aos Beatles. Será? De fato, quando o quarteto de Liverpool saiu de cena no início dos anos setenta, o Zeppelin (e também os Stones) ganharam mais espaço no universo musical. Enfim, é difícil responder a essa pergunta, mas não é nenhum absurdo dizer que o Led Zeppelin é a melhor banda do mundo. De qualquer maneira, certamente, ao menos uma vez na vida, você já se emocionou com as doces e profundas melodias de “Starway to Heaven” ou chacoalhou a cabeça ao som de hits como “Black Dog”, “Immigrant Song” ou “Good Times Bad Times”.

A carreira do Zeppelin teve como embrião os The Yardbirds, banda da qual Jimmy Page participou durante um período. Quando ele deixou o grupo, o Zeppelin surgiu. Nos primórdios da carreira, os membros da banda, por vezes, eram motivo de risada devido aos seus trajes e cabelos. Houve até mesmo dificuldade para que fossem atendidos em restaurantes! Mas isso se tornou memória de estrada, pois em pouco tempo, de certa forma, eles conquistaram o mundo todo.

As histórias e considerações sobre a banda não se esgotam: existem inúmeros livros e incontáveis revistas, textos e documentários sobre o grupo. Há muito o que se contar e há muito para se conhecer e desvendar em relação ao Zeppelin. Hoje, o Fanzine Brasil se propõe a apresentar alguns fatos marcantes de cada um dos membros desse incrível quarteto musical, para que o leitor possa conhecer (e se encantar) com a banda. Então, ligue o som, aumente o volume, e vamos lá...

O Led Zeppelin é uma das bandas mais geniais da história

O ETERNO JOHN BONHAM - OU “A BESTA PERCUSSIONISTA”:

Vale a pena falar especialmente de John Bonham. Ele foi um exímio baterista cujo nome se consagrou ao longo do tempo através do som eletrizante pelo qual conduzia seu instrumento. Além de sua qualificação técnica, ele tinha comportamentos marcantes e um tanto inusitados, como arremessar suas baquetas para longe no final dos shows e começar a tocar um solo com as mãos até elas sangrarem.

Dentre todos os membros do grupo, Bonham sempre foi o mais polêmico. Chegou a ser preso na França após destruir um hotel e, nessa época, recebeu o apelido de “la bête”, cuja tradução é “a besta”. Ele não parou por aí: certa vez, empurrou George Harrison numa piscina... e isso não pegou bem! Apesar de todos os episódios de caos e excessos, Bonham era uma pessoa carismática e amada pela banda e por sua família. Ele faleceu em 1979, depois de se deitar após ter ingerido alguns drinks. Foi um momento trágico na carreira da banda, que perdia um dos gênios do quarteto.

ROBERT PLANT JÁ APOIOU NELSON MANDELA:

Em 2005, após lançar seu segundo álbum acompanhado pelo The Strange Sensation, Robert Plant realizou um show na Noruega que foi especialmente dedicado a Nelson Mandela, com o objetivo de arrecadar fundos para combater a AIDS. Ele não foi o único músico famoso a participar desse evento, Peter Gabriel também marcou presença.

JOHN PAUL JONES DIVIDIU O PALCO COM DAVE GROHL:

Jones sempre foi o membro mais discreto e menos polêmico do Led Zeppelin. Mas assim como os outros integrantes da banda, foi notavelmente genial e muito produtivo ao longo de sua carreira musical.

Em 2008, subiu ao palco com Dave Grohl, do Foo Fighters e, curiosamente, desempenhou o papel de maestro de uma orquestra que estava presente para acompanhar a música que a banda apresentaria. Um momento ilustre para a história do rock and roll. Ele também já tocou ao lado de Lenny Kravitz, já contribuiu com um álbum de Peter Gabriel e fez alguns arranjos para o clássico “Automatic”, do R.E.M, além de abrir um show para o King Crimson.

Jones chegou a customizar um instrumento de cordas, feito com três braços, que o possibilitou explorar caminhos sonoros bem diversos.

JIMMY PAGE, O BRUXO DA GUITARRA:

Page ficou muito famoso pela inventividade com que tocava guitarra e pelos riffs magníficos aos quais deu vida. Ele usava, por exemplo, um arco de violino para tocar seu instrumento. Além de seu talento, a carreira de Page foi marcada pelos incontáveis relacionamentos (incluindo um que manteve com uma garota de 14 anos), abuso de entorpecentes - que para ele faziam parte da magia da banda e do processo criativo -, e também pelo forte interesse que o músico nutria pelo ocultismo.

Page tinha 13 anos quando ganhou sua primeira guitarra. Aos 14, apareceu na televisão num show de calouros. Pouco tempo depois, ainda na adolescência, começou a tocar guitarra profissionalmente com Neil Christian and the Crusaders.

Ele é considerado um dos guitarristas mais influentes de todos os tempos. Johnny Ramone chegou a descrevê-lo como “o maior guitarrista de todos os tempos” e revelou que Page foi uma de suas maiores inspirações. É de se pensar que talvez os Ramones nem ao menos existissem, se não fosse pela trajetória brilhante do guitarrista do Zeppelin.

