Por: Vannucchi
“Eu sabia que a música que fazíamos
não podia ser ignorada. Havia muitos elementos de classicismo no que estávamos
fazendo para as pessoas encararem isso como se fosse alguém simplesmente
fazendo barulho. Era muito construído. Pensava ser inevitável que alguém
pudesse perceber a incomparável natureza do que estávamos fazendo.”
– John Cale
Em
março de 2017, o icônico “disco da banana” completou 50 anos. O título original
desta obra é “The Velvet Underground & Nico”, e este foi o primeiro álbum
de estúdio lançado pela banda The Velvet Underground. Brian Eno, músico de
enorme respeito e de grandes feitos, certa vez disse que poucos foram os que
compraram este álbum em 1967, mas que "todos
aqueles que compraram uma das 30 mil cópias formaram uma banda". Eno estava certo quando fez este comentário,
pois hoje sabemos que inúmeras bandas somente arriscaram começar a escrever suas
histórias por inspiração do The Velvet Underground & Nico. Por
certo, este trabalho inicial da banda, pautado no “do it yourself”, foi o berço
do próprio Punk Rock.
Os integrantes deste álbum foram Lou Reed, que compôs a maior parte das letras, o baterista Maureen Tucker, que chegou a usar latas de lixo em seu kit de bateria, John Cale, multi-instrumentalista de extrema criatividade, Sterling Morrison, potente guitarrista e, claro, Nico, atriz alemã que se tornou o “mito do Velvet”. Além disso, o artista Andy Warhol foi o padrinho da banda que, além de ter criado a identidade visual da capa, também foi responsável por conseguir que Tom Wilson assumisse a produção do álbum. Foi ele também que, mesmo a contragosto dos integrantes do Velvet, inseriu Nico no projeto.
Os integrantes deste álbum foram Lou Reed, que compôs a maior parte das letras, o baterista Maureen Tucker, que chegou a usar latas de lixo em seu kit de bateria, John Cale, multi-instrumentalista de extrema criatividade, Sterling Morrison, potente guitarrista e, claro, Nico, atriz alemã que se tornou o “mito do Velvet”. Além disso, o artista Andy Warhol foi o padrinho da banda que, além de ter criado a identidade visual da capa, também foi responsável por conseguir que Tom Wilson assumisse a produção do álbum. Foi ele também que, mesmo a contragosto dos integrantes do Velvet, inseriu Nico no projeto.
Em 1967, o
Rock Progressivo prevalecia no cenário musical e os hippies ditavam a moda e a ideologia
do período. Este contexto, naturalmente não foi favorável para que o The
Velvet Underground & Nico fosse aceito. Na época de seu lançamento, de fato, o álbum não obteve méritos. É o que
costuma acontecer quando um trabalho artístico é visionário.
Definitivamente, o mundo não estava preparado para as desconstruções temáticas
e estéticas deste álbum. Mas felizmente, os membros da banda pareciam estar
despreocupados com qualquer tipo de aprovação. Lou Reed, em suas composições,
captava com sensibilidade uma atmosfera existencial sombria e que parecia
oculta para o restante de sua geração. Ele era um poeta “outsider”, um gênio de
vanguarda que caminhava por estradas incomuns. Muitas faixas do álbum abordam
temáticas provindas do submundo que provocava as emoções do músico. Assim, Reed
escreveu sobre temas como o sexo, o sadomasoquismo e as drogas. Além disso,
algumas letras possuíam influência literária, especialmente de Allen
Ginsberg, e William
Burroughs. De maneira geral,
suas palavras pareciam misturar leituras subjetivas de um universo sombrio e
perverso que se insinuava instigantemente para o músico.
E certamente foi por intermédio destas
características peculiares de Reed que Warhol,
encaixou-se tão bem no projeto da banda, pois afinal, ele também possuía uma
mente artística repleta de novas propostas. Somado a isso, os meninos do Velvet
estavam presentes no cenário e assimilaram com precisão os sentimentos de Lou.
Neste ponto, John Cale merece destaque. Ele era estudante de música e possuía uma
enorme força imaginativa, que o levou a produzir sonoridades instrumentais totalmente
distantes do habitual, traçadas especialmente por experimentalismos. Essa
interessante fusão de personagens excêntricos que se misturaram para dar luz ao
álbum resultou em um esplêndido trabalho estético que alteraria para sempre os
rumos do Rock And Roll. Todas as faixas são envolventes e marcadas por
sonoridades bastante alternativas que parecem ser uma mistura de delírios sublimes
que se amarram harmoniosamente à poesias honestas, profundas e que retravam com
crueza realidades individuais. Aqui fica minha singela menção, gratidão e
homenagem a este mítico álbum.
Texto anteriormente publicado no site Audiograma.
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