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SIOUXSIE SIOUX - SOPROS DE VIDA

Grandes homens, assim como grandes tempos são um material explosivo interior do qual uma força imensa é acumulada (....)

“DISCO DA BANANA”- A OBRA PRIMA IGNORADA

Eu sabia que a música que fazíamos não podia ser ignorada

SEX PISTOLS - UM FENÔMENO SOCIAL

Os Sex Pistols foram uma das bandas de Rock mais influentes da história.

ATÉ O FIM DO MUNDO

Com custos acima de mais dez milhões de dólares, é um filme encantador, artístico, típico das obras de Wim Wenders, realmente, é uma obra fascinante, mais uma certo do diretor alemão.

AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

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WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

REFLEXÕES SOBRE O LEGADO DE SOO CATWOMAN

 Por Juliana Vannucchi e Neder de Paula 

O mês de outubro começou com a triste notícia do falecimento de Soo Catwoman, entidade do movimento punk que, através de sua poderosa imagem, nos deixa um valioso legado sobre liberdade de expressão e rebelião estilística. Sua história começou a ser traçada por volta de 1976, em Londres, quando o punk rock, em seu período embrionário, ainda dava seus primeiros passos. Nessa época, Soo começou a fazer experimentos inusitados com sua aparência e, dessa forma, quebrando as barreiras da moda vigente, com um estilo visceral e um visual totalmente original, logo se tornou um verdadeiro modelo estético para o punk e para a arte em geral. Ela criava seus próprios acessórios e roupas, e inventava penteados e maquiagens únicos. Com essas armaduras, foi revolucionária e invadiu as ruas londrinas, chocando muitas pessoas. Ativa no universo punk, a emblemática Soo Catwoman travou amizade com os membros do Sex Pistols, frequentou clubes noturnos undergrouds e marcou presença em diversos gigs, iniciativas que firmaram sua representatividade e foram determinantes para que a egrégora do movimento punk se desenvolvesse e se consolidasse, imagetica e ideologicamente. 

 

Amiga dos integrantes do Sex Pistols, Soo chegou a dividir um apartamento com Sid Vicious.
 

Mas Soo Catwoman sempre foi muito mais do que um ícone visual: ela representava a coragem de ser diferente sem precisar gritar. Sua presença nos lembrava que a atitude punk não se resume apenas ao barulho ou à rebeldia agressiva, mas também à firmeza silenciosa de quem se recusa a ser moldado por padrões. Ela mostrou que estilo é postura, e que a autenticidade pode ser a arma mais poderosa contra a mesmice. Dessa forma, Soo Catwoman nos deixa como herança inúmeros ensinamentos importantes, dentre os quais, certamente uma grande lição se destaca: devemos afirmar destemidamente a nossa própria individualidade, fechando-nos para todo tipo de comentário alheio depreciativo e pautado na mediocridade do senso comum. E isso aprendemos a partir de sua postura, pois, afinal, Soo foi uma mulher singular e essencialmente transgressora… talvez, esteticamente falando, a mais criativa de toda a vasta cena punk da Inglaterra. Cabe mencionar que seu estilo de vida destoava substancialmente da padronização dos comportamentos e aparência que predominam no mundo de hoje, no qual nos deparamos muito comumente com pessoas enlatadas em seus pensamentos, previsíveis em suas ações e que se vestem unicamente de acordo com os ditames de um mercado que as acorrenta na medida em que comanda o que se deve consumir, fazer e vestir. Soo, contrariamente a isso, nos apresentou a ideia de que a maneira como nos vestimos tem que vir do coração, ou seja, deve ser fruto da subjetividade. Ela era inovadora, distinta e dona de uma mente afiada e atraente que a munia de boas ideias. Conforme consta em seu site oficial: “Sua rebelião era silenciosa. Rebelião sem palavrão, sem anarquia. Era sobre liberdade pessoal”.

 

Ao longo dos anos setenta, Soo foi capa de inúmeras revistas punks.
 

Sua morte não apaga sua força; ao contrário, apenas reforça a imortalidade de sua mensagem. Soo deixa um rastro inspirador para quem busca viver de forma verdadeira, independente e ousada. Ao pensar em seu legado, enxergamos a importância de continuar propagando a ideia de que a individualidade é, em si, uma forma de resistência. Sua imagem segue viva em cada gesto de liberdade estética e em cada pessoa que, mesmo hoje, ousa ser quem realmente é. Assim, Soo Catwoman se despede do mundo físico, mas permanece eterna como símbolo de autenticidade e liberdade. 



quarta-feira, 10 de setembro de 2025

THE BANGLES: TUDO SOBRE A GIRL BAND CALIFORNIANA

 Por Juliana Vannucchi

Em 1981, Susanna Hoffs e suas estimadas amigas, as irmãs Vicki e Debbi Peterson, formaram a banda The Bangles, que logo se tornou um imenso sucesso em sua cidade natal, Los Angeles e, aos poucos, foi se consolidando e conquistando os demais territórios do EUA até atingir uma imensa visibilidade que fez com que o grupo extrapolasse os limites geográficos de seu país para se tornar um verdadeiro fenômeno global. Peterson e sua irmã cresceram numa família que cultuava a música. Vicki, na adolescência, amava Hollies e The Beatles, dava sinais de rebeldia e só pensava em seguir a carreira musical. Foi ela quem deu a Peterson seu primeiro kit de bateria que, posteriormente, a irmã pagou com o salário que ganhava trabalhando no Mc’Donalds. Por sua vez, Hoffs tinha uma mãe que tocava as músicas dos Beatles para ela durante a infância. Por influência de seu gosto musical e do ambiente familiar no qual cresceu, começou a tocar violão na adolescência e mais tarde viria a obter um diploma em Artes, pela Universidade de Berkeley. Esse diploma levou-a a também ter uma carreira artística no mundo da sétima arte, no qual Hoffs arriscou-se como atriz, além de ter trabalhar também com trilha sonora, como foi o caso da faixa Now And Then, que gravou para o filme Buffy the Vampire Slayer.

 

A The Bangles é uma verdadeira lenda dos anos oitenta e uma das girl bands mais apaixonantes e importantes da história.


A discografia da The Bangles é composta por uma trilogia de sucesso lançada nos anos oitenta, um álbum de 2003, e um último trabalho de estúdio produzido em 2011. O disco de maior prestígio é o Different Light, de 1986, no qual encontramos um dos hits mais prestigiados e divertidos dessa década, Walk Like An Egyptian. Escrita pelo compositor Liam Sternberg, a letra foi inspirada numa história interessante: certa vez, ele cruzava o Canal da Mancha quando a embarcação em que estava foi surpreendida por movimentos bruscos. As pessoas, assustadas, começaram a mover seus corpos para buscar equilíbrio e permanecer de pé; e isso o lembrou das artes egípcias. Eis que ele pegou um caderninho de anotações e simplesmente registrou as seguintes palavras: Walk Like An Egyptian. Outro single de extraordinária fama é Eternal Flame, que está presente no álbum Everything, de 1987. Hoffs declarou que gravou os vocais dessa música inteiramente nua. Teria sido uma sugestão de seu produtor. Já, Hazy Shade Of Winter, cover de Simon & Garfunkel gravado em 1987, é provavelmente a canção mais impressionante da girl band californiana. A letra é uma verdadeira ode filosófica sobre o tempo e seus efeitos paradoxais, e as meninas definitivamente, nessa versão magnífica e profunda, superaram a canção original. De modo geral, as músicas das Bangles são uma espécie de musicalização de um diário de adolescentes, no qual encontram-se confissões de insegurança, decepção, desejo, paixão e também alguns retratos de vivências românticas. Tudo isso atribui um clima meigo e doce às suas composições. Nos palcos, as meninas - muitas vezes, cabe dizer, acompanhadas por músicos de apoio - sempre brilharam por ter entre elas uma forte química que assegurava uma notável harmonia e fazia com que seus espetáculos fossem sempre cativantes.