Referências bibliográficas:


HILL, Tim; GAUNTLETT, Alison; THOMAS, Gareth; BENN, Jane. Led Zeppelin: A História Ilustrada. São Paulo: Editora Escala, 2010.

FERRI, René. Led Zeppelin. São Paulo: Editora Escala. Coleção: Metal Massacre.

 

 


sábado, 7 de novembro de 2020

O REI LAGARTO E A CELEBRAÇÃO DA LIBERDADE

 Por: Juliana Vannucchi (colaboração de Antonio Alves)

A figura de Jim Morrison se eternizou ao longo do tempo. Pelas mais variadas razões, o vocalista do The Doors continua fascinando pessoas em todo o mundo. Há muitas faces do legado para serem investigadas e apreciadas. Uma delas, que serve de parâmetro para esse texto, é a conexão entre a sociedade e a liberdade. 

Jim Morrison considerava que desde o nascimento o indivíduo assume no mundo o papel de um ator que se encontra acorrentado das mais diversas formas. Isso faz com que o sujeito perca sua identidade natural, deixando de viver a existência de uma maneira íntegra. Nesse cenário, as instituições arquitetam amarras e há uma forte tendência de que qualquer pessoa caia nelas como uma presa cai numa teia de aranha. É por isso que Morrison dizia que a sociedade de seu tempo estava enferma e que ela, de maneira alguma, prezava pela liberdade do sujeito. Ao contrário: pretendia fazer uma lavagem cerebral em cada cidadão. Apesar dessas circunstâncias, há uma escapatória, é possível se afastar e se libertar das amarras que tanto nos perseguem. Mas em que sentido essa ruptura poderia ser conquistada? E em que consiste a liberdade? De acordo com Jim Morrison:

“Existem diversos tipos de liberdade, como também milhares de abordagens sobre o assunto… A espécie mais importante de liberdade é aquela que lhe assegura o direito de ser o que realmente é. Seu desempenho na realidade sempre se efetua por meio de um papel a ser representado. Você descarta sua capacidade de sentir e, na verdade, coloca uma máscara. Não se pode efetuar uma revolução em larga escala se não houver primeiramente uma pessoal, individual. A revolução tem de eclodir primeiramente dentro (...) O aprisionamento inicia-se com o nascimento. A sociedade e os pais coíbem a liberdade que nasceu com você. Você observa pessoas que destruíram sua verdadeira natureza. Você imita o que vê”. (p. 76-77). Entrevista concedida à Lizze James (1967).

(...) Suas apresentações catárticas e teatrais certamente possuíam uma aura espiritual, selvagem, misteriosa.
 

Ainda segundo o vocalista do The Doors, a liberdade não pode ser concebida pelos outros, pois isso significaria dependência e, talvez, de alguma maneira, até mesmo condicionamento. Nesse sentido, é válido citar um trecho certa vez escrito por Nietzsche: “Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.Onde leva? Não perguntes, segue-o!

Contudo, é possível que haja um médium capaz de cooperar para que alguém possa se libertar de sua prisão: “Torna-te quem tu és”, escreveu Nietzsche. Compreenda-se: assuma-se em sua plenitude. Justamente por isso, assemelhando-se ao combativo filósofo alemão, Morrison, na mesma entrevista acima mencionada, declarou: “(...) apenas podemos abrir portas - não podemos arrastar as pessoas por elas adentro”. (p.79). Jim propunha, assim, uma ruptura que possibilitasse a um determinado sujeito a construção efetiva de sua própria autonomia. O frontman do The Doors não pretendia doutrinar, não queria ser modelo para ninguém. Sua intenção era apenas que o sujeito se reconstruisse por si mesmo. Seus esforços eram direcionados para mostrar isso, ou seja, ele convidava os ouvintes a romper suas correntes, mas sem forçá-los a nada e muito menos sem fazer isso pelas pessoas. Ele próprio chegou a declarar que não era um salvador, mas apenas um canal.

Mircea Eliade, em seu livro “Mito e Realidade”, escreve que nas antigas civilizações gregas e hindus havia uma tradição segundo a qual o Criador colocava um mestre no caminho do ser humano, para que este pudesse, com o apoio de seu guia, livrar-se da ignorância mundana. Seria esse o papel de Jim Morrison? Suas apresentações catárticas e teatrais certamente possuíam uma aura espiritual, selvagem, misteriosa... ou... dionisíaca. Talvez por trás de toda essa construção estética houvesse uma tentativa de revelação do caminho, de descortinamento da ilusão.

Morrison era um provocador. Um símbolo de delírio e um músico que, de uma maneira ou de outra, buscava tirar as pessoas de sua zona de conforto, um desses espíritos que não veio ao mundo para brincadeira e que, inclusive, confunde-se com sua obra. Morrison foi inteiramente irreverência e coragem para contestar o seu tempo, uma certa potência escolhendo a todo momento enfrentar o mundo, talvez não necessariamente por indignação com o mundo em si, mas indignação com a sua própria existência nele. 

