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domingo, 3 de março de 2024

THE STONE ROSES: UM TEMPLO SAGRADO CAPAZ DE ELEVAR QUALQUER CORAÇÃO

 Por Juliana Vannucchi

No final dos anos 80 e início da década seguinte, quando o punk rock já não era mais uma novidade, a cidade de Manchester abrigou uma efervescente onda de bandas de rock que despontavam numa fascinante maré de criatividade. Esse período histórico e as características sonoras dessa geração de grupos emergentes ficou conhecido como “Madchester”. Foi justamente nesse contexto que surgiu o The Stones Roses, grupo formado em 1983, que contava com o talentoso Ian Brown nos vocais, John Squire na guitarra, Mani no contrabaixo e tinha Reni como baterista. 

O primeiro álbum da banda, intitulado “The Stone Roses” foi lançado somente em 1989. Alguns anos mais tarde, em 1994, o quarteto de Manchester presenteou o mundo com o segundo e último disco de estúdio, chamado “Second Coming”. Os integrantes ficaram juntos até meados da década de noventa, quando, por fim, se separaram. Posteriormente, em 2011, anunciaram uma turnê e chegaram até mesmo a produzir novos materiais. No entanto, a carreira da banda nesse retorno não emplacou tanto como quando o debut que chamou a atenção do mundo todo foi lançado. Esse memorável álbum de estreia carrega um total de 11 faixas e possui uma aura imensamente original, cuja musicalidade desvinculava-se tanto do punk rock, quanto do pós-punk, gêneros mais populares do período em que foi gravado. Em função desses diferenciados aspectos criativos e de sua peculiaridade estética, a banda é considerada representante do “alternative rock”, uma vez que foi essencialmente transgressora, escapando dos padrões de sua época e conseguindo aventurar-se em novos terrenos sonoros.

 

Escutar essa banda é uma viagem fantástica, um deleite libertador
 

O “The Stone Roses” é album que possui um carisma atemporal e cativante. Suas melodias grudam na cabeça e fisgam o coração, enquanto os sentimentos melancólicos despejados por Ian Brown soam como um sagrado templo acolhedor. É um disco extremamente qualificado em todos os sentidos possíveis, com variadas influências estilísticas e, em função desse conjunto de elementos, é improvável encontrar alguém que não se encante quando o ouve. Escutar essa obra-prima é uma viagem fantástica, um deleite libertador e repleto de mágica! O ouvinte simplesmente se perde por completo na  experiência sonora profunda das faixas desse apaixonante disco.

Vale citar que a icônica capa desse aclamado álbum chegou, com justiça, a ser eleita pela revista “Q” como uma das "100 melhores capas de discos de todos os tempos". No artigo da “Q” a respeito da arte da capa, o guitarrista Squire, que a criou, revelou: “Ian certa vez conheceu um artista francês quando ele estava viajando pela Europa. Esse cara estava presente em tumultos e contou a Ian como limões foram usados ​​​​como antídoto para gás lacrimogêneo. Havia um documentário com uma ótima cena no início, de um cara jogando pedras na polícia. Gostei muito da atitude dele”. Essa história contada por Squire, não apenas serviu como pano de fundo para a criação da capa do álbum, mas também inspirou uma letra da música "Made Of Stone". 

Essa banda tão inovadora nos deixou como herança um álbum catártico que é capaz de transformar qualquer momento da vida numa experiência atípica e verdadeiramente cinematográfica. O The Stones Roses oferece a trilha sonora ideal para dar sabor a essa existência estranha, que por vezes é tão amarga e indigesta.

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