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SIOUXSIE SIOUX - SOPROS DE VIDA

Grandes homens, assim como grandes tempos são um material explosivo interior do qual uma força imensa é acumulada (....)

“DISCO DA BANANA”- A OBRA PRIMA IGNORADA

Eu sabia que a música que fazíamos não podia ser ignorada

SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

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WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

A MÚSICA DO THE CULT COMO ARMA PARA UMA REVOLUÇÃO CULTURAL

Por Juliana Vannucchi



A banda The Cult durante a década de 80.

DE SOUTHERN DEATH CULT A THE CULT:

A banda Southern Death Cult, formada em 1981, é o embrião do The Cult. Ela era composta por Ian Astbury, David Burrows, Barry Jepson e Haq Qureshi. Apesar de sua qualidade, o grupo remanescente lançou somente um único álbum de estúdio. Mas apesar da jornada ter sido curta, houve um fato marcante que vale a pena ser citado a título de curiosidade: eles abriram shows para o Theatre Of Hate e também para o Bauhaus.

O SDC logo se tornou o Death Cult, banda especialmente caracterizada pela forte presença do talentoso guitarrista Billy Duff, que em seu currículo trazia uma passagem pelo Nosebleeds, projeto musical de vida curta, do qual Morrissey fez parte e que não emplacou. O primeiro show ao vivo da banda aconteceu em 1983, em Oslo, na Noruega. No ano seguinte, para se afastar de conotações góticas que começavam a sondar a imagem do grupo, eles então se transformaram no The Cult e em pouco tempo se tornaram uma das maiores lendas musicais dos anos oitenta.

Suas influências sonoras são bem diversificadas e percorrem até mesmo gêneros como o Hip-Hop e R&B. Dentre as maiores inspirações, estão nomes clássicos do Rock, como Led Zeppelin, Pink Floyd, Black Sabbath, Sex Pistols e ícones do Glam, como Bowie, Slade e Mott The Hoople. Essa interessante diversidade de influências estéticas certamente refletiu na variação sonora que caracterizou a discografia do The Cult.

CULTURA INDÍGENA E ESPIRITUALIDADE:

Ian Astbury, em muitas ocasiões, contou que era uma criança diferente das outras. Não ouvia os mesmos discos que a maior parte dos colegas ouvia e ele chegou a ser expulso da escola por ter tingido o cabelo com tinta azul. Um verdadeiro outsider. Além de ser um jovem tão fora dos padrões, desde novo Ian nutria interesse pela espiritualidade e o músico já declarou que se lembra de ser questionador desde a tenra idade, quando também tinha bastante apreço pela área da História. O interesse pela cultura indígena também era grande.

Ian nasceu no Reino Unido, mas quando novo mudou-se para o Canadá. Certa vez, a escola na qual estudava organizou uma excursão para uma reserva indígena e esse passeio marcou a vida do futuro vocalista do The Cult. Ver os índios ali, em seu estado natural, no qual se constatava uma cultura tão diferente, foi fascinante e decisivo.

Como resultado dessa experiência, de maneira geral, toda a carreira artística e a existência de Ian sempre carregaram resquícios desse universo: “Meu interesse pelos índios americanos começou quando emigrei para o Canadá aos 11 anos e conheci a cultura indígena. A partir daí, percebi que havia semelhanças entre os indígenas norte-americanos, os mongóis e os tibetanos em termos das suas filosofias religiosas e espirituais e até do seu visual, que é muito parecido. Li um livro sobre os nômades tibetanos e fiquei obcecado pela estética, e depois pela religião, e depois, pela filosofia. Mais tarde, tive conhecimento dos ensinamentos de um professor tibetano, chamado Chögyam Trungpa, que é autor do livro “Cutting Through Spiritual Materialism”, obra que me disse muito. Eu o li nos anos 80, acho que quando tinha cerca de 25 anos, e as ideias desse livro me deixaram abismado, pois tudo nele era tão diferente daquilo que tinham me ensinado, em termos de valores espirituais e filosóficos! Mas como tinha 25 anos ainda tinha aquele estilo de vida muito acelerado da banda. Às vezes era bastante autodestrutivo, mas tinha algum juízo. Só depois de muita autoexploração, muitas viagens e muita contemplação é que lá cheguei”.

Em várias ocasiões, Ian teceu comentários sobre espiritualidade e religião, que, é claro, também possuem um reflexo notável em sua música e vida. Numa ocasião, refletiu a respeito desses assuntos: “Nessa encarnação pela qual estou passando, eu acho que minha intenção absoluta é descobrir ‘Que lição é essa?’ E a mensagem é: ‘Preste atenção. Preste Atenção. Preste Atenção’, disse Ian numa entrevista concedida ao jornalista James Rotondi.

Ian costuma ser uma pessoa reflexiva. Numa entrevista concedida a Blitz, filosofou: “Se você perguntar às pessoas o que significam as suas vidas, a maioria não vai saber responder. Não falo tanto do significado filosófico do sentido da vida. Mas enquanto indivíduos, qual é o sentido da nossa vida? A maior parte das pessoas vai dizer que não sabe, ou dão-te uma resposta muito longa e filosófica”.

UM GIRO PELA DISCOGRAFIA DA BANDA - ÍNDIOS HOPI, NIETZSCHE, DOCTOR WHO E OUTRAS COISAS QUE VOCÊ NÃO SABE!!

No geral, o The Cult possui uma discografia notavelmente qualificada. Ao longo dos seus dez álbuns de estúdio, a banda buscou corajosamente se reinventar e explorar texturas variadas, sempre obtendo êxito em seus experimentos musicais, embora devamos admitir que foi especialmente durante os anos oitenta que o The Cult atingiu o ápice de sua criatividade, oferecendo uma estética bastante singular.

E foi através do “Dreamtime”, de 1984, que o The Cult deu o pontapé inicial nessa carreira musical tão sólida que se estenderia pelas décadas seguintes. Esse primeiro disco, assim como o seguinte, é agitado em termos instrumentais e carrega um pano de fundo sutilmente obscuro.

Na sequência, houve um salto de criatividade por parte da banda, que lançou o “Love”, álbum que é, certamente, a produção mais conceituada e mais vibrante de toda a discografia do The Cult. Nele se encontram as músicas mais famosas de sua história, como “She Sells Sanctuary”, cuja memorável introdução de Duff é resultado de todos os pedais de efeito da guitarra sendo ligados ao mesmo tempo; “Rain”, cuja letra foi inspirada na cultura indígena norte-americana e, precisamente, numa dança da chuva que os nativos Hopi faziam, e “Revolution”, grande hino dos anos oitenta. Junto com o trabalho seguinte, a meu ver, o Love foi o auge de originalidade da banda.

O sucessor é o “Electric”, no qual a guitarra fica mais acentuada e a banda inicia um processo de afastamento definitivo da aura parcialmente sombria que a acompanhava e do rótulo de “banda gótica” que teve durante os dois primeiros trabalhos de estúdio. Aliás, desse álbum em diante, o The Cult passa a ser diretamente associado a gêneros como hard rock e heavy metal, sendo que, de fato, ao menos com o primeiro desses gêneros, a banda certamente dialoga em algumas passagens de sua discografia. Posteriormente, o grupo lançou o célebre e genial “Sonic Temple” que porta algumas das músicas mais memoráveis da carreira do The Cult, sendo uma delas a lendária “Sweet Soul Sister”, uma verdadeira obra-prima do The Cult. O sucesso dessa faixa foi tão grande que ela passou a compor a trilha sonora da série Doctor Who, sendo tocada no episódio “Journeyt o the Centre of the TARDIS, originalmente exibido em 2013.