A The Bangles é uma verdadeira lenda dos anos oitenta e uma das girl bands mais apaixonantes e importantes da história.



Referências:

https://www.latimes.com/entertainment-arts/music/story/2025-02-18/the-bangles-memoir-eternal-flame-susanna-hoffs-debbi-vicki-peterson

https://www.rollingstone.com/music/music-news/the-bangles-california-girls-201071/

https://en.m.wikipedia.org/wiki/The_Bangles

 

NOVA FORMAÇÃO E NOVO ÁLBUM: O ANO TRIUNFAL DA SHE IS DEAD

 Por Juliana Vannucchi

Com seus ruídos explosivos e distorções sonoras enérgicas, a She Is Dead, banda curitibana “especializada em pesadelo”, definitivamente já se consolidou com uma das maiores representantes do rock brasileiro. Nos últimos meses, o inspirado grupo tem realizado uma série de shows e lançado materiais novos, indicando que talvez esteja vivendo o período mais frutífero de sua trajetória. Uma das novidades desse ano em relação à She Is Dead é a mudança de formação dos integrantes. Atualmente, a banda conta com a presença do cofundador, guitarrista e vocalista, Mau Carlakoski, Tais D’Albuquerque, no contrabaixo, Murilo Vitorette, na bateria, Maria Scroccaro, como guitarrista e vocalista e Kim Tonietto no vocal e no contrabaixo. Essas alterações ocorreram no final de dezembro de 2024, época em que a banda passava por um momento de grande desgaste que a levou a se reinventar. Esse período desafiador fez o grupo curitibano passar por uma série de mudanças internas e dissoluções que culminaram na saída de todos os membros. Apenas Mau permaneceu disposto a dar sequência ao projeto, conforme ele nos relatou: “Lembro que comprei uma placa de áudio, baixei o Ezdrummer e decidi gravar sozinho o quarto disco. Foi quando o Murilo Vitorette apareceu na minha frente, como um raio que cai do céu, perguntando se poderíamos gravar juntos. Foi surpreendente porque ele sequer sabia como estava a banda! O Murilo gravou o terceiro disco com a gente, mas estava morando bem longe de Curitiba, e hoje já está morando longe de novo, rsrs. Nós dois, então, fomos atrás de outros baixistas, mas não encontramos. Eis que, de repente, lembrei de uma das mais geniais instrumentistas do cenário independente nacional, a Tais D’ Albuquerque. Depois de conversar com ela, fomos convidar aquela que muda a história daqui pra frente, que é Maria Scrocaro. Ela entrou contribuindo muito com com os vocais, guitarras e composições, algo que não tem precedentes. A partir disso, as coisas realmente mudaram pra melhor”. Mas ainda faltava a cereja do bolo, que complementaria a banda de forma definitiva, fazendo com que ela praticamente renascesse das cinzas: “Então veio o nosso presente de Deus, a beleza em forma humana… foi a volta de Kim Tonietto, que fundou a banda e é parte fundamental dessa história toda”, declarou o vocalista. Mau Carlakoski se mostrou entusiasmado com essa atual formação e com o clima existente entre os músicos: “Temos um espaço bacana de trocas, o que está possibilitando a criação de músicas diferentes. Também há toda a parceria, amizade, momentos legais e bons papos, que se mostram cada vez mais fortes e enriquecedores. É muito maneiro o clima da galera reunida, tanto nos shows, quanto no dia-a-dia”.


A nova versão do grupo, renascida como uma fênix, prova cada vez mais que está triunfando e vivendo seu auge criativo.


Comumente nos deparemos com a precipitada e rasa ideia de que “o rock and roll morreu”. Esse jargão saudosista e raso, é fruto de ignorância. Afinal, conforme destacamos no início do artigo, a She Is Dead é uma prova concreta de que o rock permanece vivo, ativo e até mesmo repleto de originalidade. A esse respeito, Carlakoski refletiu: “Os tempos sempre vão mudando e cada estilo musical tem seus destaque na história. Nesse atual momento em que estamos, no que diz respeito à tecnologia e comunicação, existe sempre aquilo que bomba na internet e que o algoritmo gosta, sendo que tudo isso influencia bastante no alcance se alguns estilos musicais específicos, inclusive do próprio rock que, muitas vezes, não segue uma linha tão pop. Mas esse gênero e modo de vida morreu? Nunca. O que o mantém vivo é a maneira pela qual ele toca pessoal e como ele é essencial no cotidiano de cada um. Mesmo que alguns não escutem rock, os que escutam, escutam de verdade, sentem, gritam, choram! Penso que enquanto houver uma única pessoa viva, sentindo esse impacto do rock, ele nao vai morrer”.

A banda tem um novo disco a caminho, o Us For Us e também está munida de mais alguns singles que são independentes do álbum. Sobre esse atual momento, Carlakoski contou: “Ao longo do percurso dessa nossa gravação, tudo foi acontecendo com bastante animação, gás e gosto em estar ali compondo. Agora estamos ansiosos e animados para lançar esse material e mostrar as novas músicas pra galera. Também queremos fazer mais shows, porque a cada show que passa, a gente encontra mais sintonia no palco, e isso faz diferença nas performances também”.

 
Capa do Us For Us, novo álbum da She Is Dead.

 A She Is Dead já tem um tempo considerável de estrada e no decorrer desse percurso, acumula incontáveis shows e bastante sucesso. Para os integrantes da da banda, o que realmente importa é manter-se relevante musicalmente para eles próprios e permanecer na ativa, compondo, criando e lançando novos materiais, e alimentando assim a química musical interna. Nada disso será problema, afinal, a nova versão do grupo, renascida como uma fênix, prova cada vez mais que está triunfando e vivendo seu auge criativo.




 

sábado, 16 de agosto de 2025

MISFITS: OS MESTRES DO HORROR PUNK

 Por Juliana Vannucchi e Neder de Paula

Em meio à efervescência musical de 1977, ano no qual, tanto na Inglaterra quanto nos EUA despontavam inúmeras bandas, o Misfits surgiu em New Jersey. O compositor e vocalista Glenn Danzig foi o fundador e idealizador do grupo, cuja formação original não durou muito tempo e passou por uma reciclagem antes dos Misfits decolarem. Assim, para o lançamento do primeiro single, intitulado "Cough/Cool" estavam presentes o baixista Jerry Caiafa e o baterista Manny Martínez. Após esses primeiros passos, com uma trajetória marcada tanto pelo sucesso quanto por uma série de desavenças entre os músicos, a banda se dissolveu em 1983. No entanto, para a alegria dos fãs, em meados dos anos noventa, o Misfits estava novamente reunido numa tentativa de reconciliação que mal vingou e logo fracassou.