Para finalizar, trazemos uma curiosidade: no poema “The celebration of the lizard” ("A celebração do lagarto"), Morrison escreveu: “Eu sou o rei lagarto. Eu posso tudo” (posteriormente, transformou tais dizeres em canto). Tão famoso era seu fascínio por répteis e pelo xamanismo que foi intitulado “Lizard King”, o Rei Lagarto. No ano de 2013, uma equipe de paleontólogos encontrou uma nova espécie de lagarto fóssil que, em homenagem a Jim Morrison, recebeu o nome científico de barbaturex morrisoni.


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

THE FUTURE OF MUSIC, PANDEMIC, TRAVEL TO BRAZIL AND THE GUITAR COLLECTION: A TALK WITH JAMIE PERRETT

 By: Juliana Vannucchi (support: Marinho)

This time our interviewee is Jamie Perrett, who since 2017 has established himself as the guitarist of the acclaimed musician Peter Perrett, his father, who is one of the greatest myths of British Punk Rock. Jamie already played in bands like Strangefruit, Babyshambles and Love Minus Zero and already played in some of the major stages of Europe. Jamie has built a continuous and commendable musical career, and is steadily establishing himself as a talented and promising musician.

1. Jamie, you told to me that you've been to Brazil some years ago. What were your impressions about the country? What did you like the most here? 

I went to Rio in November 2014.  It had always been a lifelong dream of mine. And it didn’t disappoint. It was something I will never forget. I was only sad that I didn’t get to stay longer and explore more parts of the country.

The beaches are particularly beautiful. And all the juice bars (with delicious exotic fruit) dotted around on every street corner. I particularly loved the vibrant and intoxicating Lapa – a sensory overload - with the sound of thunderous drums dancing through the night and juxtaposed in a stone’s throw away, by the tranquility and bohemia of hilltop Santa Teresa. With it’s pastel colours and hippy cafes. I travelled around by myself and was humbled by how friendly everyone I encountered was. The people, for me, are what usually make a place and I met some lovely and fun people there - People who had a thirst and hunger for life.

2. Unfortunately, now Brazil is going through a very difficult moment, but maybe someday you can play here... we hope that Bolsonaro doesn’t destroy the country until then...

I really hope so. I feel like I have more of a South American soul than an English one! I’ve heard the audiences over there are pretty amazing. Unfortunately it’s pretty expensive to get over to that part of the world though. And I’m guessing you would need visas too. Hopefully one day soon!

It’s very sad that tyrannical and maniacal despots, for profit and greed, run the majority of the world.  Capitalism (for me) doesn’t seem to be working very well.  Lol. It really does feel like society is on the tipping point. There’s so much more frustration and anger and the division between the left and the right is growing rapidly. The prevalence of social media and addiction to smart phones just helps create a world of angry, self important and entitled automatons. Screaming at each other.

"It’s been a strange and crazy time for everyone but the lack of live music has been really hard for lots of people".

3. Please tell us a little about your music career. Did you learn to play guitar with your father? Besides him, who are your favorite guitarists?

At the age of 11 my dad taught me a few chords, which was a great start. My dad is more of a rhythm player though and once I heard Hendrix I always wanted to play lead.  

I started a band with my older brother Peter J, called The Cu*ts (‘cos that’s what our dad used to call us) around the time when Brit Pop was still going strong. We were being offered record deals when we 12 years old but our parents advised us against signing anything as they were worried we’d be seen as a novelty act. Later on in 2004 we (Peter J and I) joined Peter Doherty’s band Babyshambles for a short stint. It became too difficult to hold one’s breath for 7-hour journeys continuously on the road so we soon departed.  

In 2005, I fronted my own band with my brother called Love Minus Zero. Which was hilariously fun. Although it was never going to last that long. As it was incredibly dysfunctional, incendiary and we hated each other! We released one E.P called ‘Psychobaby’ and dissipated soon afterwards.  In 2008 I formed a band with Jenny Maxwell, an incredible singer; who I heard singing at a house party - called Strangefruit. We released an E.P titled “Between The Earth And Sea” which garnered radio and press attention that resulted in us being offered a publishing deal with Rondor (a Universal Music Group).

From 2015 I started playing with my father, playing guitar on his 2 comeback albums “How The West Was Won” and “Humanworld” which were both released on Domino Records. The latter for which I earned a production credit.
 
As for guitarists, I don’t tend to listen to many guitarists to study them. I’m always more interested in songs, lyrics and melody. But I love guitarists who have an identity that you can just hear a few notes of their playing and know who it is.  My favourites would be: Jimi Hendrix for taking the art of guitar playing to a new level, Peter Green for his tone and emotion. Richard Thompson for his modal improvisations, Neil Young and John Fogerty for their lyricism and phrasing (you can really tell they’re singers)

4. How long have you been playing with Peter? Did you always wanted to be a musician?

I have always played with my father on and off for years, but only since 2015 have we been in a band together. When I first picked up a guitar there was both magic and fire in my hands. I didn’t know how to play but I felt like a young wizard holding his first wand, I was mesmerised and it felt very much like my destiny. I guess it was the most natural thing to me really.

