Fanzine Brasil

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

“ID, EGO, SUPEREGO E OUTRAS PORCARIAS”: EM NOVO PROJETO MUSICAL DENNIS SINNED RETRATA AS RELAÇÕES HUMANAS NA MODERNIDADE

 Por: Juliana Vannucchi

Nessa sexta-feira, Dennis Sinned, conhecido nome da cena underground brasileira, lançou pelo selo Paranoia Musique, “Id, Ego, Superego e Outras Porcarias”, o primeiro álbum de seu novo projeto solo, intitulado Dennis e o Cão da Meia-noite. Para dar vida ao novo repertório da produção mais ambiciosa de sua carreira, o músico contou com o apoio do talentoso baterista Alexandre Fon, que também toca na banda “Noise Under Control” e ajuda na elaboração da parte rítmica, além de fazer a segunda voz em algumas músicas.

 

No início da pandemia, comprei uma câmera Nikon (...) Gosto de fazer caminhadas, às vezes caminho por horas e em horários não muito convencionais. Nessas ocasiões, costumo levar a câmera e filmar o cotidiano urbano (...)"

“Id, Ego, Superego e Outras Porcarias”, em suma, tem como temática as relações humanas na modernidade. Nas letras emocionais e impactantes, Dennis, o “Rimbaud brasileiro”, dispara lampejos poéticos e reflexivos nos quais encontramos lamentos e refutações sobre um mundo cada vez mais sórdido, vazio e raso. São diagnósticos precisos sobre os traços que marcam o tempo em que vivemos. Em relação ao processo de composição lírica, o músico relatou: “No início de 2020, eu comecei a fazer as primeiras músicas e tive a ideia do nome e dos conceitos que eu queria trabalhar. Eu tenho uma ligação afetiva e quase “espiritual” com cachorros e desejava que meu trabalho solo tivesse algo ligado a eles, não queria usar somente o meu nome. O Dennis sou eu como me mostro para o mundo, o “Cão da meia-noite” é o eu lírico, o id da tríade freudiana. Entrei nesse universo psicológico porque as músicas do projeto tratam das relações humanas na modernidade. Gravamos a primeira música em março, a faixa “Não jogue lixo”, e dias depois começaram as restrições da pandemia e toda essa confusão, o que obviamente interferiu no universo lírico das composições que viriam. Enfim, depois de mais de um ano de composições e gravações, lançaremos o Álbum com 13 faixas”.


As composições do álbum apresentam um refinamento musical elogiável e criam uma aura que mistura The Damned e The Jesus and Mary Chain.

Uma característica que diferencia esse projeto dos outros nos quais Dennis trabalhou é a união entre poesia, música e vídeo, linguagens que se encontram com maestria no seu projeto. A esse respeito, o músico contou: “No início da pandemia, comprei uma câmera Nikon, nada muito avançado, uma câmera semiprofissional. Gosto de fazer caminhadas, às vezes caminho por horas e em horários não muito convencionais. Nessas caminhadas costumo levar a câmera e filmar o cotidiano urbano. Dessas ocasiões também saem insights para letras e poesias, quando não saem músicas completas enquanto caminho”.

As composições do álbum apresentam um refinamento musical elogiável e criam uma aura que mistura The Damned e The Jesus and Mary Chain. Em termos gerais, Dennis, mais uma vez, esbanja originalidade e qualidade. Não importa o caminho que ele percorra, ele sempre se mostra um músico impecável. Parece um daqueles artistas urbanos do célebre período da No-wave norte-americana, mas, claro, tropicalizado. Sejamos francos: na verdade, podemos dizer com bastante segurança que Dennis, com suas poesias encantadoras e com as melodias lúgubres e únicas que imprime em suas canções, desbancaria parte dessa cena gringa e tomaria a coroa de muitos! Ele só não tiraria a coroa de Lydia Lunch... e nem seria preciso: Dennis e Lydia Lunch formariam um ótimo dueto!

 




0 comentários:

Postar um comentário

TwitterFacebookRSS FeedEmail