Desde os primórdios, a banda se distanciou notavelmente da estética que prevalecia naquela época, adotando em seu visual e em suas letras, referências provenientes do universo do horror. Danzig, fã de Allan Poe e apreciador d quadrinhos, desenhava esqueletos em suas roupas enquanto o baixista Jerry Only pintava seu rosto de forma caricata e fazia um penteado inusitado que fez com a banda fosse identificada como representante do “devilrock”. Visualmente, parecia que todos os integrantes tinham saído do universos dos quadrinhos de terror para invadirem o nosso mundo. Ou, então, parecia simplesmente que tinham se levantado de alguma cripta para assumirem instrumentos musicais enquanto faziam barulho e traziam mensagens do além. Suas letras, afinal falavam sobre Halloween, vampiros, sangue e filmes B. E instrumentalmente falando, com uma excêntrica e bem-sucedida mistura de punk e rockabilly, os Misfits se firmavam com uma sonoridade original e, assim, se tornaram um dos representantes mais interessantes e originais da vasta leva de grupos de 77. A conceituada revista Rolling Stone certa vez, de forma precisa, os descreveu como sendo essencialmente “a banda arquetípica de horror-punk do final dos anos 1970 e início dos anos 1980.” 

Mais do que uma simples banda, o Misfits se consolidou como um símbolo cultural, um ícone do inconformismo e da celebração do grotesco.
 

Em 1979 o single “Horror Business” explodiu. Na capa, havia uma figura cadavérica que agradou tanto os fãs quanto os membros da banda, que adotaram a caveirinha como mascote. E essa a icônica imagem que até hoje estampa tanta camiseta em todos os cantos do mundo. O sucesso crescia exponencialmente e a banda ia se consolidando cada vez mais. Os integrantes seguiam algumas cartilhas clichês do punk rock que envolviam shows caóticos, brigas públicas, prisão dos membros da banda e até mesmo a criação de um fã clube aos moldes do DIY, no qual Danzig estampava camisetas para fãs no porão da casa de sua mãe.

Aliás, Danzig sempre foi a figura mais polêmica da banda. Politicamente, já demonstrou não compactuar com o binarismo ideológico que paira nos EUA e se justificou dizendo que adota tanto um lado mais conservador, quanto também uma visão liberal. Para decepção de muitos fãs, em 2017 saiu em defesa de algumas atitudes de Donald Trump. O vocalista ainda entende atualmente a cultura de cancelamento compromete a liberdade de expressão e pensamento, gerando polêmicas vazias. Nesse âmbito, Danzig chegou a declarar que o punk rock jamais encontraria terreno para surgiu no cenário atual. entenda que os liberais, por vezes, se tornam demasiadamente radicais e opressores em seus discursos proibitivos. Os dois lados, de acordo com Danzig, são excessivamente mentirosos e movidos por corrupção. Porém, se politicamente nenhum lado o agrada muito, por sua vez, o sempre controverso Danzig ao ser acusado de satanismo, revelou sustentar uma postura dualista e disse que abraça tanto o bem quanto o mal. Em certa ocasião,o músico chegou a declarar abertamente ter afinidade com alguns aspectos do satanismo. Assim como já afirmou categoricamente que não compactua com o Cristianismo, cuja ideologia, segundo Danzig, se propõe a escravizar as pessoas.

Ainda que envolto em tantas controvérsias e com uma carreira marcada por altos e baixos, o legado do Misfits ultrapassa os limites do horror punk e ressoa fortemente até os dias atuais. A estética da banda, seu visual grotesco e teatral, além das letras inspiradas em filmes de terror e ficção científica, foram capazes de influenciar não só a música, mas também o cinema, a moda alternativa e toda uma subcultura que se formou em torno do macabro e do absurdo. O impacto do grupo pode ser sentido em bandas como AFI, Alkaline Trio, My Chemical Romance e até no mainstream, com artistas que bebem da mesma fonte de horror visual e lírica sombria.

Mesmo com as inúmeras trocas de integrantes, disputas judiciais sobre o uso do nome da banda e a constante reinterpretação de seu catálogo por diversas formações, o Misfits continua sendo uma entidade viva dentro do rock underground. Em apresentações esporádicas, reunindo figuras históricas como Glenn Danzig, Jerry Only e Doyle Wolfgang von Frankenstein, o grupo arrasta multidões, demonstrando que sua aura cult permanece intacta, com fãs de diferentes gerações sedentos por vivenciar aquela experiência que mistura teatro de horror e punk selvagem em estado bruto. Portanto, mais do que uma simples banda, o Misfits se consolidou como um símbolo cultural, um ícone do inconformismo e da celebração do grotesco. Sua importância reside não apenas na música, mas no imaginário que ajudaram a construir — uma espécie de circo punk de horrores que segue inspirando outsiders, rebeldes e criadores independentes ao redor do mundo. É essa força estética e ideológica que garante ao Misfits um lugar eterno na cripta sagrada do rock underground.


Referências:

https://www.theguardian.com/music/2014/jun/29/misfits-review-schlock-horror-kitsch

https://www.mundometalbr.com/danzig-se-voce-nao-pensa-o-que-eles-pensam-eles-querem-te-destruir-isso-nao-e-liberal-na-verdade-e-muito-fscist-sao-todos-fscists-idiotas-diz-glenn-danzig/amp/

https://www.nme.com/news/music/danzig-misfits-trump-muslim-travel-ban-2081376

http://www.inmusicwetrust.com/articles/52h06.html

https://www.theguardian.com/music/2014/may/09/the-misfits-gelnn-danzig-logo-lawsuit-sour-grapes-tantrum-jerry-only

"A POESIA É O NOVO ROCK AND ROLL": O UNIVERSO ARTÍSTICO DE MATILDA JOON

Por Juliana Vannucchi

Em meio às belíssimas e elegantes paisagens da Suécia, sempre protegida pelos poderes de Frigga e inspirada dela sabedoria de Freya, vive a poeta Matilda Jeanette James Joon. Sua paixão pela escrita, manifestou-se na tenra idade. Quando criança, era obcecada em registrar tudo em seus diários. Começou a fazer isso quando tinha somente seis anos. Mais tarde, na adolescência, seus escritos se transformaram cada vez mais em poesia e palavras faladas. E desde então, os versos tornaram-se um caminho inevitável e indispensável em sua trajetória. A respeito da importância da poesia, Matilda refletiu: “A poesia cura. É a conexão entre as almas. Neste caos que a vida é, é uma maneira de permanecermos com os pés no chão, sermos amorosos e não desviarmos o olhar da dor e do sofrimento. Devemos manter nossa humanidade e empatia por todas as coisas vivas e respirantes. Quanto mais lemos, mais nossas almas se expandem - e quando a poesia realmente toca o coração... Bem, é aí que a mágica começa.”

