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sábado, 16 de agosto de 2025

MISFITS: OS MESTRES DO HORROR PUNK

 Por Juliana Vannucchi e Neder de Paula

Em meio à efervescência musical de 1977, ano no qual, tanto na Inglaterra quanto nos EUA despontavam inúmeras bandas, o Misfits surgiu em New Jersey. O compositor e vocalista Glenn Danzig foi o fundador e idealizador do grupo, cuja formação original não durou muito tempo e passou por uma reciclagem antes dos Misfits decolarem. Assim, para o lançamento do primeiro single, intitulado "Cough/Cool" estavam presentes o baixista Jerry Caiafa e o baterista Manny Martínez. Após esses primeiros passos, com uma trajetória marcada tanto pelo sucesso quanto por uma série de desavenças entre os músicos, a banda se dissolveu em 1983. No entanto, para a alegria dos fãs, em meados dos anos noventa, o Misfits estava novamente reunido numa tentativa de reconciliação que mal vingou e logo fracassou.

Desde os primórdios, a banda se distanciou notavelmente da estética que prevalecia naquela época, adotando em seu visual e em suas letras, referências provenientes do universo do horror. Danzig, fã de Allan Poe e apreciador d quadrinhos, desenhava esqueletos em suas roupas enquanto o baixista Jerry Only pintava seu rosto de forma caricata e fazia um penteado inusitado que fez com a banda fosse identificada como representante do “devilrock”. Visualmente, parecia que todos os integrantes tinham saído do universos dos quadrinhos de terror para invadirem o nosso mundo. Ou, então, parecia simplesmente que tinham se levantado de alguma cripta para assumirem instrumentos musicais enquanto faziam barulho e traziam mensagens do além. Suas letras, afinal falavam sobre Halloween, vampiros, sangue e filmes B. E instrumentalmente falando, com uma excêntrica e bem-sucedida mistura de punk e rockabilly, os Misfits se firmavam com uma sonoridade original e, assim, se tornaram um dos representantes mais interessantes e originais da vasta leva de grupos de 77. A conceituada revista Rolling Stone certa vez, de forma precisa, os descreveu como sendo essencialmente “a banda arquetípica de horror-punk do final dos anos 1970 e início dos anos 1980.” 

Mais do que uma simples banda, o Misfits se consolidou como um símbolo cultural, um ícone do inconformismo e da celebração do grotesco.
 

Em 1979 o single “Horror Business” explodiu. Na capa, havia uma figura cadavérica que agradou tanto os fãs quanto os membros da banda, que adotaram a caveirinha como mascote. E essa a icônica imagem que até hoje estampa tanta camiseta em todos os cantos do mundo. O sucesso crescia exponencialmente e a banda ia se consolidando cada vez mais. Os integrantes seguiam algumas cartilhas clichês do punk rock que envolviam shows caóticos, brigas públicas, prisão dos membros da banda e até mesmo a criação de um fã clube aos moldes do DIY, no qual Danzig estampava camisetas para fãs no porão da casa de sua mãe.

Aliás, Danzig sempre foi a figura mais polêmica da banda. Politicamente, já demonstrou não compactuar com o binarismo ideológico que paira nos EUA e se justificou dizendo que adota tanto um lado mais conservador, quanto também uma visão liberal. Para decepção de muitos fãs, em 2017 saiu em defesa de algumas atitudes de Donald Trump. O vocalista ainda entende atualmente a cultura de cancelamento compromete a liberdade de expressão e pensamento, gerando polêmicas vazias. Nesse âmbito, Danzig chegou a declarar que o punk rock jamais encontraria terreno para surgiu no cenário atual. entenda que os liberais, por vezes, se tornam demasiadamente radicais e opressores em seus discursos proibitivos. Os dois lados, de acordo com Danzig, são excessivamente mentirosos e movidos por corrupção. Porém, se politicamente nenhum lado o agrada muito, por sua vez, o sempre controverso Danzig ao ser acusado de satanismo, revelou sustentar uma postura dualista e disse que abraça tanto o bem quanto o mal. Em certa ocasião,o músico chegou a declarar abertamente ter afinidade com alguns aspectos do satanismo. Assim como já afirmou categoricamente que não compactua com o Cristianismo, cuja ideologia, segundo Danzig, se propõe a escravizar as pessoas.

Ainda que envolto em tantas controvérsias e com uma carreira marcada por altos e baixos, o legado do Misfits ultrapassa os limites do horror punk e ressoa fortemente até os dias atuais. A estética da banda, seu visual grotesco e teatral, além das letras inspiradas em filmes de terror e ficção científica, foram capazes de influenciar não só a música, mas também o cinema, a moda alternativa e toda uma subcultura que se formou em torno do macabro e do absurdo. O impacto do grupo pode ser sentido em bandas como AFI, Alkaline Trio, My Chemical Romance e até no mainstream, com artistas que bebem da mesma fonte de horror visual e lírica sombria.

Mesmo com as inúmeras trocas de integrantes, disputas judiciais sobre o uso do nome da banda e a constante reinterpretação de seu catálogo por diversas formações, o Misfits continua sendo uma entidade viva dentro do rock underground. Em apresentações esporádicas, reunindo figuras históricas como Glenn Danzig, Jerry Only e Doyle Wolfgang von Frankenstein, o grupo arrasta multidões, demonstrando que sua aura cult permanece intacta, com fãs de diferentes gerações sedentos por vivenciar aquela experiência que mistura teatro de horror e punk selvagem em estado bruto. Portanto, mais do que uma simples banda, o Misfits se consolidou como um símbolo cultural, um ícone do inconformismo e da celebração do grotesco. Sua importância reside não apenas na música, mas no imaginário que ajudaram a construir — uma espécie de circo punk de horrores que segue inspirando outsiders, rebeldes e criadores independentes ao redor do mundo. É essa força estética e ideológica que garante ao Misfits um lugar eterno na cripta sagrada do rock underground.