Peter Perrett and Jamie Perrett

5. What was the most memorable gig you've ever done? 

For the wrong reasons: One of the 1st gigs I played was as one of the guitarists with Peter Doherty’s Babyshambles. It was up in Stoke On Trent. And within ten minutes of us playing, the gig ended up in a riot. People were going crazy, tearing up the venue, the audience came onstage and stole our equipment –“fans” were running down the streets with snare drums and guitar pedals in their hands. Like they were some sorts of trophies.

Members of the entourage thought it was “rock n roll” I just thought it was pretty sad we only played for 10 minutes. And got the majority of our gear stolen.

And for the right reasons: my recent solo show in Leon, Spain. It felt pretty emotional to be back on a stage and in this current climate. It was a socially distanced show, with only a small number of people. But I ended up playing for 1hr 45mins, destroying cover version after cover version. Haha.

6. Have you ever thought about producing a solo album? Do you write lyrics? 

Yeah. That’s what I enjoy most really- writing my own songs and singing and producing them. I’ve been recording some songs for an album but then in that time I’ve written another 10 songs, which I want to get down. Yeah I write lyrics. I’ve been interested in writing since I was at school. Sometimes with songs, you might think of a title or a couplet that will inspire the direction and lyrical content on the song or most often I tend to write melodies 1st and think of lyrics later.

7. Well, I’m sure some guitarists will read this interview, so I would like to know what model of guitar you currently use. And what are your favorite pedal models? You must have a great collection of guitars...

I finally managed to get hold of my dream guitar after years and years of saving, a 1962 pre CBS Fender Stratocaster, refinished in fiesta red. It is the 1st guitar I’ve bought. The other guitar I play is a 1970 Gibson 345 which was handed down to me from my father. Thanks dad! As for pedals, I like some Electro Harmonix pedals. The Memory Boy, Ravish Sitar and Mel 9 are all pretty fun. I also particularly like Roger Mayer’s (Jimi Hendrix’s guitar technician) Voodoo Vibe. For recording, I like to push the valves in my 90’s Fender Pro Junior and Vibro King amps for overdrive tones. I also use a 1960’s Germanium Arbiter Fuzz Face, an Ibanez Tubescreamer and rare 1970’s fuzz, which I won’t disclose. I also use various 1960’s and 1970’s tape echo machines. 

8. Can you give some advice to people who are starting to learn to play the guitar? People like me...

Just keep playing, try and play a little every day, and enjoy it. Don’t try and start with things that are too difficult. Put dedicated time aside without distractions.

9. You played Léon last month, right? How was the experience of playing in the “new normal” way? How did people react?

It was a truly heart warming show. It’s been a strange and crazy time for everyone but the lack of live music has been really hard for lots of people. I think the people who came were really happy to see live music again.

10. Do you feel satisfied playing this way? Do you think these new experiences will be as good as they were before the pandemic? Probably better to play like this way, than not to play... 

It’s very different, but I enjoyed playing in this way. In some ways the audience were more appreciative and receptive. Of course its great to play to packed out venues but for the venues particularly it is difficult to make sure shows happen in this new way. As they struggle to cover their costs. I think anything is better than nothing at this stage. It would be great if our governments supported the creative industries more considering how much money it brings in.

11.What is your opinion on the drive-in gigs? I think it will be excellent to the elite, that always gave advantage to enjoy the art and the culture - at least here in Brazil it will be like this. Who does not drive, who can not have a car and who is poor will not have access...

Interesting although the idea of watching a show whilst sat in a car doesn’t really appeal to me. Plus I don’t drive. So….

12. You recently posted on Facebook that you were mixing some tracks and working on a lot of new things. Can you tell us a little more about it? 

I’ve finally gotten around to recording some of my own tracks. And I’ve got 9 songs recorded and mixed. I’m hoping to get them released at some point at the beginning of the year. Unfortunately the music industry is in a strange place at the moment. And although it’s super easy to self-release online, the lack of a creative live outlet is something that is unsettling. 

Hopefully there will be some clarity and a renewed optimism that comes with the start of a new year and there be some light at the end of a bleak horizon. It’s been a humbling and surreal few months but we just need to keep on keeping on. It’s the only option, to keep moving. Otherwise your brain and body shut down. A lot of musicians and creatives may feel like their voices are muted and blunted but once we emerge from this, there will be a strong appetite for new music and art. Which is something that helps me stay optimistic.



sábado, 31 de outubro de 2020

MÚSICA E MAGIA: CONHEÇA A GENIALIDADE DE JAZ COLEMAN

 Por: Juliana Vannucchi

JAZ COLEMAN NASCEU MORTO? 