Poema de Matilda Joon, publicado na "Love Love Magazine".

Para Matilda Joon, poesia é amor e magia.

Seguindo suas profundas meditações, a poestisa ainda disse acreditar que a poesia é o novo rock and roll: “Poesia é amor, magia e um bálsamo curativo, está nas minhas veias e no meu sangue. A poesia salvou minha vida mais de uma vez! É a linguagem da alma. Poesia é o novo rock and roll. Tenho melodias florescendo na minha mente e são essas coisas que escrevo. Como eu disse, a poesia pode ser um bálsamo calmante, mas também corta como uma faca, é assim que as palavras realmente são poderosas.”

Matilda possui inúmeras musas inspiradoras, tal como os riachos, as montanhas, o sol, as flores e outros tantos elementos da natureza. Ademais, sente que sua alma é atraída para tudo que é estranho e diferente. Também vê Jim Morrison e Kurt Cobain como fontes de inspiração poética e existencial e, sendo uma leitora avisa, possui uma série de autores favoritos, tal como Mary Oliver, Maya Angelou, Pablo Neruda, Rumi, John Keats, Anne Sexton, E.E. Cummings, Sylvia Plath, Virginia Woolf, Richard Brautigan, Jack Kerouac e Kenneth Rexroth! Dentre outros: “Todos esses são e foram importantes pra mim. No momento, estou lendo o livro Didion & Babitz, de Lili Anolik - (sobre Joan Didion e Eve Babitz) - e eu deveria ter dito antes que Eve Babitz é uma grande inspiração há muito tempo... Quer dizer... que mulher!”

O envolvimento com o rock and roll fez com que Lydia Lunch cruzasse seu caminho em meados dos anos 90. Dali em diante, um laço magnético e espiritual às manteve unidas: “Eu estava assistindo a uma apresentação de Spoken Word da Lydia e lembro que ela pulou do palco no meio do show, correu até mim, me beijou entre os seios e sussurrou em meu ouvido: "Você e eu somos irmãs". Não é um começo lindo para uma amizade que dura desde então? Lydia é uma força, uma inspiração, e como ninguém que conheci em toda a minha vida. Eu a amo de verdade, de coração e alma. Somos muito diferentes como pessoas, mas temos certas experiências de vida extremamente brutais em comum - nos entendemos, pertencemos à mesma tribo de mulheres fortes, estranhas e bruxas que seguem em frente em um mundo cheio de homens psicopatas que só querem destruir tudo o que é belo - homens psicopatas ODEIAM e querem matar mulheres como nós. Sempre foi assim. Como diz Lydia: a guerra nunca acaba. É uma batalha constante para se manter forte e são neste poço de INSANIDADE que acontece em todo o mundo - Criado por homens.”

Em seus poemas, escreve sobre os efeitos do amor, os delírios existenciais, a magia e a natureza. Sua poesia é uma caminhada por estradas encantadas, nas quais o percurso guarda ao leitor uma série de mistérios e surpresas. Matilda demonstra uma força interior imensa em sua escrita que, com toda certeza, é uma poção capaz de reavivar qualquer alma e curar qualquer coração.

Poema e arte de autoria da artista.



 

sexta-feira, 4 de julho de 2025

O MUNDO MUSICAL DE JOHNNY THUNDERS

 Por Juliana Vannucchi

Em 1971, o The New York Dolls ganhou vida e chocou a cidade de New York com sua ousada estética glam, caracterizada pelo visual andrógeno de suas integrantes que se adornavam com gliter, maquiagem e trajes tipicamente femininos. O grupo, que gravou dois inspirados álbuns de estúdio e faliu logo em seguida após ambos fracassarem comercialmente, seria uma das maiores influências do punk rock, ao lado de bandas como MC5, The Stooges e Velvet Underground. E quem assumiu a guitarra do The New York Dolls foi um jovem até então pouco conhecido, chamado Johnny Thunders. O cargo de guitarrista de uma banda de protopunk tão lendária já bastaria para que seu nome entrasse de vez para a história do rock. Seu nome real era John Anthony Genzale. Ele nasceu em 1952, numa família de classe média. Abandonado na tenra pelo pai, viveu sob os cuidados da carinhosa mãe e de sua protetora irmã. Na adolescência, ao lado do beisebol, sua grande paixão foi o rock and roll. Nessa época começou a tocar guitarra e se mudou para NYC com sua namorada...

Depois do fiasco vivido com o The New York Dolls, Thunders, que estava inserido no fervor do meio musical nova iorquino dos anos setenta, formou o grupo Johnny Thunders & The Heartbreakers. Com ele, estavam o baixista Richard Hell, ex-Television e o talentoso baterista Jerry Nolan. Hell logo abandonou o projeto e, então, dois novos músicos se uniram à banda para contribuir com o icônico álbum “L.A.M.F.”, de 1977, que, embora tenha sido a única produção de estúdio do novo grupo de Thunders, foi suficiente para se tornar um dos maiores álbuns de punk rock de todos os tempos, contribuindo para que a identidade sonora e visual desse gênero se solidificasse. Os anárquicos Heartbreakers, guiados pelo depravado poeta e vocalista Johnny Thunders se tornaram, nessa época, figuras emblemáticas em New York. Fizeram uma série de shows no CBGB, enquanto viam seu atraente trabalho musical se espalhar aos poucos, inicialmente por Londres e depois, por outros vários países. No entanto, a banda, seguindo o roteiro mais clichê possível de um grupo nova iorquino desse período, logo se viu vítima de um uso excessivo de drogas que culminou em sua dissolução.

Porém, pouco mais tarde, em 1978, o incansável Johnny Thunders lançou seu debut solo, o “So Alone”. Contando com uma assinatura propriamente punk, mas com solos de guitarra extensos e enérgicos que superavam as fórmulas mais convencionais do gênero, o debut emplacou até mais do que sua carreira com o The Heartbreakers. Foi através desse disco que ele se tornou efetivamente uma lenda da cena underground de New York. A gravação contou com uma surpreendente quantidade de músicos, como Peter Perrett, famoso vocalista e guitarrista da banda inglesa The Only Ones, os ex-Pistols Paul Cook e Steve Jones, Chrissie Hynde, do The Pretenders e outros grandes nomes dessa mesma geração. Resquícios de R&B e rockabilly percorrem algumas faixas e as enriquecem. E claro que, como era de se esperar, esse elenco de músicos exageradamente mesclado que Johnny escalou, entregou um trabalho de qualidade. Em suas letras, encontra-se um pouco de niilismo e muito romance.

A lista de admiradores de Thunders é extensa. Bob Dylan é um dos fãs do “So Alone” e chegou até mesmo a declarar que desejava ter sido o compositor da faixa “Memory”, que até hoje consiste num verdadeiro hino da carreira de Thunders. Billy Duffy, do The Cult, também já se declarou para a banda e disse que desde sua juventude, quando ainda estava engatinhando no mundo do rock, Thunders foi uma inspiração para ele. Já Steve Conte afirmou que como guitarrista, Thunders era simplesmente um combo de Chuck Berry e Keith Richards. Por sua vez, Michael Monroe, o saxofonista afirmou numa entrevista que o Johnny jamais viu seus álbuns ou sua música como negócios. Ele simplesmente os via como pura arte e compunha livremente, como exercício espontâneo de autoexpressão. Essa postura, por si, é essencialmente punk, convenhamos.