O “Ceremony” é um álbum místico e no geral é bem barulhento, reforçando o apreço da banda por um som ligeiramente mais “pesado”. Conceitualmente, foi inspirado na cultura dos índios nativos norte-americanos. O álbum foi bem recebido, mas seu potencial sucesso ficou parcialmente ofuscado pelo grunge, que, nesse mesmo período, se firmava como o grande gênero do rock. O grupo se dissolveu em 1995, mas dois anos mais tarde se juntou e, em 1997, foi lançado o “The Cult”, que fechou o ciclo de produções dessa década e que, com menos glamour do que o seu antecessor, no geral, passou despercebido. Depois disso, a banda só voltaria ao estúdio nos anos dois mil, lançando “Beyond The Good And Evil”, em 2001. Esse título é uma referência ao livro “Além do Bem e do Mal”, escrito pelo pensador alemão Friedrich Nietzsche. Um fato curioso é que o guitarrista Mick Jones, com passagem por grandes nomes do hard rock, como Bad Company e Van Halen, fez uma pontinha nessa produção. No entanto, em termos gerais, o disco não é tão contundente.

Em 2007, a banda lança o “Born Into This”. Pouco mais tarde, em 2012, apresenta o “Choice Of Weapon”. Esse último emplacou um pouco mais do que o seu antecessor e, por fim, o The Cult produziu o “Hidden City”, em 2016, décimo álbum de estúdio da discografia da banda e que recebeu elogios positivos, além de ter uma ótima recepção por parte da crítica especializada. De fato, é um álbum bem elogiável, através do qual a banda resgata sua inventividade. É provavelmente o trabalho de estúdio mais encantador que o The Cult produziu nos anos dois mil.

IAN ASTBURY NO THE DOORS?

Em 2002, Ian Astbury assumiu os vocais do The Doors, numa reunião histórica que a banda fez com os icônicos membros originais, Robby Krieger e Ray Manzarek. Depois de uma primeira apresentação nesse referido ano, tocaram juntos em mais de cem ocasiões.

Além dessa passagem pelo Doors, o aclamado e talentoso frontman do The Cult também já fez outras colaborações importantes em sua trajetória musical, como, por exemplo, quando subiu ao palco com o MC5 ou quando participou de uma música no primeiro álbum solo de Tony Iommi, conceituado guitarrista do Black Sabbath. Também já colaborou com Debbie Harry e outros artistas.


Ian Astbury e Billy Duffy

AD INFINITUM...

O The Cult é apaixonante. A experiência estética que suas produções oferecem ao ouvinte dificilmente podem ser traduzidas em palavras. Eles são simplesmente excepcionais e suas músicas devem ser ouvidas no volume máximo! Ian define o som da banda como uma “arma de revolução cultural”. Duff acredita que o The Cult é uma banda propriamente dita de rock. E para ele, o Rock And Roll e a necessidade desse gênero irão durar ao menos enquanto a humanidade existir. E para a posteridade, certamente o The Cult e necessidade humana de suas músicas também estarão eternizados.

Referências:

https://www.songfacts.com/blog/interviews/ian-astbury-of-the-cult

https://globalnews.ca/news/5360152/ian-astbury-interview-the-cult/

https://www.google.com.br/amp/spillmagazine.com/spill-feature-creating-moments-rock-interview-billy-duffy-cult/amp/

https://www.allmusic.com/blog/post/billy-duffy-interview

https://www.radiorock.com.br/2017/09/20/89-entrevista-ian-astbury-do-the-cult/

https://www.google.com.br/amp/www.wikimetal.com.br/ian-astbury-diz-que-o-termo-rock-classico-e-uma-abominacao/amp/

https://blitz.pt/principal/update/2016-02-13-The-Cult-o-dia-em-que-Ian-Astbury-abriu-o-livro-a-BLITZ

https://blitz.pt/principal/update/the-cult-eu-era-um-musico-de-sucesso-mas-nao-era-feliz-diz-ian-astbury-audio=f82325

https://www.google.com.br/amp/s/playadelnacho.wordpress.com/2012/04/12/the-cult-ian-astbury-revela-como-a-espiritualidade-o-ajudou-a-superar-tragedias-pessoais/amp/

https://en.m.wikipedia.org/wiki/She_Sells_Sanctuary

https://en.m.wikipedia.org/wiki/Journey_to_the_Centre_of_the_TARDIS

https://whiplash.net/materias/news_839/155569-cult.htmlrevela-como-a-espiritualidade-o-

https://www.popmatters.com/160456-choose-your-weapon-an-interview-with-the-cult-2495836198.html

http://m.digitaljournal.com/article/325505

https://www.google.com.br/amp/spillmagazine.com/spill-feature-creating-moments-rock-interview-billy-duffy-cult/amp/


terça-feira, 22 de setembro de 2020

ENTREVISTA COM TOBY DAMMIT, O TALENTOSO MULTI-INSTRUMENTISTA DA BANDA NICK CAVE AND THE BAD SEEDS

 Por: Juliana Vannucchi e Abel Marinho

Em outubro de 2018, o multi-instrumentista Toby Dammit passou pelo Brasil com a banda Nick Cave And The Bad Seeds, que realizou um show mágico em São Paulo. Eu tive a incrível oportunidade de assistir ele tocar ao vivo e agora compartilho com vocês um pouco mais sobre sua história. Toby é um artista versátil, que tem um talento raro e magnífico – ele parece não ter limites para criar suas melodias. E ele se destaca ainda mais com as baquetas em mãos: Dammit é o tipo de baterista que qualquer músico gostaria de ter em sua banda. Abaixo vocês conferem uma entrevista muito especial, que certamente foi uma das mais marcantes que já fizemos!

1. Toby, eu li que você é um multi-instrumentista da banda Nick Cave And The Bad Seeds. Além de bateria, quais outros instrumentos você toca? E qual foi o primeiro que aprendeu a tocar?

Eu só passei a tocar bateria para o Nick no mês passado. No entanto, nos últimos cinco anos, eu tenho sido seu tecladista, ocasionalmente tocando vibrafone e outros instrumentos melódicos além de cantar bastante. Eu sou um percussionista classicamente treinado desde a infância, então esse é meu instrumento principal.

2. Eu sempre vejo muitas e diferentes definições para as músicas do Nick Cave And The Bad Seeds. Isso é muito interessante porque eu acho que mostra o quão peculiar vocês são. Em sua opinião, é possível qual é a categoria musical da banda?

Eu não poderia categorizar as músicas de grande variedade feitas por essa banda, mas geralmente acredito que qualquer um pode encontrar algo com o que se identifica em algum momento e ficar bastante ligado nisso por suas próprias razões pessoais. Pode ser uma música de 5 décadas de composição, mas uma vez que uma pessoa tenha encontrado essa ligação, ela fica curiosa para explorar todo o álbum.

3. Como surgiu a oportunidade de tocar com os Bad Seeds? Como e quando foi seu primeiro encontro com Nick Cave?

Eu conheci todos esses caras em janeiro de 1993, na Austrália. Os Bad Seeds faziam parte de um combo turístico com Iggy Pop, para quem eu tocava bateria. Viajamos juntos por algumas semanas e nos tornamos amigos por toda a vida. Foi um simples telefonema que aconteceu na hora certa...

4. Por favor, conte-nos como foi o show que você fez no Brasil em outubro. Você já tocou no país antes ou foi a primeira vez em que esteve aqui? Como foi essa passagem por São Paulo?

Eu já passei bastante tempo em São Paulo antes, o Nick morou lá, tem uma família brasileira e os Bad Seeds fizeram um dos maiores (na minha opinião) álbuns lá, então é claro que esse show foi especial para nós devido a uma longa lista de motivos pessoais.

5. Qual foi o seu sentimento ao tocar num país que vive uma situação política tão conturbada, e perceber que as pessoas levaram esse clima com elas para o show? Antes de subir no palco, você sabia que isso poderia acontecer?


