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sexta-feira, 8 de março de 2024

BILINDA BUTCHER TRANSFORMOU DOR EM POESIA E REVOLUCIONOU O ROCK

 Por Pedrinho Sangrento

Pouco se sabe sobre a vida pessoal da discreta Bilinda Butcher, mas o pouco que sei me prova que ela é alguém que você também deveria conhecer. Bilinda viveu  teve um filho em sua adolescência, de quem ela cuidava sozinha, sem contar com a ajuda de um pai. Isso acorreu antes mesmo de ela se juntar ao My Bloody Valentine. As letras de "No More Sorry", escritas por Butcher são como uma carta muito pessoal de Bilinda ao seu filho Toby, e parecem relatar experiências um tanto traumáticas de seu passado. Numa entrevista, certa vez Bilinda disse: "A terapia da hipnose me fez lembrar de coisas da minha infância que me explicaram o porquê de eu estar vivendo com um parceiro tão abusivo, e eu percebi que muito do que aconteceu na minha infância não deveria ter acontecido nunca. Muito disso aparece nas minhas letras. Muito desse desconforto". 

 

Bilinda foi o ingrediente final na receita que criou uma banda praticamente mitólogica.

A jovem Bilinda foi capaz de transformar memórias dolorosas que ela queria esquecer numa poesia surreal, caracterizada por um toque de mistério e melancolia que enriqueceram o som do MBV e que, em conjunto, formaram a cara da banda. Aliás, não é a toa que o rosto de Bilinda é capa do EP "Feed Me With Your Kiss", de 1988. E essa seria a única (até então) vez em que a banda usaria uma capa com o rosto de um membro aparecendo com tanta nitidez. O My Bloody Valentine conta também com outra mulher incrível, a Debbie Googe, uma baixista à altura de Kim Gordon, cujos movimentos frenéticos que lembram os pioneiros do punk rock, como o MC5 e, além disso, ela tem um look de rockstar dos anos 90 completamente icônico. 

O MBV é uma banda muito importante, pois foi praticamente responsável por criar o que veio ser a segunda onda de shoegaze do começo dos anos 90, e o toque feminino mágico de Debbie e Bilinda com os elementos sonoros brutais como a bateria selvagem com viradas de metralhadora de Colm e a guitarra de serra elétrica melódica de Kevin, em conjuto deram luz a uma das bandas mais autênticas e influentes da década de 80. E o mais importante, vale ressaltar, é uma banda com um rosto feminino. 

Bilinda Butcher é tão importante para o MBV, quanto Debbie Harry para o Blondie, e sua influência continua sendo enorme nos dias de hoje. Ela foi o ingrediente final na receita que criou uma banda praticamente mitólogica. Bilinda, seja lá quem ela é for por trás da sua obra, é uma verdadeira heroína. Definitivamente, uma estrela que brilha no rock and roll.

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