 

Thunders dominava as platéias com seu enérgico estilo performático.
 

Enquanto seu álbum solo fazia sucesso, Johnny se perdia cada vez mais em seu uso descontrolado de heroína. Continuou gravando uma série de aleatoriedades sem grande destaque. Esboçou um projeto com o rebelde Sid Vicious e outro com Stiv Bators e Dee Dee, mas nada fluiu tão bem. Aliás, a banda que ele formou com esses últimos dois músicos citados, não teve fôlego para sobreviver e deu seu último suspiro quando Johnny, num ato imprevesível de fúria, quebrou impiedosamente um copo cheio de cerveja na cabeça de Dee Dee. O excesso de agressividade e confusão na vida e carreira do músico crescia exponencialmente junto com o abuso das drogas. Thunders, cada vez mais autodestrutivo, conseguiu gravar ainda mais cinco álbuns de estúdio. No geral, são bons trabalhos, embora estejam absolutamente aquém do clássico “So Alone”, o único que realmente triunfou com todos os méritos. Dentre esses demais discos, o único que possui uma identidade mais original e que flui de maneira  agradável é o “Copy Cast”, de 1988, que contou com a calorosa presença de Patti Palladin.

Johnny Thunders faleceu aos 38 anos, em 1991, sob circunstâncias incomuns e pouco claras. O mundo perdia um dos melhores compositores e talvez o mais elegante guitarrista da história do punk rock, que munido de sua inseparável TV Yellow Les Paul Junior, entrou para a história, sendo até hoje ovacionado pelos admiradores do gênero. Seu primeiro álbum solo, o “So Alone” e o único trabalho de estúdio que gravou com o The Heartbreakers, o “LAMF”, permanecem sendo imensamente influentes e amplamente populares.

Referências:

https://www.loudersound.com/features/johnny-thunders

https://www.guitarworld.com/features/the-life-and-times-of-johnny-thunders

https://en.m.wikipedia.org/wiki/Johnny_Thunders


quinta-feira, 22 de maio de 2025

POLY STYRENE: A PEQUENA VISIONÁRIA DO PUNK BRITÂNICO

 Por Daniel Rezende

Texto anteriormente publicado no portal Rock Feminino

https://rockfeminino.com.br/2020/07/poly-styrene-pequena-visionaria-do-punk-britanico/

Se Patti Smith foi a “madrinha do punk”, Poly Styrene (nome artístico de Marion Joan Elliott-Said) merece o título de artista feminina mais relevante do auge do movimento punk.

Em 1976, a cantora de 19 anos formou a banda X-Ray Spex, maravilhada com o que tinha visto num show do Sex Pistols. A banda era composta ainda pelo guitarrista Jak Airport, pelo baixista Paul Dean, pelo baterista Paul Hurding e pela ainda adolescente Lora Logic (nome artístico de Susan Whitby), no saxofone. O grupo se distinguia pelos vocais poderosos e vulcânicos de Poly, suas letras marcantes e pelo saxofone de Lora – um instrumento antirock por excelência, que era usado de forma discordante e com efeitos surpreendentes.

Com esse line-up, a banda começou a fazer shows na emergente cena punk londrina. Em 1977, gravaram um dos grandes singles do punk, “Oh bondage up yours”, com seu famoso verso de abertura: “Algumas pessoas pensam que pequenas garotas devem ser vistas e não ouvidas/ Mas eu acho que, ah sujeição! Vá se f…”. Lora Logic saiu logo a seguir, e foi substituída por Rudi Thompson.

Em 1978, a banda conseguiu gravar o primeiro disco, Germfree adolescents. “Oh bondage up yours” não foi incluída na versão original, sendo acrescentada como parte do álbum somente no lançamento em CD na década de 1990.

Germfree adolescents é um soco no estômago. Um dos grandes álbuns não somente do punk, mas da década de 1970, ele tem um vigor e uma coerência impressionantes. Segue a cartilha do punk básico, mas consegue ir além com trechos de guitarra um pouco mais elaborados, uso eventual de sintetizadores e, principalmente, pelo saxofone onipresente de Rudi, que leva melodias, contrapõe-se às frases de guitarra e oferece minisolos imperfeitos.

 

A verdade é que o espírito visionário de Poly anteviu essas conseqüências daninhas há quase 40 anos atrás, e por isso suas músicas continuam atuais e relevantes.

No campo temático, Poly Styrene tinha uma predileção por escrever críticas à sociedade do consumo. O próprio nome artístico dela (em português, poliestireno) se refere ao material utilizado para se fazer produtos descartáveis. Poly era bem morena, com linhagem africana por parte de pai e escocesa por parte de mãe, e essa diversidade cultural lhe conferiu uma mentalidade aberta para enxergar os danos causados por uma sociedade excessivamente materialista e sanitizada. Ela viveu fora de casa dos 15 aos 17 anos e desenvolveu preferência por uma vida simples no campo, sem luxo e com ideais ecológicos.

O ataque ao capitalismo começa logo na abertura, “Art-I-Ficial”, que emula os Sex Pistols e mostra todo o domínio de Poly na arte de cravar uma estaca moral de forma inteligente: “Artificial!/Sei que sou superficial/Mas não me culpe/Eu fui criada com eletrodomésticos/Numa sociedade de consumo”.

Outro destaque é a genial “The Day the world turned Day-glo”, que prevê um futuro com tudo artificial e padronizado, em que materiais sintéticos recriam e se misturam com elementos naturais: estrada acrílica, carro de polipropileno, bolo de borracha, árvore de seda artificial.

Em ritmo frenético, “Plastic bag” oscila entre passagens lentas e trechos alucinados, e trás uma das mais brilhantes metáforas do consumismo desenfreado: “Minha mente é uma sacola plástica/Que corresponde a todas essas propagandas/Ela suga todo o lixo…”.

As críticas ao consumismo eram freqüentes no punk rock – com destaque para “Lost in the supermarket” (The Clash) e “Damaged goods” (Gang of Four). No entanto, ninguém ousou fazer um álbum quase inteiro sobre o tema, agregando ainda questões emergentes na época, como os impactos ambientais.

 “I can´t do anything”, por sua vez, é um poço de negativismo (“Eu não consigo escrever/ Eu não consigo cantar/Eu não consigo ler/Eu não consigo fazer nada/Eu não consigo soletrar/Eu não consigo nem ir para o inferno”), e toca na ferida da violência contra a mulher: “Freddie tentou me estrangular…mas eu acertei ele de volta com meu rato de estimação”. O senso de humor corrosivo não afeta em nada a capacidade de emoldurar uma mensagem, que fica ainda mais viva com a melodia pegajosa e os vocais debochados. 

“Germfree adolescents” bebe na fonte do reggae, contando com uma linha de baixo proeminente e um sintetizador ao estilo do clássico do hard rock “Baba O´Riley” (The Who). Poly esculhamba os relacionamentos superficiais e as fobias do mundo urbano: “Sei que você é asséptico/Seu desodorante cheira bem/Gostaria de te conhecer/Mas você está congelado como o gelo”.

