Por: Vannucchi
Paul Horn (1930-2014) é um aclamado flautista de Jazz e saxofonista norte-americano, conhecido por ser pioneiro da New-Age.
Desde a infância teve contato com a música. Aprendeu a tocar piano com
apenas 4 anos de idade, clarinete aos 10 e saxofone aos 12. Essa
afinidade artística durou por toda a vida e o levou a criar trabalhos
elogiáveis. Um de seus projetos musicais mais brilhantes, ousados e
originais, é o “Inside The Great Pyramid“, lançado em 1976.
Este referido álbum, consiste em um disco duplo cujas canções foram
gravadas dentro da Grande Pirâmide de Gizé. Este feito memorável foi
inédito, nenhum músico antes de Paul havia gravado músicas dentro das
câmaras internas da Grande Pirâmide.
No encarte da edição de vinil do Inside The Great Pyramid,
há um texto escrito pelo próprio músico, no qual ele descreve toda a
trajetória para concretização deste trabalho. A seguir, de maneira
resumida, transponho e compartilho com o leitor toda a sequência de
fatos descrita por Paul Horn.
A ideia para este inusitado projeto,
surgiu em 1975, quando David Kapralik, amigo de Paul, sugeriu que o
músico se aventurasse numa nova gravação, diferente das habituais,
propondo que fossem realizadas dentro das pirâmides egípcias. Em 1968, o
artista havia gravado uma sequência de músicas dentro do Taj Mahal, e o
resultado deste projeto havia obtido notoriedade. Porém, algo ainda
maior estava por vir. Paul se animou. David, então, entrou em contato
com a Dra. Maxine Asher, professora, arqueóloga e fundadora da AMRA (The Ancient Mediterranean Research), que na mesma época estava organizando um tour
para o Egito, previsto para maio de 1976. Os membros que participariam
da viagem estavam focados na realização de investigações e estudos sobre
fenômenos psíquicos envolvendo cristais, radiestesia, vibrações e
meditação.
Paul definiu este início de experiência como “pacífica e fantástica”, dizendo também que estava finalmente, “sentindo a pirâmide”. |
Imediatamente, após conhecer as propostas do AMRA, Paul entrou em contato com um produtor musical de Toronto chamado David Greene, que logo aceitou trabalhar na produção do álbum do músico. Convidou também Roger, um conhecido de grande afinidade.
A partir
de então, Horn começou a colecionar uma série de livros sobre as
pirâmides. Alguns dos títulos que mais envolveram o músico foram;
“Secrets Of The Great Pyramid”, escrito por Peter Tomkins, “The Secret
Power Of Pyramids”, de Bill Schul e Ed Pettit, “The Origin And
Significance Of The Great Pyramid”, de C. Staniland Wake e “A Search In
Secret Of Egypt”, cujo autor é Paul Brunton. Durante este período de
leitura e preparo para a viagem, Paul recebeu um telefona interessante e
bastante misterioso de um escritor e piramidologista chamado Ben
Pietsch, que o contou haver sons e vibrações como parte integral da
estrutura da Grande Pirâmide de Gizé, sendo que cada câmara do complexo
possuía uma vibração particular. Disse também que se uma pessoa fosse
capaz de perceber tais vibrações e se identificar com as mesmas, então
poderia entrar numa espécie de sintonia peculiar com os respectivos
espaços do local. Além disso, Ben contou que na Câmara do Rei havia um
sarcófago vazio e sem tampa, feito de granito, e aconselhou Paul para
que batesse no objeto, pois quando golpeado, o cofre liberaria uma
tonalidade sonora específica, em “C”. A partir desta nota, aconselhou
que Paul tocasse seu instrumento na mesma tonalidade para que pudesse
entrar em sintonia com o ambiente. Curiosamente, Ben dizia saber tudo
isso, sem jamais ter visitado as pirâmides do Egito.
