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segunda-feira, 4 de maio de 2015

UMA BREVE ANÁLISE DO CINEMA DE WIM WENDERS


Por: Juliana Vannucchi
 
Wim Wenders é um dos mais importantes cineastas atuais da Alemanha e, também do cinema europeu. Wenders destacou-se durante o período do Novo Cinema Alemão, e, a partir de tal ocasião, seus trabalhos tornaram-se conhecidos no mundo todo.  Dirigiu mais de quarenta filmes ao longo da carreira, desde sua juventude vivida na Alemanha pós-guerra.

Wenders, entretanto, não faz parte do chamado “cinema comercial”. Seus trabalhos, pelo menos a maioria, estão à margem da indústria popular de filmes, sendo que, desta forma, o diretor não faz tanto sucesso em meio à massa, e suas produções não costumam agradar ao espectador comum.

Um característica que consiste na principal marca do diretor são os “road movies”, ou seja, filmes que se desenvolvem tendo como principal ambiente estradas. Em diversos trabalhos de Wenders, a narrativa é composta por alguma situação de um personagem que viaja, seja de trem, carro, ou a pé. A estrada é um elemento constante nos filmes de Wim Wenders. “Cineasta adepto dos planos pictóricos e requintados, Wim Wenders vê no vídeo um contraponto ao cinema tradicional, sem se desfazer de suas características. Ele utiliza esse conflito entre naturezas de imagens diferentes como um recurso para trabalhar grandes possibilidades expressivas nos personagens, que “parecem estar sempre deslocados, em trânsito, despatriados, sem relações estáveis e duradouras” (CARVALHO, A MATSUZAWAR, p3).

E há componentes que complementam a tão conhecida marca do diretor que é a “estrada”. Alguns dos mais frequentes componentes são: a solidão, o deslocamento, as grandes paisagens, e a música. Todos estes ingredientes são misturados em grande parte dos filmes de Wenders, e junto a uma fascinante fotografia e excelente roteiro, temos como resultado obras magníficas, dotadas de poesia, de sutileza, e de encanto. Wenders mescla esses componentes todos em suas obras e oferece aos espectadores uma verdadeira produção artística.

Para compreender melhor o cinema de Wim Wenders a seguir há uma análise de alguns aspectos de suas produções com declarações do próprio cineasta.


FOTOGRAFIA

“O ato de filmar é um ato heroico (não sempre, nem sequer frequentemente, mas por vezes). A progressiva distribuição da percepção exterior e do mundo é por um instante suspensa. A câmera é uma arma contra miséria das coisas, nomeadamente contra o seu desaparecimento. Por que filmar? Não saberá de outra pergunta menos idiota?”. (Do livro: A Lógica das Imagens, de Wim Wenders. Texto original publicado no jornal Libération, caderno especial de abril de 1987).

A fotografia de Wim Wenders é bela e envolvente, é constantemente elogiada pelos críticos. Wenders trabalha bem com a câmera, com os ângulos de filmagem. Wenders já foi pintor, e, talvez por isso, tenha essa percepção notável e artística quanto a beleza do que sua câmera capta. A imagem do diretor atrai os olhos do espectador. “Fui pintor. Interessava-me única e exclusivamente o espaço: paisagens e cidades (...). Quando comecei a filmar ficava, em vista disto, como pintor do espaço a procura do tempo”. (A Lógica das Imagens, de Wim Wenders, cit pg 73).

MÚSICAS

Uma vez ele declarou numa entrevista: “... um filme sem música, para mim, seria inútil, eu jamais o faria. As imagens ficariam nuas, desprotegidas, doentes, e provavelmente logo morreriam".

Em seus trabalhos, ele faz justiça à sua própria declaração, utilizando o recurso musical como uma das grandes forças de suas produções. Coloca a música certa, no momento ideal. Já trabalhou e utilizou-se de músicas de diversos cantores e bandas bastante conhecidas, como “Talking Heads”, ou “U2”. Wenders faz uso perfeito do recurso sonoro tornando as cenas de seus filmes ainda mais envolventes.

ESTRADAS

Conhecido pelos “road movies”, Wenders talvez use esse elemento clássico como uma metáfora. A estrada pode representar a liberdade, a busca por algo novo, a fronteira a ser atravessada, o deslocamento.  Em alguns filmes do diretor, parece que estes significados mencionados realmente compõe o estado de espírito dos personagens. Fato é, que Wenders faz da estrada algo cativante, e, que tornou uma assinatura dos filmes do diretor. Embora nem todas as suas obras se passem em estradas, muitas se passam, e esse fator certamente tem um propósito.

“Tem a ver com liberdade, claro. De certas maneiras, de formas diferentes, com a liberdade. Todos nós, que gostamos de viajar, sabemos como é interessante para a mente alguma viagem (...). Sabemos que a viagem não é chegar a algum qualquer lugar, mas é estar no trem, estar fazendo a viagem (...) é a experiência de estar na estrada”. (Imagens que Obedecem, Caixa Cultura, 2011).


Win Wenders é ainda muito além do que aqui foi mencionado. Mas a melhor forma de compreender o trabalho desse diretor, é assistir a um de seus filmes, e, dessa forma, lançar-se nestas viagens inesquecíveis em busca de entender e sentir os artísticos feitos de Wenders em suas produções.

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