A crise de identidade do mundo pós-moderno raramente foi cantada com tanta propriedade quanto em “Identity”. A falta de referências sólidas e o massacre da mídia se refletem no refrão: “Quando você olha no espelho, você enxerga você mesmo?/Você se vê na tela da TV?/Você se vê na revista?/Quando você se vê, isso te faz gritar?”

Em 1979, Poly decidiu pôr fim ao grupo. Ela era hiperativa e estava desgastada com as turnês. Entrou para o movimento Hare krishna em busca dos princípios de vida em que acreditava.

Na década de 1990, o grupo se reuniu para shows eventuais e chegaram a gravar um disco, Conscious consumer, que teve pouca repercussão. A banda ainda se reuniria em 2008 para um show em que tocaram Germfree adolescents quase na totalidade. Poly morreu em 2011, devido a complicações de um câncer de mama. O X-Ray Spex cravou seu lugar entre os grandes da era original do punk, e Poly Styrene foi a pequena gigante do punk feminino britânico, liderando uma seleção de peso com nomes do calibre de The Slits, The Raincoats e Gaye Advert (The Adverts).

É de se pensar o que Poly pensaria da sociedade atual, com as redes sociais se sobressaindo às relações pessoais, as múltiplas formas de identidade virtual, as ansiedades que decorrem do uso excessivo de smartphones, o consumo desenfreado de bens baratos e descartáveis produzidos por mão-de-obra explorada e a ascensão ao poder de governantes intolerantes e que diminuem a importância da ecologia na agenda política. A verdade é que o espírito visionário de Poly anteviu essas conseqüências daninhas há quase 40 anos atrás, e por isso suas músicas continuam atuais e relevantes.

Esse texto foi originalmente publicado no meu livro “Rock feminino”, que trás resenhas de grandes álbuns de rock feitos por mulheres. Disponível para compra em:

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Se quiser conhecer mais sobre rock feminino e alternativo siga meu blog no instagram: @altrockbrasi
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THE BRIAN JONESTOWN MASSACRE RETRATA A GENIALIDADE DE NEWCONB

 Por Juliana Vannucchi

O rock and roll dos anos noventa foi marcado por uma frota de novidades estilísticas e experimentalismos que, de alguma maneira, tentavam se desvincular da musicalidade punk e do universo pós-punk. Essa foi, portanto, uma década convidativa para reformulações sonoras e, não à toa, nesse período surgiram vários grupos épicos que fizeram história.

E foi justamente no início dos anos noventa, São Francisco entregou ao mundo um das bandas de rock mais consagradas de todos os tempos. Com um estilo prioritariamente psicodélico a nada convencional, surgia o banda the Brian Jonestown Massacre, cujo nome é uma referêncoa a Brian Jones e ao tenebroso massacre de Jonestown. Essa história, porém, iniciou-se em meados dois anos oitenta, período em que o grupo começou a se consolidar a partir de uma curiosa fusão sonora entre o folk rock, o indie e o shoegaze. Desde seu surgimento, a BJM, liderada por Anton Newcombe, lançou um volumoso número de álbuns e EPs, ao longo dos quais seus integrantes foram constantemente trocados, fazendo com que uma grande quantidade de músicos diferentes tenha deixado seu DNA na banda. Suas variadas inspirações e influências vão desde The Velvet Underground até My Bloody Valentine. 

No entanto, apesar dessa recorrente mudança de músicos, Newcombe sempre foi o protagonista e o fio condutor do projeto,  assumindo o papel de maestro do The Brian Jonestown Massacre. O líder da banda, que já declarou tocar mais de cinquenta instrumentos, possui uma imaginação vívida e uma profunda sensibilidade, que sempre o levaram a compor com muita intensidade e facilidade. Mas apesar desse vistoso talento, algumas atitudes violentas de Newcombe marcaram fortemente a imagem da banda e mancharam sua reputação. Houve, por exemplo, uma ocasião em que ele espancou membros do grupo. Isso ocorreu em 1996, quando todos já estavam a postos num palco, prestes a iniciar um gig. Talvez, Anton Newcombe não se importe com essa fama de bad boy que foi atribuída a ele. Afinal, curiosamente, certa vez numa entrevista, refletiu: “Eu não acredito em bem e mal. Napoleão foi um grande homem. Ele não era um homem mau. Ele não era um homem bom (…) Tipo, Deus não é bom nem mau. Deus é grande."

Numa ocasião, Greg Shaw, que é presidente da Bomp Records, de Los Angeles, comentou a respeito da personalidade complexa do líder da banda: “Ele se vê como uma espécie de sufi, então vamos nessa. Ele é como um desses personagens espirituais errantes do Oriente Médio que aparecem na sua cidade e começam a falar sobre Deus ou qualquer coisa enquanto tece um tapete. E depois contam as histórias.” Apesar de tudo, Newcombe é um músico engenhoso e de uma rara inesgotabilidade criativa. Ele próprio já se definiu como um "maníaco" em relação ao seu processo criativo: costumar entrar em estúdio, escrever durante cerca de oito horas e ficar imerso em suas gravações até que tenha em mãos a música que desejava criar.  É um gênio diferenciado. Gosta de arte conceitual, se interessa pelas emoções humanas e entende que é existe em si uma "espécie de coisa xamânica que canaliza" sabe-se lá de onde para trazer ao mundo. Inclusive, Courtney Taylor-Taylor, lead singer da banda Dandy Warhols, certa vez o descreveu como "o músico mais doido e mais talentoso que eu já conheci". Em 2004, um documentário controverso sobre o BJM, chamado “Dig!”, reforçou essa má reputação do vocalista mostrando inúmeros momentos de tensão vividos pela banda e o estilo de vida boêmio de seus integrantes. Essa produção fílmica foi responsável por banda transformar a banda num icone cult, popularizando-a em diversos cantos do mundo sendo que até hoje, muito do que os fãs sabem ou querem saber sobre sua história seus integrantes, encontra-se disponível nesse material que é tão precioso, quanto polêmico. 

O álbum mais consagrado do grupo e que mais atrai fãs é o Their Satanic Majesties' Second Request, uma obra-prima irretocável que explora diferentes texturas sonoras e esbanja brilhantismo do início ao fim. Ele, por si só, valeria a carreira inteira da banda. Aliás, se alguém tem dúvidas a respeito da genialidade de Newcombe , basta escutar o apaixonante Their Satanic Majesties' Second Request. É a produção de estúdio que mais de destaca na supreendentemente imensa discografia do BJM, composta, em geral, por trabalhos notavelmente consistentes e qualificados. 

