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domingo, 10 de dezembro de 2023

MARIANNE FAITHFULL: A INCRÍVEL TRAJETÓRIA DE UMA LENDA DOS ANOS 60

 Por Juliana Vannucchi

Marianne Faithfull é uma prolífica cantora inglesa, que se tornou um verdadeiro ícone cultural dos anos 60, tendo sobrevivido às loucuras e excessos experenciados na referida década. Sua vasta e original discografia é composta por um total de mais de vinte álbuns de estúdio, nos quais encontram-se ritmos e melodias notavelmente diversificados. Além do imenso legado deixado no universo musical, a britânica também se popularizou por seus papéis no cinema e principalmente pelo relacionamento que teve com Mick Jagger, que a levou a se tornar uma musa inspiradora de algumas das faixas mais conhecidas dos Stones. Cabe observar que a carreira artística de Faithfull, embora muito abundante e digna de elogios, foi amplamente encoberta pela fama de Mick Jagger, uma vez que o relacionamento com o astro do rock a colacava, de modo geral, em segundo plano, levando-a, inclusive, a vivenciar ao lado dele alguns escândalos que prejudicaram sua carreira como atriz. Apesar de Jagger ter contribuído para que a imagem dela fosse comprometida, Faithfull, por sua vez, ajudou, ainda que indiretamente, a alavancar a imagem do líder dos Stones, tendo inspirado várias de suas músicas e até mesmo tendo ajudado a escrever ao menos uma letra de sucesso da banda. Mas ainda que um tanto ofuscada por Mick Jagger, ela conquistou seu espaço, principalmente por sua voz fabulosa que é capaz de tirar os ouvintes da dimensão terrestre e também por seu espírito incansável. Infelizmente, quando o namoro entre os dois acabou, a cantora perdeu-se completamente no  uso compulsivo de álcool e drogas...  

 

Faithfull simplesmente sobreviveu através da produção artística que lhe serviu como combustível.

Faithfull sempre portou e propagou uma postura bastante underground e destemida, tendo, inclusive se tornado referência para vários nomes da cena punk de Nova York (como Lydia Lunch, Bush Tetras e vários outros). Ela chegou a viver como andarilha nas ruas londrinas em função de seu vício em heroína e sua vida foi marcada por crises turbulentas e períodos decadentes, que foram sensivelmente transportados para muitas de suas poderosas e sombrias letras, sempre tão carregadas de emoção. Seu jeito melancólico de cantar e as poesias muitas vezes autobiográficas, inspiradas em suas desventuras, em seus medos, desejos, paixões e vícios, a transformaram numa personalidade emblemática, memorável e bastante cativante. Aliás, uma das pessoas que ela conquistou e com a qual até mesmo contribuiu artisticamente foi David Bowie. Podemos dizer que Faithfull simplesmente sobreviveu através da produção artística que lhe serviu como combustível e como um ponto de apoio necessário sem o qual, talvez, ela não tivesse aguentado enfrentar alguns dos duros e perigosos momentos que atravessou em sua vida.

No decorrer de sua história, a elegante Marianne Faithfull já recebeu inúmeras e merecidas honrarias culturais e permanece sendo um nome aclamado ao redor do mundo. Nutre uma forte amizade com grandes nomes da música, tal como Warren Ellis, Nick Cave e Brian Eno, além de ter influenciado significativamente muitos músicos e bandas importantes. Em 2022, foi anunciado que Marianne estava internada numa clínica afim de reabilitar-se de uma série de sequelas deixadas pela Covid-19, doença que a atacou fortemente, fazendo-a ficar internada durante três semanas. Força é algo que não falta a essa mulher: a incrível Marianne Faithfull já superou um câncer de mama, além de também ter enfrando um quadro grave de hepatite C, e sobrevivido a uma queda que a fez quebrar seriamente o quadril. A vigorosa e sempre inspirada fera inglesa também já sobreviveu a uma grande infecção e venceu um sério quadro de anorexia. Faithfull  possui uma história de vida muito impressionante. Ela já foi do glamour ao inferno, dos palcos aos suburbios... mas o fato é que ela sempre se manteve afastada das regras sociais, esteve longe do convencional e, sobretudo, das normas de comportamento esperadas para uma mulher dos anos 60. Essa donzela decadente nos ensina a sermos mais corajosos, a suportarmos dores que parecem insuperáveis e, claro, a transformarmos todos os pesares, aflições e calamidades existenciais em poesia. 

Referências:

http://www.mariannefaithfull.org.uk/biography/

https://www.nytimes.com/2021/04/22/arts/music/marianne-faithfull-she-walks-in-beauty.html

https://www.theguardian.com/music/2021/jan/15/marianne-faithfull-i-was-in-a-dark-place-presumably-it-was-death


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