Estou ciente da eleição atual, devido ao grande número de amigos que tenho no Brasil e também por causa da imprensa selvagem que voa internacionalmente, mas no final das contas, nosso trabalho é dar a todos uma noite de folga e um tempo para se divertirem e aproveitarem juntos as músicas que tocamos. Assim, as pessoas encontram uma libertação, mesmo que seja somente por uma noite, ou então um fortalecimento no dia seguinte para ver as coisas de uma maneira diferente, talvez com base no sentimento que encontraram no show, que espero que possa ajudá-las em uma decisão ou num momento crucial. As músicas dos Bad Seeds são quase sempre sobre decisões difíceis e momentos drásticos.

6. Houve um detalhe interessante: grande parte dos fãs de Roger Waters e seu público não gostaram quando ele se expressou politicamente. Mas os fãs de Nick Cave o aplaudiram e elogiaram quando ele disse “ele não”. Por que você acha que isso aconteceu? Essas duas audiências (de Roger Waters e Nick Caves) são tão diferentes umas das outras?


Eu nunca conheci o Roger Waters, nem assisti nenhum show dele, então, honestamente, não posso responder isso. Eu conheço boa parte de seus discos das décadas de 1960 e 1970 e gostei muito desses álbuns e de sua banda original.

7. Você já tocou ao lado de Iggy Pop, com o The Stooges, e também tocou algumas músicas da carreira solo de Iggy (como no álbum Avenue B). São pegadas bem diferentes uma das outras. Como foi trabalhar com Iggy Pop criando um tipo de música tão singular? E qual álbum você mais gostou de gravar com ele?

A época em que comecei a trabalhar com Iggy Pop foi um período “exploratório” para ele como compositor, e sei que “empurrei” esse lado dele. Eu acho que os melhores resultados foram o álbum “American Caesar”. Nesse mesmo período, ele e eu também fizemos um filme para o Johnny Depp chamado “The Brave”, que foi certamente o nível mais profundo em que viajamos juntos.

8. Seus trabalhos musicais feitos com a Jessie Evans têm uma aura muito peculiar. Como foi a gravação do “Is It Fire?” E do “Glittermine”? Algum desses álbuns é mais especial para você?

Ambos os álbuns eram aventuras, tanto musicalmente, quanto literalmente falando. Esses álbuns envolveram muitas viagens... nós o gravamos em várias partes do mundo e essas gravações envolveram muitas pessoas de lugares diferentes do mundo. Musicalmente, ambos são híbridos de som também de cultura e são a nossa própria visão bizarra daquilo que fazia sentido para nós, baseado em nossas próprias influências e fantasias.

9. Budgie, outro músico fantástico, tocou bateria no álbum “Is It Fire?”. Eu acho legal que vocês dois tenham participado de um álbum juntos. Como foi gravar com ele?


Foi um sonho “de longa data” que se tornou realidade para mim. Eu conheço o Budgie desde o início dos anos 90, mas apesar de tê-lo tido  como um amigo muito querido ao longo dos anos, nunca antes tivemos a oportunidade de tocar música juntos como bateristas. O momento foi certo e ele precisava desse momento tanto quanto eu. Foi um dia eufórico para nós dois.

10. Você conhece músicos/bandas brasileiras? O que você acha da música brasileira?

Sim, claro! Eu coleciono discos brasileiros… é um passatempo muito bom. Só recentemente descobri Arthur Verocai e Célia, mas durante anos sou maluco pelo Marcos Valle, Jorge Ben, Secos e Molhados, Os Mutantes…

11. Qual foi o momento mais feliz da sua carreira musical?


Subir no tapete vermelho no Festival de Cannes com o Johnny Depp e o Iggy Pop foi um dia muito bom!

12. Se você pudesse tocar com um artista com quem nunca tenha tocado antes, quem escolheria?

Há muitos maestros com os quais sonhei… Morricone se aposentou. Honestamente, sinto que estou exatamente no lugar certo para mim agora, podendo oferecer o meu apoio e experiência ao Nick, quando ele precisar mais do que nunca. Embora tenhamos sido amigos por tantos anos, agora é a hora certa.

   







segunda-feira, 21 de setembro de 2020

SHE IS DEAD É A PROVA DE QUE A MÚSICA VIVE

Por Diego Bagatin


O saudosismo é algo que nos pega de jeito conforme crescemos e pensamos nas coisas feitas nos anos anteriores, e ano após ano conhecemos coisas que nos fazem remeter a certos momentos da nossa vida. Seja ela boa ou ruim, a nostalgia é algo que sempre vai estar do nosso lado, principalmente em pontos culturais. Citando a música como exemplo mais do que perfeito para voltarmos às memórias passadas, ela tem o poder de nos fazer permanecer apenas em um lugar ou nos fazer procurar cada vez mais sobre diversos subgêneros dos estilos que nós mais amamos, e não é à toa que os mais conservadores digam sempre que “o rock morreu”. Pra mim, essa expressão sempre foi a maior besteira. 

Ricky, Mau e Kim são os integrantes da banda curitibana She Is Dead


Se nós não estivéssemos no ano em que estamos (mesmo com todos os impasses de 2020), nós não conheceríamos nem metade das bandas que viriam a surgir nas últimas décadas. O rock, ou seja lá qual estilo for, nunca morreu e nunca vai morrer, e temos bandas como a curitibana She Is Dead lançando músicas que pregam todas as essências e estilos obrigatórios em qualquer pessoa que ama música em geral, e não apenas um estilo.
 
A banda, formada por Mau Carlakoski (vocal e guitarra), Kim Tonietto (vocal e baixo) e Ricky Volpato (bateria), é um dos melhores exemplos do que um caldeirão de referências e influências musicais pode fazer com três caras que possuem seus heróis da música e que ao mesmo tempo evitam apenas uma variante. De influências como o punk, indie, pop e dirty rock, She Is Dead lançou dois EPs no ano de 2019 chamados Living In My Hate e Forget Our Dreams, sendo este último a referência para novos clipes que estão sendo divulgados durante a época pandêmica. 

Se os dois EPs lançados no ano passado nos transportam para a crueza de um dirty rock que nos espanca em cada faixa, Sweet, o terceiro EP do trio que será lançado ainda neste ano, será um trabalho diferenciado dos dois primeiros. Os temas deste novo registro terão uma carga menos crua e mais doce do que as músicas que já conhecemos, e a nova sonoridade será uma prova de carinho da banda para os ouvintes. Mas a banda garante: o novo EP agradará tanto os fãs antigos quanto os novos, e abrirá novas fronteiras para novos ouvidos. 

Além de bandas importantíssimas para a formação musical dos integrantes, o que também chama atenção são as referências cinematográficas nas letras rápidas, clipes criativos e nas capas dos EPs. Como o próprio nome da banda diz, She Is Dead se refere à personagem de Marion Cotillard no filme “A Origem”, de Christopher Nolan. 

O som legítimo dos caras possui sim o poder de nos fazer remeter às nostalgias mais importantes de nossas vidas. Mas ao mesmo tempo, a banda nos mostra que ainda há som de qualidade e que merece a maior atenção vinda de fãs de música em geral. She Is Dead é um tesouro curitibano e uma das melhores descobertas atuais. O catálogo da She Is Dead está disponível nas principais plataformas streaming e no site oficial. Abaixo, confira em primeira mão o mais novo clipe dos caras da música “Forget Our Dreams”. 


