Fanzine Brasil

terça-feira, 18 de agosto de 2020

THE STOOGES: A ANTÍTESE DO HIPPIE NA DÉCADA DE 60

 Por Diego Bagatin

Como falar sobre o Punk, sem antes voltarmos ao ano de 1969? Ao contrário das afirmações da mídia ou do comercial de Malcolm McLaren de que esse movimento teria surgido na Inglaterra, nos Estados Unidos, os jovens já haviam tomado conta de uma estética que poderia ser chamada primeiramente de um movimento Protopunk, em meio ao Flower Power cada vez menos intenso, e bandas entrando em uma onda de acordes raivosos que seria denominado posteriormente como Garage Rock. Uma das bandas mais essenciais desse movimento, senão a mais essencial, foi o The Stooges, grupo formado na cidade universitária Ann Arbor, do estado americano de Michigan. Como diria o diretor Jim Jarmusch, “a melhor banda de Rock n Roll do mundo”.  

Jim Osterberg, baterista da banda The Iguanas estava disposto a fazer mais do que segurar as baquetas para uma banda de Garage Rock dos anos 60, e conta a história que, certa vez, Jim assistiu a um concerto do The Doors em um baile universitário no final daquela década. Como todos os presentes no recinto, Jim Osterberg também criava uma expectativa de que a banda de Jim Morrison faria um show com suas músicas psicodélicas para que o público pudesse dançar em um baile normal, assim como era comum na época. Ao invés disso, no palco surgiu uma figura bêbada e saltitante como vocalista que não conseguia sequer terminar de cantar uma música. Foi então que Jim Osterberg pensou que, se os Doors não conseguiam fazer um show decente naquele período, ele poderia fazer algo muito melhor. Assim, Jim virou Iggy (nome derivado da sua banda Iguanas), e, assumindo o posto de vocalista, ele estava pronto para formar um novo projeto. 

Iggy Pop, escrachante o padrinho do Punk

Com Dave Alexander no baixo e os irmãos Ron Asheton na guitarra e Scott Asheton na bateria, os Stooges levavam ao público uma primeira impressão de insanidade por parte de Iggy Pop, que incluíam cacos de vidro pelo corpo e pasta de amendoim no peito. A banda tocava de uma maneira estática, enquanto o vocalista fazia sua performance à sua maneira de chocar as pessoas, muitas vezes entrando em brigas com motociclistas ou com quem o provocasse por conta de seu comportamento. Durante um show em Detroit, Iggy Pop também criou o stage dive, pulando em sua plateia como se fosse pular dentro de uma piscina. Este ato, assim como muitos outros, o definiu com o padrinho do Punk durante décadas, e o stage dive se tornou ainda mais popular por bandas que viriam a seguir na cena do Punk e do Hardcore.  

 

A discografia dos Stooges consiste em cinco álbuns de estúdio, sendo que apenas os dois primeiros foram gravados com a formação clássica da banda. O baixista Dave Alexander foi demitido em agosto de 1970, após o mesmo continuar a ter problemas com alcoolismo, o que interferia nas apresentações da banda. Infelizmente, Dave veio a falecer no ano de 1975 de edema pulmonar, consequência de seu alcoolismo.

Após dois discos lançados pela Elektra Records com a sua formação original, The Stooges recrutou os trabalhos do guitarrista James Williamson, mandando Ron Asheton para o contrabaixo. Raw Power, o terceiro disco sob o nome de Iggy & The Stooges, se tornou o maior clássico da banda e referência principal para o Rock de Garagem e o Punk, durante os anos 70. Lançado em 1973 e produzido por David Bowie, o álbum abriria as portas para os rapazes dos Stooges com clássicos como “Search & Destroy” e “Gimme Danger”, se tornando um disco fundamental para o começo do movimento Punk e obrigatório para as listas de melhores discos de todos os tempos. 

A vida da The Stooges acabou em 2016, entre idas e vindas e com participações de músicos conhecidos da cena Punk norte americana, como Mike Watt, da banda Minutemen. Fora dos Stooges, a carreira produtiva de Iggy Pop resultou em trabalhos solo clássicos de tanto conhecimento quanto os discos com os Stooges, permanecendo até hoje (e por muito mais tempo, eu espero) como o único Stooge original vivo. Mas a vida breve dos Stooges e seus discos quebraram barreiras e, conforme citado, ajudaram a moldar o Punk da maneira como o conhecemos hoje. 

Álbuns de estúdio:

The Stooges (1969)

Fun House (1970)

Raw Power (1973)

The Weirdness (2007)

Ready to Die (2013)
 


2 comentários:

  1. Quero dividir uma experiência que eu tive em 2005, era um festival da Claro, primeiro Sonic Youth fez um show qualquer, foi horrível no sentido nem sei quem são vcs, daí veio o flaming lips ..e eu não conhecia tanto, mas em 15 segundos de Race for the prize eu sentia que tinha descoberto a banda mais legal do mundo, e o show foi indo emocionando a todos, eles vestidos de bichinhos e quanta interação com o público, coisa que não existiu no Sonic então todos estávamos apaixonados e dizendo isto que é música...tá...acabou o show a gente tinha que correr por outro lado...via se um cara magro, gritando, falando para o público subir no palco, falando aqui não tem bixinho não e ente alguns fucks entrava uma guitarra rasgante como nunca eu tinha visto ao vivo...em 2 minutos qualquer pessoa ali já esquecido o flaming lips e ..ou tava querendo invadir o palco ou estava atônito com um Iggy Pop e os Stooges tomados pelo satanás pragejando suas músicas.como se fossem orações do fim do mundo, nunca mais fui o mesmo, parabéns Diego linda materia

    ResponderExcluir

TwitterFacebookRSS FeedEmail