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quinta-feira, 24 de abril de 2025

BILLY IDOL: A HISTÓRIA DE UM DOS NOMES MAIS CONSAGRADOS DO ROCK

 Por Juliana Vannucchi

William Albert Michael Broad, que se popularizou mundialmente como Billy Idol, nasceu em 1955, em Middlesex, na Inglaterra. Em 1971, após passar um período nos Estados Unidos, sua família instalou-se no sul de Londres. Quatro anos mais tarde, o jovem William deu início a uma breve passagem pela Universidade de Sussex, porém, sua empreitada acadêmica durou somente um ano. O destino de Broad era outro. A música, afinal, que já estava em sua vida desde cedo, acabou atraindo-o mais do que os planos de cursar Língua Inglesa. Os Beatles, por exemplo, segundo declaração do próprio músico, entraram em seu caminho quando ele tinha apenas seis anos e nessa época, ainda na tenra idade, ele disse ter se apaixonado completamente pelo icônico quarteto inglês. Aliás, quando era criança, foi um aluno um tanto problemático. Certa vez, inclusive, um professor escreveu para seus pais um bilhete que dizia "Billy is idle (que significa algo como inativo)". Foi um grande ideia! Esse "idle" virou "idol"...

Em sua juventude, William Broad viu as ruas londrinas serem tomadas pelo espírito anímico do punk rock que, gradualmente, se tornava cada vez mais consolidado enquanto gênero musical e campo ideológico. Foi aí que ele se juntou ao famoso Bromley Contingent, um grupo de fãs alucinados dos Sex Pistols, que afim de seguir a banda, migrava de um lugar para o outro. Em relação a isso, Idol declarou mais tarde numa entrevista: “Os Sex Pistols e aquela pequena cena abriram a porta e todos nós poderíamos passar por ela”. 

Billy Idol no palco com a banda Generation X.

Seus primeiros passos musicais foram dados quando assumiu o papel de guitarrista da banda Chelsea. Mais tarde, ao lado do baixista Tony James e do baterista John Towe, com os quais formou a banda Generation X, um dos maiores nomes do punk rock inglês. Nessa fase, Idol mostrou-se um competente guitarrista e um vocalista com postura enérgica em cima dos palcos, que encantava o público com sua ferocidade punk. Foi inclusive com esse grupo embrionário que ele lançou em 1980, a primeira versão da famosa música "Dancing With Myself". Porém, seu ápice ainda estava por vir. Idol abandonou a banda punk e viajou para os EUA. Lá, travou contato com Steve Stevens, um engenhoso guitarrista que nesse período já era notavelmente conceituado. Mal sabiam os dois jovens que aquela conexão vibrante e imediata que surgiu entre ambos, os levaria a fazer história no mundo da música. Stevens ganhou sua primeira guitarra aos sete anos. Foi um contato inicial bastante precoce e absolutamente incomum, pois o garoto logo mostrou-se um verdadeiro prodígio com o instrumento, que dominava cada vez mais, tocando com destreza e glamour. Stevens sempre foi tecnicamente impecável, além de ser dono de uma criatividade refininada. Amante de hard rock, o guitarrista chegou a tocar com vários músicos desse universo - tal como, por exemplo, Peter Criss, baterista do KISS - antes que o destino o unisse a Billy Idol, com o qual viu seu talento atingir o auge. A respeito dessa união, Idol se recordou em entrevista concedida ao The Guardian: “Ele cresceu ouvindo muito rock progressivo e coisas assim, mas juntar o que eu fazia em termos de punk rock com o que Steve estava fazendo significava que poderíamos fazer qualquer coisa”. 