She Is Dead - "Forget Our Dreams": https://www.youtube.com/watch?v=ZCIYPKC6rAs

Site oficial da banda: https://sheisdead.com.br/

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

FUTEBOL, ROCK AND ROLL E POP ART: CONHEÇA O UNIVERSO DO ILUSTRADOR THIAGO ROCHA

 Por Juliana Vannucchi

O artista da vez é Thiago Rocha, que reside na cidade de Santo André e trabalha como Designer Gráfico e professor de Educação Física. Além dessas duas áreas profissionais nas quais atua, uma outra atividade da qual Rocha se ocupa constantemente, é o desenho. E nosso artista, munido de seu lápis grafite e de sua incrível habilidade estilística, faz ilustrações simplesmente fascinantes. Seu capricho técnico se articula em suas ideias criativas e os variados resultados dessa combinação, prendem a atenção de qualquer pessoa, que facilmente se perde em admiração diante dos seus encantadores desenhos... 

A maior parte das ilustrações feitas por Rocha, retrata músicos, atores e personagens do universo cinematográfico e lendas pertencentes ao futebol. Aliás, é válido citar que Thiago faz parte do Fifa Fan Moviment, um grupo seleto criado pela  própria FIFA que visa aproximar os fãs do esporte. O Fanzine Brasil bateu um papo  com esse camisa dez, e você confere abaixo esse golaço que nós marcamos! 


1. Thiago, eu te conheci através do perfil “Arte Palestrina”, no qual você faz um trabalho gráfico impressionante. Me parece que suas produções tem uma atmosfera um pouco vintage mesclada com uma estética de HQ. Essa minha leitura faz sentido? E como surgiu a ideia de criar a página? 

Eu me considero um pouco retrô. Gosto de coisas estilo vintage e você tem razão quanto ao universo dos quadrinhos. Eu desenho desde muito novo, tenho registro guardado de desenho feito com 9 anos de idade. Na verdade eu comprava gibis para copiar os personagens, não era nem para ler, mas eu ampliava as figuras no sulfite, tudo na base do olhar. Não colocava a folha por cima. O desafio era reproduzir a mesma imagem só que de forma maior. E assim fui aprimorando. Muito do que faço se deve bastante aos quadrinhos, mas procuro algo com a cultura da Pop Art também. A ideia de criar a página foi devido a uma demanda. Eu tinha um perfil onde postava de tudo um pouco, mas começou a ficar saturado com muita coisa do Palmeiras. Então resolvi criar mais um outro perfil para publicar somente coisas direcionadas aos torcedores. Tem dado certo.

2. Quanto tempo você costuma levar para fazer desenhos como aquele do Iggy Pop e do Jim Morrison? Ficaram perfeitos... 

Depende muito de cada imagem que busco. O do Jim Morrison foi um dos primeiros, foi mais demorado porque eu estava procurando uma técnica para trabalhar com o realismo. Então tive bastante dificuldade para tentar chegar o mais próximo possível do real. Do Iggy Pop é mais novo, porém, é mais detalhado porque ali eu já tinha a técnica adquirida, então já procurava algo mais complexo para fazer. Na média, um desenho pode levar de 2 a 5 dias, depende do grau de detalhes. Alguns tem até os poros da pessoa, marcas de expressão, barba por fazer, o brilho nos olhos e até reflexos. Eu procuro sempre o mais difícil para fazer.

 

Iggy Pop.
Thiago Rocha fez esse notável registro de um dos maiores gênios do Rock

3. Rock And Roll e futebol são uma bela combinação, e alguns das suas produções gráficas expressam isso. Você faz combinações criativas de bandas e ícones do esporte. Já vi referências ao Joy Division no seu perfil... O Peter Hook e o Bernard Summer torciam para o Manchester United, você sabia disso? E de onde surgiu essa ideia de unir o Unknown Pleasures ao Palmeiras?

Não sabia! Agora acabou me dando mais uma ideia para produzir. Isso que eu acho interessante. Poder juntar dois universos muito parecidos. A adrenalina de uma torcida de futebol é parecida com a de um público fã de uma banda. Aquela histeria. O Unknown Pleasures é referência.  A história por trás daquelas ondas que parecem mais montanhas é bem bacana. Eu já vi gatos sendo desenhados nelas. Então pensei em colocar um porco, mudei um pouco o título também. Mas não é só isso, gosto do Joy Division, assisti o filme Control também. O filme me fez criar curiosidade em conhecer melhor a banda e a história do Ian Curtis. Já transformei capas do Ramones, Raul Seixas, Clash, Pink Floyd, Elvis, Queen e tem vários outros que ainda vou encaixar em alguma temática.

 

Arte gráfica baseada na capa do icônico Unknown Pleasures


4. E aliás, qual seria a trilha sonora perfeita para a final do Paulistão de 2020? E também queria saber qual seria a trilha perfeita daquele doloroso 7x1... Desafios lançados!

Fiquei eufórico com a final e com o título. Foi difícil. Acho que para abaixar a frequência cardíaca ouviria um Johnny Cash. E para aquela partida melancólica dos 7 x 1, um Cazuza. Só pra deixar claro que não é porque cada um é a síntese de cada partida. Talvez algumas letras até tenham a ver com cada momento.


5. Essas artes relacionadas ao esporte são feitas à mão, ou diretamente no computador? Quanto tempo você costuma levar para produzi-las, considerando todo o processo de criação? 

No começo eu fazia tudo na mão, lápis e papel. Depois, devido a falta de tempo e demora para poder fazer, resolvi adentrar no digital. Hoje faço tudo no computador. Eu tinha um certo receio de deixar os lápis e partir para o digital porque poderia perder minha identidade. Mas não, acabei encontrando mais outra. O processo de criação não é tão complicado. Basicamente vou atrás de referências vindas da música, artes, cultura e claro, futebol. Depois de encontrar uma referência ideal para o que pretendo fazer, e isso pode ser um atleta, um fato, um momento do jogo, a história do clube, vou para o processo de criação. Mas isso depende muito. Se for uma ilustração, levo cerca de 4 horas de acordo com a complexidade do trabalho. Agora, se for uma manipulação de imagem (quando pego uma imagem e modifico ela inserindo outros conteúdos, detalhes) aí é mais rápido, umas 2 horas. Mas o processo de criação dos dois é basicamente  mesmo.
 

"Infelizmente estamos sendo governados por alguém despreparado, e não foi falta de aviso".

 

6. Você já entregou desenhos para alguns jogadores, certo? Como eles reagiram?

Sim, entreguei para alguns. Tonhão, Edu Dracena, Fernando Prass, Willian, Jailson, todos do Palmeiras. Houve também para o Tiago, goleiro da seleção brasileira de futsal, o Arhtur Zanetti que é ginasta campeão olímpico. Por todos fui bem recebido e gostaram bastante. Mas tem um em especial que achei algo fantástico pela simplicidade e atenção que foi o César Sampaio. Ele ficou  assustado olhando os detalhes, perguntando como eu fazia. Deu uma atenção enorme. É bem gratificante quando isso acontece. E é melhor ainda dessa forma porque pelas redes sociais nem sempre é o atleta quem te responde, as vezes é um assessor que gerencia o perfil.

7. Achei interessante uma postagem sua em que você escreveu “design ativista”, e na qual usou a arte para manifestação de cunho social e político. Você acha que o engajamento artístico pode levar as pessoas à refletirem? Quando você divulga algo assim, quer que as pessoas pensem sobre o assunto ali apresentado, ou está apenas se expressando? E vale dizer: temos um presidente babaca que está desmoronando o país em todos os aspectos possíveis... gostei das suas críticas ao infeliz.

Eu não tenho uma posição política definida. Claro que procuro votar em quem acredito ser uma melhor opção. Então fico muito tranquilo na hora de criticar qualquer que seja o político porque não me prendo a ele. Não preciso defender que não nos defende. Ali foi apenas uma forma de me expressar. É muita negligência, desrespeito com a população e até com quem votou nele. As pessoas ficaram cegas com a política, sendo de esquerda, direita, centro, enfim. Infelizmente estamos sendo governados por alguém despreparado, e não foi falta de aviso. Hoje temos as redes sociais que ajudam a propagar informação para o bem ou para o mal, mas muita coisa sai do contexto. O artista ele tem uma ferramenta poderosa nas mãos e vejo muitos sabendo como usar.