O The Brian Jonestown Massacre é uma banda majetosa e singular, que tem o poder de transportar qualquer ouvinte para outra dimensão. Atuamente, não ninguém mais fazendo o tipo de som que esse poderoso grupo faz. São realmente únicos. Seus álbuns são refinados e sempre profundos - um deles, só inclusive, contou com um total de mais de vinte instrumentos diferentes para ser produzido. De modo geral, os discos da banda carregam um clima etéreo, solos de guitarra distorcidos e sedutores, e são uma espécie de paraíso psicodélico. Além disso, é sempre válido mencionar que o BJM é um grupo essencialmente autárquico, que opera nos moldes do DIY, administrando sua própria gravadora e estúdio. Também nunca ligaram para fama e sucesso, sendo sempre integralmente undergrounds. Enfim, é uma banda fascinante, com músicas catárticas e poéticas e é, certamente, um dos poucos expoentes famosos de rock noventista que conseguiu sobreviver em alta por tanto tempo, sempre firmes diante de uma indústria musical que tanto mudou no decorrer desse longo período.

O BJM é, sem dúvida, uma das bandas mais originais e inventivas dos anos noventa.
 
Referências:

https://www.latimes.com/archives/la-xpm-2004-oct-17-ca-anton17-story.html#:~:text=A%20lot%20of%20people%20close,politesse%20probably%20don't%20either.

https://www.theguardian.com/music/2023/feb/10/brian-jonestown-massacre-anton-newcombe-interview

https://www.psychedelicbabymag.com/2019/05/interview-with-anton-newcombe-of-the-brian-jonestown-massacre.html

https://www.theguardian.com/music/2025/feb/03/the-brian-jonestown-massacre-review-anton-newcombe-de-la-warr-pavilion-bexhill-on-sea

https://www.thetimes.com/culture/music/article/life-with-the-brian-jonestown-massacre-each-day-i-go-into-battle-9pxqfhgq6



quinta-feira, 24 de abril de 2025

BILLY IDOL: A HISTÓRIA DE UM DOS NOMES MAIS CONSAGRADOS DO ROCK

 Por Juliana Vannucchi

William Albert Michael Broad, que se popularizou mundialmente como Billy Idol, nasceu em 1955, em Middlesex, na Inglaterra. Em 1971, após passar um período nos Estados Unidos, sua família instalou-se no sul de Londres. Quatro anos mais tarde, o jovem William deu início a uma breve passagem pela Universidade de Sussex, porém, sua empreitada acadêmica durou somente um ano. O destino de Broad era outro. A música, afinal, que já estava em sua vida desde cedo, acabou atraindo-o mais do que os planos de cursar Língua Inglesa. Os Beatles, por exemplo, segundo declaração do próprio músico, entraram em seu caminho quando ele tinha apenas seis anos e nessa época, ainda na tenra idade, ele disse ter se apaixonado completamente pelo icônico quarteto inglês. Aliás, quando era criança, foi um aluno um tanto problemático. Certa vez, inclusive, um professor escreveu para seus pais um bilhete que dizia "Billy is idle (que significa algo como inativo)". Foi um grande ideia! Esse "idle" virou "idol"...

Em sua juventude, William Broad viu as ruas londrinas serem tomadas pelo espírito anímico do punk rock que, gradualmente, se tornava cada vez mais consolidado enquanto gênero musical e campo ideológico. Foi aí que ele se juntou ao famoso Bromley Contingent, um grupo de fãs alucinados dos Sex Pistols, que afim de seguir a banda, migrava de um lugar para o outro. Em relação a isso, Idol declarou mais tarde numa entrevista: “Os Sex Pistols e aquela pequena cena abriram a porta e todos nós poderíamos passar por ela”. 

Billy Idol no palco com a banda Generation X.

Seus primeiros passos musicais foram dados quando assumiu o papel de guitarrista da banda Chelsea. Mais tarde, ao lado do baixista Tony James e do baterista John Towe, com os quais formou a banda Generation X, um dos maiores nomes do punk rock inglês. Nessa fase, Idol mostrou-se um competente guitarrista e um vocalista com postura enérgica em cima dos palcos, que encantava o público com sua ferocidade punk. Foi inclusive com esse grupo embrionário que ele lançou em 1980, a primeira versão da famosa música "Dancing With Myself". Porém, seu ápice ainda estava por vir. Idol abandonou a banda punk e viajou para os EUA. Lá, travou contato com Steve Stevens, um engenhoso guitarrista que nesse período já era notavelmente conceituado. Mal sabiam os dois jovens que aquela conexão vibrante e imediata que surgiu entre ambos, os levaria a fazer história no mundo da música. Stevens ganhou sua primeira guitarra aos sete anos. Foi um contato inicial bastante precoce e absolutamente incomum, pois o garoto logo mostrou-se um verdadeiro prodígio com o instrumento, que dominava cada vez mais, tocando com destreza e glamour. Stevens sempre foi tecnicamente impecável, além de ser dono de uma criatividade refininada. Amante de hard rock, o guitarrista chegou a tocar com vários músicos desse universo - tal como, por exemplo, Peter Criss, baterista do KISS - antes que o destino o unisse a Billy Idol, com o qual viu seu talento atingir o auge. A respeito dessa união, Idol se recordou em entrevista concedida ao The Guardian: “Ele cresceu ouvindo muito rock progressivo e coisas assim, mas juntar o que eu fazia em termos de punk rock com o que Steve estava fazendo significava que poderíamos fazer qualquer coisa”. 

Uma das faixas mais conhecidos e lendárias que produziram foi “Eyes Without a Face”. Lançada em 1984, a música tornou-se mundialmente popular e até hoje é considerada uma das baladas mais aclamadas dos anos oitenta. Em entrevista concedida ao The Guardian, em relação a essa música, Idol explicou: “Eu só estava tentando não escrever uma canção de amor óbvia”. Em outra declaração, refletiu a respeito do significado do single: “Comecei a escrever palavras que, de alguma forma disfarçada, falavam da minha vida em Nova York e de um relacionamento que deu errado, à beira da desintegração na loucura. Talvez eu estivesse refletindo sobre minhas próprias infidelidades em turnê. De certa forma, esses (tipos de relacionamento) podem fazer com que você se sinta sem alma, especialmente se você está em um relacionamento que você valoriza, mas é degradante ao procurar em outro lugar estímulos sexuais adicionais”. A título de curiosidade, vale citar que durante a gravação do clipe, as lentes de contato de Idol foram atingidas acidentalmente por luzes do estúdio e o cantor perdeu a visão temporariamente. Um aspecto memorável dessa música é a frase “"Les yeux sans visage" (que significa “Eyes Without a Face”), cantada no fundo por Perri Lister, ex-companheira de Billy Idol. A frase em francês é o título de um macabro filme de terror que também serviu como inspiração para a criação da música. Aliás, cabe citar aqui que a letra do clássico single “Sweet Sixteen” foi justamente composta quando Idol e Lister romperam: “Eu estava de fato cantando uma música sobre ela”, contou ao The Guardian acrescentando que a amava muito quando o relacionamento deles chegou ao fim. 