Convenhamos: o Killing Joke foi um dos grupos mais originais e fascinantes dos anos oitenta. Sua história não se encerrou nessa época, mas esse período foi o apogeu do grupo. A maior parte das pessoas que aprecia o rock oitentista ou que gosta do vasto universo pós-punk certamente tem pelo menos um disco do Killing Joke dentre os seus favoritos – ou, no mínimo, uma música da banda no setlist das preferidas. Neste texto, conheceremos um pouco sobre a história do vocalista desse louvável grupo e veremos quais foram algumas inspirações que o levaram a dar vida ao Killing Joke. 

Jeremy Coleman nasceu na Inglaterra, no ano de 1960. Ele veio ao mundo com o cordão umbilical enrolado em torno de seu pescoço. De acordo com o próprio vocalista, ele “nasceu morto”, mas “para a tristeza de seus inimigos, sobreviveu”. Mal se sabia, naquele instante, que o frágil nenê, nascido sob circunstâncias tão estranhas, acabaria se transformando num multi-instrumentista aclamado e lideraria uma banda histórica...

Apesar dessa peculiaridade em torno de seu nascimento, ele cresceu com boa saúde e durante a infância teve contanto com ninguém mais ninguém menos que o célebre Brian Jones, do Rolling Stones. Apesar disso, Jaz já confessou que antes dos quatorze anos, o Rock And Roll simplesmente não era um gênero musical que fazia parte da sua vida. Mas é claro que com o passar do tempo isso mudou. Na adolescência, depois de fumar seu primeiro cigarro de maconha, surgiu a ideia de formar uma banda. E como seria possível colocar esse plano em prática? Com quem ele poderia contar?

Os primeiros passos do Killing Joke foram dados quando Coleman conheceu Paul Ferguson, baterista e cofundador do grupo. A partir de então, começou a se solidificar um projeto musical esteticamente místico e com um pano de fundo notavelmente intelectual. Segundo o próprio Jaz, ambos liam muito nesse período, e os dois também nutriam um forte e especial interesse por ocultismo e magia. Ainda de acordo com o vocalista, eles estavam predestinados a se encontrar e preparados para formar uma banda revolucionária e que possui uma missão sagrada neste planeta!

De acordo com Coleman, a humanidade está cada vez mais familiarizada com universos paralelos

OCULTISMO, DEUS E MUNDOS PARALELOS: 

Ao longo do tempo, o trabalho de Jaz Coleman no Killing Joke evidenciou o apreço e o conhecimento do músico por temas como ocultismo e magia. Acima já foi citado que, de fato, de acordo com uma menção do próprio vocalista, a banda recebeu influência desses dois universos. Seu envolvimento com forças do além foi crucial para a consolidação de toda a sua vida artística.

Coleman já declarou que acredita na existência do divino, mas que isso não quer dizer que ele crê no conceito tradicional judaico-cristão de um deus intervencionista. Na mesma entrevista em que fez essa declaração, também citou os universos paralelos com os quais a humanidade está cada vez mais familiarizada. O músico também afirmou que nossa concepção acerca do que é o tempo provavelmente será dissolvida em breve. Essas reflexões mostram o quanto Coleman tem a mente aberta para possibilidades metafísicas e questões que estão além dos limites do plano físico.

O vocalista do Killing Joke também já declarou que, embora possa parecer algo insano, ele se lembra de sua encarnação anterior: “Lembro que morei na França e fui guilhotinado. E quando criança eu costumava construir muitas guilhotinas e meus pais nunca conseguiam entender o porquê. Mas em minha encarnação anterior, conheci muitas pessoas que ocupavam cargos importantes no governo francês. Minha primeira esposa se lembrava de mim dessa época, quando tudo começou a fazer sentido. Como parte do meu DNA é do Oriente, as ideias sobre reencarnação são muito normais para mim. E, claro, mais tarde fui nomeado cavaleiro pelos franceses [Jaz foi premiado com o Chevalier des Arts et des Lettres em 2010] de modo que me senti voltando para casa”.

Além disso, ele já revelou que desde o início da adolescência teve conhecimento da bruxaria, fato que acabou por impulsioná-lo para o universo musical: “Bem, a segunda coisa que realmente me afetou profundamente foi o ritual. Minha mãe me mostrou um monte de bruxas fazendo suas cerimônias e explicou que era normal, que era a velha religião do país. Então, quando eu vi as cerimônias cristãs, percebi que as cerimônias eram parte de minhas encarnações anteriores e definitivamente parte do meu futuro. E foi aí que tudo começou a fazer sentido para mim, musicalmente. Dos sete aos treze anos, entreguei-me às tradições da música coral inglesa, que me serviu bem até hoje”.

Coleman é um artista brilhante e o Killing Joke é uma banda extraordinária

O DESAPARECIMENTO DE COLEMAN:

Em meados de 2012, Jaz Coleman fez uma declaração polêmica no Facebook, anunciando com entusiasmo o cancelamento de um show que o Killing Joke faria ao lado de duas grandes bandas, o The Mission e do The Cult, grupos que não pareciam atrair o frontman do KJ. 

