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SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

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WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

sexta-feira, 16 de junho de 2023

YOUNG PUNKS WANTED: A HISTÓRIA DE LORA LOGIC POR ELA MESMA

Por Juliana Vannucchi

Lora Logic é um dos nomes mais respeitados da história do punk rock. Ela se eternizou ao lado de Poly Styrene, vocalista da banda X-Ray Spex, na qual Logic tocou saxofone. Tive a honrosa oportunidade de conversar com a Lora e conhecer um pouco melhor sobre sua história. 

O primeiro assunto que surgiu foi o seu passado. Lora lembrou carinhosamente de sua infância, de como a música entrou em sua vida, transformando-a para sempre, e do papel significativo que a mãe teve nesse processo tão marcante: “Tudo começou com a minha mãe. Ela cresceu numa fazenda na Finlândia e por isso nunca teve a oportunidade de aprender algum instrumento ou dedicar tempo à arte. Então, quando ela se mudou da Finlândia para a Inglaterra, quis que eu meu irmão aprendêssemos a tocar instrumentos, pois ela adorava música”. Foi então que por volta dos 5 anos, na escola, Lora começou a ter aulas de violão, violino e piano, mas achou essa rotina entediante e um tanto desestimulante: “Então, disse pra minha mãe que queria mudar e ela propôs clarinete, aulas de canto”. Porém, depois de conhecer as músicas de David Bowie, pelas quais se encantou, passou a se interessar pelo saxofone: “Pensei que meus pais não comprariam porque era caro, mas certo dia, para minha surpresa, voltei da escola e lá estava o mais belo saxofone esperando por mim. Eu simplesmente não acreditei. E comecei a tocar três, quatro, cinco horas por dia. Eu amava o som, tão alto e barulhento e, certamente, os vizinhos não gostavam nada dos barulhos que eu fazia. Tive algumas poucas aulas com um músico que era excelente, embora não fosse um professor tão bom. Eu aprendi mais através da prática”. Inicialmente, foi inspirada por riffs de clássicos do rock, como Chuck Berry e Bil Hayle And The Comets, pelos quais nutria uma enorme admiração. 

Mas, afinal, como Lora migrou de uma adolescente que apreciava esses nomes lendários para o caótico universo punk? Antes de entrar para a banda X-Ray Spex, Lora conta que tinha uma rotina solitária com seu instrumento: “Eu tocava saxofone sozinha no meu quarto, mas houve um momento em que isso começou a ficar meio chato pra mim. Eu queria tocar em alguma banda, embora não soubesse como ou em qual, exatamente. Bowie e T-Rex eram meus heróis na época, e eu pensava que se eles chegaram lá, eu talvez também poderia. Naquele período, se você queria entrar numa banda, mas não conhecia ninguém da área, você procurava algo nos jornais. Foi assim que, um dia, ela encontrou um anúncio intitulado “Young Punks Wanted”. Lora confessou que não sabia do que se tratava a palavra “punk”, nunca tinha ouvido falar a respeito do punk rock: “Na verdade, pensei que poderia ser alguma expressão americana, mas aquilo chamou minha atenção, me prendeu e achei muito interessante. Entrei em contato com o manager, eles disseram que não estavam necessariamente procurando um saxofonista, mas me deram a oportunidade de ir até eles”. 

 

"O público era poderoso, não tirava o olho do palco e ficava vidrado na performance dinâmica da Poly S."
 

Perguntei a Lora qual foi a sensação de se encontrar com Poly pela primeira vez. Sua voz mudou com essa questão, demonstrando afeição e alegria com as memórias resgatadas. No primeiro encontro entre as duas, Lora tinha apenas quinze anos: “Quando a vi pela primeira vez, Poly que abriu a porta para me receber e ela estava vestindo exatamente a mesma coisa que eu (risos). Isso foi realmente incrível! Ela me recebeu e deu uma risadinha. Assim que eu a vi, eu me senti totalmente confortável com ela, era como se nós já nos conhecêssemos há bastante tempo. Havia uma conexão cósmica muito forte entre nós e penso que talvez já nos tenhamos conhecido em vidas passadas. No final das contas, tanto a Poly quanto o mananger gostaram da ideia de uma saxofonista tão jovem na banda”. O resto é história. Lora refletiu sobre a dificuldade que tem para descrever a energia dos primeiros gigs do X-Ray Spex: “Foi algo eletrizante, único e revigorante, pois havia muita química na banda. O público era poderoso, não tirava o olho do palco e ficava vidrado na performance dinâmica da Poly S. Havia uma combinação de elementos que era simplesmente única”. Ela observou também que a plateia era composta por pessoas incríveis, como a Jordan Mooney e Soo Catwoman, por exemplo, e que as pessoas que frequentavam o show se caracterizavam por sua individualidade e pela excentricidade, aspectos esses que faziam com que os gigs fossem ocasiões muito especiais. 

O primeiro single da banda X-Ray Spex, "Oh Bondage Up Yours!" foi lançado em 1977, e o debut, Germ Free Adolescents, em 1978. Lora não permaneceu muito tempo com a banda e em 1979 criou o grupo “Essencial Logic”. O primeiro álbum, "Beat Rhythm News" foi lançado no mesmo ano, mas logo no começo de 1981 a banda se separou. No entanto, em 2022, após um longo período, os fãs foram surpreendidos com o lançamento do elogiável álbum “Land Of Kali”.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

FILHO DE VICENTE CECIM TRANSFORMA OBRA DO PAI EM MÚSICA

 Por Juliana Vannucchi

Vicente Cecim, nascido em 1946, na cidade de Belém, foi um célebre poeta, escritor, cinegrafista e jornalista paraense. Com mais de dez obras publicadas e inúmeros filmes lançados ao longo de sua trajetória, que começou nos anos setenta, conquistou enorme reconhecimento por parte da crítica e do público, tornando-se um dos maiores nomes da cultura paraense. O sucesso rendeu-lhe inúmeras homenagens e prêmios, tanto nacionais quanto internacionais. Em 1988, por exemplo, Cecim recebeu duas premiações no Grande Prêmio da Crítica da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Também foi homenageado mais recentemente, em 2020, na 24ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, além de inúmeras outras ocasiões. O núcleo de suas produções artísticas e culturais consiste, em suma, numa abordagem metafísica da floresta amazônica. A produção literária de maior sucesso do escritor chama-se “Viagem à Andara”.

