Por Juliana Vannucchi
Com seus ruídos explosivos e distorções sonoras enérgicas, a She Is Dead, banda curitibana “especializada em pesadelo”, definitivamente já se consolidou com uma das maiores representantes do rock brasileiro. Nos últimos meses, o inspirado grupo tem realizado uma série de shows e lançado materiais novos, indicando que talvez esteja vivendo o período mais frutífero de sua trajetória. Uma das novidades desse ano em relação à She Is Dead é a mudança de formação dos integrantes. Atualmente, a banda conta com a presença do cofundador, guitarrista e vocalista, Mau Carlakoski, Tais D’Albuquerque, no contrabaixo, Murilo Vitorette, na bateria, Maria Scroccaro, como guitarrista e vocalista e Kim Tonietto no vocal e no contrabaixo. Essas alterações ocorreram no final de dezembro de 2024, época em que a banda passava por um momento de grande desgaste que a levou a se reinventar. Esse período desafiador fez o grupo curitibano passar por uma série de mudanças internas e dissoluções que culminaram na saída de todos os membros. Apenas Mau permaneceu disposto a dar sequência ao projeto, conforme ele nos relatou: “Lembro que comprei uma placa de áudio, baixei o Ezdrummer e decidi gravar sozinho o quarto disco. Foi quando o Murilo Vitorette apareceu na minha frente, como um raio que cai do céu, perguntando se poderíamos gravar juntos. Foi surpreendente porque ele sequer sabia como estava a banda! O Murilo gravou o terceiro disco com a gente, mas estava morando bem longe de Curitiba, e hoje já está morando longe de novo, rsrs. Nós dois, então, fomos atrás de outros baixistas, mas não encontramos. Eis que, de repente, lembrei de uma das mais geniais instrumentistas do cenário independente nacional, a Tais D’ Albuquerque. Depois de conversar com ela, fomos convidar aquela que muda a história daqui pra frente, que é Maria Scrocaro. Ela entrou contribuindo muito com com os vocais, guitarras e composições, algo que não tem precedentes. A partir disso, as coisas realmente mudaram pra melhor”. Mas ainda faltava a cereja do bolo, que complementaria a banda de forma definitiva, fazendo com que ela praticamente renascesse das cinzas: “Então veio o nosso presente de Deus, a beleza em forma humana… foi a volta de Kim Tonietto, que fundou a banda e é parte fundamental dessa história toda”, declarou o vocalista. Mau Carlakoski se mostrou entusiasmado com essa atual formação e com o clima existente entre os músicos: “Temos um espaço bacana de trocas, o que está possibilitando a criação de músicas diferentes. Também há toda a parceria, amizade, momentos legais e bons papos, que se mostram cada vez mais fortes e enriquecedores. É muito maneiro o clima da galera reunida, tanto nos shows, quanto no dia-a-dia”.
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| A nova versão do grupo, renascida como uma fênix, prova cada vez mais que está triunfando e vivendo seu auge criativo. |
Comumente nos deparemos com a precipitada e rasa ideia de que “o rock and roll morreu”. Esse jargão saudosista e raso, é fruto de ignorância. Afinal, conforme destacamos no início do artigo, a She Is Dead é uma prova concreta de que o rock permanece vivo, ativo e até mesmo repleto de originalidade. A esse respeito, Carlakoski refletiu: “Os tempos sempre vão mudando e cada estilo musical tem seus destaque na história. Nesse atual momento em que estamos, no que diz respeito à tecnologia e comunicação, existe sempre aquilo que bomba na internet e que o algoritmo gosta, sendo que tudo isso influencia bastante no alcance se alguns estilos musicais específicos, inclusive do próprio rock que, muitas vezes, não segue uma linha tão pop. Mas esse gênero e modo de vida morreu? Nunca. O que o mantém vivo é a maneira pela qual ele toca pessoal e como ele é essencial no cotidiano de cada um. Mesmo que alguns não escutem rock, os que escutam, escutam de verdade, sentem, gritam, choram! Penso que enquanto houver uma única pessoa viva, sentindo esse impacto do rock, ele nao vai morrer”.
A banda tem um novo disco a caminho, o Us For Us e também está munida de mais alguns singles que são independentes do álbum. Sobre esse atual momento, Carlakoski contou: “Ao longo do percurso dessa nossa gravação, tudo foi acontecendo com bastante animação, gás e gosto em estar ali compondo. Agora estamos ansiosos e animados para lançar esse material e mostrar as novas músicas pra galera. Também queremos fazer mais shows, porque a cada show que passa, a gente encontra mais sintonia no palco, e isso faz diferença nas performances também”.
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| Capa do Us For Us, novo álbum da She Is Dead. |
A She Is Dead já tem um tempo considerável de estrada e no decorrer desse percurso, acumula incontáveis shows e bastante sucesso. Para os integrantes da da banda, o que realmente importa é manter-se relevante musicalmente para eles próprios e permanecer na ativa, compondo, criando e lançando novos materiais, e alimentando assim a química musical interna. Nada disso será problema, afinal, a nova versão do grupo, renascida como uma fênix, prova cada vez mais que está triunfando e vivendo seu auge criativo.


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