 

Outro belíssimo desenhado de autoria de Thiago Rocha
 
 

8. Aliás, você acha que as autoridades políticas do nosso país valorizam a arte? Poderiam valorizar mais? Caso sim, de que maneira?

De forma alguma. Nesse governo tivemos três trocas de secretários da cultura. Isso já mostra que não estão preocupados. É só ver o que cada um falou de absurdos de forma pública sem ter a menor responsabilidade. Eu entendo que os recursos financeiros da pasta não sejam adequados, mas o problema está em quem utiliza eles. São pessoas despreparadas, que sentam na cadeira e não produzem, não criam, não tem ideia do que, como e onde fazer. E isso ocorre em diversas áreas. É difícil andar para frente com gente que não entende do assunto.

9. Você também se manifestou em relação ao movimento “Black Lives Matter”. Apesar de tantas pessoas terem se juntado a essa luta, o racismo ainda existe. Como podemos vencer o racismo? Quais são os caminhos para isso? 

Bom, sou educador físico, já trabalhei com crianças  e já vi muito o que eles trazem de bagagem de dentro de casa. Hoje quem é racista não vai deixar de ser. Está incorporado na cultura desse tipo de pessoa. Então eu vejo que a situação começa lá na infância. As crianças precisam saber o que é racismo, em todos os seus tipos. Uma criança tendo orientação, pode até ser um comunicador com os próprios amigos. Pode levar a palavra correta para o próximo. E isso tem que ocorrer em qualquer nível social, desde o mais rico até os mais pobres, que é quem mais sofre com isso. Mas o negro é forte. É persistente. Ele nunca irá se calar. E ninguém deve.

10. Poderia nos contar um pouco sobre o Fifa Fan Moviment?

Foi algo inusitado. Em 2018, antes da Copa, recebi uma mensagem no meu Instagram vindo do perfil oficial da FIFA. Achei estranho, suspeitei de hacker, mas fui adiante. Me passaram um contato de uma empresa de Londres e logo depois entraram em contato comigo para explicar o que seria. É um movimento de fãs do futebol de várias partes do mundo. Interagimos criando conteúdo para debater sobre o futebol e acabamos conhecendo a cultura do esporte em cada país. É algo divertido e prazeroso. Temos contato através das redes sociais e algumas histórias são postadas no site oficial da FIFA.


11. Como costuma ser a recepção do público em relação ao seu trabalho artístico divulgado no Instagram?

É bacana. O formato que é hoje, de misturar o futebol com música, arte, e cultura, se deve muito a interação e compreensão que o público teve. A gente não sabe exatamente com quem está se comunicando. Não sei se conhecem uma determinada capa de disco, um obra de arte e até um jogador antigo quando retrato ele. Mas eu acredito que acaba aguçando a curiosidade de muitos. As vezes surgem as dúvidas, mas quando explico o que se trata logo fazem a relação entre a imagem original e a que foi criada por mim. Recebo sugestões também. Mas o bacana é quando surgem compartilhamentos, elogios. Muito se deve a isso também. Quando o clube que você torce pede uma arte para você e publica no seu perfil oficial na semana de final contra o maior rival, é algo fantástico! E aconteceu comigo. Isso é combustível para continuar criando.

12. Como você define sua arte?

Um liquidificador de ideias. Hahaha. Não sei, o que você diria? Me ajuda nessa, hahaha.

13. De que maneira a arte pode ser positiva na vida de uma pessoa?

Acredito que a arte pode salvar vidas. E temos diversos exemplos de pessoas que saíram de situação de risco ou se livraram de problemas de saúde e hoje são bem sucedidas devido a arte. No meu caso é fuga da rotina, das preocupações, mesmo que por um instante. É uma zona de conforto. Quando eu estou na frente de um processo de criação acabo esquecendo do mundo. Quando termino volto para a realidade. Mas já com olhos para uma nova criação. Esse comprometimento com a arte acaba nos livrando de pensamentos ruins. 

Conheça outras ilustrações de Thiago Rocha e siga o artista nas redes sociais:

INSTAGRAM 

@thiagorocha.art

@artepalestrina


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

UM PAPO COM STEVE CONTE, UM DOS MAIORES NOMES DA CENA MUSICAL NOVA-IORQUINA

Por Juliana Vannucchi / Abel Marinho / Diego Bagatin

O Fanzine Brasil teve o privilégio de bater um papo com o músico e produtor Steve Conte, que já tocou em bandas como The New York Dolls, com Paul Simon e com a compositora de músicas para TV e filmes japoneses Yoko Kanno. Nesta entrevista, conversamos sobre assuntos como suas influências, o valor da música atual e sobre seus sonhos como guitarrista. 



Steve Conte

1. Durante a sua infância, quais bandas ou músicas te influenciaram a começar a tocar guitarra e bateria? Teve algum álbum, música ou banda, em específico que definiu o seu caminho como músico?

Essa é fácil – “Revolver” dos Beatles! Eu era baterista na época, mas esse disco começou a zumbir na minha cabeça... e as melodias e as notas vieram logo em seguida. Então, tocar bateria já não era mais suficiente. Antes disso, o que eu ouvia era apenas o que tocava na rádio ou o que meus pais tocavam pela casa, como música clássica e jazz. A rádio AM era muito boa nos anos 60, então eu ouvi singles de bandas como The Who, Small Faces, Hollies, Sly & Family Stone, Rolling Stones e, claro, tudo dos Beatles.

2. Você já veio ao Brasil duas vezes. Como foram essas experiências no país? Você gosta de música brasileira?

Eu simplesmente AMO música brasileira! Especialmente os primórdios do samba e da bossanova. Gosto de Jobim, Gilberto, mas também algumas das coisas mais novas e avant garde, tipo Chico Science, Vinicius Cantuaria, Forro In The Dark, Bebel, Djavan, Milton, mas na verdade, quando eu era muito novo meus pais colocavam para tocar todas as coisas mais antigas, como Sérgio Mendes e discos brasileiros de 66.

3. Desde 2010, você está trabalhando com o Michael Monroe. Você já era fã do Hanoi Rocks durante os anos oitenta? E como se sente tocando ao lado de um dos maiores nomes do Glam?

Passei a gostar deles mais tarde, porém, antes de conseguir realizar um show com o Michael, eu não estava familiarizado com Hanoi. Na verdade, nunca tinha escutado uma única nota da música deles até eu começar a aprender suas canções para a primeira turnê que fizemos juntos. Então, tocar com o Michael é meio que tocar com outros cantores “rock stars” com os quais eu toquei ao longo o tempo. Com o Johansen foi a mesma situação - eu não era um fã dos Dolls e não conhecia muito bem o som deles antes de receber um telefonema para tocar com a banda. Na realidade, o único vocalista de quem posso dizer que era um verdadeiro fã antes de tocar com eles era o Willy DeVille, e também o Paul Simon, caso não estejamos falando apenas de “rock”.

4. Você já trabalhou com vários artistas renomados. Qual foi o maior desafio da sua carreira musical?

Foi o Paul Simon. Paul é um mestre e sabe muito. Quando eu trabalhei com ele, minha função era ser seu "cantor de dublê" nos ensaios, o que significa que sempre que ele não queria cantar ou não podia estar no ensaio por causa de uma entrevista ou etc, eu estava lá – me tornei o Paul. Tive que aprender, desde todas as músicas dele com Simon & Garfunkel (que eu conhecia desde a infância) até todas as suas músicas solo: “Rhythm Of The Saints”, “Graceland”, até seu álbum “Surprise” em 2010. Existem coisas complexas em suas produções musicais - principalmente na questão do tempo e do ritmo - e se alguém errase no ensaio, ouvia dele. Mas, felizmente, ele gostou dos meus talentos e, inclusive, me chamou algumas vezes no microfone na frente da banda para falar sobre o bom trabalho que eu estava fazendo.