Uma das faixas mais conhecidos e lendárias que produziram foi “Eyes Without a Face”. Lançada em 1984, a música tornou-se mundialmente popular e até hoje é considerada uma das baladas mais aclamadas dos anos oitenta. Em entrevista concedida ao The Guardian, em relação a essa música, Idol explicou: “Eu só estava tentando não escrever uma canção de amor óbvia”. Em outra declaração, refletiu a respeito do significado do single: “Comecei a escrever palavras que, de alguma forma disfarçada, falavam da minha vida em Nova York e de um relacionamento que deu errado, à beira da desintegração na loucura. Talvez eu estivesse refletindo sobre minhas próprias infidelidades em turnê. De certa forma, esses (tipos de relacionamento) podem fazer com que você se sinta sem alma, especialmente se você está em um relacionamento que você valoriza, mas é degradante ao procurar em outro lugar estímulos sexuais adicionais”. A título de curiosidade, vale citar que durante a gravação do clipe, as lentes de contato de Idol foram atingidas acidentalmente por luzes do estúdio e o cantor perdeu a visão temporariamente. Um aspecto memorável dessa música é a frase “"Les yeux sans visage" (que significa “Eyes Without a Face”), cantada no fundo por Perri Lister, ex-companheira de Billy Idol. A frase em francês é o título de um macabro filme de terror que também serviu como inspiração para a criação da música. Aliás, cabe citar aqui que a letra do clássico single “Sweet Sixteen” foi justamente composta quando Idol e Lister romperam: “Eu estava de fato cantando uma música sobre ela”, contou ao The Guardian acrescentando que a amava muito quando o relacionamento deles chegou ao fim. 

Outro hit arrebatador que Idol carrega em seu vasto repertório é “Withe Wedding”. Em partes, a canção teve sua irmã como inspiração: “Acho que todo mundo, quando você escreve uma música, está sempre procurando por novas situações, novas circunstâncias, algo que vem da sua própria vida, mas nunca está completo. Minha irmã estava grávida. Ela ia se casar e não houve discussão nem nada, mas pensei em todas as pessoas diferentes e em todos os tempos passados ​​em que isso era um tabu. Eu pensei sobre isso, a natureza, o tabu e a convenção e o casamento como sendo uma grande celebração, mas que depois pode se transformar em algo como um casamento forçado (…) Então pensei sobre esse tipo incestuoso de irmão doente... que está vagando pelo mundo em alguma natureza selvagem, que sabe o que está procurando, levando uma vida completamente não convencional, deixando para trás todos os seus amigos e apenas indo e indo e todas essas coisas começaram a acontecer na música”. Mas não foram apenas essas suas fontes de inspiração. Uma parte de sua própria história traduziu-se na canção, que assume assim um tom ligeiramente autobiográfico: “Suponho que sair de casa, sair da Inglaterra e de repente me deparar com uma nova vida novamente me fez pensar que não há nada justo neste mundo”, disse Idol. “Não há nada seguro neste mundo. Não há nada puro neste mundo”. 

Gostar de rock e não apreciar o mítico Billy Idol são coisas incompatíveis. Junto com seu fiel escudeiro Steve Stevens, ele teve uma carreira consagrada e deixou uma herança arrebatadora que será sempre louvada e amplamente reconhecida na história do rock and roll.

Referências:

https://www.theguardian.com/music/article/2024/may/16/billy-idol-reader-interview

https://americansongwriter.com/the-meaning-of-billy-idols-white-wedding/

https://en.wikipedia.org/wiki/Billy_Idol

https://variety.com/2023/music/news/billy-idol-hollywood-walk-of-fame-star-interview-1235479903/

 

CONHEÇA ZÉ NINGUÉM, O FAMOSO POETA MARGINAL DAS RUAS SOROCABANAS

 Por Juliana Vannucchi

Muitos sorocabanos certamente já se depararam com Zé Ninguém, poeta marginal que ocupa ruas, vielas, encruzilhadas e transportes públicos da cidade, recitando seus versos para qualquer um que esteja disposto a ouvi-los. Ele usa seu dom poético como um grito de guerra, fazendo dele a mais poderosa arma de revolução existencial, cujo propósito é invadir corações e, com isso, salvar e ajudar as pessoas de alguma forma. É muita sorte ter um poeta tão sensível vagando por Sorocaba e figuras artísticas assim, tão criativas como Zé Ninguém, merecem nossa atenção e sempre devem ser valorizadas. Mas apesar de atualmente brilhar por nossa querida Terra Rasgada, a trajetória de Zé Ninguém começou em outro espaço e em outro tempo...