Cecim faleceu em Belém, em 14 de junho de 2021, após longa batalha contra o câncer. Desde então, seu filho Bruno Cecim, fotógrafo e cinegrafista residente na capital paraense, empenha-se em preservar cuidadosamente a memória e o legado do escritor: “Principalmente após seu falecimento, comecei a homenageá-lo de diversas maneiras. Já fiz, por exemplo, documentários e alguns outros projetos que visam enaltecer a obra de meu pai, que sempre foi um artista amazônico de grande importância local”. Neste ano, Bruno anunciou em suas redes sociais que está musicalizando poesias e trechos escritos pelo pai num projeto essencialmente D.I.Y, pautado no manejo de programas virtuais, intitulado “CecimExperiência”, que através de uma união entre música e literatura, busca fazer com que o trabalho de Vicente ressurja: “É um formato inovador, algo diferente de tudo que já fiz por meu pai. Inicialmente, eu fazia tributos a ele que estavam sempre dentro da minha própria área de atuação, usando fotos e vídeos. Posteriormente, achei que seria interessante fazer experimentos musicais”. Partindo disso, Bruno começou a gravar recitações de trechos de textos e poesias de Vicente Cecim, adicionando bases musicais e efeitos sonoros como pano de fundo. Desde então, fez vários trabalhos experimentais intuitivos, criando de maneira autoral as melodias de cada instrumento, e fazendo sozinho a edição de todo o material, até chegar num resultado que considerou apropriado, conforme explicou: “Eu recitei e cantei. Não me prendi a um estilo musical específico e não parti de nenhum pressuposto particular. Fiz vários testes com sons e melodias diversificados, como folk e música eletrônica, por exemplo”. Apesar da produção ser independente, cabe notar que Bruno ousa assertivamente em suas criações ao utilizar vozes de outras pessoas para enriquecer suas criações musicais. Para algumas faixas, ele contou, por exemplo, com a participação colaborativa de sua filha e também de um senhor residente de Belém, com o qual tem amizade.

Através do projeto CecimExperiência, Bruno compartilha suas inspirações com o mundo.

Apesar do projeto ser novidade, a música sempre esteve fortemente presente na vida de Bruno, que sempre mostrou talento e afinidade com o mundo musical. No período em que viveu em São Paulo, antes de se firmar na área da fotografia, com a qual trabalha até hoje, chegou a tocar em diversas bandas, nas quais ajudou com os vocais e contribuiu também como baterista, desenvolvendo um interesse especial por instrumentos de percussão, tendo, inclusive se aperfeiçoado com tais instrumentos através de cursos. Ademais, Bruno, ao longo de sua trajetória, também aprendeu a tocar violão, conhecimento que contribui consideravelmente para a criar bases sonoras, produzir e editar músicas. Vale observar ainda que seu talento e conhecimento são bastante ecléticos, e prova disso é que Bruno já participou de grupos musicais de gêneros diversos, como rock, forró e reggae. Nessa fase de sua vida na qual esteve diretamente ativo no meio musical, pode se familiarizar estúdios profissionais e palcos, ambientes que lhe deram parte da experiência que possui agora.

Para colocar as ideias em prática e dar à luz esse criativo universo sonoro, Bruno precisou ler os textos de seu pai de uma maneira mais profunda e atenciosa, o que o fez perceber de uma forma ainda mais acurada a importância do material. Sobre os resultados, Cecim, satisfeito, refletiu: “Espero que chegue até várias pessoas e que elas possam sentir nas melodias a essência do trabalho do meu pai. A música tem o papel tanto de entreter como, principalmente, de despertar sensações e pensamentos mais profundos. Ademais, o projeto pode servir, digamos, como um cartão de visitas, despertando interesse pelos livros dele. Meu pai merece toda essa dedicação e o reconhecimento que tem recebido ao longo dos anos”. 

O CecimExperiência é um mergulho no universo onírico de Viagem a Andara e oO livro invisível, criada pelo escritor Vicente Franz Cecim.

Bruno Cecim, entendendo que a música é uma linguagem universal, democrática, de grande alcance, que dialoga com a alma das pessoas, pretende levar o Cecim Experiência adiante e se propõe a estabelecer diálogos entre o projeto e outras artes. Nesse sentido, cogita subir em palcos, realizando performances artísticas e criando clipes musicais e até mesmo vídeo mappings. Ademais, o artista paraense, que tem obtido notável destaque e reconhecimento com suas produções musicais, relevou ao Fanzine Brasil que também quer dar vida às suas próprias composições, independente do trabalho do pai.
    
As músicas de Bruno Cecim consistem num universo mágico, ilimitado e transcendente, e convidam o ouvinte a vivenciar experiências sensoriais diferenciadas e diversificadas. Bruno é um artista de enorme potencial que certamente irá figurar entre os grandes nomes da música independente brasileira.  
    
Para conhecer o CecimExperiência, basta acessar o link abaixo:

https://brunocecim.wixsite.com/cecimexperiencia

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