Por: Marinho
Black
Sabbath é o álbum de estreia da banda de mesmo nome. É um dos álbuns mais
importantes (senão o mais) da história do Heavy Metal. Gravado em um único dia
em 16 de Outubro de 1969, se tornou um dos mais inovadores e controversos de
sua época, tanto pelos temas líricos ligados a satanismo e ocultismo, quanto
por seu som pesado e sombrio.
De acordo com o
guitarrista Tony Iommi, as sessões duraram 12 horas: “Nós apenas entramos no
estúdio e fizemos isso em um dia, tocamos nosso set ao vivo e foi isso. Na
verdade, pensamos que um dia inteiro era bastante longo, e depois fomos tocar
no dia seguinte por 20 libras na Suíça”. Fora os efeitos sonoros
adicionais de sinos, chuvas e trovões, não há overdubs no álbum, algo que
continua a ser bem incomum em produções musicais.
Em se tratando das
letras, o Black Sabbath estava realmente há frente de seus contemporâneos.
Junto aos riffs pesados de Iommi, as letras de Geezer Butler abordavam assuntos
como o satanismo e o ocultismo, uma vez que o próprio músico admitiu ler livros
de Aleister Crowley e Dennis Wheatley, até que, acordo com o mesmo, abandonou a leitura após
ter uma experiência sobrenatural que inspirou a letra de “Black Sabbath”, a
canção que abre o álbum. “Eu fui criado católico e acreditava totalmente no
Diabo”, afirmou o baixista. (...) “Eu havia me mudado para este apartamento que
havia pintado de preto com cruzes invertidas em todos os lugares. Ozzy me deu
este livro do século 16 sobre magia que ele havia roubado de algum lugar. Coloquei
no armário porque achava suspeito. Mais tarde naquela noite, acordei e vi essa
sombra negra na ponta da cama. Foi uma presença horrível que me assustou demais!
Corri para o armário para jogar o livro fora, mas o livro havia desaparecido.
Depois disso, desisti de tudo isso. Me assustou pra caralho!"
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Ozzy Osbourne é uma lenda atemporal do Rock And Roll. |
Faixas:
Black
Sabbath – A canção
que abre o álbum possui um dos riffs mais reconhecidos e sombrios da história
da música. Muitos a consideram a primeira canção de doom metal. Embora antes do
Sabbath, muitas bandas já tivessem experimentando com um som mais pesado (como
Led Zeppelin e Sir Lord Baltimore), a banda foi a primeira a juntar um som
pesado com letras sobre satanismo, o que lhe rendeu bastante controvérsia na
época de seu lançamento.
The
Wizard – uma
completa virada da canção anterior, “The Wizard” começa com uma gaita animada
tocada por Ozzy Osbourne até se tornar um crossover de blues com heavy metal.
Apesar de popularmente ser conhecida por ser uma canção sobre o mago Gandalf,
há rumores que pode ter sido escrita com inspiração num narcotraficante da
época, pois certas partes das letras fazerem alusões a drogas.
Behind the Wall of Sleep – “Behind
the Wall of Sleep” complementa perfeitamente a canção anterior. O som é sólido e encorpado,
possivelmente até mais do que “The Wizard”. Com certeza é um dos pontos mais
altos do álbum! A canção se baseia no conto de mesmo nome do escritor H. P.
Lovecraft, que nessa narrativa aborda temas como telepatia e metafísica. A
música é tão intensa quanto o conto de Lovecraft...
N.I.B
– Mais uma que
poderia facilmente ser incluída na lista de melhores canções de Heavy Metal da
história. “N.I.B” tem uma energia quase impossível de se comparar. É notável a
influência do blues do Cream, embora o Sabbath adicione sua própria genialidade
e originalidade.
De acordo com o
baixista Geezer Butler, a canção narra do ponto de vista de Lúcifer, sua paixão
por uma mulher, algo que o faz mudar e se tornar uma pessoa melhor. Muitas
pessoas também acreditavam que o título significava “Nativity in Black” ou
“Name in Blood”. Porém, se tratava apenas de uma piada interna, já que era
assim que a banda chamava o cavanhaque do baterista Bill Ward.
Evil
Woman – um cover da
banda de blues, Crow. Esta interpretação feita pelo Sabbath possui tanta
energia, ou até mesmo mais que a versão original. Ela se destaca principalmente
por ser mais otimista em termos de sonoridade, embora a letra seja um tanto
amarga.
A música foi
incluída por sugestão do empresário da banda, Jim Simpson, que insistiu para a
banda gravar algo mais comercial, embora Tony Iommi tenha declarado que o fez
relutantemente.
Sleeping
Village – sem
dúvida, o início dessa canção é um susto e tanto! Após diversas passagens com
riffs barulhentos pela maior parte do álbum, “Sleeping Village” começa com um
dedilhado leve na guitarra e um berimbau de boca tocado pelo produtor Rodger
Bain. O ambiente do início da canção junto aos vocais melancólicos de Ozzy
combina com o título, até finalmente a banda explodir em uma improvisação
frenética de blues que dura mais de três minutos.
Warning
– fechando o
álbum, ficamos com outro cover, dessa vez do lendário baterista Aynsley Dunbar,
que tocou com diversos músicos e bandas, como Lou Reed, David Bowie, UFO e
muito mais. A banda aqui fica a par com o projeto do baterista na época e
entrega uma performance aprazível, especialmente pelos improvisos de Tony Iommi
e do baterista Bill Ward que reproduz as viradas e toques de bateria com
bastante precisão.
Conclusão:
É impossível pensar
ou mencionar o Heavy Metal sem mencionar os dois primeiros álbuns do Black
Sabbath. Embora “Paranoid” receba muito mais prestígio que o seu álbum
autointitulado, o debut da banda não fica muito atrás, ainda mais em termos de
inovação sonora, uma vez que o Sabbath estava muito a frente de seu tempo.
Praticamente, todas as canções tem seu destaque e são boas individualmente e a
experiência de ouvir o álbum é única, especialmente pela primeira vez. São 38
minutos de pura adrenalina e Rock n’Roll em que você mal vê o tempo passar
enquanto se deleita no som cru e selvagem do Black Sabbath!
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O Black Sabbath foi lançado em 1970. |
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