Pouco tempo depois disso, Coleman desapareceu. A mídia divulgou a informação sobre seu sumiço, mas não demorou muito para que ele próprio, através de sua conta no Facebook, declarasse que estava bem, vivendo, segundo ele, uma “existência nômade” no Saara Ocidental, para finalizar um álbum solo e um livro.

MISSÃO SAGRADA! 

Em termos gerais, a vasta discografia do Killing Joke é encantadora, embora alguns álbuns possam ser difíceis de ser digeridos, devido ao excesso de experimentalismo e de ruídos. Os discos dos anos oitenta foram os mais aclamados, e essa década foi o período de maior sucesso comercial e público do grupo. Creio que as quatro primeiras produções talvez sejam as melhores e destaco aqui o “Whats This For..!” e o “Fire Dances”, que são álbuns bem sublimes. Nesse contexto discográfico, um fato curioso e válido de menção é que nos anos noventa o Killing Joke conseguiu a proeza de gravar um disco cujos vocais de algumas faixas foram gravados dentro da Pirâmide de Gizé – sim, isso mesmo. O referido álbum chama-se “Pandemonium”. Esse fato, com certeza, foi um marco na história da banda e também de todo o rock!

Coleman, no decorrer de sua trajetória artística, já teve sua própria gravadora e também já escreveu um livro. Além da esfera cultural, possui engajamento socioambiental e, inclusive, já investiu na criação de duas ecovilas, no Pacífico Sul e no Chile. 

Por fim, Coleman é um artista brilhante e o Killing Joke é uma banda extraordinária. Não apenas teve a magia como fonte de inspiração, mas se tornou ela mesma, uma verdadeira obra mágica, capaz de enfeitiçar o ouvinte e o elevar a um estado metafísico diferente do estado natural de vigília. Não é difícil perceber que uma vibração poderosa paira por trás das canções da banda. E isso é ótimo. Na verdade, a música, por si só, já é sempre uma espécie de magia - os entendedores entenderão.

Referências:

https://www.kerrang.com/features/jaz-coleman-when-killing-joke-really-lock-in-theres-this-strange-energy-between-us-all-and-it-was-born-in-magic/

https://www.google.com.br/amp/s/amp.theguardian.com/music/2012/aug/13/killing-joke-jaz-coleman-resurfaces

https://www.google.com.br/amp/s/amp.theguardian.com/music/2012/aug/01/killing-joke-jaz-coleman-missing

https://www.loudersound.com/features/jaz-coleman-revolution-is-the-only-way-well-save-the-human-race

https://www.loudersound.com/features/jaz-coleman-revolution-is-the-only-way-well-save-the-human-race

https://rollingstone.uol.com.br/noticia/lider-do-killing-joke-jaz-coleman-diz-que-poderia-ter-salvo-heath-ledger/

https://www.kerrang.com/features/jaz-coleman-when-killing-joke-really-lock-in-theres-this-strange-energy-between-us-all-and-it-was-born-in-magic/

https://en.wikipedia.org/wiki/Jaz_Coleman


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

O FUTURO DA MÚSICA, PANDEMIA, VIAGEM AO BRASIL E COLEÇÃO DE GUITARRAS: UM PAPO INÉDITO COM JAMIE PERRETT

 Por: Vannucchi (apoio: Marinho)

O entrevistado da vez é Jamie Perrett, que desde 2017 se firmou como guitarrista do aclamado músico Peter Perrett, seu pai, que é um dos maiores mitos do Punk Rock britânico e mundial. Com passagens pelas bandas Strangefruit, Babyshambles e Love Minus Zero e tendo subido em grandes palcos da Europa, o experiente Jamie tem construído uma carreira musical sólida e elogiável, e se firma cada vez mais como um músico talentoso e promissor.

1. Jamie, você veio para o Brasil há alguns anos atrás. Quais foram suas impressões sobre o país? O que você mais gostou da sua estadia aqui?

Eu fui ao Rio em novembro de 2014. Ir ao Brasil sempre foi um sonho que eu tive e a viagem não foi decepcionante. Só fiquei triste por não ter tido mais tempo para explorar outras partes do país.

As praias são particularmente bonitas. E também gostei das casas de sucos (com deliciosas frutas exóticas) espalhadas em cada esquina. Adorei particularmente a vibrante e inebriante Lapa - é uma sobrecarga sensorial – marcada pelo som de tambores estrondosos e de pessoas dançando noite adentro, com a tranquilidade e boêmia do topo do morro de Santa Teresa, traçada por suas cores pastel e cafés hippies. Viajei sozinho e fiquei emocionado ao ver como todas as pessoas que encontrei foram amigáveis. As pessoas, para mim, são o que normalmente fazem um lugar e eu conheci algumas pessoas amáveis e divertidas aí - pessoas que tinham sede e fome de vida.

