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ATÉ O FIM DO MUNDO

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AFINAL, COMO SURGIU O CINEMA?

Um breve questionamento e historio sobre o assunto.

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WOLF CITY - AMON DUUL II

Wolf City é um dos maiores clássicos do Rock Progressivo. É um álbum que celebra magicamente este gênero musical, e que é foi gravado por artistas imensamente talentosos

segunda-feira, 18 de março de 2019

KNOX CHANDLER: UM MOMENTO MAIS MEMORÁVEL COM A SIOUX E COM O BUDGIE, A ÚLTIMA TURNÊ DA HISTÓRIA DOS BANSHEES, GRAVAÇÃO COM DAVID GAHAN E MAIS

 Por: Vannucchi e Marinho


Músico, compositor e produtor, Knox Chandler é um nome conhecido na cena musical pela sua contribuição nas últimas três décadas com grandes artistas, tal como The Siouxsie And The Banshees, R.E.M, Psycodhelic Furs, Depeche Mode e Cyndi Lauper.
Com uma lista extensa de colaborações no curriculum, Knox contou bastante coisa interessante sobre sua notável carreira musical nesse bate-papo exclusivo conosco


1. Como e quando você começou a tocar guitarra?

Quando eu tinha aproximadamente sete anos. Eu escutei um guitarrista clássico tocando numa igreja em que eu estava tendo minhas aulas de flauta. Imediatamente mudei para guitarra.

2. Você se lembra do seu primeiro show? Poderia nos contar um pouco sobre como foi?

Eu tinha provavelmente oito anos. Foi uma apresentação numa escola especial de música. Eu vomitei antes de continuar. Foi terrível. Eu não fiz outro show até que eu estivesse no ensino médio e, naquele tempo, era como um meio de socializar.

3. Ao longo de sua trajetória, você tocou com vários artistas diferentes. Qual foi o momento mais importante da sua carreira?

 Foi um encontro e trabalho realizado com Gary Windo, por volta de 1982. Ele era um saxofonista que eu amava e sempre foi meu mentor. Ele me apresentou ao Psychedelic Furs.

4. Como foi sua experiência com o Lou Reed? O que achou dele?

 Eu nunca fiz uma turnê com o Lou. Alguém fez uma página sobre mim na Wikipédia, mas errou em certos pontos, assim como a minha idade. Eu nasci em 1958, você faça as contas.

Eu toquei com o Lou em um dos tributos de Hal Willner. Em um dos shows do Doc Pomus, fizemos um dueto, esse foi um dos meus momentos mais favoritos no palco. Lou era um amigo. Ele era uma excelente pessoa. Muito engraçado. Fala o que pensava e era muito honesto...

A última vez que o vi, tivemos um jantar em um lugar elegante em Nova York. Nós rimos pra burro enquanto os patrões franziam a testa...

5. Você tocou vários instrumentos diferentes no Paper Monsters. Acredita que tenha sido o trabalho mais desafiador de sua carreira?

Um dos maiores! Eu escrevi a música, bem como fiz os arranjos de cordas, toda gravação e a mixagem. Foi um trabalho muito focado. O humor do David e do Ken Thomas tornou a ocasião divertida!

6. Você pode nos contar como se envolveu com o ‘Automatic for the People’, do R.E.M?

Richard Butler (PFurs) e eu gravamos uma faixa com o Peter Buck para um tributo ao Nick Drake. Essa faixa era “Pink Moon”. Durante a gravação, o Richard cantou uma parte e eu a interpretei, cantou uma parte e eu a interpretei, e tornou o violoncelo a ideia principal em toda a peça. Um pouco mais tarde, recebi um telefonema do Peter dizendo que ele havia escrito uma música em torno do riff do violoncelo e queria que eu gravasse no próximo registro do REM. Essa música tornou-se “Sweetness Follows”. Passei alguns dias em Bearsville com eles. Ótimas pessoas.

7. Você tocou com os Banshees numa ocasião muito especial, que foi a turnê do “Seven Year Itch”. Como você se sentiu participando desse momento?

