Por Juliana Vannucchi
O rock brasileiro está muito bem representado pelo The Edwoods, duo paulista que realiza criativos experimentos sonoros com os gêneros psycobilly e garage rock, complementando essa mescla com uma aura essencialmente underground.
A dupla é formada pelos irmãos Andy Edwood, vocalista e baterista, e o guitarrista Eron Edwood. Vale observar que o drum kit de Andy é simples e mininalista, composto por duas caixas e um prato que são tocados sempre em pé, de uma maneira alucinante. Cantando, Andy é uma versão tropical de Lux Interior.
Eron, por sua vez, utiliza brilhantemente sua Gretsch e está sempre munido com captadores humbunckers para agitar os ouvintes com uma textura suja e distorcida, que lembra o The Stooges. Em relação aos pedais, o guitarrista explicou: “Nossa distorção vem do Morning Glory da JHS Pedals... Tentamos outros pedais, até o glorioso e cultuado Big Muff...Mas a combinação perfeita ficou com o Morning Glory somada a minha pegada e a minha total falta de técnica. Em certo momento, sentimos a necessidade de alguns sons graves na banda, daí a utilização de um oitavador da Boss, que dá uma sonoridade próxima de um contrabaixo”. Por usarem somente dois instrumentos, o resultado é um rock em estado puro, cru e catastrófico. De modo geral, as músicas da dupla parecem uma fusão estranha e cativante de James Chance, Stray Cats e The Cramps, com um visual de filmes trash sanguinários dos anos oitenta. Em relação ao conteúdo das letras, encontramos temas bem diversificados, como corrida de carros, terror, relacionamentos caóticos e, de acordo com Andy, principal compositor, “também falamos de gente doida igual a gente” (risos).
O Fanzine Brasil recomenda: coloque o The Edwoods na sua playlist. |
Atualmente, o The Edwoods é um dos grupos mais populares dentro do cenário de bandas nacionais independentes. A esse respeito, Eron refletiu: “Nós ficamos pouco mais de uma década sem tocar (tiramos uma década sabática), então dá para fazer uma análise da cena independente de dez anos atrás e da cena atual. O que eu posso falar é que, como antes, há muitas bandas boas e uma galera ativa que faz as coisas acontecerem. Num mesmo rolê você pode encontrar uma casa dando a oportunidade para duas ou três bandas de estilos variados mostrarem seu trabalho”. O guitarrista ainda destacou a relevância das redes sociais para bandas underground e deixou um conselho aos que se interessam por bandas autônomas: “Poderia ficar aqui citando várias bandas que estão fazendo um ótimo trabalho, mas com certeza acabaria esquecendo de várias e isso seria injusto... Então o conselho que dou é para fuçarem as redes sociais e as plataformas de streaming, pois existem bandas com trabalhos lançados e que ainda não chegaram aos ouvintes daqueles que estão ávidos por algo novo”.
Ao falar sobre a história do duo, não podemos deixar de citar os famosos gigs realizados na Avenida Paulista, que possibilitam uma interação mais direta e ampla com um público variado. Andy nos contou que essas são as apresentações mais marcantes do The Woods: “São experiências sensacionais, pois permitem que as músicas alcancem um público maior por causa da rotatividade dos pedestres. Essas pessoas dificilmente iriam a algum bar ou clube pra ver um artista sem conhecê-lo previamente, portanto é um espaço fantástico para divulgação. O The Edwoods tocou em junho de 2022 e foi incrível, houve até a participação do Valdir no nosso show. Ele trabalha com limpeza urbana e estava fazendo seu trabalho na área na qual havia o show. Chamei ele ao microfone, pedi uma salva de palmas e ele ainda dançou algumas músicas. Há até um registro desse momento em nosso Instagram”.
Até o momento, a banda paulista lançou um EP físico intitulado “Drag Racer”, que foi lançado em 2020, em formato de vinil de 7 polegadas e cujas músicas também estão disponíveis em todos os serviços de streaming. A previsão é de que no primeiro semestre de 2023 lancem dois singles inéditos.
O Fanzine Brasil recomenda para o bem de seus ouvidos e de sua insanidade mental: coloque o The Edwoods na playlist.
Muito obrigado Juliana e Fanzine Brasil. A gente não merece, mas agradecemos.
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