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SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

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ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

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WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

domingo, 20 de fevereiro de 2022

11 PERGUNTAS PARA RAT SCABIES: CONVERSAMOS COM O BATERISTA DO THE DAMNED

 Por Juliana Vannucchi

O The Damned é uma da bandas mais queridas e aclamadas dos anos oitenta. Além de o grupo marcar presença nos primórdios do punk rock londrino e cravar o nome nessa cena cultural, muitos consideram que ele é o precursor do rock gótico, tanto pela sonoridade de alguns álbuns quanto pelo visual do vocalista Dave Vanian. Confira abaixo o bate-papo incrível que tivemos com Rat Scabies,  um dos fundadores da banda.

1. Por favor, conte-nos um pouco sobre sua carreira musical. Como você aprendeu a tocar bateria?

Aprendi a tocar sozinho depois de me apaixonar pela sonoridade do instrumento – uma vez eu ouvi alguém tocando no rádio, não sei quem era, e isso nem ao menos importava, mas o fato é que foi esse  som que me fisgou. Depois de alguns anos tocando em bandas locais e tentando encontrar músicos que compartilhassem a mesma energia e atitude que eu tinha, acabei conhecendo o Brian James e, depois disso, o Damned foi formado.

2. Há alguma música em particular que tenha sido gravada por outro artista e que você gostaria de ter composto?

Sim, White Christmas.

3. O que você busca na hora de comprar um novo kit de bateria? Você se atenta mais ao tipo de madeira ou se preocupa mais com a marca?

Eu sempre escolho um kit que tem uma boa reputação, é bem feito e parece legal. Existem muitas maneiras variadas de afinar um kit e também vários tipos diferentes de peles de bateria que a madeira da qual as conchas são feitas mal parece ter importância, mas decidir manter um kit é outra decisão, que eu tomo com base no som, jogabilidade e aparência..

4. Qual foi o show mais marcante que você já fez em toda sua trajetória?

Foi o The Amnesty International Festival Of Youth, no Milton Keynes Bowl, no dia 19 de junho de 1988, quando o Joey Ramone subiu no palco com o Damned para um bis e cantou a clássica Blitzkreig Bop com a gente. 

"Dave Vanian foi o gótico original, muito antes de existir uma subcultura gótica".

5. Qual é a melhor memória que você tem das gravações do álbum"Damned, Damned, Damned”?

Lembro de tomar cidra, comer kebab e me surpreender com um som tão grande de um espaço tão pequeno. Além disso, me recordo que sempre havia vários palitos de pirulito colados nos faders da mesa de mixagem.

6. Tem algum álbum do The Damned que seja o seu favorito?

Hmm, tem vezes em que eu odeio todos eles e momentos em que me pergunto por que não os escuto todos os dias.

7. Como você define o punk rock?

Eu não sei, mas se eu tivesse que dizer alguma coisa, diria que não se trata de roupas ou penteados, mas é a atitude que conta.

8. Como você descreve o "Phantasmagoria"? Muitas pessoas costumam dizer que esse álbum é um clássico gótico. Como era a atmosfera da banda no período dessa gravação?

Foi um período emocionante para a banda, nós usamos roupas engraçadas e penteados bonitinhos, mas nunca nos propusemos a mudar quem éramos apenas por causa da imagem. Além disso, Dave Vanian foi o gótico original, muito antes de existir uma subcultura gótica.

Rat Scabies: um dos maiores mitos do post-punk

9. Qual é a história por trás da faixa "Is It a Dream?”

A música foi escrita em memória do falecido pai de Roman Jugg. O Roman sempre expressou seus sentimentos através de sua música e esta foi a mais sincera que ele já fez.

10. Qual foi o estúdio mais estranho em que você já esteve?

Provavelmente o Wessex Studios em Londres, que era uma antiga igreja com um fantasma nas vigas e a gravação do The Clash ao lado.

11. Você está trabalhando em algum material no momento? Planos para o futuro?

Estou trabalhando no segundo álbum do Sinclair (que não tem título ainda) e também num álbum com One Thousand Motels, que será lançado em breve. Além disso, acabei de conversar com o Professor And The Madman sobre gravar mais algumas músicas com eles, junto com outro Spammed disco (uma banda beneficente formada com o Horace do Specials) e, claro, há também os shows do Damned em outubro. Nos meus dias de folga continuarei minha busca pelo Santo Graal.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

"PARA VIVER DE MÚSICA É IMPORTANTE ESTAR ATENTO A TODAS AS OPORTUNIDADES": UM PAPO COM EDUARDO DOLZAN

 Por Juliana Vanncchi

O protagonista da vez no nosso site é Eduardo Dolzan, talentoso baterista brasileiro que atualmente reside em Londres. Em sua vasta bagagem, carrega mais de 17 anos de experiência em shows e sessões de gravação, tendo se apresentado em inúmeros festivais importantes e também em programas de emissoras como MTV,  Multishow e outros.

1. Eduardo, seja muito bem-vindo ao Fanzine Brasil! Estamos felizes em recebê-lo aqui. Eu te conheci através do Jamie Perrett, então aproveito para perguntar como foi a experiência de subir aos palcos com um músico tão brilhante como ele.

O prazer é todo meu, agradeço muito o convite! A experiência com o Jamie tem sido incrível! Na verdade, começamos a tocar juntos na metade de 2021, então é bem recente, mas sinto que temos uma ótima conexão. Além de ser muito criativo, pessoalmente ele é muito tranquilo e gentil, assim como toda a família dele.