Os preparativos saíram conforme o esperado e a viagem aconteceu. Após
a chegada no Cairo e depois de fazer algumas visitas turísticas pela
região, o trio Paul, Roger e Dave começou a planejar como faria para
realizar as gravações. Os três decidiram então fazer um pedido a Frank, guia
turístico que os estava acompanhando, lhe dizendo apenas que Paul
gostaria de passar algumas horas sozinho dentro da pirâmide para tocar
flauta e meditar. Eles não mencionaram nada sobre as gravações. Houve certa
complicação com esse pedido, mas Frank conseguiu a permissão que eles tanto almejavam. Ficou combinado que a visita especial aconteceria no
período noturno para que a “meditação” do músico não fosse incomodada,
pois durante o dia havia muito barulho, presença de turistas e excesso
de luzes. Frank havia conseguido permissão das autoridades locais e deu
instruções para que apenas dois deles passassem duas horas dentro da
Grande Pirâmide.
“Sabe, enquanto estava sentado aqui, escutei vozes, pareciam anjos… Era como se viessem de muito, muito longe”. |
No dia da gravação, o guia turístico e um guarda
local acompanharam Paul e Dave até certo ponto da pirâmide, e então se
retiraram para que os estrangeiros seguissem sozinhos. O músico e o
produtor estavam com velas acesas e caminharam por algum tempo até
finalmente encontrar a Câmara do Rei, local em que almejavam iniciar as
gravações. Quando entraram nesta câmara, logo após se acomodarem, viram
as velas, repentinamente apagaram-se. Paul definiu este início de
experiência como “pacífica e fantástica”, dizendo também que estava
finalmente, “sentindo a pirâmide”. O músico e seu amigo acenderam um
incenso no local, fizeram uma pequena cerimônia respeitosa ao espaço, e
instalaram-se para meditar. Paul relatou que em poucos minutos
após iniciar o relaxamento, sentiu uma força espiritual e uma energia
atmosférica muito intensa.
Minutos depois, durante a meditação, o artista escutou nitidamente o som de vozes que lhe pareciam bem distantes e que misturavam-se com sussurros intrigantes. Paul disse que após escutar estes sons, pensou em perguntar se Dave também os escutara. Porém, ao abrir rapidamente os olhos, percebeu que o amigo parecia profundamente confortável, e resolveu não interromper seu estado meditativo. Mas ele não resistiu e instantes depois, comentou com o amigo: “Sabe, enquanto estava sentado aqui, escutei vozes, pareciam anjos… Era como se viessem de muito, muito longe”. Eis que uma surpresa ocorreu: Dave disse “eu também escutei”e mostrou-se surpreso com o ocorrido.
Após meditarem mais um pouco, decidiram iniciar o processo de
gravação. Paul lembrou-se do enigmático telefonema que receberá de Ben, e
então bateu sutilmente no sarcófago que, de fato, encontrava-se neste
local, e que realmente ecoou uma ressonância em “C” muito envolvente.
Ele então começou a tocar, sem ter nada programado, apenas deixando o
som fluir naturalmente.
Quando finalizaram a gravação nesta
câmara, foram até a Câmara da Rainha, ambiente bastante divergente, no
qual não havia nenhum tipo de eco e, portanto, o resultado sonoro foi
diferente do que obteve na câmara anterior.
Ao terminaram esta
última experiência, Paul e Dave insistiram para que Frank os ajudasse a
fazer o mesmo tipo de visita nas outras duas pirâmides (Quéfren e
Miquerinos). Novamente, não foi fácil conseguir autorização, mas o guia
turístico agendou uma visita especial na pirâmide de Quéfren. Assim como da primeira vez, acenderam um incenso e fizeram
uma breve meditação. De acordo com Paul, a sensação deste outro ambiente
era “pesada e opressiva”. O músico bateu na tampa de um sarcófago que
havia nesta nova câmera em que estavam, e o som produzido foi na
tonalidade de “G”. O artista então, fez o mesmo de antes: acompanhou
este som livremente com seu instrumento. Posteriormente, moveram-se para
um espaço subterrâneo, e entraram numa câmara na qual havia uma tumba
infantil. Novamente então, fizeram o ritual com incenso e meditação.
Neste local também havia um sarcófago, embora nenhum tipo de som tenha
saído do objeto. Além disso, devido às dimensões menores em comparação
com os outros espaços, o eco era relativamente pequeno, proporcionando
assim, diferenças interessantes nas gravações.
Quer escutar as músicas gravadas dentro da Grande Pirâmide? https://www.cdbaby.com/cd/paulhorn4
Maiores informações: http://paulhornmusic.com/
*Texto anteriormente publicado no site Antigo Egito: https://antigoegito.org/paul-horn-e-o-som-das-piramides/
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