Por: Juliana Vannucchi
Wim Wenders é um dos mais importantes
cineastas atuais da Alemanha e, também do cinema europeu. Wenders destacou-se
durante o período do Novo Cinema Alemão,
e, a partir de tal ocasião, seus trabalhos tornaram-se conhecidos no mundo
todo. Dirigiu mais de quarenta filmes ao
longo da carreira, desde sua juventude vivida na Alemanha pós-guerra.
Wenders, entretanto, não faz parte do chamado
“cinema comercial”. Seus trabalhos, pelo menos a maioria, estão à margem da
indústria popular de filmes, sendo que, desta forma, o diretor não faz tanto
sucesso em meio à massa, e suas produções não costumam agradar ao espectador
comum.
Um característica que consiste na principal
marca do diretor são os “road movies”, ou seja, filmes que se desenvolvem tendo
como principal ambiente estradas. Em diversos trabalhos de Wenders, a narrativa
é composta por alguma situação de um personagem que viaja, seja de trem, carro,
ou a pé. A estrada é um elemento constante nos filmes de Wim Wenders. “Cineasta
adepto dos planos pictóricos e requintados, Wim Wenders vê no vídeo um contraponto
ao cinema tradicional, sem se desfazer de suas características. Ele utiliza
esse conflito entre naturezas de imagens diferentes como um recurso para trabalhar grandes possibilidades
expressivas nos personagens, que “parecem estar sempre deslocados, em trânsito,
despatriados, sem relações estáveis e duradouras” (CARVALHO, A MATSUZAWAR, p3).
E há componentes que complementam a tão
conhecida marca do diretor que é a “estrada”. Alguns dos mais frequentes
componentes são: a solidão, o deslocamento, as grandes paisagens, e a música.
Todos estes ingredientes são misturados em grande parte dos filmes de Wenders,
e junto a uma fascinante fotografia e excelente roteiro, temos como resultado
obras magníficas, dotadas de poesia, de sutileza, e de encanto. Wenders mescla
esses componentes todos em suas obras e oferece aos espectadores uma verdadeira
produção artística.
Para compreender melhor o cinema de Wim
Wenders a seguir há uma análise de alguns aspectos de suas produções com
declarações do próprio cineasta.
FOTOGRAFIA
“O ato de filmar é um ato heroico (não
sempre, nem sequer frequentemente, mas por vezes). A progressiva distribuição
da percepção exterior e do mundo é por um instante suspensa. A câmera é uma
arma contra miséria das coisas, nomeadamente contra o seu desaparecimento. Por
que filmar? Não saberá de outra pergunta menos idiota?”. (Do livro: A Lógica
das Imagens, de Wim Wenders. Texto original publicado no jornal Libération,
caderno especial de abril de 1987).
A fotografia de Wim Wenders é bela e
envolvente, é constantemente elogiada pelos críticos. Wenders trabalha bem com
a câmera, com os ângulos de filmagem. Wenders já foi pintor, e, talvez por
isso, tenha essa percepção notável e artística quanto a beleza do que sua
câmera capta. A imagem do diretor atrai os olhos do espectador. “Fui pintor.
Interessava-me única e exclusivamente o espaço: paisagens e cidades (...).
Quando comecei a filmar ficava, em vista disto, como pintor do espaço a procura
do tempo”. (A Lógica das Imagens, de Wim Wenders, cit pg 73).
MÚSICAS

Em seus trabalhos, ele faz justiça à sua
própria declaração, utilizando o recurso musical como uma das grandes forças de
suas produções. Coloca a música certa, no momento ideal. Já trabalhou e
utilizou-se de músicas de diversos cantores e bandas bastante conhecidas, como
“Talking Heads”, ou “U2”. Wenders faz uso perfeito do recurso sonoro tornando
as cenas de seus filmes ainda mais envolventes.
ESTRADAS
Conhecido pelos “road movies”, Wenders talvez
use esse elemento clássico como uma metáfora. A estrada pode representar a
liberdade, a busca por algo novo, a fronteira a ser atravessada, o
deslocamento. Em alguns filmes do
diretor, parece que estes significados mencionados realmente compõe o estado de
espírito dos personagens. Fato é, que Wenders faz da estrada algo cativante, e,
que tornou uma assinatura dos filmes do diretor. Embora nem todas as suas obras
se passem em estradas, muitas se passam, e esse fator certamente tem um propósito.
“Tem a ver com liberdade, claro. De certas
maneiras, de formas diferentes, com a liberdade. Todos nós, que gostamos de
viajar, sabemos como é interessante para a mente alguma viagem (...). Sabemos
que a viagem não é chegar a algum qualquer lugar, mas é estar no trem, estar
fazendo a viagem (...) é a experiência de estar na estrada”. (Imagens que
Obedecem, Caixa Cultura, 2011).
Win Wenders é ainda muito além do que aqui
foi mencionado. Mas a melhor forma de compreender o trabalho desse diretor, é
assistir a um de seus filmes, e, dessa forma, lançar-se nestas viagens
inesquecíveis em busca de entender e sentir os artísticos feitos de Wenders em
suas produções.
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