5. Como você se juntou ao The New York Dolls? E qual é a melhor memória que você tem dos momentos que viveu com a banda? É um dos grupos mais fantásticos e icônicos do rock. Você deve ter tido uma experiência incrível!

Em 2004, o David Johansen recebeu um telefonema de Morrissey pedindo a ele para reunir os Dolls para um show no Royal Festival Hall, em Londres. Então, ele começou a ligar para guitarristas que ele respeitava em Nova York para pedir recomendações. Ele precisava de um guitarrista que pudesse ocupar o lugar de Johnny Thunders, o que significava que buscava um cara que fosse realmente “Rock 'n' Roll”, e fizesse isso de uma maneira certa. Todas as pessoas com as quais ele conversou, disseram a mesma coisa: "Ligue para o Conte”. Disseram a ele que eu era um músico bom, profissional, confiável e que tocava o mesmo modelo de guitarra do Thunders (no caso, uma Gibson). E também lembraram que sou italiano (como o Johnny) e também que tinha o mesmo cabelo e o nariz que ele!


6. Como você conheceu o David Johansen? Qual foi sua primeira impressão a respeito dele?

O Johansen me ligou e me contou o que estava acontecendo (o que eu já sabia porque um dos guitarristas a quem ele pediu uma recomendação, disse que deu meu nome para ele) e, então, nos encontramos para almoçar num restaurante na Broadway, em Nova York. Depois que conversamos e terminamos o almoço, ele me entregou um envelope com CDs e letras e disse: "Então, o que acha, você quer fazer isso?", e eu disse "CLARO QUE SIM!". Ele pareceu ser um cara muito inteligente, criativo e engraçado, e ele realmente era assim.

7. Nos últimos anos, os serviços de streaming se tornaram muito importantes para bandas independentes que sempre lutaram muito para promover seus trabalhos. Qual é a opinião sobre essa maneira de divulgar música? Você acha que as pessoas que cresceram escutando música através de objetos físicos (LPs, CDs, K7S...) continuam dando o mesmo valor quando escutam gravações de bandas novas que lançam materiais no formato virtual?

Não, eu não acho que as crianças de hoje têm o mesmo apreço pela música que as gerações anteriores tinham. Hoje é como se as coisas estivessem sempre lá, onipresentes, então não é algo especial. Eles não precisam esperar que sua música favorita toque no rádio e não precisam entrar na fila do lado de fora de uma loja de discos para comprar o novo álbum de um artista do qual gostem. A música se desvalorizou, as pessoas não sabem o que é gastar 5, 10 ou 20 dólares por um novo álbum. Eles baixam gratuitamente de sites piratas ou se juntam a serviços de streaming para ter acesso a quase todas as músicas do mundo pagando um preço único. A coisa boa é que a internet permitiu que todos tivessem vantagem, então agora a música de artistas independentes pode ser ouvida / tocada / comprada / vendida nos mesmos sites que os grandes músicos usam. Mas isso também é justamente o lado ruim da história, porque agora qualquer pessoa, independentemente do seu nível de talento, pode lançar um disco. Então isso não é mais tão especial. Antes tudo era como mágica, o que os músicos faziam. Era como se eles fossem deuses. The Beatles, Stones, Zeppelin... tanta mística ao redor deles e suas músicas mudaram o mundo. Não há muito disso acontecendo agora. São apenas muitos artistas pop soando iguais e apertando botões em computadores em vez de tocar seus próprios instrumentos. Os produtores estão fazendo a maior parte do trabalho e as músicas são escritas por um comitê de 5 a 10 pessoas, ao invés de serem feitas pelo próprio artista, com sua visão própria. Claro que existem alguns novos artistas fazendo coisas criativas, mas esse tipo de mentalidade pop sempre existiu com os artistas de um sucesso só nos anos 60/70/80, porém, no que diz respeito ao rock e música com guitarras, não é mais o som que a maioria do mundo ouve. Hoje em dia, certamente a preferência são gêneros e coisas como o Hip Hop, DJs, Rap e Pop adolescente. Isso é o que a maioria dos jovens compra - e é isso que a indústria da música ainda busca: crianças.


8. Steve, atualmente estamos vivendo uma experiência global muito difícil e é um tempo diferente para artistas independentes – e para outras pessoas também, é claro. Esses artistas tem sido afetados de várias maneiras por essa situação. Como você acha que músicos e bandas podem sobreviver a esse período? Quais são os seus conselhos? No Brasil, até em épocas “normais” é complicado ganhar dinheiro se você faz parte da cena underground.

Eu me pergunto isso todos os dias! Haha. Mas, falando sério, para mim, a melhor coisa que já fiz foi estudar para que eu não me limitasse apenas a tocar um estilo de música e para que eu soubesse o que estava fazendo e, assim, pudesse me comunicar com diferentes músicos em outras situações além do Rock. Daí é que veio minha experiência com o Paul Simon. Se você não tiver a sorte de se tornar famoso, pelo menos ainda pode ganhar a vida com a música de alguma forma: no estúdio, por exemplo, tocando e/ou cantando em discos de outras pessoas, participando de trilhas sonoras de filmes e TV, escrevendo canções para outros artistas, produzindo, ensinando - tudo isso é coisas que eu faço quando não estou na estrada em turnê ou fazendo discos com minha própria banda ou com Monroe.


Conte já tocou em bandas renomadas da cena nova-iorquina


9. Já que eu falei sobre artistas independentes na pergunta anterior, eu gostaria de saber se você acha que é possível para um músico, criar seu próprio som e ainda assim fazer parte da indústria mainstream. Quer dizer: underground e mainstream são, de fato, coisas opostas? Porque eu penso que a primeira cena se relaciona mais com a liberdade, com a arte em si mesma, enquanto que a segunda, por sua vez, está mais conectada com a indústria, com o dinheiro e com o marketing.

Acontece. Olhe para Billie Ellish. Ela começou sua trajetória sendo totalmente Indie, fazendo seu disco em seu próprio quarto com o irmão, mas, então, alguém do mundo dos negócios pensou "Ei, ela é boa e jovem, nós podemos vendê-la”. Tento não pensar muito sobre quem é promovido e qual é a razão disso, porque eu não me encaixo em nenhuma das categorias de agora que são "vendáveis" - não sou uma criança, não faço Hip Hop/música de computador. Eu toco guitarra, escrevo e canto canções de Rock, etc. Eu simplesmente continuo fazendo o que sinto que faço melhor, coloco isso para o mundo e espero o melhor. Mesmo que eu nunca tenha um álbum de sucesso, ninguém pode me impedir de fazer o que amo. Talvez muito tempo depois de eu partir, alguém eventualmente descubra uma das minhas músicas e faça um grande sucesso com ela e, então, meus filhos ganharão dinheiro com isso.

10. Como você compara a aceitação do público e da crítica em relação a álbuns e músicas dos anos setenta e dos anos dois mil em diante?

É o mesmo que comparar maçãs com laranja. São coisas muito diferentes em todos os níveis. Tudo o que já escrevi aqui deve resumir as diferenças entre o antes e o agora. Acho que a música tinha mais significado na vida das pessoas naquela época. Agora, existem muitas distrações. A tecnologia reina: smartphones, computadores, aplicativos, e vemos que as crianças querem ser estrelas do Youtube, influenciadores do Instagram e dançarinos de TikTok.

11. Se você pudesse escolher tocar com qualquer músico ou banda do mundo, quem você escolheria? Você pode escolher até mesmo um artista que já faleceu, quem você quiser.