Por trás desse pseudônico, está o jovem Gabriel Gomes Almeida. Ele nasceu em Campinas, no hospital universitário da Unicamp, no dia 24 de novembro de 2000. É o oitavo filho da dona Josefa Gomes de Almeida, que tem mais sete filhas e outro menino. Almeida terminou os estudos escolares em 2019, aos 19 anos, poucos meses antes do início da pandemia. Posteriormente, ingressou na faculdade, matriculando-se no curso de Letras. Ao longo dos anos, trabalhou em diversos ramos, assumindo vários cargos diferentes. Atualmente, no entanto, é servente e trabalha com seu cunhado. Em meio a todas essas experiências de vida, sempre houve uma poderosa conexão entre ele e a arte, sendo que seu percurso poético começou ainda na tenra idade, quando Gabriel envolveu-se com a música: “Eu sempre gostei de rap, funk, música clássica e pagode”. A partir dessa afinidade, aos doze anos ele começou a escrever, e tinha a intenção de se tornar cantor de rap: “Foi exatamente com essa idade que eu passei a escrever alguma coisa, rabiscar, anotar os meus sentimentos e foi a partir daí que peguei gosto pelo conhecimento e, a partir disso, simplesmente não parei mais de buscá-lo”.

 

Zé Ninguém e sua companheira Fernanda.   
 

Desde então, seus escritos foram aumentando e a poesia foi ocupando um espaço cada vez maior em seu dia-a-dia, se tornando uma paixão sem a qual o jovem não vive: “A poesia, pra mim, é a própria vida. Não existe nada se não existe poesia. Antes mesmo de começarmos a nos comunicar, a poesia já existia... antes mesmo do primeiro átomo se formar, a poesia já estava versando o universo. Então, na vida das pessoas a poesia é a emoção de viver, de ser e de sonhar. Sem poesia, penso que não haveria vida”. No entanto, apesar dessa ligação com os versos ter se iniciado cedo, foi apenas mais tarde, precisamente em 2023, que a slam poetry entrou em seu caminho, fazendo com que Gabriel encontrasse de vez o seu verdadeiro rumo, ao qual tanto se dedica atualmente. Afinal, foi através dessa expressão poética que ele, aos poucos, foi se tornando um notável expoente poesia marginal de Sorocaba: "Eu desenvolvi com outros artistas o projeto Slam Trincheira que vai estrear oficialmente no mês que vem, na zona norte da nossa cidade. Em suma, o objetivo do projeto é revigorar a poesia sorocabana, trazendo novos poetas para a nossa cidade e criar, assim, uma nova frente de poemas, remetendo especialmente à zona norte que acredito ser ainda muito negligenciada na arte".  E foi justamente nesse meio poético da slam que Gabriel assumiu o pseudônimo de Zé Ninguém, pelo qual está consolidando seu reconhecimento. A respeito desse nome artístico, explicou: “Tento levar às pessoas que me veem recitando, a essência não só da poesia, mais das próprias pessoas, pois busco refletir ali a dor do mundo para que saibam que não estão só, que tem um outro alguém com elas. Porque geralmente, quando nos sentimos sós, pensamos que não somos nada, que não somos ninguém. Que somos só mais um em meio de tantos. E isso me inspirou a criar meu pseudônimo de Zé Ninguém, que representa a todos, além de ser mesmo tempo, um nome que serve como ato de resistência, força e coragem”. 

 

Zé Ninguém é um poeta que tem muito a nos ensinar e que possui uma maneira cativante e inspiradora de recitar seus versos.

Gabriel acredita que pessoas de todo o mundo podem se encontrar em seus versos, reconhecendo-se neles, como se fossem espelhos de suas almas, nos quais se sentem acolhidas e representadas de alguma maneira. E o cenário atual da arte sorocabana que, segundo o jovem poeta está evoluindo e se fortalecendo gradualmente, parece ser justamente o espaço ideal para que ele possa fazer com sua arte atinga um número de pessoas cada vez maior. Zé Ninguém, afinal, entende que a arte porta em si um potencial transformador, necessário para que as pessoas possam ter uma formação mais humana e digna, elevando o patamar de suas consciências. Nesse âmbito, refletiu: “Acho que aqui em Sorocaba devemos ser mais ativos no meio artístico. Essa cena, afinal, pode fazer muita gente mais feliz e tirar as crianças do caminho errado”.

Zé Ninguém é um poeta de rua que tem muito a nos ensinar e que possui uma maneira cativante e inspiradora de recitar seus versos. É um militante heroico da zona norte, nobre em seu propósito de difundir a arte por todos os cantos da cidade e abrir espaço para que outros artistas possam ter voz e, assim como ele, mostrando seus talentos ao mundo. Devemos nos orgulhar de ter um poeta como ele peranbulando por nossas terras. 

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