Referências:

https://www.theguardian.com/music/2014/jun/29/misfits-review-schlock-horror-kitsch

https://www.mundometalbr.com/danzig-se-voce-nao-pensa-o-que-eles-pensam-eles-querem-te-destruir-isso-nao-e-liberal-na-verdade-e-muito-fscist-sao-todos-fscists-idiotas-diz-glenn-danzig/amp/

https://www.nme.com/news/music/danzig-misfits-trump-muslim-travel-ban-2081376

http://www.inmusicwetrust.com/articles/52h06.html

https://www.theguardian.com/music/2014/may/09/the-misfits-gelnn-danzig-logo-lawsuit-sour-grapes-tantrum-jerry-only

"A POESIA É O NOVO ROCK AND ROLL": O UNIVERSO ARTÍSTICO DE MATILDA JOON

Por Juliana Vannucchi

Em meio às belíssimas e elegantes paisagens da Suécia, sempre protegida pelos poderes de Frigga e inspirada dela sabedoria de Freya, vive a poeta Matilda Jeanette James Joon. Sua paixão pela escrita, manifestou-se na tenra idade. Quando criança, era obcecada em registrar tudo em seus diários. Começou a fazer isso quando tinha somente seis anos. Mais tarde, na adolescência, seus escritos se transformaram cada vez mais em poesia e palavras faladas. E desde então, os versos tornaram-se um caminho inevitável e indispensável em sua trajetória. A respeito da importância da poesia, Matilda refletiu: “A poesia cura. É a conexão entre as almas. Neste caos que a vida é, é uma maneira de permanecermos com os pés no chão, sermos amorosos e não desviarmos o olhar da dor e do sofrimento. Devemos manter nossa humanidade e empatia por todas as coisas vivas e respirantes. Quanto mais lemos, mais nossas almas se expandem - e quando a poesia realmente toca o coração... Bem, é aí que a mágica começa.”

Poema de Matilda Joon, publicado na "Love Love Magazine".

Para Matilda Joon, poesia é amor e magia.

Seguindo suas profundas meditações, a poestisa ainda disse acreditar que a poesia é o novo rock and roll: “Poesia é amor, magia e um bálsamo curativo, está nas minhas veias e no meu sangue. A poesia salvou minha vida mais de uma vez! É a linguagem da alma. Poesia é o novo rock and roll. Tenho melodias florescendo na minha mente e são essas coisas que escrevo. Como eu disse, a poesia pode ser um bálsamo calmante, mas também corta como uma faca, é assim que as palavras realmente são poderosas.”

Matilda possui inúmeras musas inspiradoras, tal como os riachos, as montanhas, o sol, as flores e outros tantos elementos da natureza. Ademais, sente que sua alma é atraída para tudo que é estranho e diferente. Também vê Jim Morrison e Kurt Cobain como fontes de inspiração poética e existencial e, sendo uma leitora avisa, possui uma série de autores favoritos, tal como Mary Oliver, Maya Angelou, Pablo Neruda, Rumi, John Keats, Anne Sexton, E.E. Cummings, Sylvia Plath, Virginia Woolf, Richard Brautigan, Jack Kerouac e Kenneth Rexroth! Dentre outros: “Todos esses são e foram importantes pra mim. No momento, estou lendo o livro Didion & Babitz, de Lili Anolik - (sobre Joan Didion e Eve Babitz) - e eu deveria ter dito antes que Eve Babitz é uma grande inspiração há muito tempo... Quer dizer... que mulher!”

O envolvimento com o rock and roll fez com que Lydia Lunch cruzasse seu caminho em meados dos anos 90. Dali em diante, um laço magnético e espiritual às manteve unidas: “Eu estava assistindo a uma apresentação de Spoken Word da Lydia e lembro que ela pulou do palco no meio do show, correu até mim, me beijou entre os seios e sussurrou em meu ouvido: "Você e eu somos irmãs". Não é um começo lindo para uma amizade que dura desde então? Lydia é uma força, uma inspiração, e como ninguém que conheci em toda a minha vida. Eu a amo de verdade, de coração e alma. Somos muito diferentes como pessoas, mas temos certas experiências de vida extremamente brutais em comum - nos entendemos, pertencemos à mesma tribo de mulheres fortes, estranhas e bruxas que seguem em frente em um mundo cheio de homens psicopatas que só querem destruir tudo o que é belo - homens psicopatas ODEIAM e querem matar mulheres como nós. Sempre foi assim. Como diz Lydia: a guerra nunca acaba. É uma batalha constante para se manter forte e são neste poço de INSANIDADE que acontece em todo o mundo - Criado por homens.”

Em seus poemas, escreve sobre os efeitos do amor, os delírios existenciais, a magia e a natureza. Sua poesia é uma caminhada por estradas encantadas, nas quais o percurso guarda ao leitor uma série de mistérios e surpresas. Matilda demonstra uma força interior imensa em sua escrita que, com toda certeza, é uma poção capaz de reavivar qualquer alma e curar qualquer coração.

Poema e arte de autoria da artista.



 

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