Eu adoraria tocar com o Hendrix e Keef e escrever uma música com Lennon e McCartney, ou tocar guitarra com Bonham na bateria, talvez me juntar aos Stones, ser um músico de sessão da Motown ou fazer parte da banda de Robert Plant.

12. Quais são os seus planos para o futuro? O que podemos esperar do Steve Conte para os próximos meses? Aliás, espero que possamos vê-lo por aqui qualquer hora, quando toda essa loucura passar!

No final de agosto, voltei da Holanda para a minha casa em NY. Eu fiquei 5 meses lá com minha família, esperando o coronavírus passar. Enquanto estava lá, escrevi e gravei uma tonelada de novas músicas para vários projetos, como, o Monroe, minha própria banda e uma nova situação da qual não posso falar ainda, mas trata-se de um projeto super criativo com um bando de veteranos do Hard Rock. Porém, o principal mesmo é o novo álbum da minha banda solo que mixei durante todo o verão - e está finalmente pronto! Assim que a arte for finalizada, vou começar a me preparar para o lançamento dele. Fora isso, farei mais do mesmo em casa nesse período de lockdown em Nova York. Vou continuar escrevendo, gravando - e pretendo fazer muito mais online com sessões de gravação para outros, além de coisas no meu canal no Youtube e aulas ao vivo pelo Skype.

13. Por favor, nos conte como foram seus trabalhos com a Yoko Kanno. Você já gostava de anime quando a conheceu?

Eu não era fã de anime antes de conhecer Yoko, até então eu ainda não conhecia o gênero. Tudo começou quando ela veio para NYC para gravar com alguns cantores americanos para seu álbum solo, intitulado “Song To Fly”. Ela pediu a um grupo de músicos de Nova York recomendações para um cantor de Rock. Meu nome foi indicado e, então, ela entrou em contato e me pediu para enviar uma fita demo da minha voz (isso foi em 1998, antes que todos tivessem todas as suas músicas online), e quando ela recebeu e escutou, gostou do que ouviu e me contratou para entrar e cantar “Nowhere And Everywhere”. Eu acho que ela realmente gostou do que eu fiz porque alguns meses depois ela retornou para NYC para gravar a música de um novo anime chamado “Cowboy Bebop”, e o resto é história. Tive uma ótima experiência e passei um período maravilhoso trabalhando com a Yoko. Nos comunicamos com poucas palavras, pois o inglês dela não é tão extenso, embora seja muito melhor do que o meu japonês! Depois que eu canto algo no estúdio, ela me diz coisas como, “mais frio, por favor”, o que eu percebi que significava “cante de um jeito mais distante, de uma forma menos emocional”. Foram 22 anos agradáveis juntos, desde seu álbum solo de 1998 e por toda a série de animes, como“Brainpowerd”, “Bebop”, “Ghost In The Shell”, “Wolf’s Rain”, os 2 shows ao vivo no Japão e, mais recentemente, seu show Live Home, no qual cantei um dueto de Rain com Mai Yamane. Estou ansioso para fazer mais trabalhos com ela algum dia, em breve.

Obrigado pelo chat e cuidem-se! Mantenham-se seguros, saudáveis e sãos. Espero vê-los no Brasil algum dia. Obrigado!

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

TRÊS FATOS IMPORTANTES QUE MARCARAM A HISTÓRIA DOS BANSHEES

Por Vannucchi  

 Queridos leitores do Fanzine Brasil, nosso site está de volta com mais um conteúdo muito especial sobre a banda Siouxsie And The Banshees. Se gostar desse novo material, por favor, não esqueça de compartilhar o link e deixar comentários!
Lembre-se que essa é a segunda postagem na qual compilamos algumas curiosidades sobre a banda, que foram exclusivamente baseadas na biografia oficial dos Banshees, lançada em 2003 (sem tradução em língua portuguesa).


MARC BOLAN ELOGIA OS BANSHEES...

O grupo Siouxsie And The Banshees gravou excelentes covers durante sua trajetória musical. Dentre essas produções, está “20th Century Boy”, que é um dos maiores clássicos do T. Rex. Kenny Morris (ex-baterista) conta que, certa noite, no London’s Music Machine, Marc Bolan apareceu para assisti-los. Morris recebeu um elogio do vocalista do T.Rex, que declarou gostar de seu trabalho musical. E de acordo com Siouxsie Sioux, o frontman do T.Rex se mostrou bem entusiasmado em relação ao cover que os Banshees fizeram! Ela revela que havia uma certa conversa de que ele, inclusive, desejava ser produtor da banda! Já pensou? Como será que as coisas teriam acontecido se isso se concretizasse? Sioux, porém, faz uma confissão: “Preferia, contudo, que ele tivesse sido nosso guitarrista (ao invés de produtor)”. Isso também teria sido incrível, não?

 

Siouxsie e Marc Bolan (1977)
 

PHIL OAKEY, VOCALISTA DO THE HUMAN LEAGUE TAMBÉM ADMIRAVA OS BANSHEES...

Na biografia da banda, encontram-se alguns depoimentos feitos por músicos cujo destino, em algum momento e de alguma forma, cruzou com o dos Banshees! Um desses sortudos é o músico Phil Oakey, uma das maiores lendas mundiais da música eletrônica. O The Human League os Banshees estiveram juntos em 1978, numa turnê. Oakey diz: “Não entendia os Banshees até o terceira ou quarta encontro da turnê que fizemos, até que, num certo momento, quando estava ao lado do palco os acompanhando, eu finalmente os compreendi”. Ele também comenta: “Os Banshees eram diferentes, eram únicos. Eles quatro faziam algo que nunca antes havia sido visto”. Phil prossegue: “Havia algo na Siouxsie que era totalmente nonsense”. E ele ainda os comparou com o próprio Human League: “Eles se sentiam da mesma maneira que nós nos sentíamos: que a música e o visual são ambos importantes”.

 

“Os Banshees eram diferentes, eram únicos". (Phil Oakey)

ALGUMAS PALAVRAS DE SIOUXSIE SIOUX SOBRE O ÁLBUM “JOIN HANDS”:

Sioux conta que a música “Playground Twist” era o single do álbum. De acordo com a vocalista: “Essa é uma música sobre a crueldade das crianças e todo aquele aspecto de ser jogado num playground durante o inverno, com ventos fortes e sendo deixado lá para se defender sozinho”. Ainda em relação essa música ela conta que quando a faixa foi lançada, perguntaram a ela o que ela gostaria de escutar no rádio. Prontamente, a cantora respondeu que não gostaria de ouvir nada, pois, na verdade, não gostava de escutar rádio. Ela disse que tinha coisas mais importantes para fazer em sua vida. Aparentemente, esse depoimento deixou um radialista chamado Tony Blackburn muito bravo e no dia seguinte, em seu programa ele disse: “Aparentemente, a Siouxsie não gosta de escutar rádio, então nós não vamos tocar a sua música”. Como se não bastasse fazer esse discurso, ele simplesmente pegou um martelo e, ao vivo, destruiu o single com uma série de pancadas! Sioux diz que ficou simplesmente desnorteada pelo fato de que Tony entendeu um comentário inocente sobre não escutar rádio, como uma espécie de ofensa pessoal dirigida a ele. E além das marteladas, durante alguns dias, o radialista ainda fez várias piadinhas desagradáveis!

A vocalista dos Banshees também comenta algo muito interessante em relação à atmosfera do álbum: “Nós todos gostávamos dos filmes de horror psicológico feitos pelo cometas Alfred Hitchcock, e era o espírito e as emoções dos filmes dele que estávamos inserindo dentro das nossas músicas: tratava-se de criar canções de obsessão e psicose. Nós estávamos fazendo a trilha sonora para os filmes que existiam em nossas próprias mentes. Eu acho que é por isso que a verdadeira estrutura dos nossas músicas eram tão esquisitas - pra mim o ato de escrever uma música ‘correta’ sempre pareceu realmente estranho”.