2. Além do Jamie, sei que você também já tocou com outros músicos notáveis, né? Poderia citar alguns desses artistas com os quais já dividiu palcos e estúdios? Aliás, é admirável que tenha tocado com a lendária banda Júpiter Maçã! 

É até difícil lembrar, toquei com muita gente. Mas acho que, enquanto estava no Brasil, tive ótimas experiências, toquei com Júpiter Maçã por muitos anos, Wander Wildner, Identidade (que foi minha primeira banda) e muitos outros. No Reino Unido, tive oportunidade de tocar no Glastonbury e de gravar no Abbey Road com diferentes artistas. Como faço muito trabalho como músico contratado, acabo tendo experiências com várias bandas e artistas solo em muitos lugares. De artistas autorais, além dos trabalhos que faço eventualmente com muitos músicos, aqueles com quem toquei mais tempo foram The Bloom, Rina Green, Fergusons e mais recentemente Chintzy Stetson e com o Jamie.

3. Você se lembra quando tocou bateria pela primeira vez? Como esse instrumento entrou no seu caminho? 

A primeira vez que toquei foi em um kit que um amigo um pouco mais velho tinha, lembro-me de não ter conseguido tocar nada, o que na época me decepcionou um pouco, achei que nunca seria capaz de tocar bateria. Desde quando eu tinha uns nove, dez anos de idade a bateria sempre me fascinou, não sei muito por que, não tive influência de ninguém nesse sentido, apenas sabia que esse era meu instrumento.

4.  Em que momento da sua vida você percebeu que a música seria uma profissão?

Acho que quando a minha primeira banda assinou com um selo pela primeira vez. Nessa época eu tinha dezoito anos recém feitos.

5. Qual foi o primeiro kit de bateria que você teve e qual você usa agora?

Meu primeiro kit era de uma marca brasileira que nem sei se existe mais, chamava-se Roll Star, era terrível haha, mas na época o acesso para instrumentos musicais melhores era bem difícil, até porque eu morava no interior do Rio Grande do Sul. Tive vários kits diferentes depois disso, um Ludwig, que foi um dos meus preferidos, e que vendi antes de me mudar para Londres. Hoje em dia tenho um Premier dos anos 60.


"A vida de músico é difícil em qualquer lugar. Claro que acho que talvez aqui existam algumas oportunidades diferentes, mas acredito que muito músico no Brasil ainda não entende como encarar isso como uma profissão (...)" 

 

6. Qual foi o maior desafio da sua carreira musical até o momento?

Manter o pensamento positivo em momentos com menos demanda de trabalho.

7. Eduardo, o FZN Brasil frequentemente me coloca em contato com inúmeros músicos brasileiros da cena underground que enfrentam diversas dificuldades por estarem à margem da grande indústria. Como é a vida de um músico independente na Inglaterra? Aqui, é difícil se manter financeiramente com essa atividade... e há outros incontáveis obstáculos além desse...

A vida de músico é difícil em qualquer lugar. Claro que acho que talvez aqui existam algumas oportunidades diferentes, mas acredito que muito músico no Brasil ainda não entende como encarar isso como uma profissão, o que significa tocar em todas as ocasiões possíveis para se manter financeiramente. Aqui muitos músicos que tocam com artistas consolidados também tocam em bandas cover, as chamadas ‘function bands', em eventos como casamentos ou então dando aula de música em escolas. Eu faço isso também, e aqui, diferentemente do Brasil, o mercado é muito bom e ninguém se sente mal por fazer isso. Eu me lembro de que no Brasil sempre tinha essa coisa "Autoral X Cover", como se fosse algo absurdo fazer os dois (espero que isso esteja diferente hoje em dia). Claro que entendo a situação brasileira, afinal a maior parte da minha carreira foi aí, mas para viver de música é importante estar atento a todas as oportunidades.

8. Desde 2020, todos os continentes do globo estão vivendo um período delicado e preocupante. Como foram esses dois últimos anos para você?

Foi um período bem estranho, como se pode imaginar, muita preocupação com o que estava acontecendo, principalmente vendo a situação do Brasil. Profissionalmente, acredito que foi a primeira vez desde meus doze anos de idade que passei tanto tempo sem tocar ao vivo. Por outro lado, pude focar em aprender coisas novas por ter mais tempo disponível. A partir de junho de 2021, quando as coisas realmente abriram por aqui e os shows voltaram a acontecer, tive sorte de ter muito trabalho, o que me ajudou bastante a superar o que aconteceu antes.

 

"Acredito que conquista tem mais a ver com as experiências que vivo do que com sucesso"

9. Como você descreve o atual mundo em que vivemos? E quais são suas projeções para o futuro da humanidade?  

Eu vejo com um pouco de desconfiança, por mais que queira que tudo fique bem o mais rápido possível. Infelizmente, a internet não está sendo usada de uma forma muito inteligente, o que me faz pensar que estamos regredindo em muitos aspectos, e que talvez ainda levemos anos para recuperar o que está sendo perdido.

10. Como está sendo sua carreira musical no momento e o que você projeta para 2022? 

No momento tudo está indo bem! Já tenho uma boa agenda de shows para 2022 e quero acreditar que tudo vai ficar ainda melhor, em todos os sentidos.

11. Até o momento, qual foi sua maior conquista como músico profissional?  

Acredito que conquista tem mais a ver com as experiências que vivo do que com sucesso: tocar com músicos de diferentes países, estilos diferentes, poder viajar e conhecer lugares e culturas novas. A experiência de vida que tudo isso traz não tem preço.

Links oficiais:

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