2. Infelizmente, o Brasil está atravessando um momento muito difícil atualmente, mas talvez um dia você possa vir tocar aqui. Esperamos que até lá o Bolsonaro não destrua o país...

Eu realmente espero que sim. Eu sinto que tenho uma alma mais sul-americana do que inglesa! Ouvi dizer que o público daí é incrível. Infelizmente, é muito caro ir para essa parte do mundo. E acho que eu também precisaria de vistos. Espero que um dia de certo! 

É muito triste que déspotas tirânicos e maníacos por lucro e ganância, governem a maior parte do mundo. O capitalismo (para mim) não parece estar funcionando muito bem (risos). Realmente, parece que a sociedade está no ponto de inflexão. Há muito mais frustração e raiva e a divisão entre a esquerda e a direita está crescendo rapidamente. A prevalência da mídia social e o vício em smartphones ajudam a criar um mundo de autômatos zangados, presunçosos e cheios de direitos, que estão sempre gritando um com o outro.

"Seria ótimo se nossos governos apoiassem mais as indústrias criativas considerando quanto dinheiro isso traz".

3. Por favor, nos conte um pouco sobre a sua carreira musical. Você aprendeu a tocar guitarra com o seu pai? Além dele, quais são os seus guitarristas favoritos?

Aos 11 anos, meu pai me ensinou alguns acordes, e isso foi um ótimo começo. Meu pai é mais focado em tocar ritmos e, desde que eu ouvi Hendrix, sempre quis tocar solo.

Comecei uma banda com meu irmão mais velho, Peter J, chamada “The Cunts” (porque é como nosso pai costumava nos chamar) na época em que o Pop britânico ainda estava forte. Recebemos ofertas de gravadoras quando tínhamos 12 anos, mas nossos pais nos aconselharam a não assinar nada, pois estavam preocupados porque provavelmente seríamos vistos como uma novidade. Mais tarde, em 2004, nós (Peter J e eu) nos juntamos à banda "Babyshambles", de Peter Doherty, na qual ficamos durante um curto período. Era muito difícil não se sentir ansioso por conta das viagens de 7 horas continuamente na estrada, então logo saímos da banda.

Em 2005, eu liderei minha própria banda com meu irmão chamada “Love Minus Zero”, e foi hilário e divertido, embora esse grupo não fosse durar muito tempo. Era incrivelmente disfuncional, incendiário e nós todos nos odiávamos! Lançamos um E.P chamado ‘Psychobaby’ e nos separamos logo em seguida. Em 2008 formei uma banda com Jenny Maxwell, uma cantora incrível que ouvi cantando em uma festa em casa – a banda chamava-se "Strangefruit". Lançamos um E.P intitulado “Between The Earth And Sea”, que atraiu a atenção do rádio e da imprensa, o que resultou na oferta de um contrato de publicação com o Rondor (um grupo da Universal Music). A partir de 2015, eu comecei a tocar com meu pai, tocando guitarra em seus 2 álbuns de estúdio que marcaram seu retorno à música, o “How The West Was Won” e o“Humanworld”, ambos lançados pela Domino Records, sendo que no último eu tive um crédito pela produção.

Quanto a guitarristas, eu não costumo ouvir muitos guitarristas para estudá-los. Estou sempre mais interessado em músicas, letras e melodias. Mas eu amo guitarristas que têm uma identidade que você pode ouvir apenas algumas notas de sua forma de tocar e já saber quem são. Meus favoritos seriam: Jimi Hendrix, por levar a arte de tocar guitarra a um novo nível, Peter Green por seu tom e emoção, Richard Thompson por suas improvisações modais, Neil Young e John Fogerty devido ao seu lirismo e fraseado (você pode realmente dizer que eles são cantores).

4. Então faz cinco anos que você toca profissionalmente com o Peter? E antes disso? Você sempre quis ser músico?

Eu sempre toquei eventualmente com o meu pai, mas somente em 2015 nós estivemos, de fato, juntos numa banda. Quando eu peguei um violão pela primeira vez, havia magia e fogo em minhas mãos. Eu não sabia tocar, mas me senti como um jovem bruxo segurando sua primeira varinha, fiquei hipnotizado e parecia muito que aquele era meu destino. Acho que foi a coisa mais natural para mim, na verdade.

5. Qual foi o show mais inesquecível que você já fez?


Pelas questões erradas: um dos primeiros shows que fiz foi como um dos guitarristas do "Babyshambles", de Peter Doherty. Foi em Stoke On Trent. E dez minutos depois de tocarmos, o show acabou em tumulto. As pessoas estavam enlouquecendo, destruindo o local e o público subiu no palco e roubou nosso equipamento - “fãs” corriam pelas ruas com caixa de bateria e pedais de guitarra nas mãos, como se essas coisas fossem algum tipo de troféu. Membros da comitiva pensaram que era algo  “Rock n Roll”. Eu achei muito triste que tocamos por apenas 10 minutos. E tivemos a maior parte do nosso equipamento roubados...

