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segunda-feira, 17 de março de 2025

WUIVEND RIET: A OBRA-PRIMA DE JOHANNES SCHOELLING

 Por Juliana Vannucchi

Johannes Schmoelling  é um música excepcional e as composições desse genial músico alemão, são verdadeiras poesias instrumentalizadas. Lembremos, inicialmente, no final dos anos 60, a Alemanha foi palco de um movimento musical deveras relevante e essencialmente revolucionário: o Krautrock, que desde seus primórdios buscou inaugurar um período de criação musical próspera e autêntica no país.

Embora haja muitos aspectos para se analisar em relação ao Krautrock, de maneira geral, podemos mencionar que as bandas que fizeram parte desse movimento, eram essencialmente experimentais e produziam suas músicas com uma dose alta de criatividade que se complementava maravilhosamente com uma pincelada de ousadia. Foi justamente nesse contexto que surgiram grandes nomes da música alemã, que se destacaram mundialmente, tal como o Can, Faust, Amon Düül II, Kraftwerk, Neu!, e claro, o próprio Tangerine Dream. A sonoridade dessas bandas não é tão simples de ser analisada, pois devido ao fato de serem experimentais e de terem se proposto a inovar esteticamente, suas músicas pairam sob texturas bastante dinâmicas, embora de maneira geral, possamos dizer que são em parte psicodélicas e em parte eletrônicas.

Johannes Schmoelling começou a tocar piano aos oito anos de idade. Poucos anos mais tarde, aos doze, tocou órgão numa igreja e quando mais velho, estudou engenharia musical numa faculdade em Berlim. Depois disso, realizou um trabalho de som no meio teatral, no qual aprendeu técnicas que posteriormente lhe seriam bastante úteis. O tempo passou. A Alemanha mudou e o cenário sonoro também foi se alterando. Schmoelling vivenciou de perto e intensamente o contexto do Krautrock e certamente foi um dos nomes mais importantes do movimento. Ele brilhou no Tangerine Dream, criando melodias fantásticas e ajudando a banda a construir algumas das faixas e álbuns mais alucinantes do Rock And Roll. Mas o Wuivend Riet vai além de seus admiráveis trabalhos com o Tangerine Dream.

Em sua carreira solo, o aclamado músico alemão encontrou definitivamente o seu ápice musical. O Wuivend Riet é um álbum fascinante do começo ao fim, que através de sua singularidade e magia, envolve delirantemente o ouvinte. Seguindo a linha estética experimental do Krautrock, ele explora dissonâncias oníricas que se misturam com ruídos diversificados e genialmente estranhos. É um trabalho extremamente original no qual Johannes Schmoelling se arriscou a combinar as mais distintas, improváveis e atípicas melodias, mesclando-as com barulhos minimalistas bastante insólitos. Totalmente sui generis!

A dificuldade de categorização do álbum é algo difícil de se fazer. Conforme citado anteriormente, trata-se de um trabalho muito singular. Não são apenas ruídos amontoados. Não é apenas “música eletrônica”. Existe algo de profundo e especial nesse álbum tão fantástico, algo que faz com ele seja único e distante de qualquer gênero específico. No site oficial do músico, há um texto a respeito desse álbum e encontrei um trechinho interessante que merece ser transcrito: “O Wuivend Riet é uma tentativa de superar o mero elemento eletrônico e chegar a uma atitude inspirada musicalmente diferente em relação à eletrônica e suas possibilidades”. Definitivamente, esse álbum foi um paço a mais que rompeu qualquer tipo de barreira musical existente na época.

Johannes Schmoelling é uma espécie de “alquimista musical” bastante atrevido que gosta de misturar substâncias sonoras. Ele certamente deixou o Tangerine Dream com muitas ideias em mente. Mas é claro que deveria carregar também algumas incertezas, afinal, estava abandonando uma banda aclamada para trilhar um caminho incerto. O que podemos concluir é que ele sabia muito bem o que estava fazendo. Além de seus álbuns solos, também criou trilhas sonoras para filmes e programas de televisão.

Lançado em 1986, o álbum conta com um total de seis faixas.

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