Originalmente, me juntei à banda em 1994 e depois continuei trabalhando com a Siouxsie e com o Budgie após a turnê do The Rapture, então voltar a tocar com eles posteriormente foi muito natural pra mim – eles eram uma família. Foi muito divertido retornar com todo mundo junto e tocando músicas que eu não havia tocado anteriormente. Eu senti falta do Martin, tanto como músico quanto como pessoa. Eles decidiram ser mais despojados, como eram no início da carreira.

"A música é a linguagem universal que nos conecta. Uma conexão mais necessária nos dias de hoje".

8. E como aconteceu o convite para participar do Seven Year Itch? Foi fácil tocar todas as faixas que compunham a playlist?

Nós aprendemos muitas músicas que eram constantemente colocadas aleatoriamente no bis. O material deles é complicado. Você precisa realmente seguir o vocal e saber as músicas. Há alguns arranjos não convencionais As partes do John Mcgeoch tem artimanhas bem divertidas. Eu amei a experiência de trabalhar com eles! Às vezes desafiador, e sempre muito musical.

9. Quais são suas principais influências (não me refiro apenas ao meio musical, sinta-se livre para mencionar qualquer tipo de influência – atores, livros, autores, poetas, filmes, etc).

Essa é uma questão tão potente. Eu a entendi, mas respondê-la exigiria volumes de páginas e eu iria pelo “buraco do coelho” nesse processo de resposta. Muitas coisas diferentes influenciam e me influenciaram nos últimos 59 anos. A única resposta que posso dar agora, na minha vida, é Berlim. Berlim é minha principal influência hoje.

10. Eu vi que você toca violoncelo tanto quanto toca guitarra. Alguma vez você já tocou com o Martin McCarrick? Qual é a sua opinião sobre o violoncelo eletrônico que ele usa nos Banshees (tipo em ‘Killing Jar’)?

Eu nunca toquei com o McCarrick. Ele é um músico incrível e um violoncelista muito realizado e eu não sou. O Richard Butler me falou para pegar o violoncelo para tocar na turnê “The Book of Days”. Eu tinha tocado contrabaixo, o que era um pouco familiar, mas aprender o violoncelo em um mês foi um desastre. O Richard me deu um empurrão e me apoiou na frente de milhares de fãs por noite. Por padrão, eu acabava melhorando. Eu não sou violoncelista, pelo menos na companhia de Martin. Eu simplesmente adorava ver Martin tocar… e ainda é assim.

11. O que aconteceu com o Bug? Você e o Budgie estão gravando algo novo no momento? Irão gravar algo no futuro?

Ainda está flutuando por aí. Estamos conversando sobre fazer mais algumas coisas algum dia. Um dos problemas pra isso é o fato de que o Mark Plati está em Nova York e estamos aqui (Berlim). Estamos todos muito ocupados ultimamente. Gostaria muito de fazer um CD e fazer shows. Rola sempre uma boa química quando nos juntamos.

12. Quais são seus projetos atuais e planos para o futuro?

Estou fazendo minhas coisas de “fitas de som” e eu também tenho um projeto com o Eric Mingus chamado “Bursting Blue Bone Bark” que, às vezes, inclui o Earl Harvin. Eu toco com cerca de meia dúzia de bandas aqui e tenho feito algumas sessões e um pouco de arranjos de cordas. Todo esse trabalho que eu amo! Eu ensino e sou o chefe do departamento de guitarra em uma faculdade aqui, além de trabalhar com meus mestres na educação superior. Eu tenho outro projeto sobre o qual eu estou pensando, mas, por enquanto eu estou mantendo isso comigo!

PERGUNTAS ENVIADAS POR FÃS:

1. Como eu sou um grande fã de R.E.M. eu faço a seguinte pergunta: Como era a convivência com os integrantes da banda, em especial com o Michael Stipe? Ele era uma pessoa de fácil convívio? (Pergunta enviada por Jonas de Lara Ramos Junior)

Eu achei que havia muito respeito de um para o outro e todos pareciam se dar bem. O Michael foi ótimo! Eu o encontro de surpresa em Berlim de vez em quando. Sempre divertido.