E pelas questões certas: meu recente show solo em León, na Espanha. Foi muito emocionante estar de volta ao palco e neste clima atual. Foi um espetáculo caracterizado pelo distanciamento social e que contou com apenas um pequeno número de pessoas. Mas acabei tocando por 1h 45mins, arrasando de cover em cover. Haha.

6. E você pensa em lançar um álbum solo? Costuma escrever letras?


Sim. É o que eu mais gosto de fazer: escrever e produzir minhas próprias canções. Eu tenho gravado algumas músicas para um álbum e, sim, escrevo. Desde a época da escola tenho esse interesse. Às vezes, com as músicas, você pode pensar em um título ou um par de versos que irá inspirar a direção e o conteúdo lírico da música como um todo ou, na maioria das vezes, tendo a escrever as melodias primeiro e pensar nas letras depois.

7. Bem, tenho certeza que alguns guitarristas lerão essa entrevista, então gostaria de perguntar que modelo de guitarra você usa atualmente. E os pedais? Você tem preferência? Você deve ter uma bela coleção na sua casa...

Eu finalmente consegui a guitarra dos meus sonhos depois de anos e anos economizando dinheiro. É uma Fender Stratocaster 1962 pré CBS, restaurada em vermelho. Foi a primeira guitarra que comprei. A outra guitarra que toco é uma Gibson 345 1970 que meu pai passou pra mim. Obrigado, pai! 

Quanto aos pedais, gosto de alguns pedais Electro-Harmonix. O Memory Boy, Ravish Sitar e Mel 9 são todos muito divertidos! Eu também gosto particularmente do Voodoo Vibe de Roger Mayer (técnico de guitarra de Jimi Hendrix). Para gravar, gosto de  ajustar as válvulas dos meus amplificadores Fender Pro Junior e Vibro King dos anos 90 para tons de overdrive. Eu também uso um Germânio Arbiter Fuzz Face dos anos 1960, um Tubescreamer Ibanez e um raro Fuzz dos anos 70, que não irei revelar. Eu também uso várias máquinas de eco de fita das décadas de 1960 e 1970.

Jamie em ação ao lado pai: dois guitarristas monstruosos!

8. Você pode dar alguns conselhos para quem está aprendendo a tocar guitarra? 

Continue tocando, tente tocar um pouquinho todos os dias e divirta-se. Não tente começar com coisas que são muito difíceis. Seja dedicado nesse tempo diário de treino e não se distraia.

9. Você tocou em León no período da pandemia, certo? Como foi a experiência de tocar ao vivo na “nova forma” normal? Como as pessoas reagiram?

Foi um show realmente comovente. Tem sido uma época estranha e maluca para todo mundo, e a falta de música ao vivo tem sido muito difícil para muitas pessoas. Acho que as pessoas que compareceram ficaram muito felizes em ver música ao vivo novamente. 

10. Você se sente satisfeito tocando assim? Acredita que essas novas experiências serão tão boas quanto eram antes da pandemia? Provavelmente melhor tocar desse jeito do que não tocar...

É muito diferente, mas gostei de tocar desse jeito. De certa forma, o público foi mais grato e receptivo. É claro que é ótimo tocar em locais lotados, mas para tais locais em particular, é difícil garantir que os shows aconteçam dessa nova maneira, enquanto eles lutam para cobrir seus custos. Acho que qualquer coisa é melhor do que nada nesta fase. Seria ótimo se nossos governos apoiassem mais as indústrias criativas considerando quanto dinheiro isso traz.

11. Qual a sua opinião sobre os shows drive-in? Acho que vai ser excelente para a elite, que sempre teve vantagem para aproveitar a arte e a cultura - pelo menos aqui no Brasil será assim. Quem não dirige, quem não pode ter carro e quem é pobre não terá acesso...

Interessante, embora a ideia de assistir a um show sentado num carro não me atraia muito. Além disso, eu não dirijo, então…

12. Recentemente, você postou no Facebook que estava mixando algumas faixas e trabalhando em muitas coisas novas. Você pode nos contar um pouco mais sobre isso?

Finalmente consegui gravar algumas das minhas próprias faixas. E eu tenho 9 músicas gravadas e mixadas. Espero lançá-las em algum momento no início do próximo ano. Infelizmente, a indústria da música está numa situação estranha atualmente e, embora seja super fácil de lançar online, a falta de uma válvula de escape criativa ao vivo é algo  perturbador. Esperançosamente, haverá alguma clareza e um otimismo renovado que virá com o início de um novo ano e haverá alguma luz no final de um horizonte sombrio. Foram alguns meses humilhantes e surreais, mas só precisamos continuar. É a única opção para seguir em frente. Caso contrário, seu cérebro e corpo desligam. Muitos músicos e pessoas criativas podem sentir que suas vozes estão abafadas e mitigadas, mas assim que sairmos dessa situação, haverá um grande apetite por novas músicas e para toda a arte, o que é algo que me ajuda a ficar otimista.





TwitterFacebookRSS FeedEmail