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sábado, 31 de outubro de 2020

MÚSICA E MAGIA: CONHEÇA A GENIALIDADE DE JAZ COLEMAN

 Por: Juliana Vannucchi

JAZ COLEMAN NASCEU MORTO? 

Convenhamos: o Killing Joke foi um dos grupos mais originais e fascinantes dos anos oitenta. Sua história não se encerrou nessa época, mas esse período foi o apogeu do grupo. A maior parte das pessoas que aprecia o rock oitentista ou que gosta do vasto universo pós-punk certamente tem pelo menos um disco do Killing Joke dentre os seus favoritos – ou, no mínimo, uma música da banda no setlist das preferidas. Neste texto, conheceremos um pouco sobre a história do vocalista desse louvável grupo e veremos quais foram algumas inspirações que o levaram a dar vida ao Killing Joke. 

Jeremy Coleman nasceu na Inglaterra, no ano de 1960. Ele veio ao mundo com o cordão umbilical enrolado em torno de seu pescoço. De acordo com o próprio vocalista, ele “nasceu morto”, mas “para a tristeza de seus inimigos, sobreviveu”. Mal se sabia, naquele instante, que o frágil nenê, nascido sob circunstâncias tão estranhas, acabaria se transformando num multi-instrumentista aclamado e lideraria uma banda histórica...

Apesar dessa peculiaridade em torno de seu nascimento, ele cresceu com boa saúde e durante a infância teve contanto com ninguém mais ninguém menos que o célebre Brian Jones, do Rolling Stones. Apesar disso, Jaz já confessou que antes dos quatorze anos, o Rock And Roll simplesmente não era um gênero musical que fazia parte da sua vida. Mas é claro que com o passar do tempo isso mudou. Na adolescência, depois de fumar seu primeiro cigarro de maconha, surgiu a ideia de formar uma banda. E como seria possível colocar esse plano em prática? Com quem ele poderia contar?

Os primeiros passos do Killing Joke foram dados quando Coleman conheceu Paul Ferguson, baterista e cofundador do grupo. A partir de então, começou a se solidificar um projeto musical esteticamente místico e com um pano de fundo notavelmente intelectual. Segundo o próprio Jaz, ambos liam muito nesse período, e os dois também nutriam um forte e especial interesse por ocultismo e magia. Ainda de acordo com o vocalista, eles estavam predestinados a se encontrar e preparados para formar uma banda revolucionária e que possui uma missão sagrada neste planeta!

De acordo com Coleman, a humanidade está cada vez mais familiarizada com universos paralelos

OCULTISMO, DEUS E MUNDOS PARALELOS: 

Ao longo do tempo, o trabalho de Jaz Coleman no Killing Joke evidenciou o apreço e o conhecimento do músico por temas como ocultismo e magia. Acima já foi citado que, de fato, de acordo com uma menção do próprio vocalista, a banda recebeu influência desses dois universos. Seu envolvimento com forças do além foi crucial para a consolidação de toda a sua vida artística.

Coleman já declarou que acredita na existência do divino, mas que isso não quer dizer que ele crê no conceito tradicional judaico-cristão de um deus intervencionista. Na mesma entrevista em que fez essa declaração, também citou os universos paralelos com os quais a humanidade está cada vez mais familiarizada. O músico também afirmou que nossa concepção acerca do que é o tempo provavelmente será dissolvida em breve. Essas reflexões mostram o quanto Coleman tem a mente aberta para possibilidades metafísicas e questões que estão além dos limites do plano físico.

O vocalista do Killing Joke também já declarou que, embora possa parecer algo insano, ele se lembra de sua encarnação anterior: “Lembro que morei na França e fui guilhotinado. E quando criança eu costumava construir muitas guilhotinas e meus pais nunca conseguiam entender o porquê. Mas em minha encarnação anterior, conheci muitas pessoas que ocupavam cargos importantes no governo francês. Minha primeira esposa se lembrava de mim dessa época, quando tudo começou a fazer sentido. Como parte do meu DNA é do Oriente, as ideias sobre reencarnação são muito normais para mim. E, claro, mais tarde fui nomeado cavaleiro pelos franceses [Jaz foi premiado com o Chevalier des Arts et des Lettres em 2010] de modo que me senti voltando para casa”.

