Por Juliana Vannucchi
A costura, se manejada de forma habilidosa e praticada com originalidade, pode, certamente, se tornar uma verdadeira expressão artística. E a parisiense Eveline, com seu potencial criativo e sua destreza para lidar com linhas, corte e arranjos, é prova disso. Ela começou a bordar há oito anos atrás, quando nasceu o primeiro filho de seu irmão mais velho: "Queria bordar o nome dele - William - no presente que comprei, pois adoro presentes feitos à mão. Então, pratiquei um pouco e consegui. Gostei bastante do processo, pois sempre adorei trabalho manual. E gosto ainda mais quando demora para ser concluído e exige foco". A partir da primeira experiência com o presente de seu estimado sobrinho, essa prática artesanal passou a se tornar cada vez mais intesa na vida de Eveline que, então, começou a bordar roupas para si mesma, para alguns amigos e, posteriormente, começou também a criar produtos para algumas bandas - como cuecas -, por exemplo: "Mas essa prática se tornou, por assim dizer, mais 'artística' quando comecei a bordar poesia e letras de músicas em linho vintage". A versatilidade estilística, desde então, acompanha firmemente o seu trabalho. Assim como uma Moira, imersa e infalível em sua sofisticada atividade, e sempre afiada, inspirada, firme e dedicada, Eveline, permanece até hoje ativa em suas produções, que se transformaram numa verdadeira paixão e que possuem o amor como principal eixo condutor. A esse respeito, refletiu: "Na verdade, é uma das coisas mais fascinantes para mim: inspiração e criação, de onde vem isso?! É um mistério absoluto, mas sinto que tudo vem do Amor. A natureza expressa isso através de árvores, flores, animais, insetos. O ser humano faz isso através da arte, se é que minha colocação faz sentido".
Quando está bordando, Eveline gosta, de preferência, de focar numa mesma peça durante horas. Ela entende que esse processo mais prolongado é relevante num mundo caoticamente inquieto, no qual os níveis de ansiedade andam aflorados e, consequentemente, o foco de atenção das pessoas em qualquer atividade se torna mais baixo: "Sou professora de meditação, e não vou dizer que é a mesma coisa, mas acho que tem algo que também traz uma espécie de paz interior quando estou bordado, por envolver uma coisa repetitiva e o modo como eu preciso estar focada nisso, me deixa bem tranquila. Na verdade, existem estudos que mostram os seus benefícios: os níveis de cortisol, que é o hormônio do estresse, diminuem quando estamos concentrados numa tarefa criativa. Portanto, recomendo fortemente que quem está ansioso, tente fazer algo criativo". Ora, sabemos que da experiência criativa pode surgir uma conexão com a arte que, nas palavras de Eveline: "Surge a partir de uma forma de olhar o mundo, uma forma muito especial e peculiar, às vezes estranha, de olhar para ele, de observá-lo, também de viver nele, e principalmente de senti-lo. A arte associa-se à necessidade de expressar tudo isso também de uma forma muito pessoal. Na verdade, não tem um propósito, mas tem que ser".
Eveline,
que já teve algumas de suas produções artesanais expostas em diversos
locais, atualmente tem algumas de suas peças expostas no Howl! Arts, em New
York: "Neste mês, minha amiga Cynthia Ross lançou seu
primeiro livro de poesias e ela, muito gentilmente, encontrou um espaço
pra mim nesse lançamento, no qual estou tendo a oportunidade de apresentar o meu trabalho - no
caso, especificamente, meus bordados de alguns poemas dela - em uma
galeria em Nova York. Ainda não consigo acreditar que isso está
acontecendo". Nos trabalhos manuais de Eveline, a arte encontra seu
propósito e se concretiza materialmente de maneira brilhante. Em suas
costuras e ideias, há muitas coisas para serem admiradas e aprendidas.
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Bordado de um poema escrito por Cynthia Ross, intitulado "The Universe Loves You". |
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Nesse borbado, Eveline anuncia o lançamento do livro de Cynthia Ross, em Paris. |
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