Outro hit arrebatador que Idol carrega em seu vasto repertório é “Withe Wedding”. Em partes, a canção teve sua irmã como inspiração: “Acho que todo mundo, quando você escreve uma música, está sempre procurando por novas situações, novas circunstâncias, algo que vem da sua própria vida, mas nunca está completo. Minha irmã estava grávida. Ela ia se casar e não houve discussão nem nada, mas pensei em todas as pessoas diferentes e em todos os tempos passados ​​em que isso era um tabu. Eu pensei sobre isso, a natureza, o tabu e a convenção e o casamento como sendo uma grande celebração, mas que depois pode se transformar em algo como um casamento forçado (…) Então pensei sobre esse tipo incestuoso de irmão doente... que está vagando pelo mundo em alguma natureza selvagem, que sabe o que está procurando, levando uma vida completamente não convencional, deixando para trás todos os seus amigos e apenas indo e indo e todas essas coisas começaram a acontecer na música”. Mas não foram apenas essas suas fontes de inspiração. Uma parte de sua própria história traduziu-se na canção, que assume assim um tom ligeiramente autobiográfico: “Suponho que sair de casa, sair da Inglaterra e de repente me deparar com uma nova vida novamente me fez pensar que não há nada justo neste mundo”, disse Idol. “Não há nada seguro neste mundo. Não há nada puro neste mundo”. 

Gostar de rock e não apreciar o mítico Billy Idol são coisas incompatíveis. Junto com seu fiel escudeiro Steve Stevens, ele teve uma carreira consagrada e deixou uma herança arrebatadora que será sempre louvada e amplamente reconhecida na história do rock and roll.

Referências:

https://www.theguardian.com/music/article/2024/may/16/billy-idol-reader-interview

https://americansongwriter.com/the-meaning-of-billy-idols-white-wedding/

https://en.wikipedia.org/wiki/Billy_Idol

https://variety.com/2023/music/news/billy-idol-hollywood-walk-of-fame-star-interview-1235479903/

 

CONHEÇA ZÉ NINGUÉM, O FAMOSO POETA MARGINAL DAS RUAS SOROCABANAS

 Por Juliana Vannucchi

Muitos sorocabanos certamente já se depararam com Zé Ninguém, poeta marginal que ocupa ruas, vielas, encruzilhadas e transportes públicos da cidade, recitando seus versos para qualquer um que esteja disposto a ouvi-los. Ele usa seu dom poético como um grito de guerra, fazendo dele a mais poderosa arma de revolução existencial, cujo propósito é invadir corações e, com isso, salvar e ajudar as pessoas de alguma forma. É muita sorte ter um poeta tão sensível vagando por Sorocaba e figuras artísticas assim, tão criativas como Zé Ninguém, merecem nossa atenção e sempre devem ser valorizadas. Mas apesar de atualmente brilhar por nossa querida Terra Rasgada, a trajetória de Zé Ninguém começou em outro espaço e em outro tempo...

Por trás desse pseudônico, está o jovem Gabriel Gomes Almeida. Ele nasceu em Campinas, no hospital universitário da Unicamp, no dia 24 de novembro de 2000. É o oitavo filho da dona Josefa Gomes de Almeida, que tem mais sete filhas e outro menino. Almeida terminou os estudos escolares em 2019, aos 19 anos, poucos meses antes do início da pandemia. Posteriormente, ingressou na faculdade, matriculando-se no curso de Letras. Ao longo dos anos, trabalhou em diversos ramos, assumindo vários cargos diferentes. Atualmente, no entanto, é servente e trabalha com seu cunhado. Em meio a todas essas experiências de vida, sempre houve uma poderosa conexão entre ele e a arte, sendo que seu percurso poético começou ainda na tenra idade, quando Gabriel envolveu-se com a música: “Eu sempre gostei de rap, funk, música clássica e pagode”. A partir dessa afinidade, aos doze anos ele começou a escrever, e tinha a intenção de se tornar cantor de rap: “Foi exatamente com essa idade que eu passei a escrever alguma coisa, rabiscar, anotar os meus sentimentos e foi a partir daí que peguei gosto pelo conhecimento e, a partir disso, simplesmente não parei mais de buscá-lo”.

 

Zé Ninguém e sua companheira Fernanda.   
 

Desde então, seus escritos foram aumentando e a poesia foi ocupando um espaço cada vez maior em seu dia-a-dia, se tornando uma paixão sem a qual o jovem não vive: “A poesia, pra mim, é a própria vida. Não existe nada se não existe poesia. Antes mesmo de começarmos a nos comunicar, a poesia já existia... antes mesmo do primeiro átomo se formar, a poesia já estava versando o universo. Então, na vida das pessoas a poesia é a emoção de viver, de ser e de sonhar. Sem poesia, penso que não haveria vida”. No entanto, apesar dessa ligação com os versos ter se iniciado cedo, foi apenas mais tarde, precisamente em 2023, que a slam poetry entrou em seu caminho, fazendo com que Gabriel encontrasse de vez o seu verdadeiro rumo, ao qual tanto se dedica atualmente. Afinal, foi através dessa expressão poética que ele, aos poucos, foi se tornando um notável expoente poesia marginal de Sorocaba: "Eu desenvolvi com outros artistas o projeto Slam Trincheira que vai estrear oficialmente no mês que vem, na zona norte da nossa cidade. Em suma, o objetivo do projeto é revigorar a poesia sorocabana, trazendo novos poetas para a nossa cidade e criar, assim, uma nova frente de poemas, remetendo especialmente à zona norte que acredito ser ainda muito negligenciada na arte".  E foi justamente nesse meio poético da slam que Gabriel assumiu o pseudônimo de Zé Ninguém, pelo qual está consolidando seu reconhecimento. A respeito desse nome artístico, explicou: “Tento levar às pessoas que me veem recitando, a essência não só da poesia, mais das próprias pessoas, pois busco refletir ali a dor do mundo para que saibam que não estão só, que tem um outro alguém com elas. Porque geralmente, quando nos sentimos sós, pensamos que não somos nada, que não somos ninguém. Que somos só mais um em meio de tantos. E isso me inspirou a criar meu pseudônimo de Zé Ninguém, que representa a todos, além de ser mesmo tempo, um nome que serve como ato de resistência, força e coragem”. 

 

Zé Ninguém é um poeta que tem muito a nos ensinar e que possui uma maneira cativante e inspiradora de recitar seus versos.

Gabriel acredita que pessoas de todo o mundo podem se encontrar em seus versos, reconhecendo-se neles, como se fossem espelhos de suas almas, nos quais se sentem acolhidas e representadas de alguma maneira. E o cenário atual da arte sorocabana que, segundo o jovem poeta está evoluindo e se fortalecendo gradualmente, parece ser justamente o espaço ideal para que ele possa fazer com sua arte atinga um número de pessoas cada vez maior. Zé Ninguém, afinal, entende que a arte porta em si um potencial transformador, necessário para que as pessoas possam ter uma formação mais humana e digna, elevando o patamar de suas consciências. Nesse âmbito, refletiu: “Acho que aqui em Sorocaba devemos ser mais ativos no meio artístico. Essa cena, afinal, pode fazer muita gente mais feliz e tirar as crianças do caminho errado”.

Zé Ninguém é um poeta de rua que tem muito a nos ensinar e que possui uma maneira cativante e inspiradora de recitar seus versos. É um militante heroico da zona norte, nobre em seu propósito de difundir a arte por todos os cantos da cidade e abrir espaço para que outros artistas possam ter voz e, assim como ele, mostrando seus talentos ao mundo. Devemos nos orgulhar de ter um poeta como ele peranbulando por nossas terras. 

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