Além disso, ele já revelou que desde o início da adolescência teve conhecimento da bruxaria, fato que acabou por impulsioná-lo para o universo musical: “Bem, a segunda coisa que realmente me afetou profundamente foi o ritual. Minha mãe me mostrou um monte de bruxas fazendo suas cerimônias e explicou que era normal, que era a velha religião do país. Então, quando eu vi as cerimônias cristãs, percebi que as cerimônias eram parte de minhas encarnações anteriores e definitivamente parte do meu futuro. E foi aí que tudo começou a fazer sentido para mim, musicalmente. Dos sete aos treze anos, entreguei-me às tradições da música coral inglesa, que me serviu bem até hoje”.

Coleman é um artista brilhante e o Killing Joke é uma banda extraordinária

O DESAPARECIMENTO DE COLEMAN:

Em meados de 2012, Jaz Coleman fez uma declaração polêmica no Facebook, anunciando com entusiasmo o cancelamento de um show que o Killing Joke faria ao lado de duas grandes bandas, o The Mission e do The Cult, grupos que não pareciam atrair o frontman do KJ. 

Pouco tempo depois disso, Coleman desapareceu. A mídia divulgou a informação sobre seu sumiço, mas não demorou muito para que ele próprio, através de sua conta no Facebook, declarasse que estava bem, vivendo, segundo ele, uma “existência nômade” no Saara Ocidental, para finalizar um álbum solo e um livro.

MISSÃO SAGRADA! 

Em termos gerais, a vasta discografia do Killing Joke é encantadora, embora alguns álbuns possam ser difíceis de ser digeridos, devido ao excesso de experimentalismo e de ruídos. Os discos dos anos oitenta foram os mais aclamados, e essa década foi o período de maior sucesso comercial e público do grupo. Creio que as quatro primeiras produções talvez sejam as melhores e destaco aqui o “Whats This For..!” e o “Fire Dances”, que são álbuns bem sublimes. Nesse contexto discográfico, um fato curioso e válido de menção é que nos anos noventa o Killing Joke conseguiu a proeza de gravar um disco cujos vocais de algumas faixas foram gravados dentro da Pirâmide de Gizé – sim, isso mesmo. O referido álbum chama-se “Pandemonium”. Esse fato, com certeza, foi um marco na história da banda e também de todo o rock!

Coleman, no decorrer de sua trajetória artística, já teve sua própria gravadora e também já escreveu um livro. Além da esfera cultural, possui engajamento socioambiental e, inclusive, já investiu na criação de duas ecovilas, no Pacífico Sul e no Chile. 

Por fim, Coleman é um artista brilhante e o Killing Joke é uma banda extraordinária. Não apenas teve a magia como fonte de inspiração, mas se tornou ela mesma, uma verdadeira obra mágica, capaz de enfeitiçar o ouvinte e o elevar a um estado metafísico diferente do estado natural de vigília. Não é difícil perceber que uma vibração poderosa paira por trás das canções da banda. E isso é ótimo. Na verdade, a música, por si só, já é sempre uma espécie de magia - os entendedores entenderão.

Referências:

https://www.kerrang.com/features/jaz-coleman-when-killing-joke-really-lock-in-theres-this-strange-energy-between-us-all-and-it-was-born-in-magic/

https://www.google.com.br/amp/s/amp.theguardian.com/music/2012/aug/13/killing-joke-jaz-coleman-resurfaces

https://www.google.com.br/amp/s/amp.theguardian.com/music/2012/aug/01/killing-joke-jaz-coleman-missing

https://www.loudersound.com/features/jaz-coleman-revolution-is-the-only-way-well-save-the-human-race

https://www.loudersound.com/features/jaz-coleman-revolution-is-the-only-way-well-save-the-human-race

https://rollingstone.uol.com.br/noticia/lider-do-killing-joke-jaz-coleman-diz-que-poderia-ter-salvo-heath-ledger/

https://www.kerrang.com/features/jaz-coleman-when-killing-joke-really-lock-in-theres-this-strange-energy-between-us-all-and-it-was-born-in-magic/

https://en.wikipedia.org/wiki/Jaz_Coleman


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