2. Eu gostaria de saber quais são as suas lembranças a respeito da gravação de “New Skin” com os Banshees e se há mais alguma gravação da qual você tenha participado e que não tenha sido lançada. (Pergunta enviada por Costas Christodoulopoulos)

Estávamos no meio de uma turnê e tivemos que gravar a música o mais cedo possível. Nós entramos em um estúdio em Praga e o Budgie e eu estabelecemos o caminho básico, e depois todos nós adicionamos algo. Eu só me lembro de fazer um overdub, na sala de controle, e toda vez que eu acertava uma nota na guitarra, os medidores de volume faziam algo estranho. Todos tentamos descobrir o que estava acontecendo até percebermos que o quadro estava infestado de formigas! Toda vez que o medidor se aproximava, cerca de duas dúzias de formigas correriam.

3. Quais álbuns que você tem como principal referência? (Pergunta enviada por Carmina Usher)

Essa é uma questão impossível de responder. Tem muitos em gêneros diferentes e também depende do dia. Hoje estou me sentindo “Travelin”, do John Lee Hooker.

4. Existe alguma banda ou artista que você não tenha trabalhado e que ainda deseje fazer uma parceria? (Pergunta enviada por Fabrício de Almeida)

Se você está me perguntando com quem eu gostaria de trabalhar, a resposta seria: “eles estão todos mortos”. Há alguns artistas vivos que sempre me surpreendem. Estou aberto.

5. Você pode, por favor, nos contar sobre sua colaboração com o Dave Gahan do Depeche Mode e como você começou a trabalhar com ele? (Pergunta enviada por Simon Davies)

O Victor Indrizzo me colocou junto com David. O David queria compor algumas coisas, e aceitando a sugestão, fomos em frente. Teve uma conexão. Ele nunca compôs antes. Conversamos muito sobre isso. A música, a escrita lírica, os estilos, etc… Passamos quatro anos no projeto. Naquela ocasião, o David também estava no Depeche, em que ele me chamou para fazer o arranjo de cordas. Eu estava viajando com os Banshees e gravando/fazendo turnês com a Cyndi Lauper, mas arranjamos tempo. Quando registramos a gravação, tive que parar tudo e colocar todo meu foco em “Paper Monsters”. Adorei trabalhar com o David. Ele é muito talentoso e é maravilhoso estar por perto dele. Me faz muito feliz de ver que ele está tendo suas músicas nos álbuns do Depeche Mode, assim como continuando suas próprias composições.

"Tenho sorte. As pessoas queriam que eu levasse algo para as músicas delas. Não importava o quê fosse..."

6. Como foi sua participação no Anima Animus, do The Creatures? Poderia nos contar um pouco como foi trabalhar ao lado da Siouxsie e do Budgie? (Pergunta enviada por Sílvia Fernandes)

Eu simplesmente amei trabalhar com eles!!! Ficamos nós três na França, junto com o Steve Lyons, que era coprodutor e engenheiro. Durante essa período, a música nunca parou. Eu ia dormir com os sons e acordava com eles. Nós nos instalamos em diferentes salas e experimentamos um pouco. Foi realmente especial. Minha memória favorita dessa ocasião foi quando a Siouxsie entrou no quarto enquanto eu trabalhava em alguns overdubs e me pediu para fazer com que o som da minha guitarra soasse como uma frigideira de ovos. Isso foi fácil, uma única tomada.

7. Qual o melhor guitarrista do rock na sua opinião ou qual guitarrista serviu como grande influencia para que você aprendesse a tocar este instrumento? (Pergunta enviada por Jorge Luiz Vegas Assumpção)

Acho esta questão difícil de ser respondida. Se fosse uma única escolha, eu diria Hendrix.

8. Por favor, nos conte sobre como eram os shows dos Banshees na América do Sul em comparação com o Reino Unido e a Europa. Por exemplo, os Banshees são extremamente populares no Brasil e os fãs costumavam correr muito no palco, algo que não acontecia tanto na Europa – e a Siouxsie parecia gostar! (Pergunta enviada por Allison Bushnell)

As plateias da América do Sul são legais. Nós as amamos. Eu também toquei por lá com a Cyndi e me senti da mesma forma. Valeu, América do Sul!!!

