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domingo, 16 de dezembro de 2018

ENTREVISTA COM BOB BERT:

Por: Vannucchi e Marinho

O norte-americano Bob Bert é uma daquelas pessoas da música que tem muita história para contar. Baterista com passagem por bandas como Sonic Youth, Pussy Galore e Knoxville Girls, Bob conhece o instrumento desde os doze anos, mas acabou tendo aulas durante um ano e depois deixou o instrumento de lado, se colocando apenas como um expectador pronto para investigar os clássicos da música, do Garage Rock aos sons psicodélicos, passando pela chamada invasão britânica.
Ainda que tenha navegado por outras áreas da arte, a música sempre esteve presente em sua vida. No início, indo a diversos shows de nomes como New York Dolls ou ouvindo o primeiro álbum de Velvet Underground & Nico. No entanto, foi após a sua primeira visita ao CBGB em 1975 que tudo mudou. Acompanhando a cena de perto, conheceu a artista Linda Wolfe e, quando deu por si, já estava tocando bateria novamente.
Abusando um pouco de seu conhecimento, batemos um papo com o Bob sobre o mundo da música, o que ele tem ouvido, Sonic Youth, shows no Brasil e até uma dica para os jovens músicos.

1. Quantos anos você tinha quando começou a tocar bateria? Por que você começou? Você também toca Conga… Né?

Eu tive aulas de bateria durante um ano quando tinha 12 anos, mas parei de tocar quando saí de casa aos 18 anos e me concentrei na ideia de me tornar um bom artista. Voltei a tocar novamente no início dos anos 80, período em que comecei a tocar em bandas. Claro! Congas, bongos e qualquer coisa que possa ser batida!

2. Pode nos dizer quais são alguns dos bateristas que você admira?

Muitos! Jerry Nolan, Keith Moon, Gene Krupa, Ikue Mori, Clem Burke, Dee Pop, Dan Peters, Dale Crover, Ansley Dunbar. São muitos para poder citar todos!

3. Que tipo de música você tem escutado ultimamente? Quais bandas?

Eu escuto todo tipo de banda, mas prefiro o rock de garagem psicodélico dos anos 60, Glam dos início dos anos 70, as bandas de Nova Iorque do CBGB, a cena do Max’s Kansas City do final dos anos 70, No Wave e Pós Punk dos anos 80. No entanto, as minhas bandas favoritas de todos os tempos são: The Velvet Underground, Stooges, MC5, New York Dolls, Patti Smith, etc.

4. Você acha que as bandas underground podem fazer sucesso atualmente?

As palavras “underground” e “sucesso” não caminham juntas! Sucesso significa fazer o que você gosta e não se importar se alguém compreende.

5. Você ainda escuta Sonic Youth? É um banda um tanto controvérsia por ser muito experimental. Você acha que eles continuam bons?

Eu realmente aprecio o recente trabalho solo do Thurston Moree e do Lee Ranaldo. Continuo curtindo Sonic Youth, mas de todas as bandas das quais participei, a que mais escuto é Pussy Galore.
 
"Os fãs gostaram bastante e nós vivemos um momento maravilhoso no Brasil."
6. O que você sente quando você olha para o passado e pensa em sua trajetória musical?

Eu me sinto muito orgulhoso e feliz de poder continuar tocando na minha idade e tendo fôlego para isso!

7. De todas as bandas das quais você participou, qual foi a mais importante pra você? Por quê?

O Sonic Youth provavelmente a longo prazo, porque foi uma ótima forma de começar e eu nunca havia imaginado naquela época que as pessoas continuariam falando sobre a banda depois de 40 anos, mas não tenho arrependimentos pela maior parte das bandas em que toquei como Pussy Galore, Chrome Cranks, Bewitched, Knoxville Girls e, atualmente, eu também toquei Wolfmanhattan Project com o Kid Congo Powers e Mick Collins.

8. Como começou a banda Lydia Lunch Retrovirus? Como você conheceu a Lydia?

Eu era fã da Lydia desde que ela começou em 1978. Encontrei ela no meu primeiro show com o Sonic Youth, em 1982, no CBGB e desde então somos bons amigos e com algumas colaborações com o passar dos anos. A banda Retrovirus começou em 2012 e temos nos comprometido totalmente desde então. Foi o momento certo e provavelmente o mais divertido da minha carreira! Eu amo os garotos da banda, o Tim Dahkl e o Weasel Walter.

9. Você poderia nos contar sobre como foram os shows no Brasil?

Foram ótimos! Os fãs gostaram bastante e nós vivemos um momento maravilhoso no Brasil. Espero voltar em breve e encontrar pessoas legais como você!
 
10. O Pussy Galore é um banda extraordinária. Você poderia nos contar um pouco mais sobre sua carreira com essa banda?

Eu me juntei ao Pussy Galore em 1986, pouco depois de sair do Sonic Youh. Eles eram bem novos e eu tinha dez anos a mais do que eles, e esse fato foi um pouco estranho no início, mas deu tudo certo e nós criamos uma sonoridade original para o Rock, alguns ótimos álbuns e fizemos muito barulho. Eu continuo tendo amizade com todos os membros do Pussy Galore e também do Sonic Youth!

11. Como foi a cena No Wave em NY?

Foi bem legal! Havia bandas sendo realmente criativas em suas sonoridades, conceitos e delivery. Foi uma coisa meio sem sentido naquele período! Foi mais como se tivesse uma banda tocando para cerca de 20 pessoas numa terça à noite, num clube ou no sótão no centro da cidade. Entregou a mensagem que conceito era mais interessante do que a habilidade técnica.

12. Qual é o melhor conselho que você pode dar para algum músico?

Seja criativo, curta o que está fazendo e não de a menor importância para o sucesso!

13. Se você pudesse tocar com qualquer banda ou artista com o qual você nunca antes tocou, qual ou quais seriam?
Hmm… Eu acho que eu fiz uma coisa boa durante minha vida! Sempre foi um sonho meu tocar ao lado da Lydia! Eu adoraria tocar bateria para o The Stooges, eu trabalharia com o Kevin Shields do My Bloody Valentine. De qualquer forma, estou feliz com as pessoas com as quais toquei em meu passado!

"Seja criativo, curta o que está fazendo e não de a menor importância para o sucesso!"
 * Texto anteriormente publicado no site Audiograma: http://www.audiograma.com.br/2017/07/interrogatorio-bob-bert/

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