 

O segundo álbum dos Banshees foi lançado em 1979


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

5 CURIOSIDADES SOBRE A BANDA SIOUXSIE AND THE BANSHEES

Por Juliana Vannucchi

 Abaixo, selecionamos cinco fatos interessantes sobre a trajetória dos Banshees. A lista foi  escrita a partir de informações presentes na biografia oficial da banda, intitulada “Siouxsie & The Banshees - The Authorised Biohraphy”. O livro é excelente e é, com certeza, uma leitura indispensável para os fãs. Aos poucos, pretendemos traduzir, produzir e comentar alguns outros trechos do livro, e começaremos isso a partir de agora, com essa postagem inaugural!

1.  UMA PINCELADA PELA INFÂNCIA DE SIOUXSIE SIOUX...


Susan Janet Ballion nasceu em 27 de maio de 1957, num hospital chamado Guy’s Hospital. Ela cresceu em Chileshurst, nos subúrbios de Londres.

Os pais de Siouxsie Sioux se conheceram no Congo Belga, um território africano que é administrado pelo Reino da Bélgica. Seu pai era um bacteriologista e sua mãe, uma secretaria bilíngue - e segundo a cantora, uma mulher muito independente que também era praticamente “o homem da casa”. Por parte de mãe, Sioux tinha um avô escocês que que era médico e trabalhou na Primeira Guerra Mundial. Siouxsie teve um irmão e uma irmã, respectivamente oito e dez anos mais velhos do que ela. O irmão faleceu em meados de 2015. Ele era torcedor fanático do Wolverhampton, e influenciou Sioux a torcer para o mesmo time. E sim, a vocalista dos Banshees gosta de futebol! 

Sua primeira memória musical é a canção “Johnny Remember Me”, um clássico de John Leyton. Ela era obcecada por essa canção. Sua mãe a levava no cinema com muita frequência e elas sempre assistiam aos filmes de Doris Day e de Rock Hudson. Sioux também tinha um grande apreço pelos antigos desenhos da Disney e gostava bastante do filme “A Branca de Neve”. Um longa que ela assistiu quando era muito jovem e que a marcou bastante, foi “Psicose”, dirigido por Alfred Hitchcock, de quem ela sempre foi uma grande admiradora. 

Um fato que se tornou importante na vida da artista, foi o problema que seu pai teve com a bebida. Durante esse dificultoso período, a música, os livros e a fantasia foram sua válvula de escape. Mas apesar de gostar de livros, Sioux revela que odiava a escola, pois era um ambiente que fazia com que ela se sentisse muito desconfortável.


2. UM POUCO MAIS SOBRE STEVEN SEVERIN...


Steven Severin, baixista e cofundador dos Banshees, cujo nome real é Steven Bailey, nasceu em 25 de setembro de 1955, no hospital Whittington, localizado no norte de Londres.

Ele conta que se sentia seguro durante o período da infância, pois naquela época, Londres era uma cidade diferente e, no geral, as pessoas tinham razões para se sentirem assim. Cresceu com a mãe e o pai e, conforme relata, também cresceu cercado por mulheres, pois na sua casa moravam a avó e Diane, sua irmã caçula. 

Foi um bom aluno durante os primeiros anos de escola e teve uma adolescência que considera normal. Era especialmente bom em inglês e matemática. O primeiro show que assistiu na vida foi de David Bowie e o primeiro álbum que verdadeiramente o marcou foi o “White Album”, um grande clássico do The Beatles, que ele e um amigo costumavam escutar religiosamente...


3.  E COMO FOI A INFÂNCIA DO BATERISTA BUDGIE?
 
Budgie nasceu no dia 21 de agosto de 1957, em St Helens.

Em relação às suas memórias musicais, ele conta que seu irmão (que é dez anos mais velho) tinha uma ótima coleção de discos, dentre as quais havia álbuns de bandas como The Kinks e The Troggs. Ele também tinha grande apreço pelos Beatles. Contudo, sua tranquila infância foi bruscamente interrompida pelo falecimento da mãe, que partiu quando Peter tinha apenas 12 anos. Após esse acontecimento, ele foi morar com uma tia para poder se recuperar melhor de sua dolorosa perda. Ela o ensinou a tocar “Choosticks” no piano e, conforme o baterista dos Banshees conta, essa foi a primeira vez que ele aprendeu a tocar uma canção num instrumento musical.

Budgie diz que gostava da escola, mas que era um menino demasiadamente tímido. Apreciava as disciplinas de inglês e de artes. Na adolescência, se interessou por bandas de Krautrock e mais tarde se apaixonou por T.Rex e Roxy Music. Com o tempo, Peter foi criando outros gostos sonoros e se afeiçoando pela bateria. O piano foi, de fato, apenas a porta de entrada para o seu mundo musical...
 
Ele teve passagens notáveis pelas bandas “Big In Japan” e “The Slits” antes de se juntar aos Banshees, com quem subiu ao palco pela primeira vez no dia 18 de setembro de 1979, numa apresentação realizada na cidade de Leicester.


 
4. O LANÇAMENTO DO SINGLE ‘HONG KONG GARDEN’:

A letra de uma das músicas de maior sucesso dos Banshees foi inspirada numa memória da infância de Siouxsie. Quando a vocalista tinha aproximadamente 12 anos de idade, abriu um restaurante chinês perto de onde ela morava, e no entorno desse estabelecimento sempre havia muitos skinheads, que praticavam atos racistas contra os funcionários do local, fato que a incomodava bastante.

Depois que Siouxsie escutou pela primeira vez a música editada, ela se impressionou com a maneira como sua voz soou com o uso de tratamentos de edição. “Foi uma revelação”, conta a vocalista. “Quando nós ouvimos a versão finalizada de ‘Hong Kong Garden’, eu fiquei pasma. Eu não consegui acreditar que éramos nós”. Na biografia, Siouxsie também menciona que os Banshees logo receberam aprovações e excelentes comentários por parte da crítica e, então, naquele período, ela percebeu que pela primeira vez na vida, estava fazendo algo em que era boa, algo que realmente gostava de fazer: “Aquele sentimento era poderoso”.

A respeito da arte do single “Hong Kong Garden”, Severin revelou: “Eu encontrei a imagem para ‘Hong Kong Garden’ numa revista. Pensei que seria interessante colocar uma menina escondendo o seu rosto – isso seria o oposto do que as pessoas gostariam de ver num encarte. Tenho certeza de que a Polydor  (a gravadora) teria amado uma foto da Sioux, mas eles não iriam conseguir isso”.
 
O single foi lançado em 18 de agosto de 1978
 
5. O PROCESSO DE CRIAÇÃO DO THE SCREAM...

De acordo com a vocalista dos Banshees, muitas pessoas pensavam que o nome do álbum havia sido inspirado na pintura “O Grito”, feita pelo pintor alemão Edvard Munch. Porém, na biografia oficial da banda, ela esclarece que a inspiração veio de um filme chamado “The Swimmer” (em português, “Enigma de uma Vida”), com o ator Burt Lancaster. O longa narra a história de um protagonista que quer retornar nadando para a casa e, então, começa a pular de piscina em piscina, de lar em lar, até chegar no local em que deseja.
 
Severin comentou que o álbum tinha uma capa diferente e “nada Punk”. Os Banshees pareciam querer se afastar desse gênero em termos estéticos e até mesmo ideológicos. Sioux comenta também que nessa época, ela e os outros integrantes estavam inteiramente focados na banda. Eles tinham inúmeras ideias vagando em suas mentes e tudo lhes parecia possível... 

O primeiro álbum de estúdio dos Banshees foi lançado em novembro de 1978

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