 9. Na sua opinião, qual é o significado da estética na condição humana? (Pergunta enviada por Jesus Casagrande)

A música é a linguagem universal que nos conecta. Uma conexão mais necessária nos dias de hoje.

10. Além de música, o que mais você gosta de fazer? (Pergunta enviada por Jhonny Hauer)

Dar entrevistas? Estou brincando. Viver, é o melhor que posso resumir. Acabei de voltar das minhas primeiras férias sozinho. Eu fiz um passeio de bicicleta até o mar Báltico por uma semana. Não sabia para onde estava indo. Sem internet. Apenas livros, bicicleta e natureza. Foi a primeira vez que fiz isso. E, quando cheguei em casa, não queria terminar comigo mesmo.

11. Das bandas das quais participou, como The Creatures e The Psychedelic Furs, qual foi o seu grau de participação na criação das músicas? Deixavam adicionar algo ou a inspiração ficava a cargo dos outros membros das mesmas? (Pergunta enviada por Rafael Cloudwave)

Mesmo quando os artistas entravam com músicas finalizadas, eles ainda queriam minha contribuição musicalmente, pelo menos na maioria das vezes. Tenho sorte. As pessoas queriam que eu levasse algo para as músicas delas. Não importava o quê fosse, eu sempre fiz parte dos projetos. Eu gosto disso.

terça-feira, 5 de março de 2019

THE MARBLE INDEX - NICO:

Por: Vannucchi

O primeiro álbum solo da Nico que eu conheci foi o The Marble Index, de 1968, produzido pelo talentoso John Cale. Antes de escutá-lo pela primeira vez, eu apenas conhecia o grandioso trabalho da cantora alemã no The Velvet Underground. Aliás, foi justamente pela imensa admiração que eu nutria por essa expressiva participação de Nico no Velvet, que decidi vasculhar sua discografia solo. Já antecipo que eu me apaixonei perdidamente pelo The Marble Index logo na primeira faixa e, bastou ouvir esse álbum uma única vez na íntegra para que ele se tornasse um daqueles discos de cabeceira.

O precioso The Marble Index é o segundo trabalho solo da loira mais controversa e original do Rock And Roll. Nico realmente era genial e esse álbum expõe bem essa característica da cantora. A voz dela é penetrante, hipnótica e divina. E o The Marble Index é impecável desde a primeira faixa, até a última. Ele se mantém durante todo o tempo numa atmosfera delicada e poderosa, que nos conduz para um passeio celestial através do qual nos esquecemos de nós próprios. Ele é capaz de atuar sobre nós com uma força estética rara, sendo uma daquelas produções incomparáveis que felizmente nos surgem de tempos em tempos. É um álbum impressionante e acho bem difícil escutá-lo sem se deixar levar por seu brilhantismo e unicidade. Além da voz de Nico, é preciso mencionar que os outros componentes instrumentais também são muito elogiáveis, pois eles mesclam e oscilam seus caminhos sonoros de formas bem divergentes, mas que, de maneira geral, conservam uma aura Folk e medieval, que se alinham de modo ideal com as melodias cantadas por Nico. 

O The Marble Index é o segundo trabalho solo de Nico.
A voz da Nico pode ser um sussurro angelical ou um temível grito diabólico - justamente por causa dessa dualidade é que ela foi espetacular. Por onde passou, teve uma carreira deslumbrante e que, de alguma maneira, foi marcante. Ela foi polêmica e as críticas negativas que recebe não são poucas. Entretanto, penso que, de uma maneira ou de outra, independente do comportamento ou da questão ideológica, ela nos deixou um valioso e relevante legado artístico, que é simplesmente incomparável, afinal, não há voz como a dela, que irá muito singular. 

O The Marble Index conquistou a crítica especializada e ainda cativa e hipnotiza muitas pessoas. Pra mim, embora os outros trabalhos solos de Nico sejam muito qualificados, o The Marble Index foi seu auge de originalidade. Ninguém fará algo tão especial.

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